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História Consequência Perfeita - Uma vez mais


Escrita por: miedoaperderte

Notas do Autor


Oi <3
Nem vou falar nada sobre o horário porque vocês já estão todos acostumados. CP é a leitura da madrugada.
Queria dizer só três coisas.
1. MUITO obrigada pelos comentários do capítulo passado, li tantas coisas bonitas, de incentivo, de compartilhamentos de experiencias de leitura, de leitores novos, de novas pessoas comentando. Não canso de agradecer o carinho de vocês pela história e por mim. Vocês são demais! <3
2. Cês tão preparados???

3. BOA LEUTURA!!!

Capítulo 17 - Uma vez mais


Matteo Balsano

 - É bom que você tenha alguma ideia brilhante para provar a Luna que o Henry trai ela. Caso contrário, a única coisa que vamos conseguir são duas mulheres irritadas com a gente. Porque a Nina pode até parecer quieta, mas quando ela se irrita, se irrita de verdade. – Gastón falou assim que entrei no quarto dele e ele fechou a porta – Você tem alguma ideia, não é?

- Não. – coloquei as mãos nos bolsos da calça e neguei com a cabeça – Não faço a menor ideia de como vou provar isso, mas vou dar um jeito.

- A, que ótimo, temos menos de um dia para fazer isso e você não tem ideia de como provar.

- Gastón, a única coisa que eu sei é que esse casamento não vai acontecer. Luna já sofreu demais com as minhas burradas e não vou permitir que um canalha sem noção a faça sofrer mais uma vez e, ainda por cima, continue traindo ela depois do casamento.

- Não sabemos se ele vai fazer isso. – balançou a cabeça e andou para o outro lado do quarto.

- Você está do meu lado ou não? – cruzei os braços e o encarei com um olhar de desaprovação.

- É claro que estou. Mas eu estava lá quando a Luna sofreu por você e não consigo acreditar que outra vez ela vai sofrer uma desilusão. É só isso. Você sabe que nos aproximamos muito e a quero como se ela fosse da minha família. Ela e a Nina são como irmãs, o que a torna minha cunhada, e só quero que ela seja feliz. Por isso precisamos ter uma ideia descente para impedir esse casamento. – mexeu no cabelo – E não quero que ela te odeie.

- Ela já me odeia. Qualquer coisa que acontecer aqui em relação a nós vai ser lucro. No ultimo mês mal trocamos olhares. Se ela pelo menos me dirigir a palavra em um assunto que não seja referente a nossa filha eu já vou ser o cara mais feliz do mundo. Preciso da Luna. Entendi isso. Que ela faz parte de mim. E sempre vou estar pronto para salvá-la quando ela precisa.

Sorri lembrando de todas as vezes que usei essa ultima frase para irritar Luna e deixá-la com as bochechas vermelhas apenas porque amo quando as maças do rosto branquinho que ela tem tomam cor.

- Luna não é uma princesa em apuros, mas essa sua cara de abobado faz parecer que você quer ser o príncipe que a salva dos vilões. – zombou e apenas neguei com a cabeça e ignorei que ele estava fazendo isso.

- Estamos perdendo preciosos minutos. Preciso da sua ajuda para pensar em um jeito. Deve ter uma maneira, uma brecha, alguma coisa que nos leve até alguma prova disso. Ele deve ter alguma coisa suspeita. Se ele a traiu com duas mulheres, quem garante que não tenha feito com mais.

- Está pensando em mexer nas coisas dele? – não assenti e nem neguei, era apenas pequenas ideias que comecei a ter – Não acho que ele traria para cá qualquer indicio de traição. Seria meio burrice trazer na mala, para a cidade onde vai se casar, provas de traições.

- Então que outra ideia você tem, gênio?

- Você disse que ele pode ter traído a Luna com mais de duas mulheres, não foi? – assenti – Ontem ouvi ele combinando com alguns amigos de ir a um lugar para a despedida de solteiro hoje. Nem sabia que os amigos dele estavam aqui, mas descobri que ele já trabalhou na cidade há um tempo e os caras que vão sair com ele são amigos antigos.

- Conseguiu ouvir para onde ele vai? – negou.

- Mas se considerarmos que ele não tem respeito nenhum pela Luna... – começou.

- O mais provável é que ele vá até uma boate de striptease. – continuei – Se seguirmos ele talvez conseguiremos encontrar alguma coisa.

