POV Johnny ON:
Tomei mais um gole de café e pousei a xícara na mesa tirando dela algum som enquanto tamborilava os dedos na madeira. A boneca estava distraída, observando um dos cadernos do jornal, pernas cruzadas e postura relaxada na cadeira a minha frente, os fios vez ou outra a incomodavam caindo sobre os olhos.
Permaneci contemplando-a, analisando o detalhe acima de sua boca — um discreto bigode adquirido após ter tomado o leite. Ri, contudo, mantive o silêncio, de forma alguma queria desvia-la da leitura matinal.
Gostava de levantar nas manhãs e encontra-la a mesa aguardando-me com a xícara de café e o jornal na mão. Nesses momentos sua atenção era algo preciosamente raro, concentrava-se exclusivamente naquelas simples folhas.
Tirei o guardanapo do colo e levantei lentamente da cadeira me dirigindo a ela, sorrateiro encostei o tecido em sua boca sem que percebesse e limpei o lugar em seguida. Seus lábios se distenderam em um breve sorriso.
— Você deveria prestar mais atenção ao café da manhã. — Comentei ainda próximo dela.
— Não pense que eu não sei que adora quando me sujo. — Concluiu risonha e largou o periódico sobre a mesa.
— É mais uma oportunidade de ganhar um olhar, ando disputando atenção com os jornais agora. — Finjo ciúme e torço os lábios para o lado.
Ela sorriu meneando a cabeça, no entanto, fechou o semblante parecendo ter se lembrado de algo.
— Olhe só — Levantou me obrigando a fazer o mesmo — Veja como minha pele amanheceu hoje — Desabotoou parte da camisa para me mostrar o colo, não notei nenhuma mudança.
— O que tem? — Analisei esfregando delicadamente o polegar sobre a região.
— Estou arrepiada desde a madrugada. Esta noite acordei suada, tive pesadelos horríveis com você! — Revelou e franzi o cenho estranhando. — Não me ouviu chamar?
— Não. Mas sobre o que eram os pesadelos?
— Você estava nervoso com algo e eu te perguntava o que era, mas não me dizia nada apenas gritava de raiva... — Dei de ombros sem me importar muito e peguei as xícaras levando-as para a pia. — Fiquei com medo, nunca te vi se comportar dessa maneira. — Concluiu me seguindo.
— E não verá. — Afirmei e puxei sua mão depositando um beijo logo após.
— Eu não sei o que era, mas alguma coisa te deixou daquele jeito... — Parecia não acreditar muito no que me acabara de ouvir dizer.
— Olhe para mim. — Pedi e segurei seus ombros — Isso não vai acontecer, foi só um pesadelo!
— Eu sei, mas...
— Eu jamais brigaria com você. — Lhe confortei e segurei seu rosto tomando seus lábios para mim em seguida.
Liz pareceu mais calma, porém um pouco receosa.
— Eu nunca te perguntei sobre isso, mas me conte... porque chegou bêbado no meu quarto aquele dia?
Baixei o olhar e de súbito a raiva me tomou, respirei fundo, aquilo não era para ter acontecido. A verdade é que quando a conheci não me sentia confortável o suficiente para lhe contar sobre os problemas que vinha enfrentando. E aquele dia no resort então, não me orgulhava nem um pouco.
— Encontrei alguns amigos e acabei extrapolando, me desculpe novamente.
— Foi por isso mesmo? — Procurou meus olhos e o encarou.
— Foi e não foi... — Fui vago.
— É sobre ela? — Sua voz mudou de tom, parecia preocupada.
— Liz, não quero tocar nesse assunto pois para mim já está morto há muito tempo. O importante é o nosso presente. — Deixei claro, mas ela ainda não estava convencida o suficiente.
— Você sabe que pode contar comigo para o que precisar, não é? — Agora era ela que segurava meu rosto, me senti frágil como uma criança diante de sua atitude, minha vontade no momento era de lhe abraçar e desabafar o quanto pudesse, mas não o fiz.
— Eu sei disso e agradeço. — Abracei-a fechando os olhos, era difícil me abrir com alguém, mesmo que fosse com ela.
— Eu não sei o que houve entre vocês, mas de uma coisa estou certa. Você jamais machucaria alguém. — Afagou minhas costas enquanto me dizia palavras de apoio.
