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História Consequências da Liberdade - Capítulo 6 - Learning How To Trust


Escrita por: kihyuniews

Notas do Autor


Julinha está de volta bolinhos ❀
Ah, oi? Acho que perdi a manha pra fazer isso.

NÓS JÁ SOMOS MAIS DE 60? É ISSO MESMO PRODUÇÃO? (Vocês não tem noção do meu ataque.)

Feliz aniversário ~luckythirteen, minha bolinho ♡ você tá guardada no meu coraçãozinho negro. Sério, você não tem noção do apoio que está dando pra mim nos últimos dias, mantendo um sorriso no meu rosto e dizendo para eu não me preocupar. Obrigada ♡

Sem mais enrolação, tenho certeza que vocês estão ansioso para a volta disso aqui, ao capítulo! ♡

Capítulo 7 - Capítulo 6 - Learning How To Trust


Fanfic / Fanfiction Consequências da Liberdade - Capítulo 6 - Learning How To Trust

                        Acordo cedo na manhã seguinte e sorrio fraco ao sentir os braços de Johnny ao meu redor. Ao invés de levantar, permaneço parado na cama, estava tão confortável que eu poderia ficar naquele abraço para sempre. 

Suspiro relutante e uma expressão emburrada toma meu semblante ao desentrelaçar os nossos dedos. Ouço um grunhido vindo de Johnny e prendo minha respiração sem nem mesmo perceber. 

Assim que o sono dele pareceu se estabilizar novamente, solto uma lufada de ar e sorrio aliviado ao levantar da cama sem acordá-lo. Vejo-o se remexer um pouco antes de virar-se inconscientemente para o outro lado. 

Caminho na ponta dos pés para evitar qualquer barulho, enquanto tateava com cuidado com a minha esquerda. Ao chegar na porta, abro esta cautelosamente e quase fecho os meus olhos quando a claridade se faz presente no ambiente. Assim que me acostumo com esta, sigo até a sala e consequentemente vejo a porta do apartamento aberta, suspiro e a fecho. Nós estávamos sozinhos? 

Eu não era assim tão íntimo do Johnny, mas querendo ou não, precisava mexer na geladeira e armários para preparar o café da manhã. No meio da minha busca, a informação de que ele era de Chicago me vem a cabeça e sorrio, isso sim seria uma surpresa. 

Separo sobre o balcão alguns ovos, queijo, bacon, meia dúzia de laranjas, café, leite e os ingredientes para fazer panquecas. Eu não podia levar muito tempo naquilo. Ligo o fogão ponho uma panela sobre este, quebro os ovos deixando a casca destes de lado para prepará-los junto do bacon, ao acabar estes, o cheiro de comida já começava a se espalhar pela casa. Coloco aquela comida no forno para que pudessem manter a sua temperatura. Preencho um bule com água e açúcar para ferver e volto a me concentrar nas panquecas, que pareciam ser o meu maior desafio aquele dia. Despejo a quantia indicada de ingredientes, tentando ao máximo não bagunçar a cozinha dele. Ao terminar aquela mistura, retiro o líquido quente do fogão e o despejo no coador que já continha o pó de café. 

Suspiro cansado ao despejar uma quantia equivalente a uma panqueca na frigideira e me espreguiço, parecia que eu finalmente teria um pouco de paz. Subitamente me lembro das laranjas e pego estas, tratando de cortá-las em pedaços. Na quarta fruta, faço uma careta ao sentir o cheiro de queimado, imediatamente me viro de frente para o fogão, me deparando com uma fumaça cinza escura que saía da massa presente ali. 

Afobado, desligo o fogão e me apoio no balcão, além de bagunçar a cozinha dele e usar a sua comida, eu havia queimado o café da manhã. Volto minha atenção às laranjas e termino de espremê-las para fazer o suco. Mordo o meu inferior, ponderando se aquilo agradaria Johnny. 

Encaro a massa de panqueca restante é frigideira frustrado e, novamente, ligo o fogão e repito o processo antes feito, porém, desta vez, mantenho a minha total atenção na comida. 

Estava tão concentrado que apenas percebi a presença de Johnny na cozinha quando sua cabeça repousa calmamente no meu ombro. 

 – Bom dia... – Murmuro calmamente ao retirar a última panqueca do fogo e sorrio fraco. 

– O que é tudo isso? – Ele diz, sonolento e me viro de frente para si. 

– Surpresa – Rio baixo e coro levemente quando ele beija a minha testa. – Vá se sentar, eu vou terminar de arrumar isso aqui. 