- Sim. – arregalou os olhos – Espera ai, conseguiremos? No plural?

- Óbvio. Você vai comigo. Um fotógrafo profissional é tudo que eu preciso nesse momento.

- Você só pode estar muito maluco. Primeiro, se me pegarem tirando fotos nesse lugar é bem provável que me prendam. E segundo, Nina me mata se descobrir que fui a uma boate onde as mulheres andam todas nuas e as que não estão nuas vão ficando ao longo da noite.

- Como sabe tudo isso?

- Já pesquisei isso. Pelo céu, Matteo, também não sou de ferro. E fiquei curioso para saber como são as famosas boates de Las Vegas – dei uma risada nasal – Mas ver pelo computador e ao vivo são coisas diferentes.

Batidas na porta me fizeram arregalar os olhos e paralisar. Gastón me disse que Nina ia sair com Luna para comprar um sapato e que poderíamos conversar com tranquilidade aqui.

- Quem é? – Gastón se aproximou da porta e eu fiquei estático onde estava.

- Luna. – minhas pernas ficaram bambas.

Ouvir a voz dela me deixou em estado de alerta. A adrenalina se espalhou pelo meu corpo e olhei para todos os lados do quarto pensando onde me esconder. Luna, em hipótese alguma, poderia saber que estou aqui antes do momento indicado. Se ela descobri que vim até Las Vegas e estou hospedado no mesmo hotel que ela, é capaz de me apostar no cassino de tanta raiva.

- Já vou. Só vou colocar uma calça. – ele respondeu e andou até mim – Banheiro. Agora. – sussurrou.

Assenti com a cabeça e andei a passos cuidadosos até o banheiro. Tranquei a porta apenas por questão de segurança. Aproximei a cabeça da parede e coloquei meu ouvido grudado na mesma para ouvir a conversa.

- Oi, Luna. – Gastón disse no seu maior tom de dissimulação.

- Oi. A Nina ta ai? – pela primeira e única vez na minha vida eu queria me ver livre da Luna.

- Não. Ela deveria estar com você. Vocês marcaram de se encontrar na recepção há meia hora, não foi?

- Na recepção? Não foi aqui? E não marcamos para daqui quinze minutos? – mordi os lábios para conter o riso. Ela sempre seria perdida.

- Ela deve estar te esperando. Vai lá. – boa, amigo.

- Gastón, você estava falando com alguém? – droga – Tive essa impressão.

- Eu? O nervosismo está de deixando meio maluca.

- Tive a impressão de ter ouvido outra voz. – vida, por tudo que é mais sagrado, faz essa mulher sair daqui agora porque se não vou acabar estragando tudo.

- Fui eu. Estava cantando. Mudo o tom de voz para imitar pessoas diferentes. É isso.

- Ta legal então... Vou encontrar a Nina.

Ouvi a porta batendo e uma sensação de alivio se apossou de mim. A adrenalina de estar ali e poder ser descoberto a qualquer momento, me fez sentir uma coisa que não sinto há tempos; a sensação de que estou me arriscando em busca de algo que realmente quero.

Destranquei a porta do banheiro, mas a voz da Nina se fez ecoar pelo outro lado da parede e voltei a girar a chave para me trancar ali.

- Amor! – o volume do som me fez perceber que Gastón estava exatamente na frente da porta, proibindo a passagem da namorada – Luna acabou de passar aqui perguntando por você. Coincidência, não?

- Eu sei. Encontrei com ela. Só que lembrei que preciso pegar minha bolsa e resolvi aproveitar para vir ao banheiro. Ela também foi pegar uma coisa no quarto e vai me esperar no final do corredor. – não, não, não. Ela não podia ter tido vontade de ir ao banheiro outra hora? – Aliás, me deixa passar.

- Não!

- Como “não”, Gastón? Preciso usar o banheiro.

- É que você não pode entrar. – nem estou na conversa, mas estou soando frio por Gastón. E também por mim. – Quebrei o vidro do seu perfume. É isso. Tem vidro para todos os lados. Não vi a embalagem na bancada da pia e derrubei. Desculpa.

Pensei que ouviria Nina dar um sermão em Gastón ou dizer alguma frase de um livro que se encaixaria na situação. Mas não.

