História Consequences - Releitura - Chutes

Jenna Bittencourt

Sinto o choro preso em minha garganta e me sento em minha cama, nada contente com a situação que acabei de passar. Pego meu celular com a mão tremendo de nervoso e disco o número de Justin, que para minha sorte, atende no terceiro toque.

— Oi? — Ele pergunta, me possibilitando ouvir sua voz rouca.

— Justin, eu preciso de ajuda. — Falo com a voz embargada, deixando uma pequena lágrima escorrer pelo meu rosto enquanto observo as peças de roupas jogadas pelo chão do quarto.

— Você está chorando? O que aconteceu Jenna? — Ele pergunta e eu consigo notar seu tom de voz preocupado.

— Justin, as minhas calças jeans não estão me servindo mais. Elas não fecham na minha cintura. — Respondo enquanto deixo finalmente as lágrimas descerem, ouvindo a ligação ficar muda logo em seguida. Por um momento, penso que Bieber desligou na minha cara, mas logo ele finalmente me responde.

— Porra Jenna, você me ligou só para isso? Eu fiquei preocupado. — Ele responde em repreensão e por um momento me sinto arrependida por tê-lo deixado assim, mas isso logo passa ao lembrar de minha situação.

— Como assim "só para isso"? Justin, minhas calças não me servem mais. Eu estou ficando gorda. — Exclamo em um soluço, ouvindo-o bufar.

— E dramática. — Resmunga baixinho, me fazendo unir as sobrancelhas. Ele não se atreveu a dizer isso.

— Como é que é?

— Nada. — Responde, fingindo não ter falado nada de importante. — Mas coloque um vestido Jenna, simples.

— Eu não tenho vestidos longos Justin, e suas funcionárias não podem trabalhar com vestidos curtos. — Argumento enquanto seco minhas bochechas molhadas.

Na empresa de Bieber, todas as funcionárias são proibidas de usarem vestidos acima da metade da coxa, enquanto para baixo da mesma é permitido normalmente. O problema é que a maioria dos meus vestidos são curtos, pois antes eu não era mãe e nem comprometida. Não que eu e Justin tenhamos algo, mas enfim.

— Você pode, contanto que não coloque um curto demais. — Ele diz, me fazendo balançar a cabeça e fungar levemente.

— Não. Eu não quero dar motivos para Kendall ou qualquer outra pessoa falar algo sobre mim de novo.

— Dane-se Kendall ou qualquer outra pessoa que falar de você. Eles sabem que se o fizerem terão que se entender comigo. — Fala, me fazendo soltar um suspiro.

— Ainda assim, prefiro evitar. — Falo enquanto me levanto e abro meu guarda roupa, procurando por alguma outra peça de roupa que ainda me sirva, mas assim que olho para baixo e vejo o tamanho de minha barriga, começo a ficar triste novamente por estar engordando tanto. — Justin, por que minha barriga cresceu tanto e tão rápido assim? Eu só estou com cinco meses, isso não é normal. — Reclamo, manhosa.

— Você está carregando dois bebês dentro da barriga ao invés de um Jenna, é normal sim engordar mais do que as outras grávidas. — Ele explica, me fazendo soltar um soluço e sentir meu nariz arder novamente. Acho que a gravidez está me deixando sensível demais.

— Acho que vou ligar para Mia, ela pode me ajudar. — Respondo e o ouço soltar um suspiro do outro lado da linha, logo em seguida ouvindo um barulho de porta bater.

— Deveria ter ligado para ela antes. Eu não posso te ajudar muito.

— Desculpa se te atrapalhei, pode voltar ao que estava fazendo. E eu vou tentar não chegar atrasada. — Aviso enquanto ando em direção às minhas calças jeans no chão e as junto em minha mão livre, jogando-as dentro do armário de qualquer jeito, descontando minha raiva nelas.

— Não precisa pedir desculpas. Eu só não vou te ajudar se não puder, mas pode sempre vir falar comigo sobre tudo. — Ele responde do outro lado da linha e solto um riso fraco com isso.

— Obrigado Justin. — Agradeço, ouvindo-o também soltar um riso anasalado.

— Nos vemos mais tarde.

[...]