Ele coça os olhos e assente, sorrio por achar aquela ação fofa e caminho até o balcão, estico uma toalha sobre este e coloco tudo o que tinha preparado sobre ele. Me sento ao lado oposto de Johnny e suspiro cansado. Havia sido uma manhã corrida. 

– Vai me contar o que é tudo isso? – Johnny ri baixo enquanto analisava a mesa a sua frente. 

– Queria fazer uma surpresa... – Rio coçando a nuca e mordo meu inferior.– É um café da manhã americano. Achei que você fosse gostar. 

– Eu amei. – O maior sorri docemente e começa a se servir. 

Faço o mesmo, colocando alguns pedaços de bacon, um pouco de ovo e três panquecas. Por mais que tivesse preparado tudo aquilo para ele, ainda sentia algum peso em minhas costas do dia anterior. 

Após perceber o tempo passar, sem que eu nem mesmo mexesse na comida, começo a saborear, Aish, até comer parecia desconfortável. 

Nós precisamos esclarecer algumas coisas. 

– Em que tanto você pensa? – A voz dele soa baixa e volto a minha atenção para si. 

– Nada demais... – Murmuro simplesmente e começo a mexer na comida quase intocada no meu prato. 

– Pode confiar em mim – Johnny dá um pequeno sorriso e larga os talheres na mesa para em seguida juntar as suas mãos sobre esta – O que te incomoda? 

Suspiro e abaixo a cabeça antes de falar – É sobre Taeyong, tem certeza que quer saber? Você pareceu aborrecido quando falamos sobre isso. – Vejo a sua expressão mudar sutilmente e engulo em seco ao vê-lo assentir. – E-eu não queria... – Digo baixo ao sentir o nó se formar na minha garganta, volto a abaixar o meu olhar e mexo nos meus dedos, tentando descontar minha frustração. – Ele prendeu minha mão. 

– Não tinha ninguém na casa? – Johnny diz sério e cruza os braços, mantendo uma expressão indecifrável em seu rosto.  

– O Yuta... O Jaehyun. Mas ele... – Dou uma longa pausa antes de voltar a falar – Cobriu minha boca, eu não podia gritar... Por ajuda.– Surpiro e mordo meu inferior. 

– Você se sente melhor agora? – Sinto a mão dele tocar a minha e assinto cabisbaixo 

Com delicadeza, ele desliza a manga do moletom para cima, liberando aos poucos o meu pulso e antebraço, marcados por tons que variavam do vermelho ao roxo. Ergo o meu olhar, encontrando atrás da minha franja, uma feição preocupada. 

– Nós vamos pra polícia... E fazer um boletim de ocorrência. – Johnny diz sério e se levanta caminhando até mim – Tudo bem? 

– Não precisa fazer isso – Murmuro e me levanto, olhando diretamente nos olhos do maior. – Ele já vai embora de casa. Não precisa se preocupar comigo. 

– Não? Como não? – Ele diz alto e segura o meu braço com força, fazendo-me retrair. – Me desculpe por isso. – Johnny murmura e me solta, deixando um longo suspiro escapar de seus lábios antes de continuar. – Você está morando com um maníaco, se você não vai denunciá-lo, eu vou.

– Johnny, você não pode contar isso a ninguém... – Suspiro e abaixo o meu olhar, eu me lembrava bem das palavras de Taeyong. – Me prometa, por favor... 

Vejo-o se distanciar e caminhar na direção do corredor, que levava aos diversos cômodos do apartamento. Me sento na cadeira mais próxima e suspiro ao sentir a primeira lágrima ser derramada. Por quanto tempo eu sofreria em silêncio? Engulo em seco ao ver Johnny passar por mim, seguro o pulso dele e me levanto, vendo este direcionar seu olhar para mim. 

– Eu vou com você. – Digo baixo e ele assente, eu não conseguiria pará-lo. Nem se eu quisesse. 

– Não precisa ter medo dele. Você não está sozinho agora. – Ele dá um sorriso fraco e retira o cabelo que ocupava a minha testa antes de depositar um selar ali. – Eu estou com você, pra sempre. Certo? 

Johnny diz ao segurar as minhas bochechas, fazendo-me encará-lo em seus olhos. 

– Eu nunca duvidei de você. – Digo simplesmente e ele sorri fraco. 

Ele segura a minha mão e juntos, caminhamos para fora do apartamento. Eu me perguntava como seria dali em diante, desde a nossa chegada ao posto policial até a reação de Taeyong ao saber daquilo. Minha vida estava sobre uma frágil corda, e caso eu pisasse em falso, duvidava que Johnny ou qualquer um pudesse me ajudar. 