Sorri com a sensação de alívio que me tomou, suas palavras eram sinceras, seu abraço era acolhedor.
— Logo meus dias com você vão acabar... uma hora terei de voltar a Los Angeles. — Recordei com pesar visando-a.
— Não me fale disso, ainda não sei como vamos fazer para continuar nos vendo.
— Nós vamos encontrar uma solução. — Assegurei.
De repente seus olhos miraram o relógio de parede e o desespero tomou conta de seu semblante. Estava atrasada.
— Meus sapatos. Você viu meus sapatos Johnny? — Questionou enquanto corria pela sala.
Sorri com a lembrança da noite anterior, mal conseguimos ir para o quarto quanto mais tirar as roupas como pessoas civilizadas. Sapatos? Atiramos em qualquer lugar, mas me lembrava de ter deixado um par na lavanderia, andei até lá para apanhá-lo.
— Deixei comida no forno, quando sentir fome é só esquentar. — Nos encontramos novamente no centro da sala e lhe entreguei o sapato de salto, ela já estava usando um e encaixou no pé com agilidade o que eu entreguei. — Não se preocupe com a Melanie, ela vai ligar, mas é só dizer que não estou. — Avisou me dando um selinho. — Não dê conversa aquela atrevida, Mel pode ser muito indiscreta quando quer! — Terminou de me alertar e fez menção em sair, entretanto a puxei para um beijo mais intenso.
— Volte logo para casa... — Passei a beijar seu pescoço e colo enquanto ouvia o som de sua risada.
— Você não tem jeito. — Enlaçou os braços em volta do meu pescoço e beijou-me com vontade, nossas línguas se encontraram no mesmo segundo nos possibilitando uma sensação incrível. — Talvez eu venha almoçar em casa... — Piscou por fim e saiu em passos firmes, o salto podia ser ouvido facilmente pelos corredores.
Sorri com a ideia de uma vida de casado novamente, há algum tempo eu pedia por isso e Liz veio no momento certo.
(...)
Abri a garrafa de vinho e a coloquei de volta na mesa, já estava tudo pronto, só faltava ela chegar para que pudéssemos começar a jantar. Liz não havia vindo para o almoço como cogitou, mas seu horário de chegada já era próximo. Corri até a varanda e fiz sinal de silêncio para o pequeno, ela não poderia desconfiar de nada.
Logo o barulho da fechadura me chamou atenção, a porta uma vez aberta deu passagem para ela, que estava cansada e aparentemente de mau humor. Deixou no sofá a bolsa e tirou os sapatos em um canto, soltou os cabelos e respirou parecendo aliviada.
— Como foram as coisas hoje? — Interpelei indo de encontro a ela.
— Ótimas, na medida do possível... — Jogou-se no sofá em uma longa lufada de ar.
— O que houve? — Peguei o seu pé e iniciei uma massagem após ter sentado no sofá ao lado.
— Coisas do trabalho... — Fez sinal com as mãos para que eu esquecesse — Que cheiro bom! — Mudou de assunto.
— É o nosso jantar. — Respondi pausando a massagem.
— Então você também cozinha? — Esfregou o pé próximo a minha virilha me provocando.
— Vamos com calma, dessa vez eu pedi a comida em um restaurante aqui perto. Não se empolgue.
Liz continuou a me observar, mas com o semblante diferente, estava jogada no sofá de maneira despojada, enrolava uma mecha do cabelo no dedo e me olhava maliciosa. Aquilo não daria certo.
— Você está com fome? — Perguntou e juro que entendi a pergunta com uma certa ambiguidade em seu tom de voz.
— Só estava te esperando.
— Qual o menu? — Mordeu o lábio.
— Massa fresca ao molho pesto e vinho tinto. — Informei atento aos seus sinais.
Seu olhar era penetrante e enigmático, em um momento sabia exatamente o que queria e no outro estava completamente perdido. Ela era uma incógnita as vezes.
— Meu dia foi tão estressante... — Passou a língua nos lábios sugestiva — Veja bem, preciso relaxar.
Levantei com um sorriso largo e me sentei ao seu lado, tomei seus lábios e iniciamos um beijo intenso. Logo seu corpo pendeu para trás recostando-se no acolchoado do sofá, deitei sobre ela deixando o peso do corpo gradativamente cair também. Segurei em sua coxa e a prendi próximo ao meu quadril, levantando mais o tecido da saia social que vestia. Vi seu pescoço livre e passei a beija-lo dando leves mordidas, ela arfava algumas vezes.
