História Consequências de um Amor - Part.I - Uma Surpresa de Natal

Poin't Of View - Draco Malfoy

- Uma festa de gala?

- Uma festa de natal Draco. - Hermione diz, revirando os olhos para mim - Mas, como toda festa de natal, temos que estar bem vestidos.

- Mas terno, Hermione?

- Terno, Draco.

Dessa vez quem revira os olhos sou eu. Mulher mais teimosa, viu. Hermione sorri para mim quando vê que eu finalmente desisti de discutir com ela e que vou usar a droga do terno.

Faz três dias que estamos nessa mesma discussão. Detesto terno e essa gravata que me aperta o pescoço e isso sem falar na roupa que sempre achei ridícula.

Mas não, a Sabe-Tudo Granger tem que insistir. "Todos vão estar com as melhores roupas, Draco. Você não pode ser diferente" Mas por Merlin, quem foi que disse que minha melhor roupa é um terno?

- Agora vai para o seu quarto se arrumar, que eu também tenho que me arrumar.

- Mandona! - reclamo.

- Chato. - ela rebate, rindo.

Saio do quarto e meia dúzia de passos depois já estou nos meus aposentos. Me jogo na cama, tenho tempo até que tenha que realmente me arrumar, mas sei que Hermione como qualquer outra mulher vai demorar horas para isso, então o que me resta é ficar aqui sem fazer nada.

Penso em como as coisas mudaram desde que voltei para Hogwarts e desde que me tornei amigo de Hermione Granger. Tudo o que ganhei e conquistei, o quanto amadureci. O quanto me sinto um homem de verdade desde que percebi que Hermione realmente precisava de mim, não do meu dinheiro ou status, mas realmente de mim.

Ver o quanto ela me ganha cada dia mais, quanto cada momento compartilhado me faz sentir parte importante da sua vida. Como quando a bebezinha se mexeu pela primeira vez...

Flash Back On - Dois meses e meio atrás

Eu e Hermione estávamos deitados em sua cama. O quarto dela parece ter se tornado uma espécie de Quartel General, já que é aqui que nos encontramos todas as noites.

- Você já pensou em algum nome? - pergunto, depois de apoiar a minha cabeça na minha mão.

- Na verdade sim. - ela olha para mim, os olhos brilhantes que fazem o meu coração descompassar. Como que alguém pode ser tão linda desse jeito?

- E qual é?

- Vai ser uma surpresinha. Mas é um lindo nome.

Me deito na cama novamente, estou um pouquinho cansado já que não dormi nada na última noite com Hermione passando mal e tendo uma crise de choro. Nós dois ficamos em silêncio por alguns minutos, até que Hermione quebra o silêncio do quarto:

- Ronald me mandou uma carta hoje.

- O quê? Quando? - pergunto, apressado. Como que isso pode ter acontecido?

- Pela manhã. Uma coruja preta me entregou. - ela diz. Me sento na cama ainda não acreditando na audácia daquele troglodita. Como que ele teve a cara de pau de enviar uma carta para Hermione e pior, porque ela só me contou agora?

- E o que estava escrito?

- Não sei. - ela diz, a voz triste. - E-eu joguei na lareira, não tive coragem de ler.

- Porque não me contou? - eu pergunto para ela. Novamente apoio a cabeça na minha mão enquanto o cotovelo sustenta todo o peso. Me aproximo um pouco mais dela, meus olhos fixam nos seus e de repente nada mais existe, só Hermione e toda a vontade que eu tenho de a tomar nos meus braços e declara-la minha.

- Eu não quis incomodar. - ela fala, a voz não passa de um sussurro e sei que ela também quer só pelo modo com que me olha. - Eu sei que te dou muito trabalho, que te encho com meus problemas e que...

- Gosto de cuidar de você. - a interrompo.

Ficamos os dois em silêncio, um mergulhado no outro. Gosto dessa intimidade toda que criamos, o olho no olho que só quem confia é capaz de fazer.