Quando a porta metalizada do elevador se abre, encaro as profundas olheiras sob os meus olhos. Quando eu havia ficado dessa maneira? Suspiro baixo e volto a me virar de frente para esta, preparando-me para sair dali. O botão do estacionamento é pressionado por Johnny e o cubículo onde estávamos se move, trazendo-me uma vaga sensação de tontura. Eu odeio elevadores. 

Ao ver os carros, dou um sorriso aliviado, seguido de um suspiro da mesma forma. Caminhamos até o automóvel de Johnny e ele separa nossas mãos assim que chegamos neste. Me sento no banco do carona e olho para as minhas mãos, que mexiam inquietantemente enquanto ele retirava o carro da grande garagem. 

As ruas passavam rapidamente pelos meus olhos e a cada momento, mais do que antes, eu queria desistir e voltar atrás. Johnny não precisava ter mais coisas para se preocupar, ele já tinha muito em sua mente. Onde eu estava com a cabeça quando contei tudo a ele? Ah sim, eu estava pensando somente no meu próprio bem. Assim que ele estaciona o carro, mordo o meu inferior e coço a minha nuca nervoso. Eu não podia colocá-los em problemas. Nenhum dos dois. 

– Johnny... – O chamo antes que esse saísse do carro e abaixo o meu olhar. – Prometa que não vai colocá-lo em problemas. 

– Como você pode se importar com ele depois de tudo isso? – É possível perceber a frustração em sua voz. Suspiro baixo e balanço a minha cabeça negativamente. – Huh? Chittaphon, ele tentou te estuprar. Você tem noção de que não está seguro com esse cara na mesma casa que você? Ninguém sabe o que ele pode fazer.  

Assinto e saio do carro logo depois dele. Eu sabia bem o que ele era capaz de fazer. Seguimos juntos até a delegacia e assim que chegamos nesta, fomos diretamente direcionados ao primeiro estágio, visto que o DP estava quase vazio. Me sento em uma cadeira ao lado de Johnny e abaixo a minha cabeça, tentando não fazer contato visual com nenhuma das pessoas ali. 

Um carinho pode ser sentido na minha mão e apenas aquele gesto, foi capaz fazer-me sentir mais confortável. Assim que o policial do outro lado da mesa de madeira se pronuncia, trato de erguer o meu olhar e responder o que ele perguntava, sendo estes o meu RG, CPF, Filiação, Telefone e Endereço, respectivamente. Após tudo aquilo ser anotado, ele pergunta sobre o ocorrido e simplesmente travo, como se um nó houvesse se formado nas minhas cordas vocais. 

– E-eu... – Suspiro e abaixo o meu olhar depois de ver a expressão impassível do delegado a minha frente. – Fui vítima de agressão... física. 

Ele assente e termina de anotar em seu computador. O homem nos indica alguns bancos e diz que deveríamos aguardar ali até que fôssemos chamados novamente. Eu e Johnny reproduzimos o que o homem havia dito, os bancos eram desconfortáveis e eu duvidava que pudesse aguardar por muito tempo ali. 

– Não precisa ficar nervoso dessa maneira... – O maior murmura e beija o topo da minha cabeça. – Vai ficar tudo bem agora, certo? – Assinto e encosto a cabeça no peito dele, podendo ouvir a batida calma de seu coração. – Essas coisas costumam demorar... Pode descansar se quiser. 

E assim o faço, recostado em seu peito enquanto sentia seus dedos passearem pelos meus fios. Adormeci, sem pensar em Taeyong ou nas consequências do que estava fazendo. Apenas relaxei, com não fazia há semanas. Johnny me passava essa segurança, eu não tinha medo de repousar perto dele. 

Ouço a voz baixa dele me despertar e em seguida abro meus olhos. Um policial nos chamava. Levantamos juntos e caminhamos até o homem, que nos leva a uma nova sala, mais afastada de onde estávamos. Ao abrir a porta desta, o homem que nos acompanhava diz que eu deveria entrar sozinho. Olho suplicante para Johnny, que tenta convencer o delegado de todas as maneiras possíveis, usando até mesmo o meu estado emocional como argumento. Ele não desistia fácil. 

Acabo voltando a me sentar, porém Johnny, que estava ali por exceção, permanece de pé, visto que havia apenas uma cadeira na sala. O senhor sentado na minha frente dispõe de uma expressão reprovadora assim que direciona o seu olhar para mim. Novamente, respondo todas as perguntas sobre os meus dados, já que eles usavam aquilo para um processo de reconfirmação. Assim que ele indaga sobre o acontecido, começo a contar todo o ocorrido daquele dia, tentando não travar como havia feito da última vez. 