- Bela encenação. – bateu palmas – Mas tirei o vidro do meu perfume do banheiro hoje de manhã. O que está me escondendo? Luna me disse que achou que você estivesse falando com alguém. Anda Gastón, fala. – ótimo, agora além de tudo eu iria causar um mal estar entre eles.

- Nada. Eu juro que não é nada do que está pensando. Não é nada, amor.

- Mesmo? Porque eu fui perguntar na recepção se a Luna já tinha passado por ali e a atendente aproveitou para me perguntar se o novo hóspede com reserva no seu nome tinha de instalado bem. Eu disse a ela que não tinha nenhum hóspede e sabe o que ela fez? – engoli seco e sei que Gastón também – Mostrou a tela do computador. Reserva em nome de Gastón Perida e hospedagem em nome de Matteo Balsano. – merda, merda, merda – Você ainda vai me impedir de entrar no banheiro e dar de cara com o Matteo ou nós podemos agir como adultos e vocês me explicarem que raios está acontecendo aqui?

Bati com a cabeça na parede e girei a chave, destrancando a porta. Eu mal tinha chegado ali e as coisas já estavam dando errado. Ainda não era hora da Nina saber que estou aqui.

- Nina. – sorri forçado.

- Matteo. – os braços dela estavam cruzados e Gastón me encarava com os olhos de quem iria levar uma bronca depois – O que está fazendo aqui? E não quero desculpas e nem rodeios, por favor, seja sincero. Luna daqui algum tempo vai aparecer me procurando mais uma vez e se você não me explica nada, não vou impedir que ela te veja.

- Não. – pedi – Vou contar tudo.

- Sou toda ouvidos. – indicou para que eu começasse e seguiu de braços cruzados e sem olhar para Gastón.

Expliquei tudo para ela. Tentei ser o mais breve possível e deixar de lado detalhes irrelevantes. Falei sobre meus sentimentos, sobre como me afetou tudo isso e obviamente sobre a confissão de Sol. Internamente mentalizei que ela iria entender e nos ajudar. Caso contrário, em minutos tudo teria ido por água a baixo e sabe-se lá se eu conseguiria convencer Luna a acreditar que Sol está falando a verdade.

Nina não disse nada durante toda a explicação, apenas foi assentindo com a cabeça, o que me deixou mais aflito. Gastón contou a ela a ideia que teve para desmascarar Henry. Era provavelmente a nossa única chance de provar isso e ela, ainda que seguisse com o rosto com uma expressão duvidosa, pareceu entender e concordou que a situação não era brincadeira e que de verdade precisamos salvar Luna de Henry.

- Não duvido que Sol esteja falando a verdade. Mas não seja hipócrita, Matteo. Luna também traiu o Henry com você. Duas vezes. – não tive o que contestar – Foram só beijos, mas isso também conta como traição. Ela pode tomar isso em consideração. Se você quer mesmo atrapalhar o casamento dela, tenha provas em mãos. Porque do contrário, sabe que a raiva que ela sente de você só vai aumentar.

- Se você me ajudar, eu juro que vou ter as provas necessárias. Deixa o Gastón ir comigo até a boate e tenho certeza que vamos conseguir tudo o que precisamos para que Luna veja que Henry a trai. – a ajuda dela seria muito importante – Nina, sei que você também não confia em mim depois do que fiz, mas não quero jogar com os sentimentos da Luna. Se estou aqui é porque acima de tudo quero que ela seja feliz e sei que esse cara só a fará sofrer.

- Ele merece um voto de confiança, Ni. – Gastón olhou nos olhos dela e ela fechou os olhos e respirou fundo.

- Tudo bem. Não vou dizer nada a ela. Vamos sair agora e não devemos demorar muito. Já encontrei o sapato que quero no site da loja e vou direto lá buscar. Se você não quer que ela te veja, não fica circulando pelos corredores, a probabilidade que vocês se esbarrem é bem alta.

- Temos tudo pensado. – Gastón apontou a cama e a testa de Nina franziu ao ver o que tinha em cima dela.

- Um boné e um óculos de sol. O que tem isso?

- Estou usando isso. Fico diferente de boné, porque não é meu estilo, ela não vai me reconhecer. Esses óculos grandes também ajudam a tapar um pouco do meu rosto.