Depois de ligar para Mia e ficar procurando uma roupa decente para usar em seu guarda roupa, acabei encontrando uma saia longa e uma blusinha simples e apertada, o que deixou minha barriga marcada e me deu um certo "charme". Resolvi ir com essa roupa mesmo para não me atrasar ainda mais e voei para a empresa, conseguindo chegar lá na hora certa.

Mal sento na cadeira em minha sala e a porta é aberta, pela qual vejo Justin entrar. Ele caminha em minha direção e assim que se senta na cadeira de frente para a minha, me analisa descaradamente antes de soltar um riso anasalado e cruzar os braços.

— Você fez aquele drama todo pra no final das contas vestir isso? Não que esteja feio, mas está simples, e não é tão complicado escolher um roupa dessa para vestir. — Ele diz, me fazendo revirar os olhos com seu comentário.

— Eu não fiz drama nenhum. Sabe como é frustrante querer vestir uma roupa e ela não entrar em você? — Pergunto, vendo ele rir enquanto balança a cabeça.

— Para com isso Jenna. Não é você quem está engordando, são nossos filhos que estão crescendo. — Ele diz, me fazendo soltar um suspiro e prender uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— De qualquer forma, se não fosse pela Mia eu teria vindo para cá de pijama. Essa roupa aqui é dela.

— Vamos fazer o seguinte então. — Ele começa, se inclinando para frente e apoiando os cotovelos na mesa. — No horário de almoço vamos sair para começar a comprar o enxoval dos meninos e aproveitamos para comprar algumas roupas novas para você. O que acha? — Ele propõe, me fazendo sorrir em resposta.

— Acho uma ótima idéia. Mas quanto ao enxoval, é melhor vermos apenas as roupinhas deles por enquanto, e o resto das coisas como berços, fraldas e tudo o mais, é melhor comprarmos depois que eu e Mia nos mudarmos para o novo apartamento. — Falo e ele balança a cabeça, dando de ombros.

— Eu e Ryan já providenciamos isso. Um caminhão irá passar no apartamento de vocês esse fim de semana para levar os móveis para lá. — Ele explica, me fazendo franzir o cenho.

— Você ainda não o pagou né? Por que pelo menos isso eu e Mia temos que fazer. — Pergunto e ele solta uma fraca gargalhada, negando.

— Não, eu não paguei. Sabia que você me daria uma bronca se o fizesse. — Ele diz, logo abrindo um sorrisinho malicioso. — Acho que mereço um beijo por isso né? — Pergunta, inclinando o rosto para a frente.

— Acho que sim. Foi um bom menino.

Falo enquanto aproximo nossos rostos e lhe dou um selinho provocativo, mas antes que pudesse continuar a provocá-lo, ele junta nossos lábios novamente, porém de modo um pouco mais urgente. Sua boca me provoca de um jeito sedutor, e logo sinto sua língua entrar no meio do beijo, brincando com a minha. O beijo de Justin é extremamente viciante para mim, e começo a achar que se um dia ficar sem, sofrerei de abstinência.

Mordisco seu lábio inferior e com isso nos afastamos, sentindo ele me dar um último selinho.

— Eu preciso voltar para minha sala. Passo aqui para te pegar na hora do almoço. — Ele diz e eu apenas balanço a cabeça em concordância. — Até mais tarde. — Ele diz enquanto pisca para mim e logo se levanta, se encaminhando em direção à porta e saindo da sala.

Assim que me vejo sozinha, descanso minhas costas na cadeira e solto um suspiro, acariciando minha barriga.

Justin, Justin. Você me enlouquece.

[...]

Justin Bieber

Depois de almoçarmos, eu e Jenna entramos em uma loja de bebês no shopping para vermos as primeiras roupinhas dos gêmeos, e eu confesso estar mais animado do que Jen para fazer isso.

— Você sabe o tamanho das roupinhas que tem que pegar não é? — A loira me pergunta enquanto andamos em direção a ala masculina, me fazendo franzir o cenho.

— Não. Roupa de bebê tem tamanho? — Questiono confuso, vendo ela rir e balançar a cabeça negativamente. Para mim as roupinhas de bebês eram todas do mesmo tamanho.