– Podemos ser rápidos com isso? Eu não queria estar escutando as reclamações de alguém como você. – Ele diz rudemente e eu assinto. – Ninguém mandou virar gay, foi uma escolha sua sofrer assim. 

– Tudo bem... – Digo baixo e estralo os dedos da minha mão, eu estava frustrado com todas as palavras dele. – Eu tentei me defender, mas ele era mais forte do que eu. E-eu não conseguia gritar por ajuda... Ele tapou a minha boca, não tive sequer uma chance de impedí-lo. – Suspiro e abaixo o meu olhar. Abro a minha boca para continuar, porém o policial volta a me interromper.  

– O que há de errado com vocês gays? Não apanharam o suficiente quando eram crianças e agora vem aqui, reclamar pra mim, sendo que vocês escolheram dar o cu ao invés de arrumar uma mulher decente. 

Aquelas palavras haviam doído em mim. Não era algo que você escolhesse, eu não desejava para ninguém ser como eu. Você vivia uma vida inconstante, poderia a qualquer momento ser espancado até a morte no meio da rua, ou quem sabe até coisa pior. Mas talvez, Johnny tivesse ficado mais ofendido do que eu. 

– É que um homem ainda não te enrabou de jeito. – Ele retruca alto o suficiente para que o policial ouvisse e se levantasse da sua cadeira. – Otário. 

– Olhe bem o jeito que você fala comigo, seu viadinho de merda. – O homem cuspia enquanto falava com Johnny, deixando-me assustado, porém aquilo não parecia abalar o americano, que perpetuava aquela discussão. 

– Ou então o quê? Você faltou com respeito com ele. – O maior diz irritado e cerra os seus punhos. – Como pode denominar a si mesmo um agente da lei? 

– Ah, eu te ofendi quando falei aquilo pro seu namoradinho? – O homem ri e caminha até onde Johnny estava, colocando uma das mãos ao lado da sua cabeça. – Eu vou te dar uma chance de retirar o que falou, ou talvez eu deva levar isso ao tribunal, por desacato à autoridade. – Vejo o sorriso ladino surgir em seu rosto e engulo em seco. 

– Talvez eu deva te acusar por abuso da autoridade. – Johnny diz sério e arruma a sua postura, cruzando os braços. – Acho que ninguém vai gostar de saber tudo o que você nos disse aqui. 

– Seu pai não lhe ensinou a obedecer os mais velhos? Talvez tenha te faltado uma boa surra mesmo. Vocês gays mereciam morrer por trazer toda essa sem-vergonhice ao mundo. Eu não posso mais sair na rua que já encontro dois homens se agarrando. Isso deveria ser proibido. – O velho falava enquanto apontava descaradamente o indicador no rosto de Johnny. Eu via a sua paciência se esvair aos poucos e tinha medo do que podia acontecer. – Deem o fora daqui, já! Eu não quero nunca mais ver o rosto imundo de vocês dois. – Me levanto apressado da cadeira e seguro o punho de Johnny. 

O homem se distancia de nós e abre a porta, esperando que deixássemos a sala. Alguns segundos se passam, até que finalmente consigo convencer Johnny que era melhor irmos, pois aquilo não levaria a lugar nenhum. Caminhamos juntos até a saída daquela sala. 

– E você baixinho, – O homem diz, chamando a minha atenção para si. – Deveria estar feliz que outro homem veio atrás de você. – Ele ri de maneira estridente e fecha a porta da sala. – Qualquer merda é melhor que esse cara. 

Aperto o pulso dele e me desculpo em seguida. Eu estava transbordando em raiva e mágoa, não conseguia acreditar que ainda existiam pessoas com aquele tipo de pensamento. Levo a minha mão até a nuca e coço o lugar extrema velocidade, fazendo com que esta ficasse dolorida. 

– Ei, não desconte em si mesmo o erro dos outros. – Johnny diz baixo e retira a minha mão dali. – Não pode ficar assim tão bravo toda vez que te desmerecerem apenas por gostar de homens. – Ele dá um pequeno sorriso, mas eu ainda podia sentir a raiva em seu olhar. 

– Eu não fiquei assim por ele ter me atacado... Mas sim por ter atacado você, que não tinha nada a ver com aquilo. – Digo sério e volto a me sentar no banco do carona.  

Passo os meus dedos pelo vidro, tentando ponderar se seria ou não uma boa ideia voltar naquele assunto, visto que ambos pareciam fartos daquela situação. Eu me sentia na obrigação de pedir desculpas a ele. Por minha causa, ele tivera que ouvir ameaças de um velho rabugento e homofóbico. 

