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História Deslocado - Uma consulta com a anciã de Berk


Escrita por: RA_413linda

Capítulo 4 - Uma consulta com a anciã de Berk


Soluço do passado (agora no futuro)

 

-Como isso é possível!? - Perna-de-peixe murmura pela centésima vez consigo mesmo, me encarando a certa distância.

Após ignorar uma série de questionamentos vindos de minha pessoa, Bocão me escoltou de volta até a cabana de Gothi, me arrastando consigo a cada grito que dava quando um dragão diferente aparecia.

-Ele é... fraco e... baixinho - Cabeça Quente me encara, escorada em uma parede.

-Exatamente como eu me lembro! - Cabeça Dura comenta.

Os dois haviam mudado muito em questão de aparência: os rostos mais compridos, o nariz de Cabeça Quente ainda mais arrebitado e Cabeça Dura fedia mais do que o normal.

Astrid se encontrava apertando a minha cara com as mãos e estudando todos os ângulos possíveis de meu rosto, murmurando coisas como "Pelos deuses!" e "Pelo sovaco amoroso de Freya!"

Eu sempre me senti muito pequeno em relação à Astrid, não só em questão de tamanho, mas também em questão de personalidade, força.

Olhar pra ela agora faz me sentir mais inútil do que eu já achava que era.

Estava assustado o suficiente com tudo o que estava acontecendo, as pessoas na minha frenre, agradeci aos deuses por não haver nenhum dragão presente na ala.

Foi só quando chegamos na ala de Gothi e Bocão me obrigou a sentar em um banquinho de madeira que percebi a quantidade de gente me encarando: Não só Astrid e Perna-de-Peixe como também os Gêmeos e Melequento.

Santo Odim, Melequento estava a cara do pai! Quase o confundi com Gosmento o próprio quando me deparei com o garoto de primeira.

-Sabe o que eu acho? Acho que esse cara é um sósia, uma farsa! Um impostor! - Melequento se aproxima de mim, apontando.

Estremeço ao imaginar o quão forte seria um soco dele agora.

-Vamos recapitular... - o desconhecido começa a falar - Vocês estão me dizendo que esse carinha é o Soluço.

Gothi assente.

-Olha... eu não sei o que tá acontecendo, seja o que quer que eu tenha feito, foi um acidente... eu só quero falar com o meu pai! - digo, e todos se calam.

-Espera um minuto... - Cabeça Dura interrompe o silêncio, atraindo a atenção de todos.

-SOLUÇO, VOCÊ TEM DUAS PERNAS! - Cabeça Quente dispara, chacoalhando o irmão.

Encaro minhas pernas, confuso.

-Soluço. - Astrid larga minha cara e suspira, ainda me encarando - Algo muito ruim aconteceu, me responda: como você chegou aqui?

Ela estava certa, todos estavam agindo estranho, sussurrando às escondidas, me encarando como se eu fosse um condenado. Sem falar de todos os dragões a solta na ilha.

-Eu... - começo - estava procurando meu pai. Você apareceu na minha porta e me disse que ele estava me procurando.

-Eu? - Astrid pergunta.

-Não... - tento reformular a frase - Não você, Astrid. Mas você, Astrid, só que... normal. - tento me explicar, sem muito sucesso.

Gothi começa a rabiscar no chão com seu cajado.

-Quer dizer não a Astrid de agora, mas a Astrid de sua idade? - Bocão lê, com dificuldade.

Assinto com a cabeça. Os olhares de todos vagando entre mim e Gothi agora.

-Aí eu saí e o Melequento me derrubou. - digo envergonhado, escondendo a parte do banho de leite de iaque estragado. 

-Não olhem pra mim! Passei o dia todo organizando a caça aos Terrores Terríveis com o Dente-de-anzol. - Melequento cruza os braços, irritado.

-Não, não! Quero dizer... - continuo, me estressando - Você mais novo! e aí eu acordei numa rede e os dragões estavam atacando.

-Atacando? - Perna-de-peixe se exalta.