— Claro que tem Justin. Olha, você tem que olhar nas etiquetas e pegar as roupas que estiverem com as letras RN. — Ela explica, mostrando uma calça azul como exemplo.

— Certo, entendi. E eu posso pegar roupinhas iguais? — Pergunto, já imaginando os dois usando as mesmas roupas quando nascerem.

— Quando eles nascerem, vai saber diferenciá-los se estiverem usando roupas iguais? — Ela pergunta com a sobrancelha arqueada e eu penso sobre o que a mesma disse. Ok, eu provavelmente vou confundí-los se usarem exatamente as mesmas coisas, e não deve ser legal pegar Jacob achando que é o Jaden ou vice versa.

— Eu vou pegar roupas diferentes. — Respondo e Jenna ri, balançando a cabeça.

— Você pode pegar roupinhas iguais, mas não todas. Bom, enquanto você fica ai, eu vou ir vendo as outras coisas. — Avisa e eu balanço a cabeça, concordando, e logo ela segue pelo lado oposto, se afastando de mim.

Começo a olhar para todas as roupas de bebês que há ali, sendo macacões, bodies, camisetas e até bermudas jeans, e com várias estampas diferentes como carrinhos, ursos, aviões e alguns estampados com desenhos da Disney. Pego uma camiseta azul e branca e fico olhando para seu tamanho, imaginando se os bebês cabem ali, afinal, ela é quase do tamanho da minha mão, apenas um pouco maior, mas ao olhar para a etiqueta, vejo as letras RN nela, como Jenna disse. Abro um sorriso ao imaginar o tamanho que eles terão quando nascerem.

— Posso te ajudar? — Ouço uma voz soar e olho para o lado, vendo uma atendente morena me olhando com um sorriso.

— Oi. Estou olhando as roupas para recém nascido. — Respondo simplesmente e ela balança a cabeça, assentindo.

— E você quer algo específico? Calça, macacão?

— Quero tudo na verdade. — Falo sincero e ela solta um riso, se aproximando de mim enquanto estica a mão para pegar algo na prateleira. Dou um passo para trás com isso, pois ela chega perto demais.

— Recém nascidos costumam usar mais macacões do que roupinhas, então acho melhor pegar mais deles. — Ela diz enquanto me mostra alguns macacões e eu pego um azul escuro que vem com uma gravata borboleta xadrez na gola.

— Tem outro igual a esse? — Pergunto à mulher, gostando do macacão.

— Tem sim. Vai levar dois macacões iguais? — Ela pergunta enquanto me estende outro macacão igual ao que gostei, franzindo o cenho para mim.

— Vou. — Respondo simplesmente, não me dando ao trabalho de explicar o por que. Continuo olhando para as outras roupinhas que ela me mostra por algum tempo e acabo pegando mais do que pensei pegar.

— Sabia que estava te reconhecendo de algum lugar. Você é o Justin Bieber, dono da Espectro. — A morena diz enquanto me encara com um sorriso, me fazendo apenas balançar a cabeça em concordância.

— Eu mesmo.

— Nossa, eu adoro as jóias que vocês fabricam. São lindas. — Ela elogia e eu abro um sorriso com isso. O mérito é todo da minha loira.

— Obrigado. — Respondo enquanto pego dois bodies brancos iguais, colocando-os junto com as outras roupas que peguei. Por falar nisso, acho que peguei mais roupas iguais do que era para ter pegado.

— E você vai ser pai? — Ela pergunta curiosa e eu controlo a vontade de bufar, apenas concordando com a cabeça. — Sorte da mãe dos seus filhos.

Ela diz enquanto me dá um sorriso malicioso e eu arqueio a sobrancelha. Meus olhos correm por todo o corpo da atendente, reparando nela pela primeira vez, e devo dizer que a mesma tem ótimos seios.

— Qual seu nome? — Pergunto, vendo ela sorrir ainda mais com isso e dar um passo para frente, se aproximando.

— Savannah. — Ela responde, fazendo-me aproximar meu rosto do seu com um sorriso provocativo.

— Tem razão Savannah. A mãe dos meus filhos tem muita sorte mesmo. — Falo em um sussurro e logo me afasto dela, lhe mandando uma piscadela. Vejo seu sorriso murchar, demonstrando ter ficado envergonhada e eu apenas balanço a cabeça, voltando a fazer o que estava fazendo.