– Johnny... – Digo baixo e o encaro brevemente. – Me desculpa por tê-lo feito passar por tudo isso... – Suspiro e um pequeno sorriso surge nos lábios bem desenhados do garoto. 

– Está tudo bem... Só... Pare de se culpar, ok? – Ele ri baixo e assinto. Era natural, eu já não controlava aquilo em mim. – Eu não consegui me controlar quando ele falou tudo aquilo para você... E ainda pior, sabendo da sua situação. 

– É involuntário... – Um riso nervoso escapa de mim e coro levemente ao ouvir o que ele dizia. – Você se tornou muito importante pra mim nas últimas semanas. Não quero que se sinta ofendido por nada que aquele homem tenha te dito. – Faço uma expressão emburrada sem nem mesmo perceber e cruzo meus braços. 

– Ya! Você fica fofo quando está assim. – Ele sorri e aperta a minha bochecha. – Não se preocupe, eu estava irritado. E bem, ele mereceu ouvir aquilo. – Ambos rimos, deixando de lado o clima pesado ao nosso redor. – Sabe Chittaphon, o mundo é injusto. – Ele suspira e estaciona o carro na frente de uma sorveteria. – Não quero que se sinta diminuído por isso. Apenas seja você mesmo. É maravilhoso assim. – O maior sai do carro e caminha até a minha porta, deixo o veículo e ouço o mesmo ser trancado. 

Sorrio ao olhar para ele, que ainda parecia autoconfiante, mesmo depois de tudo aquilo. Entramos juntos no estabelecimento e fomos até o balcão, ambos pedimos duas bolas em potinho, porém de sabores diferentes. O meu era composto apenas por chocolate e doces, pois gostava de comê-los quando estava triste ou magoado. O de Johnny era colorido pela chocomenta e a bola de creme. Dou um sorriso fraco e caminho junto de si até uma mesa.

Ao me sentar, ele ri baixo e começa a comer. Tiro um pouco do meu tempo para apreciar aquela cena, a maneira como seus olhos brilhavam ou como a língua percorria os lábios não tão grossos dele. Quanto tempo eu havia permanecido assim? Rio baixo quando o olhar dele encontra o meu e coro levemente antes de desviá-lo para o sorvete. 

– Você vai comer isso aí? – Ele pergunta rindo e volta a se concentrar no seu próprio doce. 

– Vou sim, mas tem um cara me distraindo. – Rio e Johnny olha a sua volta, fechando a expressão em seguida. 

Acabo rindo baixo da reação dele e começo a comer o sorvete de chocolate que estava no meu pote. Suspiro baixo e faço um biquinho enquanto encarava os demais doces que tinha colocado ali. Eu estava assim tão triste com aquilo?

– Ten, o seu sorvete tá derretendo. – Johnny diz rindo baixo e aponta para o mesmo. 

– Ah, eu vo... – Não foi capaz de terminar a frase, pois a interrompi assim que sento algo gelado ser passado em meu rosto. 

Olho para Johnny, que ria incansavelmente da minha expressão indignada. Dou um sorriso travesso e discretamente, direciono a minha mão até o sorvete. Com rapidez, levo meu indicador até o nariz dele e rio ao ver o mesmo machado pelo marrom.  

– Idiota. – Digo baixo e pego o celular que estava no bolso da calça, na intenção de ver o meu reflexo para poder limpar a sujeira no meu rosto. 

– Eu limpo pra você. – Ele ri e segura o meu queixo com a sua destra, sinto a sua respiração quente acariciar a minha tez e em seguida parte dos lábios dele tocam a minha bochecha, enquanto uma pequena parcela se apossava dos meus semelhantes. 

Assim que ele se separa um pequeno sorriso nos seus lábios e ele se levanta com o potinho que continha pouco do sorvete em mãos. Levo a minha destra até a minha boca e a toco levemente, deixando que um pequeno sorriso surgisse no lugar da minha expressão confusa. Aquilo tinha realmente acontecido?

– Kaja? – Ele ri baixo e eu assinto corado ao pegar-me encarando os seus lábios. 

– Kaja. – Me levanto e sorrio fraco para ele. Ao sair da sorveteria, me dou conta de que não havia pagado e paro instantaneamente. – Não pagamos. 

– Você não pagou pelo seu. Eu paguei. – Ele ri e eu bufo, cruzando os meus braços. – Venha logo, para de ficar emburrado pelos cantos. 

