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História Connecting Dots. - Things we remember, but we shouldn't


Escrita por: harmonysaur

Notas do Autor


Olá, aqui estou eu novamente e logo lhes presto esclarecimentos úteis para o capítulo de hoje: eu costumo usar o itálico para destacar expressões ou pensamentos mas, quando mais de um parágrafo inteiro está em itálico é porque se trata de um flashback, ok? Só pra não ficar confuso. E esse capítulo tem um monte de coisas que vocês podem não entender muito então eu vou esclarecer tudo nas notas finais ;)

Capítulo 2 - Things we remember, but we shouldn't


-O que você está fazendo aqui, garota? -Lauren sussurrou ainda em espanto, com medo de acordar seus vizinhos, esticando a mão para que Camila tomasse impulso para levantar.

-Você me deu um bolo.

-Bolo? -Lauren se fez de desentendida, procurando as chaves de casa nos grandes bolsos de seu sobretudo jeans.

-Maratona de Harry Potter. 

-Oh... Era hoje? -Lauren fingiu surpresa e decepção consigo mesma, batendo na própria testa enquanto Camila cerrava os olhos para analisá-la.- Eu esqueci, eu... Nossa... Fugiu da minha mente total.

Outra mentira.

-Mas eu te mandei mensagem pra lembrar.

-Eu deixei meu celular no mudo.

-Sério? -Camila perguntou e Lauren forçou um sorriso fraco, assentindo.

Lauren girou a chave na fechadura com todo o cuidado do mundo para que a tranca enferrujada não fizesse barulho e quando pensou em sorrir de orgulho por ter conseguido abrir a porta em silêncio, o toque de mensagem do seu celular ecoou pelo corredor vazio fazendo com que ela pulasse de susto e chutasse o batente de metal, gerando um estrondo no silêncio da madrugada. A garota de olhos verdes já estava a praguejar todas as suas próprias gerações quando se virou para a morena de pijama que sorria sarcasticamente com o celular em suas mãos aberto na caixa de mensagens.

-Porra, Camila! -Lauren esporreou num sussurro alto.- Quer acordar o prédio inteiro?

-Achei que seu telefone tava no mudo. -A garota de olhos castanhos sorriu forçado e a outra bufou, entrando no apartamento e deixando a porta aberta atrás de si, num convite mudo para que Camila a acompanhasse.

Camila se fazia extremamente em casa na casa de Lauren, afinal de contas, era mais do que acostumada a estar ali, durante muito tempo aquele lugar havia sido a sua segunda casa então não havia motivos para se fazer de rogada. Assim que entrou, a garota de olhos castanhos bateu a porta e se jogou no sofá, sabendo que sua barulhada não seria nenhum incômodo para a mãe de Lauren que sempre dormia feito pedra e como era sexta-feira, Taylor nem estava em casa para reclamar.

-Quer alguma coisa? -Lauren perguntou apoiada na porta da geladeira, com uma jarra de suco na mão.

-Não. -Camila respondeu, encarando a garota de onde estava.

-O que foi? -Lauren indagou num revirar de olhos enquanto abria o armário para pegar um copo, sabendo que os olhos da garota estavam fixos em si.

-Se você não queria passar tempo comigo, era só ter dito. Não precisava mentir pra mim.

O sentimento de culpa fez com Lauren fechasse os olhos e respirasse fundo, virando-se para encarar a garota no sofá. 

-Não é por isso, Camz. -Lauren murmurou com as sobrancelhas unidas num apelo e dessa vez, ela estava falando a verdade.- Não é isso, eu queria ter assistido a maratona com você mas é que... 

Mas é que eu não consigo ficar perto de você por muito tempo sem que isso doa. 

Isso foi o que Lauren pensou, mas não o que ela disse.

-Eu estava com o Logan.

-Ah... -A expressão de Camila mudou no mesmo instante e ela abriu e fechou a boca algumas vezes sem saber exatamente o que dizer, de repente com o olhar vago por entender o que Lauren não dizia. 