— Justin. — Ouço meu nome ser chamado e logo vejo Jenna se aproximando com algumas coisas nas mãos. — Olha isso. — Ela exclama animada enquanto me mostra duas chupetas, uma verde e uma azul, cujas ambas estão com a inicial J escrita em branco. — Tem várias chupetas com várias iniciais lá, e eu acabei achando essas.

— Acho que elas foram feitas especialmente para eles. — Falo e a mesma ri, pegando mais alguma coisa das que trouxe, me mostrando também.

— Olha esse babador. — Diz enquanto me mostra o pedaço de pano com um menininho desenhado e embaixo dele a legenda "anjinho da mamãe."

— Não tem um falando do pai não? — Pergunto, fingindo mal humor e Jenna revira os olhos, pegando outro babador na mão e o mostrando para mim. Ele é exatamente igual ao primeiro, exceto pela legenda, a qual eu leio "orgulho do papai." — Agora sim.

— O que foi que você pegou? — Pergunta e eu me viro, mostrando o monte de roupas que escolhi em cima de um dos balcões da loja.

— Não sei se está bom, mas peguei tudo isso aí. — Falo, cruzando os braços enquanto Jenna analisa as roupas que peguei.

— Não se preocupe, eu o ajudei a selecionar algumas. — A atendente diz ao meu lado e Jenna a encara com o cenho franzido, mas logo dá um sorriso simpático, balançando a cabeça.

— Ah sim, obrigado então.

— Imagina. Vocês vão precisar de mais alguma coisa? — Ela pergunta, olhando para mim agora ao invés de olhar para Jenna. Coloco a mão no bolso e travo o maxilar com isso.

— Não. Acho que isso por enquanto está bom né Jen? Depois vemos o resto. — Pergunto para a loira e ela confirma, parecendo pensativa já que a vejo franzir o cenho.

— É, pode ser. — Responde simplesmente, com o olhar fixo no chão e uma careta no rosto.

— O que foi? — Pergunto, me aproximando dela e a mesma me olha com um sorriso torto.

— Acho que quando sairmos daqui você vai ter que achar algum lugar onde venda caramelo para mim. — Ela diz, fazendo agora eu franzir o cenho.

— Caramelo? — Pergunto, vendo-a confirmar com a cabeça. Não acredito que Jenna está com desejo de caramelo. — Caramelo Jenna?

— É Justin, caramelo.

— Em que diabos de lugar eu vou achar caramelo?

— Aí você vai ter que dar um jeito. — Ela responde simplesmente e logo pega tudo o que pegamos e vai em direção ao caixa pagar. Solto um suspiro com isso e balanço a cabeça em negação.

Grávida é foda. Caramelo? Fala sério.

[...]

Jenna Bittencourt

— Mia, quero conversar. — Peço para minha amiga enquanto entro em seu quarto, tomando a liberdade de me enfiar debaixo das cobertas com ela sem pedir permissão. O pote de pipoca com caramelo que carrego fica no meio de nós duas.

— O que foi? — Ela pergunta ao perceber minha expressão e eu a encaro enquanto coloco uma pipoca na boca, não me importando em falar de boca cheia.

— Eu reparei uma coisa a respeito de Justin que me deixou intrigada e frustrada. Não sei direito o que pensar sobre isso. — Falo e ela arqueia a sobrancelha, fechando o livro que estava lendo e o colocando na mesa de cabeceira.

— Me conta.

— Sempre que nós dois estamos juntos na cama, ele me chama de amor. Mas no dia a dia normalmente é apenas Jen ou loirinha. As únicas vezes que ele me chamou de amor foi quando estávamos fazendo sexo. — Explico, soltando um suspiro em seguida enquanto enfio mais pipocas em minha boca. O caramelo por cima delas só as deixa ainda mais deliciosas. — Será que isso significa que nossa relação não vai passar disso? De algumas transas sem compromisso?

Pergunto, encarando a morena e a vendo balançar a cabeça, fazendo uma pequena careta.