Johnny sorri e descruza os meus braços, segurando em seguida, na minha destra. Caminhamos com calma até o carro, porém chegamos rapidamente neste devido a proximidade. No fundo, eu queria que aquele momento tivesse durado mais. Entro no mesmo banco que estava antes e encaro Johnny, que abria a porta. Assim que ele se senta, um sorriso forma-se em meus lábios e balanço minha cabeça negativamente. Ele não tinha limpado aquilo? Levo a minha mão até o queixo do maior e me inclino na sua direção, selando com demora o seu nariz. 

Dou um sorriso fraco e encaro o garoto, que permanecia de olhos fechados com uma expressão boba em seu rosto. Ao ser tomado pela emoção, desço os meus lábios na altura dos seus semelhantes e os junto em um selar demorado. Me separo dele relutante e desvio o meu olhar, tentando não corar por culpa daquele ato. 

Johnny dá partida no carro e fixo meus olhos nas pessoas, que se moviam rapidamente na rua. Suspiros escapavam de mim e eu sorria bobamente, ainda podendo sentir aquele contato em meus lábios. Por que eu me sentia daquela maneira perto dele? Nós éramos apenas amigos.

– Pare de sorrir como um bobo. – Johnny ri baixo ao estacionar na frente da minha casa e se vira de frente para mim. – Entregue. 

– Você não vai comigo? – Pergunto aflito e engulo em seco. 

– É claro que vou. – O maior ri e balança a cabeça negativamente. – Acha mesmo que eu teria coragem de deixar você sozinho com ele? – Ele sorri e desliga o carro, saindo mesmo em seguida. 

Continuo paralisado devido a tamanha doçura em seu sorriso, como alguém poderia ser assim? Segundos depois a porta ao meu lado se abre e Johnny cruza os braços sobre esta, enquanto me encarava como quem diz: "Vou ter que estender um tapete vermelho pra você sair daí?" 

Deixo o automóvel com um pequeno sorriso e encaro o céu sobre mim, que parecia tão bonito quanto nunca, desde o tom de azul que o coloria até o formato das nuvens. Caminho junto do maior até a porta de madeira, pego as chaves em meu bolso para a abrir e adentro a casa assim que o faço. Inspiro profundamente e sorrio por saber que estava em casa novamente, e desta vez, seguro.

– O que vai querer "almoçar"? – Pergunto me virando de frente para Johnny e segurando a sua mão. 

– Ás 15:00? – Ele ri e balança a sua cabeça negativamente enquanto eu assentia. – Qualquer coisa está bom... Eu não estou realmente com fome. 

– Vai se sentar, eu vou fazer alguma coisa para nós dois. – Dou um pequeno sorriso e caminho até a cozinha. 

Separo as nossas mãos ao entrar no cômodo e engulo em seco ao avistar Taeyong sentado, com um sorriso debochado estampado em seu rosto. Direciono rapidamente meu olhar para Johnny, que parecia incomodado com a presença do outro ali. Dou um sorriso fraco para ele e assinto, na intenção de dizer que estava tudo bem. Pigarreio ao vê-lo se encostar no balcão e começo a mexer nos armários, permanecendo o mais distante do olhar devorador do platinado. 

– É realmente uma pena... – A voz rouca do platinado se espalha pela cozinha e ele ri baixo. – Você e o Chittaphon são até que bonitos juntos... Mas ele ainda me ama. – Eu podia facilmente imaginar a expressão convencida no rosto dele e aquilo havia me deixado ainda mais irritado com aquelas palavras. 

– É realmente um pena que você não soube valorizar o que teve por tanto tempo. – A irritação em si era perceptível, por mais que Johnny pudesse escondê-la muito bem. Suspiro baixo e começo a procurar por qualquer coisa na geladeira, tentando me distrair daquela conversa. – E agora alguém tem que fazer isso no seu lugar. – O americano cruza os braços e inclina a sua cabeça levemente. 

O platinado ri alto e solto um grunhido frustrado, talvez tivesse sido uma péssima ideia voltar para casa. Ouço passos pela cozinha e segundos depois a mão gélida do garoto toca o meu pescoço. Taeyong estala a sua língua duas vezes antes de encostar-se na geladeira, que eu havia acabado de fechar. 

– Nossa Chittaphon... – O platinado diz entre um suspiro, fazendo-me virar de frente para si. – As marcas ainda nem saíram de você e já está dando pra outro. 

Não consegui sequer distinguir de onde Johnny havia saído, havia sido tudo muito rápido. Ouço passos apressados e em seguida vejo o punho do americano atingir certeiramente o queixo de Taeyong, fazendo com que este se desequilibrasse e caísse no chão. Me levanto rapidamente e coloco-me entre os dois.