Ela entendia, mas não podia dizer nada, ela tinha o Vincent agora.

-Como foi a festa? -Foi o que Camila disse depois de um estranho momento de silêncio e a garota de olhos verdes franziu o cenho em confusão.- Vai me dizer que vocês não estavam no Harrington? Você está fedendo a cerveja.

Lauren revirou os olhos ao beber um grande gole de suco.

-Não era uma festa, foi uma resenha como as de sempre só que você não sabe como elas são, porque você nunca vai em nenhuma.

-E nem vou, obrigada. -Camila riu consigo mesma.- Não é ambiente pra mim.

-Eles são seus amigos também, você podia mostrar um pouco de consideração as vezes.

-Não é porque eu não encho a cara com eles que deixo de ser amiga.

-Você não é obrigada a encher a cara, você pode só ir e curtir com o pessoal. Ally sempre vai mesmo não bebendo, ela sempre está com a gente.

-Legal pra ela mas eu vou continuar não indo. Vocês escutam música de putaria, fazem putaria e ainda bebem sendo menores de idade, não tem muita coisa que eu aprecie num ambiente desses.

-Eu sou maior de idade. -Lauren levantou o copo de suco brindando com ela mesma e Camila negou com a cabeça.

-Você é, eles não, o próprio Harri mal completou dezesseis.

-Somos adolescente, cara. -Lauren murmurou na defensiva como se essa afirmação absolvesse todos o seu grupo de amigos por todas as merdas já feitas.

-Eu não estou dizendo que não são, e sim que eu sou uma adolescente diferente.

-Chata.

-Prefiro o termo ajuizada. 

-Ou Virgem Maria. -Lauren debochou e o sorriso zombeteiro falhou no rosto de Camila.- Foi mal... Hm... Brincadeira ruim... Eu acho.

-Péssima.

Lauren assentiu, dando graças pela luz da cozinha estar apagada e Camila não ter a chance de ver seu rosto vermelho de tão sem graça.

-Então... -Lauren quebrou o silêncio, guardando a jarra e pondo o copo na pia antes de arrastar-se até a sala e cruzar os braços perante a garota largada no sofá de sua casa.- Você vai me dizer ou não o motivo de estar sentada na porta da minha casa às três da manhã?

-Eu descobri uma coisa bem legal mas agora eu não sei se você está merecendo saber. -Camila murmurou sem olhar para a garota que revirou os olhos verdes pela postura infantil da morena.

-Qual é, Camz.

-Eu não sei, primeiro você me deu um bolo, depois mentiu e ainda foi grossa comigo... Não sei não... -Camila fingiu ponderar os pensamentos, olhando para o teto da sala enquanto batia o dedo indicador nos lábios.

-O que eu tenho que fazer pra conseguir o seu perdão? -Lauren perguntou contendo um sorriso nos lábios ao se ajoelhar para ficar na mesma altura da garota que estava jogada no sofá, agora também suprimindo um sorriso.

Camila acabou por deixar escapar uma risada e o dedo que antes batia em sua boca, deu duas batidinhas em sua bochecha, fazendo Lauren sorrir e negar com a cabeça antes de se inclinar para dar um longo beijo na bochecha da garota, ignorando o quão acelerado seu coração batia agora.

No mesmo instante, Camila deu um pulo no sofá, ajeitando-se sentada com um largo sorriso no rosto.

-Você se lembra daquele enigma que você achou na deep web quando a gente... -Camila começou super empolgada mas o se dar conta de como teria de completar sua frase, seu sorriso morreu e ela fez uma careta um tanto quanto embaraçada, fazendo Lauren sorrir fraca e tristemente, assentindo em compreensão. 

-Quando a gente namorava. Sim, eu lembro.

-Então, as vezes eu penso nele e vou dar uma olhada no site pra ver se mudou alguma coisa e colocou minha cabeça pra pensar um pouco. -Camila explicou, gesticulando ansiosa com as mãos.- Hoje eu fui fazer uma pesquisa que o professor de música passou e eu meio que acho que descobri uma coisa.

-Sobre o enigma?