Seus dedos se embrenharam nos meus cabelos puxando-os a fim de me desestabilizar, nossos corpos formavam um certo atrito e devido isso sentia o membro saltar cada vez mais da calça.
Interrompi o beijo para abrir sua camisa, tinha muitos botões por isso fui mais agressivo abrindo-os de uma vez, vi quando alguns se soltaram do pano e pularam para o chão. Liz sorriu proferindo algum som de surpresa, voltei as carícias e distribuí com zelo beijos e mordidas na região.
Quando levantei sua saia, apesar do espaço ser pequeno para nós dois no sofá, não vi muita dificuldade, até que em certo momento o zíper acabou emperrando e fui obrigado a rasga-la também. A pequena fenda me auxiliou e joguei o que sobrou do pano para o chão.
— Me deve uma saia... — Reclamou em meio aos suspiros enquanto beijava-lhe — E uma camisa também... — Protestou e sorri descendo o olhar meus lábios entraram em contato com sua intimidade, de imediato seu corpo ergueu-se na tentativa de retardar a sensação prazerosa. Gemeu alto e a respiração ficou desgovernada, meus estímulos só serviam para lhe deixar com mais desejo.
Provei de sua intimidade e explorei cada centímetro que pude, massageando o clitóris e inserindo os dedos em sua entrada. Fiz um longo vai e vem obtendo a cada vez mais sua total entrega, mesmo sabendo que ainda não era o suficiente para ela parei lentamente, deixando retomar o ar aos pulmões. Liz pensou em protestar assim que percebeu que parei os movimentos com os dedos, no entanto retirei o membro da calça e lhe penetrei de imediato. Tentei manter a calma e fazer tudo com tranquilidade, minha ideia inicial era de me movimentar o mais lento possível, aproveitando o máximo que pudesse e por consequência deixa-la enlouquecida.
A grande questão era me conter diante dela, diante de um corpo que tanto desejava e amava estar em contato, por mais que quisesse tirar o máximo de proveito do momento era inevitável minha sede por prazer.
Afastei ainda mais suas pernas e me movimentei depressa, as mãos dela apertavam o estofado descarregando a tensão ali. Meu rosto começava a queimar em detrimento das estocadas precisas que executava, já dava os meus primeiros sinais de cansaço. Em meio a pausa que precisei dar a puxei para o meu colo e a deixei sentar-se, acomodando-se da melhor maneira possível.
Senti seus lábios tocarem os meus e posteriormente seu sorriso tomou conta, respirei fundo e esperei que começasse o ato novamente. A respiração voltou a falhar quando sua cavalgada atingiu o ponto máximo de rapidez, seu corpo sobre o meu exercia um peso consideravelmente pequeno, mas que em determinados momentos causava-me incômodo.
Coloquei as mãos em sua cintura tentando coordena-la como podia, sua expressão facial era semelhante ao de uma criança arteira, o meio sorriso nos lábios me despertava certos desejos ocultos. Meu membro latejava com os movimentos de sobe e desce, aquilo realmente me desestabilizava por completo. A melhor das sensações que já tinha vivido.
Suas unhas recém aparadas ainda sim podiam ser percebidas em meu peito e tórax, eram afiadas e me arranhavam com vontade. O lugar ardia um pouco, mas suportaria para que pudesse desfrutar o momento demasiadamente.
Não resisti a tentação e lhe dei uma palmada no bumbum, ela sorriu aparentemente aprovando, repeti a ação outras vezes e fiz mais pressão em seu corpo em relação ao meu, senti meu membro chegar ao limite permitido e sua expressão mudou. Os olhos reviraram, a boca se abriu em um perfeito círculo proferindo um agudo e a cabeça pendeu para trás. Estava chegando ao ápice do desejo e vê-la naquele estado só me fazia ficar mais próximo do meu também.
Nossos corpos pegavam fogo quando a senti se contrair em um orgasmo, suas bochechas coraram e os pelos do braço eriçaram, os mamilos estavam rígidos quando os toquei de leve. A pele aveludada tornou-se escamosa por conta do arrepio que lhe tomou conta, acariciei e senti seus poros mais proeminentes. Em seguida gozei também.