– Não faça isso, não vale a pena. – Digo baixo e seguro o pulso dele. Aos poucos a sua expressão se suaviza e suspiro baixo, me virando de frente para o garoto que começava a se levantar. 

– Espero que... – Ele ri ao se apoiar na geladeira e passa a mão em seu queixo, aparentemente dolorido. – Esse daí te coma tão mal, que você vai implorar de joelhos pra ter o meu pau de novo. – Um sorriso perverso surge em seu rosto e, junto com este, uma vontade quase incontrolável de encher o rosto dele de socos se apossa de mim. 

Cerro meus punhos e saio apressado da cozinha, Taeyong não me deixava irritado daquela maneira havia muito tempo. Em algum momento da minha caminhada, solto Johnny e corro para o lado de fora da casa, na direção da escada que levava ao pequeno terraço. Quando já estava no andar de cima, solto um grunhido irritado e puxo meus cabelos nervosamente. 

Sinto as mãos do outro no meu ombro e abaixo os meus braços com demora. Eu não podia me punir pelo erro dos outros. Sento-me no parapeito e encaro Johnny, que fazia o mesmo. Apoio a  minha cabeça no ombro do garoto e entrelaço nossos dedos instintivamente, eu estava seguro junto de si.

– Você não precisava ouvir aquilo. – Johnny diz baixo e suspira da mesma maneira. – Não precisava passar raiva à toa... 

– Eu sei... – Murmuro e direciono meus olhos para os do maior. – Você não precisava ter me defendido... Ou batido nele. Por mais que eu também tivesse essa vontade. – Digo em um quase sussurro e rio baixo, tentando descontrair daquele clima. – Eu vou ter que aprender a conviver com ele... 

– Você não precisa... – O americano sorri e beija a minha testa. – Só dê um tempo... Tudo vai voltar ao normal, ou talvez, até melhor. 

Rio baixo e assinto, Johnny sabia como usar as palavras certas para me reconfortar ou me assegurar de algo. A sensação de segurança que ele me passava era boa e eu queria que aquele momento nunca mais acabasse. 

– Tennie... Vamos descer, está ficando tarde. – Johnny diz baixo e abro meus olhos com calma, me deparando com uma visão diferente da que eu tive antes de cair no sono. 

Olho para cima e só então enxergo o céu alaranjado sobre mim. Assinto para o maior e vejo-o se levantar, em seguida ele estender sua mão para mim, ajudando-me a fazer o mesmo.  

– Quando eu vim parar aqui? – Pergunto rindo e balanço nossas mãos de maneira infantil. 

– Você adormeceu, eu não queria te acordar e dormir em cima de uma mureta é perigoso. – Johnny sorri e permito-me fazer o mesmo. – E eu não queria que você ficasse com dores nas costas. – O garoto dá de ombros e volto a sorrir, feliz por saber que ele havia se preocupado. Mas qualquer um faria aquilo, não pense nele dessa maneira.

Dou um suspiro baixo, quase imperceptível, e desço as escadas logo atrás do maior. Caminhamos de mãos dadas para dentro da casa e sem interrupções, seguimos ao meu quarto. 

Ao chegar neste Johnny se joga na cama e por minha vez, caminho até o criado-mudo ao lado desta assim que me lembro de algo, aparentemente importante, que já me intrigava há algumas semanas. 

Pego o papelzinho branco com caligrafia impecável, que encontrava-se dentro do móvel me sento ao lado de Johnny. Permaneço algum tempo analisando aquelas palavras, até que a voz do americano interrompe os meus pensamentos.  

– O que é isso? – Ele pergunta casualmente, em seguida desviando seu olhar para mim. 

– Eu também quero saber. Planejei perguntar a você assim que o achei, porém aconteceu tanta coisa que... acabei esquecendo... – Rio baixo e estico o pequeno pedaço de papel para ele. 

Os olhos do garoto correm rapidamente pela pequena tira e segundos depois um sorriso discreto surge em seu rosto.  

– Essa é a letra do Taeil... Você tem que pagá-lo pelo que usou... – Johnny diz baixo e volta a sorrir para mim. – Essa é a forma de pagamento. – O maior diz, balançando o pequeno papel em suas mãos. 

– Hm... Sem dinheiro ou... Sei lá... – Coro sutilmente e coço a minha nuca, levemente desconfortável por pensar naquele assunto.  

– Taeil não é somente um traficante qualquer. – O americano ri e se senta na cama, segundos depois, sua mão alcança meus cabelos e ele os bagunça. – Mas, vou deixar para ele contar essa infame história. – O maior ri e reviro meus olhos, cruzando meus braços.  