- Seu eu fosse você, não confiaria. Todas as vezes que vocês estão em um lugar sem saber que o outro está, acabam se esbarrando. Todas as estatísticas apontam para que isso aconteça outra vez aqui. – era estranho como ela ainda usava termos matemáticos e a lógica da mesma para explicar todas as situações e suas probabilidades – Vou sair. Não façam nada que arruíne a felicidade da Luna para sempre.

Concordamos com a cabeça. Pouco depois ela já tinha saído do quarto, mas Gastón ficou parado na porta, observando o corredor e olhando para ela. Estou mal com isso. Sei que apesar da situação ser importante, Nina ficou chateada do Gastón não ter contado a ela que eu tinha vindo para cá e nem confiado nela o suficiente, ainda que eu tenha dito algumas vezes no meio da conversa que fui eu que pedi para que ele mantivesse isso em segredo.

Coloquei os óculos de sol e o boné. Gastón indicou para que eu saísse agora, enquanto não havia ninguém no corredor. No caso, eu pensei que não havia ninguém.

De longe pude ver Luna andando na direção oposta do quarto, para o final daquele andar, onde ficavam os elevadores. Ela estava usando o cabelo preso e um coque, um vestido azul marinho e tênis pretos. Minha vontade era correr até ela e dizer tudo o que está grudado no nó que se formou na minha garganta desde o dia em que nós beijamos pela ultima vez. Contudo, fiz apenas o que deveria fazer. Andei na direção oposta dela como se estivesse indo para o café que ficava no outro extremo daquele corredor.

- Não vou deixar que ninguém te machuque, meu amor. Eu já fui idiota o suficiente para fazer isso. Preciso te proteger e talvez assim conseguir a minha redenção.

As palavras saíram baixinho e segui meu rumo. Teria uma noite longe hoje.

 

(...)

 

Não foi nada difícil seguir Henry e seus amigos. Modéstia a parte, eu e Gastón somos bons investigadores e os caras nem desconfiaram. Henry nos reconheceria se chagássemos muito perto, por isso mantemos uma distância segura de onde eles estavam para onde nós ficamos.

Gastón e Nina inventaram uma desculpa para ele supostamente ter saído sozinho e deixado ela lá. Luna estranharia a situação e a namorada do meu amigo pensou em tudo. Para todos os casos, Gastón saiu com alguns amigos fotógrafos que encontrou pela cidade e Nina não veio com ele para não deixá-la sozinha. Ao tinha como a menina delivery desconfiar disso.

- Esse lugar é bem peculiar. – Gastóm bebeu um pouco da água que pedimos. Quem toma água em uma boate? Ninguém, mas não podemos beber e perder o foco da coisa, então hoje vamos ficar apenas na água.

- Las Vegas é um lugar peculiar. Uma boate aqui não seria diferente.

Nos filmes e na internet sempre vi pessoas falando sobre isso. Mulheres com os peitos para fora, dançando entre as mesas de jogos, e homens ricos torrando o dinheiro para impressioná-las e conseguir alguma coisa com alguma delas. Digo homens ricos porque esse lugar não era qualquer boate de beira de estrada. Era um lugar luxuoso. Ficava dentro de um hotel situado na rua principal. Os homens só poderiam tocar nas mulheres caso elas se dispusessem a isso, caso contrário, os caras de dois metros de altura que ficam vigiando o lugar levariam os engraçadinhos presos.

- Viria a um lugar como esse se não fosse por isso?

- Numa boate com mulheres seminuas?

- Num cassino com mulheres seminuas. – corrigiu – É tipo a mistura das duas coisas que mais movem esse tipo de cara rico que gasta dinheiro com coisas meio sem sentido.

- Gastón, nós somos ricos também.

- Eu sei. Por isso mesmo perguntei se você viria. – Gastón estava meio perdido. Quase sete anos namorando com a Nina dá nisso mesmo. Eu tive meu tempo de farra na Inglaterra e confesso que vi bons pares de seios por lá, mas ele não está acostumado a isso. Não teve a chance de conhecer esse outro lado.

- A Nina já está brava comigo e você ainda me traz numa boate, cassino, hotel, seja lá o que, de striptease. Se quer acabar com o meu relacionamento é mais fácil dizer logo. – tomou mais água.

Uma bela moça passou por nós e deu um sorriso. Devolvi o sorriso a ela e Gastón não conseguiu ser sutil em não olhar as claras próteses de silicone que ela tinha. Não que eu não tivesse olhado. Qual é, olhar não arranca pedaço.