-É, idiota! -Camila respondeu no mesmo instante, empurrando os ombro de Lauren que quase se desequilibrou e caiu no tapete, se recompondo imediatamente para encarar a garota com os olhos arregalados.

-E o que você descobriu?

-Não dá pra explicar assim, eu tenho que te mostrar e eu preciso de um computador pra isso.

Lauren se levantou no mesmo instante, esticando a mão para que Camila se levantasse do sofá também.

O quarto de Lauren era um tanto desconcertante para quem entrava de primeira, mas com o tempo, era acolhedor. O papel de parede branco de bolinhas pretas que um dia pareceu infantil ou meigo, era todo rabiscado com os pensamentos aleatórios da garota assim como a maioria das bolinhas eram ligadas umas nas outras por traços de giz de cera preto, formando suas constelações favoritas e umas que ela mesma tinha inventado. Algumas coisas tinham até sido Camila que tinha desenhado. No canto, posters e mais posters, fotos de suas jogadoras de futebol preferidas e uma camisa de Kelley O'Hara emoldurada e pendurada acima da cabeceira da cama desarrumada. 

A escrivaninha estava uma verdadeira zona, papéis e mais papéis, rascunhos de poesias e matéria acumulada mas não era como se qualquer uma das duas se importasse com a bagunça, então Lauren só empurrou tudo pro canto e abriu o notebook, sentando-se na cadeira giratória enquanto Camila se acomodava em seu lugar cativo na cama desfeita da garota, sentada com pernas de índio e os cotovelos apoiados na ponta da escrivaninha, ficando de frente para o perfil de Lauren.

-Vai logo, abre o link. -Camila a apressou, sacudindo-a pelos ombros.

-Calma. -Lauren resmungou sorrindo, esquivando as costas para que a garota desgarrasse de si, porém sem muito querer que ela realmente o fizesse.

Em questão de segundos a página roxa abriu no navegador, exibindo sua macabra mensagem e todas as imagens que faziam parte daquele enigma que até hoje ninguém tinha muita ideia do que realmente poderia se tratar.

-Esse cara é um gênio, só pode ser... -Lauren murmurou passando os olhos pelas imagens que, depois de tanto tempo tentando entender, já as havia decorado.

-Eu ainda acho que essa porra toda é satânica. -Camila disse num visível desconforto e Lauren riu.- Coloca aí na primeira lição, a foto da primeira lição.

Lauren o fez imediatamente e Camila se escorou na escrivaninha para poder apontar bem na tela do computador.

-Vamos por parte: as ondas da imagem de cima, que a gente descobriu ser a frequência 432 hertz, as ondas dessa aqui, da primeira lição, elas são desenhadas iguais a da frequência, certo? O mesmo traço, ondulações e...

-Sim, sim.

-Então, a gente pode encarar essas ondulações como outra frequência. 

-Tá, e aí?

-O trabalho que o Simpson passou pra gente hoje foi uma pesquisa, ele queria que a gente procurasse artigos sobre o poder da música e eu achei essa teoria da levitação acústica das rochas. Um cientista que documentou o trabalho de uns tibetanos que usavam o som pra levitar as rochas e tipo levitá-las independente do peso e por grandes alturas, sabe? 

-Isso é real, Camila? -Lauren perguntou com um sorrisinho duvidoso e a garota revirou os olhos.

-Sim, por incrível que pareça isso é real, comprovado com cálculos matemáticos e os caralhos a quatro. Aqui olha só... -Camila virou um pouco o notebook para si, procurando no google o nome do cientista para achar o seu trabalho sobre isso.- Aqui, olha esse desenho! -A morena apontou para a tela e a boca de Lauren se abriu.

-É igual ao...

-Sim! O mesmo ângulo, o mesmo desenho, até as bolinhas! E aqui, olha só, ele explica tudo, a posição dos instrumentos, a distância e a porra toda emite uma frequência que é a harmônica teórica da massa da superfície da terra, anulando a gravidade fazendo com que a rocha levite. 