— Acho que não Jenna. De repente Justin te chama de amor apenas na hora do sexo pois é no momento em que estamos em estado se êxtase, que estamos com o calor do corpo aflorado, e isso o faz ter coragem para te chamar assim, diferente de como acontece no dia a dia. Vocês não tem uma relação concreta ainda, então talvez ele simplesmente tenha receio de te chamar assim. — Ela diz, me fazendo encará-la com o cenho franzido.

— Será que é isso mesmo? Por que esse assunto está começando a me deixar... — Procuro pela palavra que melhor pode me descrever quando penso nisso, porém não a encontro. — Não sei. Frustrada talvez.

— Você gostaria que ele te chamasse sempre de amor? — Ela pergunta para mim com um sobrancelha arqueada enquanto também pega um pouco de pipoca, me fazendo balançar a cabeça.

— Não vou mentir, eu gostaria sim. — Respondo, com um pequeno sorriso no rosto. — Mas se formos pensar com sensatez, ele não tem motivos para me chamar desse jeito. — Falo, vendo ela revirar os olhos.

— Vocês dois são tão enrolados.

— Falou a que mantém um relacionamento super sério com o Ryan. — Respondo em ironia. — Vocês dois são tão enrolados quanto nós. — Falo e a vejo soltar um suspiro com isso e balançar a cabeça em negação.

— Não existe mais eu e Ryan, Jen. — Conta com o olhar fixo no pote de pipoca e eu franzo o cenho, parando até de mastigar com o que ouvi.

— Como assim? — Pergunto, pedindo para que ela me explique direito o que me disse.

— Nós dois tivemos uma discussão e decidimos parar de ficar. Cada um seguir sua vida. — Ela diz e eu arregalo os olhos, totalmente chocada. Me endireito na cama, de modo que fique sentada e a encaro, surpresa.

— Não acredito nisso Mia. O que aconteceu? Vocês dois estavam tão bem. — Pergunto, vendo-a fazer uma careta.

— Sim, eu sei que estávamos. Mas você sabe como eu sou Jen, eu queria algo mais sério com ele. Um compromisso. Mas ele disse que "não quer se envolver com ninguém e que o nosso lance estava bom daquele jeito". Aquele papo ridículo que todo homem cachorro dá. — Ela conta e eu faço um barulho de negação com a boca. Poxa Ryan, mancada.

— Sinto muito Mia. — Falo enquanto me aproximo dela, lhe dando um beijo na bochecha. Consigo arrancar um fraco sorriso da mesma com isso.

— Tudo bem, eu já estou conformada. Ryan é um crianção, não tem capacidade para levar um relacionamento de verdade a sério. — Ela diz com uma carranca enquanto coloca várias pipocas na boca de uma vez, me fazendo rir. 

— Talvez Ryan seja um pouco crianção mesmo. — Digo, concordando com minha amiga. Isso o que ele fez não foi uma atitude nem um pouco madura, pois não teria agido assim se realmente gostasse de Mia. — Pois é amiga, parece que os compromissos amorosos fogem de nós duas. — Comento e ela bufa, balançando a cabeça.

— Nós é quem deveríamos fugir dele.

— Concordo. — Falo, rindo do que ela disse.

— Mas me conta. O que você e Justin já compraram do enxoval? — Ela pergunta, mudando de assunto.

— O básico por enquanto. Roupinhas, meias, duas chupetas e dois babadores, um para cada. — Respondo e ela me olha com um biquinho.

— Você nem me mostrou.

— Não? — Pergunto com o cenho franzido. Acho que não me lembrei de mostrá-la por conta do cansaço do dia, sem contar que ela também estava cansada quando chegou do trabalho.

— Não.

— Eu mostro depois então. Prometo. — Falo e vejo ela apenas assentir enquanto murmura um "ok".

Ficamos em silêncio pelo tempo que se segue, prestando atenção no filme que passa na tv, até que começo a sentir uma sensação estranha em minha barriga, como uma fraca pontada. Faço uma careta com isso mas logo ignoro, não dando muita importância. Continuo comendo o restinho de pipoca no pote, deixando ali apenas os milhos que não estouraram e quando acabo, sinto a pontada novamente.