- Gastón, olha lá. – chamei a atenção dele assim que duas bailarinas, que estavam a poucos minutos no palco, se aproximaram da mesa onde Henry estava.

Até ali não tinha nada demais.  Mas os minutos foram passando e foi ficando cada vez mais estranho ver aquela cena. Os beijos que eles começaram a dar ficaram cada vez mais explícitos e meu sangue quase começou a borbulhar. Como ele tem coragem que trair a minha doce Luna assim? Como não passa, nem por um minuto, na cabeça dele que ela vai sofrer com isso? Foi demais para mim quando ele apontou para o cima e fez o que pareceu ser um desenho da lua com as mãos. Eles estavam rindo dela.

- Vou acabar com aquele maldito. – fechei os punhos e dei um passo na direção dele, mas Gastón apertou meu braço com força, me impedindo de andar mais.

- Ficou maluco? Quer arranjar uma confusão e ir preso? Esqueceu que estamos aqui para desmascará-lo? – neguei, mas ainda sentia a raiva se espalhar pelas minhas veias – Já tirei algumas fotos. Não é fácil ser discreto com o celular e conseguir bons ângulos, mas já é alguma coisa. O que vai adiantar se você for lá e bater nele? Nada. Então senta esse traseiro italiano nesse banco outra vez e aja com naturalidade.

Passei a mão no cabelo, tentando mudar o foco da minha atenção. Voltei a sentar no banco do bar, onde estava com Gastón, e continuei olhando incrédulo a cena a poucos metros de mim.

- Por que aquela bailarina está de roupa? – ele questionou – Pensei que a coisa aqui fosse com os seios para jogo.

- Talvez porque ela não seja uma bailarina.

A pouca luz e a distancia poderiam estar me confundindo, mas aquela mulher de roupa que fazia movimentos sensuais na frente do Henry não me era estranha. Não é alguém que conheço, mas com toda certeza já vi ela antes. Puxei na memória todos os registros sobre pessoas que eu poderia ter visto e quando me passou pela cabeça que aquela poderia ser a tal Cinthia, a reconheci.

- Se ela não é uma bailarina, é alguém que está aqui exclusivamente para ele. – Gastón fingia mexer no celular e com seu olhar de fotógrafo, tirava os cliques.

- Ela é a patinadora que trabalha com a Luna. É a mulher com quem Sol viu Henry aos beijos. – com cuidado sai do bar a fui me aproximando. Gastón veio atrás, como se apenas estivéssemos conhecendo melhor o lugar.

Não demorou muito para que Henry saísse do meio dos seus amigos com a mulher que eu imaginava ser Cinthia. Seguimos eles até onde pudemos e Gastón aproveitou o lugar mais claro para conseguir fazer as fotos. Assim que ambos subiram no elevador, ficamos de olho no visor que indicava o andar que ele pararia. Apenas os dois entraram, o que significa que o quarto deles seria naquele andar. Alguns andares acima, chegamos a tempo de ver os dois passando pela porta do quarto 512.

Vendo aquilo parei e pensei se realmente queria fazer Luna passar pelo constrangimento de pegar seu noivo, quase marido, na cama com outra. Ela iria sofrer tanto com isso que só de pensar me partiu o coração. Mas não tinha outra maneira, essa era a minha grande chance de acabar com essa farsa e ver Luna solteira outra vez.

Gastón mandou as fotos para Nina e o endereço de onde estamos. Pedi que ela arranjasse uma desculpa para trazer Luna até aqui e ela avisou que tinha conseguido convencê-la a vir, falando que queria apresentar uma amiga fotógrafa que supostamente também estava aqui e ela não sabia. Estranhei logo a Nina ser tão boa com mentiras e desculpas, mas lembrei que por muito tempo ela escondeu a verdadeira face da Felicity e sabia muito bem dar voltas e voltas quando precisava.

- Agora só precisamos da chave.

- E como pensa que vamos conseguir?

- Fazendo uma pequena encenação. – ri – Seremos amigos do Henry que querem poupá-lo de que a noiva o veja com outra.

- Olha, para quem chegou sem ideias em Las Vegas, você está funcionando a todo vapor. Olhar para o céu te dá inspiração, Matteo? Daqui não conseguimos ver a luna, mas vai que ela aparece no elevador? – se tinha uma coisa da qual eu não senti falta, foram das piadas ruins do Gastón – Agora é sério, como vamos conseguir isso.