-E é o mesmo desenho da primeira lição, a posição dos instrumentos...

-Sim! E as ondas podem ser a frequência emitida e o semi-círculo com o cubo lá em cima pode representar uma plataforma, indicando que o cubo estava no chão mas aí, levitou por conta da frequência, como na teoria do Jarl.

-Cara, que bizarro... -Lauren murmurou um tanto quanto perplexa e a garota assentiu.- Camila, isso não encaixa com porra nenhuma.

-Nada encaixa com porra nenhuma! -Ela rebateu rindo.

-Cara, isso deve ser alguma mensagem anti-cristo ou alguma teoria religiosa fanática, nada no meio disso, ou é uma coisa ou é outra, não pode ser nada além. Olha o nome das imagens, as mensagens, cara... Eu realmente tento, mas não entendo porra nenhuma.

-Imagina a gente aqui quebrando a cabeça pra no final ser uma mensagem tipo "Deus é bom".

-Eu me mato, sério. -Lauren disse rindo de nervoso.- A meta da minha vida é decifrar isso antes de morrer e mesmo se for uma coisa muito merda eu não vou reclamar porque, eu aprendi várias coisas bizarras tipo essa das pedras que flutuam com música.

-Eu não consegui conectar quase nada... -A morena de olhos castanhos murmurou com o cenho franzido em frustração e Lauren, de repente, cerrou os olhos, abrindo e fechando a boca no mesmo instante e Camila sabia que isso significava que ela tinha pensado em alguma coisa.- O que foi? O que você pensou?

-Isso pode estar se referindo a Jesus... Como se Jesus tivesse sido uma farça. A maioria das coisas fala de um poder oculto, pelo menos é o que a gente acha, um poder, uma força, o ciclo, o fim, a catástrofe, a morte não é o fim, a estrela de Davi mas essa do cubo flutuando na teoria da levitação das rochas me fez pensar nisso, tipo, o cubo de metatron flutuando, metatron era o anjo da vida e da morte, o porta-voz divino e então ele está flutuando não por ascensão divina e sim por um advento matemático, como se o porta-voz divino não fosse tão divino assim e sim humano.

Dessa vez foi Camila que cerrou os olhos, encarando Lauren como se ela fosse um monstro.

-Como é que você pensou tudo isso em menos de três minutos? 

-Faz sentido -Lauren deu ombros.- Sei lá, pode não ter nada a ver com isso, mas por alguma razão isso fez sentido. Porém, contudo, no entanto, isso não encaixa com nada do que a gente descobriu. 

-Argh! Eu odeio esse cara! -Camila rosnou, deixando o corpo cair duro feito uma rocha na cama, ignorando a risada de Lauren ao observá-la.- Na real, eu odeio você por ter achado essa merda e ainda ter mostrado pra mim.

-Qual é, você achou foda!

-Eu ainda acho muito foda mas eu me sinto extremamente burra.

-Você não é burra, a gente só não entendeu ainda. -Lauren disse com um leve sorriso no canto dos lábios, acariciando o joelho flexionado da garota que abafava o grito frustrado numa almofada.- Uma hora vai, sério, uma hora vai e a gente descobre esse troço.

-Uma hora quando? A gente já tá há tipo dois anos nisso, ano que vem a gente se forma e acabou, a gente não vai resolver isso.

-Ué, por que tem que acabar quando a gente se formar?

-Você vai pra uma faculdade na capital do estado e eu vou pra outra cidade.

-E daí? -Lauren perguntou num dar de ombros.- O fato de estarmos distante não significa que vamos morrer uma pra outra, a gente vai continuar se falando, não vamos nos perder, eu não quero perder você.

-Eu também não quero perder você. 

O instante que passaram se encarando pareceu uma verdadeira eternidade, mas não no modo geral da expressão, não da maneira arrastada ou massante a qual costumamos nos referir, e sim a eternidade pacífica e reconfortante que supostamente estamos destinados a passar ao lado de quem o nosso coração verdadeiramente pertence.

Camila lhe sorriu. 