-Havia um... - digo, começando a entrar em pânico lembrando dos detalhes - fúria da noite! Eu juro! - me levanto do banco, agitado - Vocês precisam acreditar em mim! Eu vi um fúria da noite e ele foi pra cima de mim mas eu fugi!

Um silêncio domina a ala, e todos se entreolham, nervosos.

-Isso é mal. - Cabeça Quente solta.

-Isso é muito, muito mal... - Cabeça Dura completa.

 

Soluço do futuro (agora no passado)

 

-...e aí eu vi o meu pai, vivo! Em carne e osso. Eu só posso estar ficando louco! Você pode me ajudar? - termino minha explicação, finalmente encarando Gothi, que estava boquiaberta, me encarando de cima a baixo.

Quando percebe que eu estou esperando uma resposta, se apressa em usar seu cajado para rabiscar o chão.

"Stoico não está morto." - é o que ela escreve com sua letra rabiscada.

A encaro, confuso.

-Eu o vi morrer. - encaro Gothi, falando calmamente.

"Mas ele nunca morreu. E Soluço é muito diferente de você." - ela escreve.

Eu devo estar ficando louco. Aquele tapa de Sven deve ter tirado toda a minha sanidade.

No momento que ele entrou com os Cabeça no salão eu sabia que estava completamente ferrad...

Os Cabeça... pareciam tão mais jovens quando os encontrei, não só eles, Astrid precisou levantar o machado por cima da cabeça para apontar para a minha.

É como se eu estivesse sendo eu mesmo, numa época onde ser eu mesmo era diferente; Isso sequer faz algum sentido?

-Eu tenho uma impressão de que... - tento me expressar -  tudo nessa ilha, meus amigos, meus familiares, até os meus costumes estão... mais diferentes, mais desatualizados... - tento reformular a frase - É como se eu tivesse voltado pro passado.

Gothi, arregala os olhos e se vira, ficando alguns segundos sem se mexer, perplexa, antes de voltar a rabiscar o chão com o cajado.

"Já ouvi algo parecido, está deslocado." - ela escreve.

-Deslocado? 

 "Você sente que já passou por tudo isso, sente como se estivesse no mesmo mundo em que viveu quando era garoto."

-Você está me dizendo que... - paro, surpreso - que eu não estou tendo ilusões?

"Baldão." - ela escreve.

-Baldão? - questiono, confuso.

"É um deslocado" - ela continua escrevendo - "Quando deu as caras em Berk, dizia que dragões não deviam morrer, chamava por Soluço, e todos achavam que era louco."

-Mas... me disseram que ele chegou a Berk após ter se perdido em uma tempestade e atracado o barco aqui. - me revolto - Depois foi atingido por um raio e enlouqueceu, por isso usa um balde na cabeça.

"Ele chamava por Soluço, e meses depois o filho de Stoico nasceu e era um Soluço." - ela escreve, me ignorando.

-O que eu faço? - desisto de argumentar e me jogo num banquinho de madeira próximo.

"Sinto muito, Soluço. Não posso te ajudar em nada. Está tarde, melhor ir embora, preciso me preparar para o banquete, também deveria, já que vai ficar por aqui por um tempo." - ela termina de escrever e sai da ala.

-O banquete... - murmuro para mim mesmo.

Aniversário de Berk! Foi isso o que Astrid disse, não foi?

Caminho até a saída da cabana, a visão de Berk e seus horizontes. A velha Berk.

O Grande Salão, logo abaixo, possuía uma grande fila que terminava no cais, isso só poderia significar uma coisa: dia de reclamações.

O que meu pai havia dito? Que estava me procurando? Mas Astrid me disse que eu tinha sumido... Bem... Não eu... Mas bem... Eu.

Os portos estão fechados, Baldão deve estar na ilha, talvez falar com ele me ajude com alguma coisa.

Se Gothi estiver certa, meu destino está firmado a viver com um balde na cabeça, pescando comida para alimentar uma ilha inteira.



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