- Bem simples. – fiz meu olhar mais conquistador possível e Gastón riu – Olha e aprende com o melhor.

Observei como a camareira que estava no final do corredor estava nos olhando. Ela tinha no máximo uns vinte anos e passava excessivamente as mãos no cabelo, em claro sinal de paquera. Conforme ela passava pelos quartos e se aproximava, mais o olhar insinuante ficava claro.

- Oi, linda. – cheguei perto dela e ela sorriu – Será que pode nos fazer um grande favor? – eu era e sempre seria o rei na arte da conquista, ainda que meu coração já tenha sido conquistado a muito tempo.

- Depende do favor. – mexeu no cabelo outra vez – Vocês estão parados ai no chão. Aconteceu alguma coisa?

- Um amigo nosso vai casar amanhã e sabe como é, veio fazer a despedida de solteiro aqui. – ela assentiu – Só que a noiva dele descobriu e sabe até o quarto que ele está. Estamos tentando ligar para ele, mas o celular dele está desligado. Queremos tirar ele do quarto antes que ela chegue, para não ter nenhuma confusão. Será que você poderia fazer essa favor e dar o cartão do quarto 512 para nós? – sorri mais uma vez.

- Não sei. Talvez a noiva merecesse fazer um escândalo. – soltou uma risada e olhou para Gastón – Você também quer o cartão? Parece não se preocupar tanto com isso.

- Mas estou preocupado. A noiva do nosso amigo é meio nervosinha e não seria legal ela fazer um escândalo aqui. – eles respondeu.

- Certo. – abriu uma espécie de gaveta no carrinho – Vamos ver. 512, não é? – assenti – Está aqui. – segurou na mão, mas puxou quando fui pegar – Mas antes quero saber seu nome e se vou te encontrar outra vez.

- Simón. – o guitarrista carrapato nunca foi tão útil – E o meu amigo ali é o Ramiro. Só estamos de passagem, mas quem sabe não te pago um drink mais tarde, depois do seu expediente. – pisquei e ela sorriu, me entregando o cartão de acesso.

- Nos vemos então, Simón. – fechou a gaveta e saiu andando na direção do elevador com o carrinho – Tchau, Ramiro.

Depois que ela saiu da nossa vista, andai até Gastón fazendo poses.

- Simón e Ramiro?

- Foram os primeiros nomes que pensei. E é melhor do que ela saber nossos verdadeiros nomes. Os dois não vão nem saber que utilizei o nome deles algum dia.

- Farei questão de contar ao Simón que você usou o nome dele. Isso é quase épico. – ri sem humor.

- Não vai achando graça porque não vai se repetir.

- Claro, claro.  – continuou rindo.

Os minutos pareceram longas horas de espera. Ou talvez fosse o cansaço que eu estava por ter acordado cedo, depois de duas noites mal dormidas, e viajado sem parar até aqui. Meus olhos já estavam quase se fechando quando ouvi o barulho de salto e duas vozes conhecidas.

Os olhos de Luna se arregalaram ao máximo ao me ver. Percebi que ela ficou sem reação por alguns segundos. Ela olhou para Nina como quem pede uma explicação e a minha quase cunhada falou algumas palavras que eu não pude entender e apontou para mim. Luna voltou a me encarar e senti um calafrio com isso. Foi um olhar tão desconfiado que um pouquinho da chama que tenho acesa se apagou, mas apenas uma pequena parte que não vai interferir em nada do que tenho em mente.

Andei até as duas e encarei os olhos verdes de perto.

- Seja lá o que quer me dizer ou mostrar, você tem um minuto para isso antes de que eu vá embora.

- Confia em mim. Por favor. – estiquei a mão para pegar a dela, mas ela se esquivou e cruzou os braços.

- Seu tempo está diminuindo.

- Certo. Vou ser bem rápido. Seu noivo te trai. O que Sol te falou é verdade e tenho como provar. Com a Cinthia. Nossa filha me contou tudo sobre o motivo de não querer que você se case e eu prometi a ela que não deixaria você se casar com esse cara. – ela abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas não permiti – Aqui está o cartão do quarto em que ele e a tal Cinthia estão. – entreguei a ela.

Ela ficou sem nenhuma reação. Olhou para o cartão e depois para Nina, que não disse nada. Gastón também seguia em completo silêncio e as minhas únicas palavras saiam dos meus olhos e iam direto para os dela.