Aquele sorriso única e exclusivamente reservado para ela. Aquele sorriso encabulado que começa num contorcer de lábios a deixando corada, fazendo-a abaixar a cabeça para logo em seguida dirigir-lhe o olhar com aquele sorriso estonteante de fazer tremer-lhe os ossos. Aquele sorriso que a deixa com ruguinhas nos olhos. Aquele sorriso que Lauren nunca a vira sorrir para outro alguém. Aquele sorriso que fazia Lauren querer sorrir também.

E ela sorriu.

-Lauren, são quatro horas da manhã! -Camila levantou da cama num susto como se um espírito do além a tivesse arrancado da bolha invisível que sempre envolvia as duas garotas quando estavam juntas. Espírito este que Lauren passara a odiar com todas as forças de seu ser.

-Dorme aqui.

-Você tá louca? -Camila ajeitou o short numa risada nervosa, já se arrastando para sair do quarto.- Meu pai vai me matar, você sabe que ele sempre entra no meu quarto de manhã, ele vai perceber que eu não dormi em casa.

-E você acha que ele não vai perceber você chegando em casa às quatro da manhã?

-Meus pais dormem feito a sua mãe, Callum está no internato e se Sofia ver, bom, a gente sabe que ela não vai falar nada.

-A sua irmã me ama. -Lauren disse num sorriso orgulhoso e Camila revirou os olhos numa careta azeda de deboche.- Você quer que eu te acompanhe até a porta de casa? -Ela perguntou se escorando no batente da porta de entrada do apartamento, encarando com um meio sorriso a garota que já estava no corredor.

-Lauren, pelo amor de Deus, eu moro no andar de cima. -Ela revirou os olhos e Lauren levantou os ombros.

-Eu sempre ia com você até lá.

-Não precisa. -Camila disse franzindo o nariz daquele jeito adorável dela.- Eu vou bem sozinha, mas obrigada por se oferecer.

-De nada.

-Boa noite. 

-Boa noite. -Lauren disse num meio sorriso e a garota deu-lhe um rápido beijo na bochecha antes de lhe dar as costas.

Camila já estava no meio do corredor quando Lauren sentiu que se peito explodiria se ela fosse dormir sem dizer aquelas palavras:

-Camz! -A garota chamou e a morena se virou em sua direção com uma das sobrancelhas arqueadas.- Eu te amo.

O semblante de Camila se derreteu num sorriso. Aquele sorriso.

-Eu também te amo. -Ela respondeu sem pestanejar, mas antes que ela pudesse virar as costas de novo, Lauren voltou a chamá-la.

-Você tem olhos bonitos.

 

 

A rede era pequena mas nenhuma das duas fazia esforço para dividir aquele espaço. Camila com as costas no peito de Lauren, com a cabeça encostada em seu ombro, encolhida em seus braços num abraço mútuo, apertado e confortável, onde a garota de olhos castanhos abraçava os braços da de olhos verdes e entrelaçava seus dedos. Não tinha como saber de quem era cada perna, estavam entrelaçadas umas nas outras e elas poderiam jurar que não existia no mundo nada mais confortável do que aquilo.

Não era sempre que podiam fazer isso, mas a casa inteira havia adormecido há tempos então elas não viram porquê não aproveitar aquele momento. Lauren tinha essa coisa com o céu, com as estrelas, constelações, com o espaço sideral inteiro, era uma fascinação que fascinava Camila e ela gostava de ouvir todas as coisas que Lauren sabia sobre isso, gostava de ouvir todas as histórias, gostava de ouvi-la falar sobre tudo e qualquer coisa que amasse, pois era lindo vê-la se expressando sobre isso. Além disso, não era sempre que podiam compartilhar tamanha intimidade, não era sempre que podiam ter momentos únicos entre si e quando tinham, a madrugada sempre era o ponto de encontro das duas.

-As vezes eu fico me perguntando quando que a gente vai poder fazer isso em outra ocasião, em outro horário, em outro contexto... -Lauren murmurou num tom distante e Camila entortou o pescoço para encará-la.