– Idiota. – Digo sério, porém não consigo manter aquela pose por muito tempo, logo sou tomado por um riso anasalado e constante.  

– Vai começar, de novo? – Ele diz rindo e me empurra, fazendo-me quase cair do colchão.  

Permanecemos rindo da situação durante algum tempo, sempre que estava com ele, a atmosfera era daquela maneira, alegre, isso me agradava ao extremo. 

– Bom... Quando pretende procurar o Taeil? – Johnny me pergunta depois de um curto silêncio e nego com um bico em meus lábios, deixando explícito que não sabia. – Posso te levar amanhã, se quiser. 

– O que eu tenho a perder? – Rio baixo e me jogo na cama, sendo seguido do maior.  

Eu tinha que tomar banho, me trocar e escovar os dentes, mas a minha preguiça parecia maior do que tudo isso. Não que Johnny se importasse com tal fato, pois assim que caio no sono, o americano me acorda gentilmente com um leve balançar nos ombros.  

– Você não vai dormir sem tomar banho, mocinho, credo. – Ele diz rindo e bufo ao me levantar, se eu não fizesse aquilo, Johnny não me deixaria em paz. 

Talvez nesse ponto, ele e Yuta fossem deveras semelhantes, ambos cuidavam de mim como se eu fosse o seu próprio filho ou algo precioso em suas vidas. Não que tal ato me incomodasse, de maneira nenhuma, era até mesmo reconfortante ser tratado com tamanho afeto.  

Ao terminar meu banho, visto a roupa que havia levado comigo ao banheiro, que consistia em uma boxer e uma camiseta branca, que ia até a metade das minhas coxas. Saio do cômodo pronto para desabar na cama e dessa vez, nada iria me impedir.  

Eu estava tão cansado sequer conseguia permanecer de olhos abertos, porém mesmo com a visão falha, era possível perceber que Johnny ainda não se encontrava na cama. Aguardo pacientemente a volta do garoto, não queria dormir sem dar boa noite a ele, me sentia incompleto caso não o fizesse.  

– Ainda não dormiu? O que aconteceu com o seu sono? – Ouço a voz do maior assim que o mesmo entra no quarto e dou um pequeno sorriso. – Você não estava me esperando né? Diz que não. 

– É, eu tava sim. – Rio e nego sutilmente com a cabeça. – Só queria dar boa noite. – Digo assim que ele se deita e sorrio fraco. 

– Que bonitinho. – Johnny sorri e beija a minha testa. – Boa noite, durma bem, você já aguentou muita coisa hoje. Hora de descansar.  

Me viro de costas para ele e dou um sutil sorriso quando os seus braços envolvem o meu corpo. Aquilo já não parecia tão estranho quanto foi da última vez. Agora, era confortável, de modo que eu nunca mais queria sair de seu acolhedor abraço. 

– Eu queria ficar nos teus braços para sempre... – Digo baixo alguns minutos depois de fechar os olhos e sorrio fraco, Johnny deveria estar dormindo a esse ponto. 

Eu também... – A voz dele soa rente ao meu pescoço e um leve arrepio percorre o meu corpo antes que que finalmente caísse no sono.


Notas Finais


Espero que não tenham desistido de mim, fiquei bastante tempo fora! Mas eu precisava espairecer, essas semanas me ajudaram muito, bolinhos, vocês não tem ideia!

Eu fiquei algum tempo me odiando depois de escrever esse policial. Eu não tô nem brincando. Tive que liberar toda a homofobia em mim ~que é nula~ pra fazer isso, foi uma tarefa difícil.

Tenho mais um agradecimento aqui, obrigado ~Kidrauhlords, você já sabe que mora no meu coração, certo? Talvez eu nem estivesse mais postando caso não tivesse recebido o seu apoio desde o início da fanfic. Muito obrigada.

Bom, vou avisar que o próximo capítulo vai atrasar. Me senti na obrigação de fazer isso. Inclusive, estou pensando em postar uma vez a cada duas semanas. Só não me abandonem ;-; eu não vou desistir de vocês ;u;

Se chegou até aqui, não deixem de comentar, favoritar e adicionar a fanfic à sua biblioteca. Isso me apoia muito e eu juro que voltarei a respondê-los. Caso queira falar diretamente comigo, mandem-me mensagens por aqui mesmo ou no twitter (@/Kihyuniews). Se gostaria de ser notificado quando eu postar uma história nova, ou capítulos novos, me sigam.

Muito obrigado por tudo bolinhos. Eu amo vocês ♡

~estamos na reta final, então prestem bastante atenção nos detalhes para entenderem toda a história~


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