— Mia, minha barriga. — Falo para a morena enquanto tiro a coberta de cima de mim, puxando minha camiseta para cima e logo vendo a pele de minha barriga subir e descer do lado direito. Franzo o cenho com isso, encarando minha amiga. — O que eles estão fazendo? — Pergunto. Chutando eu sei que meus filhos não estão, pois minha barriga desce e sobe freneticamente, o que não aconteceria se fosse apenas um chute.

Vejo Mia sorrir com isso.

— Ele está soluçando Jen. Está com soluço. — Ela conta e eu volto a encarar minha barriga, vendo-a ainda se mexer. Acabo sorrindo boba com isso.

— Oh meu Deus. — Exclamo, impressionada. É a primeira vez que consigo sentí-los se mexendo dentro de mim. — Oi meu amor. É a mamãe.

Falo enquanto acaricio minha barriga no local onde um de meus filhos está soluçando.

— Tadinho. O soluço está forte. — Mia comenta ao meu lado e eu sorrio ainda mais.

Somos interrompidas do momento com o som da campainha tocando, porém nem me dou ao trabalho de me levantar para ir atender a porta, quero apenas ficar aqui, apreciando isso. Mia se levanta e sai do quarto, aproveitando para levar o pote vazio de pipoca e assim fico sozinha, observando cada soluço que meu filho dá.

— Ei bebê, já vai passar está bem? — Sussurro, embora eu não esteja querendo realmente que ele pare. Céus, se já estou toda boba assim por conta de um simples soluço, imagina quando eles começarem a chutar.

— Você chegou bem na hora. — Ouço Mia dizer para alguém com animação e logo duas figuras adentram o quarto, uma delas, Justin.

— O que foi? — Ele pergunta para ela com o cenho franzido, mas assim que volta seu olhar para mim, sua atenção cai direto em minha barriga.

— Vem ver. — O chamo e ele se aproxima lentamente, logo se abaixando ao meu lado na cama enquanto olha para minha barriga. — Ele está soluçando. — Falo e vejo o loiro erguer a mão com cautela, logo acariciando minha pele no local em que nosso filho está.

— E aí filhote? — Ele diz em voz baixa, abrindo um sorriso em seguida. O acompanho, também sorrindo e repouso minha mão em sua nuca, fazendo uma caricia ali. — É o papai.

Ele diz enquanto continua a acariciar minha barriga, mas logo em seguida o soluço do bebê parece cessar, pois nada mais acontece. Espero alguns segundos para ver se irá voltar, mas não.

— Parou. — Digo a Justin e ele faz uma careta.

— Ah filhão, agora que eu cheguei? — Ele protesta, fingindo estar bravo e eu torço a boca. Como disse, por mais que ter um soluço seja incômodo, queria continuar a sentí-lo. Foi rápido demais.

— Meus amores, se mexam pra mamãe ver, por favor. O papai também está aqui. — Falo, conversando com meus filhos enquanto Justin passa a mão em minha barriga, ainda olhando fixamente para ela.

— Vamos lá filhotes. — Ele também pede, porém não sinto nada. Solto um suspiro frustrado com isso.

— Acho que não vão mexer mais. — Falo para Justin  e o vejo bufar, fechando a cara.

— Sem graças.

Reclama enquanto apenas dou uma fraca risada, segurando na minha blusa, pronta para puxá-la para baixo, porém sinto uma pontada forte na parte de baixo do útero de repente que me assusta. Encaro minha barriga enquanto vejo Justin fazer o mesmo, com o cenho franzido.

— Jenna, eu acho que...

— Eles mexeram. — Concordo, e automaticamente a mão de Justin volta para aquela área, e como uma reação ao toque dele, sinto outro chute. Abro um sorriso imediato, emocionada. — Ei bebês. — Falo para meus filhos e Bieber sorri junto comigo, logo encostando a testa em minha barriga e fechando os olhos, ficando em silêncio por um tempo. O deixo aproveitar o momento enquanto nossos filhos chutam dentro de mim, fazendo uma lágrima descer pelo meu rosto.

As emoções mais sensíveis da gravidez me deixam ainda mais boba em um momento como esse.

— Ei filhões, me perdoem. — Ouço Justin sussurrar contra minha pele, começando a conversar com os gêmeos. — Me perdoem por um dia não ter desejado vocês. Eu quero que saibam que eu amo os dois demais. Amo vocês mais do que tudo na vida.