-Isso o que?

-Isso. -Lauren se contorceu para abraçá-la com mais afinco, beijando seu pescoço.- Sabe, eu fico me perguntando como deve ser te tocar sem se preocupar com silêncio, sem medo de acordar alguém durante a noite, dormir te beijando sem me preocupar com qualquer barulho fora do quarto que possa indicar seus pais acordando, dormir com você do meu lado sem que você tenha que passar pra sua cama antes de amanhecer porque seu pai vai entrar no quarto, transar com você sentindo seu corpo inteiro no meu e não abaixando e levantando roupa.

-Eu me pergunto essas coisas também.

-Você acha que a gente vai fazer isso, tipo, todas essas coisas, você acha que sei lá, que a gente dura até lá? -Lauren perguntou e Camila notou que ela estava conversando mais consigo mesma do que qualquer coisa. Essa era a forma que Lauren expressava seus medos, suas inseguranças, ela as dizia olhando para o púrpuro sem fim da madrugada estrelada, como se o universo fosse lhe soprar alguma resposta.

-Eu acredito que sim. -Camila disse, olhando pro céu também.- Você é o amor da minha vida, eu tenho certeza.

-Mas e se… Mas e se não der certo, sabe? Eu tenho essa coisa, de estragar tudo, eu sempre estrago tudo.

-Você não vai estragar tudo, você não estraga nada, você só bagunça. -Camila disse num sorriso e Lauren a encarou com um bico.- Mas eu sei te arrumar, pelo menos eu tento.

-Eu quero que isso dê certo, eu amo você, eu amo você muito. -Lauren sussurrou com o cenho franzido e as sobrancelhas de Camila se uniram em dó ao ver as lágrimas se formando nos olhos verdes.- Eu só faço merda, é sério, olha só tudo que eu já fiz… Olha as merdas que eu já fiz com você! Eu não te mereço, eu não te mereço nem um pouco, Camila. Você merece um universo inteiro e eu sou uma estrela só.

-Você é a minha estrela e eu estou deveras satisfeita com o universo que eu vejo em você. Eu não quero um universo inteiro se você não for a minha estrela, você precisa entender que eu te amo assim do jeitinho que você é e eu conheço o seu coração. O que você fez já passou e eu te amo mais que isso tudo, eu me apaixonei por você antes mas eu sou completamente louca por quem você é agora. Todas as coisas que aconteceram, elas foram provações, sabe? Mais figuras pro nosso enigma e a gente vai vivendo pra descobrir.

-Que enigma? -Lauren perguntou com as sobrancelhas unidas e Camila sorriu.

-Depois de tudo o que aconteceu, depois de todas as coisas que a gente passou, olha aonde a gente está agora. Você está aqui comigo e eu estou aqui com você, você é minha e eu sou sua mesmo depois de todas essas coisas e sabe, isso não é normal, a nossa história não é uma coisa normal… Eu realmente acho que o universo juntou a gente por alguma razão, algo bem específico, alto que me impede de ficar longe de você e que faz doer em ti ficar longe de mim. Qualquer casal normal depois de tudo que a gente passou nem se olharia na cara e olha aonde a gente tá. Tem alguma coisa por trás, alguma coisa maior que nós, alguma coisa lá em cima que quer muito, por alguma razão, que a gente fique na vida uma da outra. -Camila explicou, encarando sua namorada que lhe encarava com um sorriso bobo nos lábios.- A gente não sabe que motivo é esse, mas a gente sabe que ele existe.

-Tipo as constelações? A gente sabe que elas estão ali mesmo não sendo tão nítidas no céu? -Camila assentiu.

-E depois de tudo que passamos juntas, acho que a gente já tem uma porção de estrelas acumuladas.

-Então é só conectar os pontos e formar a nossa constelação.

E era quando Lauren falava coisas assim que Camila não sabia como responder, que ela sentia uma necessidade absurda de beijá-la como se, através do gesto, Lauren fosse entender too o turbilhão de coisas boas que a fazia sentir.