Luna andou a passos lentos a passou o cartão na porta. Ela sabia que a verdade estava prestes a aparecer diante dos seus olhos e parecia estar despencando na realidade.

Um bolo se formou na minha garganta quando vi as primeiras lágrimas dela caindo ao ver a cena. Minha culpa. É tudo minha culpa. Se eu tivesse tido coragem para lutar por ela, nada disso teria acontecido. Ela não teria sofrido por mim e estaríamos juntos até hoje, sem ela ter que passar por essa situação tão suja.

- Luna, eu posso explicar. – a típica frase enfática dos filmes.

O barulho do tapa que ela deu no rosto dele ecoou forte.

- Não tem o que explicar. – ela passou a mão no rosto, secando as lágrimas – Já entendi tudo.

- Luna, meu amor. Vamos conversar, as coisas não são assim como parecem. – tentou se aproximar mais, porém Nina impediu.

- Você é um canalha! – e agora foi a vez da tímida e Nina, ou talvez da destemida Felicity, dar um belo tapa no rosto dele.

- Luna, eu amo você. Tudo isso tem uma explicação, vamos conversar.

- Você quer conversar? Então fala aqui e agora. Na frente deles e da sua amante. – encarou a colega de trabalho, mas não disse nada – Fala!

- Eu amo você. Te pedi em casamento por esse motivo. Nada muda nada. Isso foi só uma despedida. Nunca mais iria acontecer. Depois do casamento eu faria as coisas certas. Eu mudaria por você, Luna. Por você eu ia deixar de ser esse cara. Não deixa que estraguem nosso casamento. – mais uma vez tentou se aproximar.

- Não me toca. – a voz dela saiu cortada – Tenho nojo de você. Como... Como ainda tem coragem de dizer essas coisas? – as lágrimas seguiam caindo – Como teve coragem de fazer isso comigo? Porque fez isso? Eu amava você...

As palavras mal saíram da boca dela e ela correu para fora do quarto. Desolada, perdida, desesperada. Os soluços do choro conseguiam ser ouvidos devido ao silêncio. Gastón impediu que Henry saísse e eu corri atrás dela. Esqueci qualquer outra coisa no mundo e corri atrás do meu mundo.

Os lances de escada me deixaram aflito. O nó que tenho na garganta aumentou. Ela se misturou com as pessoas no meio do saguão principal do hotel, não na parte da boate, mas na parte de convivência comum. Seus passos se tornaram mais lentos e corri alguns metros.

Não quero forçar nada. Só quero que ela saiba que eu estou aqui. Que a partir de agora eu sempre vou estar. Que paguei por todos os erros que cometi e que estou disposto a qualquer coisa para ter a confiança dela de volta.

A leve brisa da noite fez com que ela abraçasse o próprio corpo quando estávamos a duas quadras daquele hotel. Ela andando na frente, e eu a seguindo. Um casal de noivos atravessou a rua feliz e cantarolando uma musica aleatória. Ela parou e olhou para eles. Parei também, a uma distância segura. Ela sabia que eu estava ali, mas preferi manter a distância mesmo assim.

Quando vi que ela decidiu parar de andar mesmo, entendi que era a minha hora.

Aproximei-me dela e a envolvi nos meus braços. Ela apoiou o rosto no meu peito e desabou em um choro dolorido, cheio de mágoa, de medo, de desilusões. Cheio de coisas que eu a ensinei como sentir, mas que eu também estava disposto a fazê-la esquecer. Era preciso apenas uma vez mais.


Notas Finais


E ai?
O que me dizem?
Eu não sei nem o que dizer, só sentir...
Gastteo sendo Gastteo (ainda tem coisas deles para acontecer)
Matteo fazendo quase o impossível pela Luna e vendo com os próprios olhos como é fazê-la sofrer (ele está se odiando por dentro)
A MÁSCARA DO HENRY CAIU, ALELUUUUUUIA!
E esse final de Lutteo é uma coisa que vocês não tem ideia, a cena que continua essa é de fazer os nossos coraçõezinhos baterem com força! <33333
Mas isso nós só veremos no capítulo que vem *inserir risada do mal de uma autora que deixa todos curiosos por uma semana*

Comentem e façam Luana feliz :)
Nos vemos ♥


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