Liz se jogou exausta sobre o meu corpo, respirava com mais calma e os fios dourados me atrapalhavam um pouco, ajeitei-os para o lado e acariciei sua cabeça com cuidado.
— Estou faminta! — Resmungou.
— Também estou. — Nos levantamos e sentamos no sofá — Vamos jantar boneca. — Peguei em sua mão.
— Porque boneca? — Uniu as sobrancelhas em dúvida e aguardou minha resposta.
Sorri e mexi no cabelo com certa timidez.
— É assim que a vejo. — Comecei a explicar — Angelical e divertida.
Suas bochechas coraram enquanto seus olhos miraram o tapete da sala com certa graça.
— Me deixou sem palavras.
— Venha. — Pedi e a tomei pela mão enquanto a conduzi nua para a mesa, não me importava em passar todo o jantar lhe admirando em sua forma natural.
— Não posso ficar assim. — Comentou se referindo a nudez — Estou ficando com frio.
Andei até o cabide com casacos na sala e apanhei um vestindo-a em seguida, voltei a mesa e sentei na cadeira lhe acompanhando, nos servimos e começamos a comer.
— A Melanie ligou.
— Daqui a pouco eu ligo para ela. — Tomou um gole do vinho e deu a primeira garfada na massa.
— Não precisa, ela me pediu para te avisar que no sábado conta com a sua ajuda.
— Droga... esqueci que prometi a ela que ajudaria com os preparativos do aniversário. — Negou para si mesma lamentando-se.
— Se prometeu tem que cumprir ainda mais porque envolve crianças, não queira decepcionar uma. — Adverti por experiência própria.
— Vou ajudar sim, é só que vou precisar encarar meus pais e não tenho tido muito contato com eles... não sei como me receberão. — Confessou e o olhar entristeceu-se.
— Eles são seus pais, seja lá o que aconteceu vão sempre querer seu bem e te ter por perto. — Tentei acalma-la pegando sua mão estendida na mesa.
— Pode ser...
Mudei de assunto percebendo que este não a fazia bem e continuamos a jantar, a comida apesar de já estar morna estava deliciosa. Liz logo se alegrou quando lembrou que ainda compraria o presente da sobrinha.
O tempo lá fora não era dos melhores desde de manhã, todavia tomamos um grande susto ao ouvirmos o som estrondoso de trovão. Ambos olhamos em direção a janela e reparamos como o céu havia fechado mudando de cor consequentemente.
Um choro baixo foi ouvido, ela estranhou e antes mesmo que pudesse procurar de onde vinha o som agudo, eis que o pequenino de quatro patas entra no cômodo abanando o rabinho. Por instinto se aconchegou nas pernas de Liz.
— Quem é você? — Questionou ao pega-lo no colo, o cãozinho chorou um pouco mais talvez por medo do trovão que acabara de ouvir.
— Era para ser uma surpresa, mas o medrosinho aí estragou. — Ressaltei brincando.
— Ele é meu? — Indagou como uma criança com um sorriso no rosto.
— Sim. E na verdade é ela, é uma fêmea. — Esclareci.
— Que coisa mais linda! — Abraçou a pequena que de pronto retribuiu abanando o rabo eufórica. — Ela é uma graça! — Se derreteu ao olha-la, segurava-a como um bebê.
— Eu a peguei hoje à tarde em um abrigo para cães, ela foi maltratada e depois de resgatada não conseguia que ninguém a adotasse... até agora. — Expliquei e tomei o gole que restava do vinho na taça.
— Isso foi muito bonito da sua parte. Adoção é um ato de amor extremo. — Comentou e me encarou com admiração, me senti bem por ter despertado esse pensamento nela. — Ela já comeu?
— Sim, dei um pouco de ração e água agora a tarde. Também comprei uma casinha. — Enquanto falava a cadelinha abocanhou o que restou da massa do prato de Liz, tentei impedir a princípio, entretanto acabei deixando que comesse.
— Nem parece que comeu. — Sorriu segurando com cuidado o corpo roliço e peludo.
— Desse jeito você me faz passar por mentiroso. — Brinquei.
— Qual o nome dela?
— Não dei nenhum, deixei que você mesma escolhesse.
— Huuum... deixa eu ver... — Pensou um pouco analisando o bichinho — Que tal Jujuba?
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