Com cuidado para que não caíssem da rede, Camila se desvencilhou da namorada para poder virar e se por em cima dela, com uma perna de cada lado de seu corpo, sentando um pouco abaixo de seu ventre. Lauren apoiou os cotovelos no grosso tecido da rede para se elevar um pouco e no mesmo instante, Camila inclinou-se e tomou seus lábios nos seus.

O universo não só as tinha juntado propositalmente como as tinha feito perfeitamente uma para a outra, não tinha nenhuma outra explicação para explicar o quão certo aquilo parecia, o quão certo era quando seus lábios se encontravam e seus corpos se abraçavam. Suas bocas se encaixavam perfeitamente, assim como suas mãos, era como se uma fosse magneticamente atraída pela outra. 

Lauren lhe sugou o lábio inferior e encostou suas testas, sorrindo quando abriu os olhos e viu Camila sorrir.

-Você tem olhos bonitos. -Lauren disse sorrindo sem perceber, encarando os castanhos tão de perto que os cílios dela quase encostavam nos seus. Camila riu e lhe roubou um selinho.- É sério, você tem olhos lindos.

-Não tenho nada.

-Tem sim. São os olhos mais bonitos que eu já vi.

-São castanhos, sem graça, quase todo mundo tem olhos castanhos.

-Mas é o seu castanho. Castanho universo. -Lauren disse num tom de fascinação.- Eu consigo enxergar um universo inteiro dentro dos seus olhos, sabia? Galáxias inteiras, constelações de sentimentos, um mundo enorme…

-Para com isso.

-É sério, eu poderia olhar nos seus olhos por um dia inteiro sem parar e mesmo assim eu não perderia o fascínio. -Lauren dizia sem nem piscar, encarando fundo os olhos castanhos que agora, envergonhados, desviavam de um lado para o outro.

-Para, Lauren! -Camila resmungou constrangida, dando um leve soco no ombro da garota que riu e a abraçou pela cintura, fazendo com que seu corpo fosse caindo sobre o dela e em questão de instantes já estavam deitadas de novo, agora com Camila em cima da garota, com o rosto escondido em seu pescoço.

-Camz.

-Hm? -A garota levantou o rosto para encará-la, deparando-se com o seu sorriso preferido no mundo.

-Você tem olhos bonitos.

-Lauren… -Camila gemeu corada e a garota se acabou em risadas, enchendo seu rosto de beijos.

 

 

-Obrigada. -Camila respondeu com as bochechas coradas e Lauren lhe sorriu fraco, sem sequer mostrar os dentes, encarando-a profundamente sem nada dizer.- Tchau, Lauren.

-Tchau, Camz.

E dessa vez, quando a garota avançou pelo corredor, Lauren não voltou a chamá-la.


Notas Finais


Olá, e aí? Como estamos? Estão gostando? O que estão achando.
Então, talvez vocês tenham boiado um pouco na parte do enigma então eu vou aqui clarear esse cenário: o enigma ao qual Camila e Lauren se referem é o 432 mystery e vocês podem saber mais dele buscando rjzdqt4z3z3xo73h no google. É um enigma até hoje sem resolução e que desde o começo de 2015 me faz quebrar a cabeça, existem um milhão de teorias espalhadas pelo mundo inteiro. A do cubo de metatron citada é uma das mais famosas mas a da teoria da levitação das rochas não, essa foi uma que eu realmente pesquisei e eu acho que cabe nessa situação e pra quem quiser entrar na onda e pesquisar também é só buscar acoustic levitation of stones no google também.
Enfim, é um tanto quanto esquisito escrever sobre as minhas experiências pessoais, sobre os meus sentimentos e das coisas que aconteceram ao mesmo tempo que é muito bom, sabe? Tipo, alivia o peito e eu estou feliz por ter começado isso porque realmente me ajuda a botar pra fora. Sei lá porque mas achei que devia compartilhar esse sentimento com vocês, sinto como se todos vocês fossem íntimos por já saberem essas coisas dkfgthkyjkjkjkfg
Obrigada pra todo mundo que está lendo ;)


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