História Deslocado - Meus amigos mudam o visual

Soluço do passado (agora no futuro)

Acordei numa rede de couro de iaque, um cheiro forte de ervas e estrume de dragão à minha volta.

Uma ala da gothi.

-Mas o quê... -murmurei, sonolento e confuso.

Um grunhido ao meu lado me faz estremecer, e  sinto um suspiro quente no meu braço.

UM FÚRIA DA NOITE DO MEU LADO!

Olhei para ele, ele se levantou, com a língua de fora e eu caí da rede no desespero.

Fiquei encarando o dragão, que percebeu meu espanto e se afastou, confuso. Meu coração estava a mil.

O som de algo se quebrando.

Gothi aparece na porta da ala, boqueaberta, tão surpresa que deixara uma tigela com algumas frutas silvestres cair e quebrar no chão.

O dragão se aproxima novamente e eu, no calor do momento, jogo a primeira coisa que encontrei em cima dele, um copo de água.

Não sou um viking lá muito forte, o copo apenas caiu no chão e quebrou, distraindo o dragão por tempo o suficiente para que eu saísse porta afora, quase atropelando a Gothi no processo.

Enquanto corria ladeira abaixo, quase tive um ataque do coração: dragões! Em todos os lugares! 

-FÚRIA DA NOITE! - eu gritava enquanto descia a ladeira, atraindo olhares de vikings enquanto passava.

Parei apenas quando dei de cara numa parede após tropeçar em uma pedra, e descer o pé da ladeira rolando.

A dor de cabeça me matava.

Um Gronkle pousa ao meu lado, e fico em pé num pulo por causa do susto, gritando de horror e tapando o rosto com os braços.

-Você está bem? - diz um homem, descendo do gronkle, que possuía uma cela.

Tiro os braços do rosto, estava vivo, e o dragão não parecia querer atacar.

-Mas o quê? - o homem diz, empalidecendo.

Perna-de-peixe. Mais forte, mais alto e mais robusto, mas ainda sim o Perna-de-peixe, meu queixo chega a cair.

-C-como v-v-você fez... - começo uma frase, mas não consigo terminar.

Um grande fúria da noite aparece correndo em minha direção sendo seguido por outro dragão gigante, de uma espécie que não reconheci, que voava próximo ao chão com alguém em suas costas.

Solto outro grito, me escondendo atrás de Perna-de-peixe.

-Perna-de-peixe! - uma mulher desce do dragão gigante e corre na direção de Perna-de-peixe, que ainda estava atordoado, seguida dos dragões.

-Há algo de errado, acho que alguma coisa aconteceu com o Soluço! Chame a guarda se Berk! - a mulher diz, desesperada, e me ponho a correr antes que Perna-de-peixe me entregue, num instinto de desespero.

Não sei o que está acontecendo na ilha, mas eu preciso encontrar o meu pai imediatamente.

Soluço do futuro (agora no passado)

Acordei numa quadra, eu reconhecia aquilo... era uma velha quadra daquele nojento jogo que o pessoal jogava quando menor... iakboll, ainda me lembro daqueles terríveis banhos de suco de maçã pra tirar o cheiro da bola!

Enquanto me levanto, aparecem na minha frente Melequento, Astrid e os gêmeos.   

-Quem é você??? Cadê o idiota do Soluço??? - diz Melequento.

Dou um pulo e caio no chão novamente, são eles mesmo, só que... bem mais novos.

Fiquei encarando Melequento por um tempo, até que eu vi ele...

-MELEQUENTO! - eu nunca esqueceria esta voz estridente de Stoico, o Imenso - Cadê o Soluço? 

-Ele foi na casa do perna-de-peixe! Ele já volta! - diz Melequento, com um sorriso nervoso, já havia visto aquele sorriso antes, ele havia aprontado alguma, mas meu pai pareceu acreditar.

Meu pai. E eu fiquei ali, no chão, pálido como nunca. Meu pai? Eu acho que aquilo só podia ser um sonho! 

-Meu rapaz! Como você está branco! Aconteceu alguma coisa? Por um segundo achei que você fosse um fantasma! - disse meu pai, se virando em minha direção.

O engraçado foi que eu achei o mesmo...

-Estou falando com você, garoto! - a voz estridente de meu pai soa irritada, alguns vikings que passavam se viraram em minha direção.

-Quem é você? - Melequento se aproxima.

-P-pai? - é o máximo que consigo dizer.

-O que disse? - meu pai se aproxima, tentando me escutar.

-S-Soluço. Meu nome é-é Soluço.... Senhor. - digo, desajeitado.

-Soluço! - meu pai me encara com a sobrancelha erguida. - Interessante...

-Eu-eu... É... - digo, me levantando - sou, parente, isso! Parente da Gothi! Isso! Eu vim de muito longe, pra ajudar ela. Isso, ajudar ela! - invento uma história.

Não entendi o que estava acotecendo, mas uma coisa era certa: eu devia estar louco e a Gothi era a única pessoa que poderia me dar um remédio estranho para curar minha insanidade.

-Ela está na cabana, que fica subindo o grande salão. - meu pai diz, revirando os olhos e saindo - Mostrem Berk pro Soluço, seus imprestáveis - ele diz aos adolescentes à minha volta.

-Sou Melequento. - Melequento estende a mão.

Vou apertar mas ele retira a mão, dando uma risadinha.

-Otário... - ele murmura, enquanto sai dali.

-Astrid. - Astrid faz um sinal com a cabeça.

-Sou a Cabeça-Dura, e esse é o meu irmão, Cabeça-Quente. - diz Cabeça-Quente.

-Mas EU sou o Cabeça-Dura! - diz Cabeça-Dura.

-Você sempre é o Cabeça-Dura! Agora é a minha vez de ser a Cabeça-Dura!

Os gêmeos começam a brigar, Astrid parece ignorar e sai andando.

-Vamos Soluço, vou te levar até a Gothi. - ela diz, enquanto sai.