- Gosto que cuide de mim.

Sorrio para ela que retribui o sorriso ternamente. Os dedos de Hermione tocam meu rosto, percorrem cada pequena linha de expressão até chegar na minha boca. Me inclino um pouco mais, é instintivo, só quero Hermione e nada mais importa nem mesmo saber que isso o que ela sente é apenas gratidão por eu estar aqui ao lado dela.

Hermione tira os dedos de cima da minha boca, agora os mesmos percorrem meu rosto descendo em direção ao meu pescoço. Finalmente tomo coragem e retribuo a carícia, meu corpo cobre o de Hermione, uma das minhas mãos vão para o seu rosto enquanto a outra sustenta o peso do meu corpo.

A mão de Hermione, que agora esta acariciando minha nuca, me puxa para ela. Meus olhos estão próximos aos dela e mesmo assim meus olhos não desgrudam dos seus. Quando finalmente nossos lábios estão prestes a se grudar, sinto algo se mexer abaixo de mim.

Olho para baixo e vejo a mão de Hermione que estava na minha nuca tocar a sua barriga. No mesmo instante percebo o que aconteceu. Me afasto dela. voltando a me sentar, olho para Hermione e seus olhos estão marejados.

- Ela chutou!

- Percebi. - eu digo rindo e vendo o rosto de Hermione ficar corado. - Menina esperta. - eu digo olhando para Hermione, ela sorri para mim e revira os olhos. - Já sabe o que quer né? Vai ser uma Sabe-Tudo como a sua mãe.

- Acho que ela gosta de você. - ela diz, a mão na barriga novamente já que a menina mexeu de novo.

- Eu também gosto dela.

Flash Back Off - Dias atuais

Me levanto da cama antes que esses pensamentos me dominem. Não posso pensar muito nisso, sempre que penso a vontade de simplesmente me entregar ao desejo e beijar Hermione aumenta. Não é fácil me controlar, claro que não é, ainda mais quando coisas como essas acontecem e então dá vontade de simplesmente jogar tudo no ar e fazer o que meu corpo clama tanto que aconteça, mas não faço. Tenho medo de Hermione me negar, dela descobrir que não quer, ou pior, descobrir que não me quer em sua vida. Hermione no momento, é tudo o que tenho, e não aguentaria perder tudo mais uma vez. 

 Vou para o chuveiro onde dispenso os pensamentos. Nada que não seja a noite de hoje realmente importa. 

Assim que acabo meu banho, perco alguns minutos arrumando o cabelo e ajeitando o terno em meu corpo. De tudo o que sei sobre mim, algo que com certeza não mudou em nada, é a convicção de que sou bem bonitão. E é claro, eu falo isso com toda a humildade presente em meu ser. 

 Dou um sorriso para o reflexo no espelho. Tem coisas que não se podem negar nem para nós mesmo, não é? Velhos hábitos tendem a perdurar. 

Termino de me arrumar e vou chamar Hermione no seu quarto. Diferente de todos os dias, eu bato na porta e espero ser atendido. A porta se abre com um 'click'. Espero Hermione vir me receber, e não poderia ter feito uma escolha melhor, ela está simplesmente estonteante.

Os cabelos estão presos em uma longa trança disposta no ombro e que desce até a sua cintura. Os olhos estão marcados e brilhantes e os lábios com uma cor vermelha que combina perfeitamente com o vestido da mesma cor, que sai contornando toda e qualquer curva da castanha. Curvas estás que estão mais acentuadas graças a gravidez.
Hermione me sorri enquanto espera que eu termine de analisa-lá. Ela também está mais alta que o normal, e deve ser graças ao sapato de salto que está oculto graças ao longo vestido.

- Você é a coisa mais linda que já tive o prazer de ter em minha vida. - eu digo, finalmente.

Hermione abre um daqueles sorrisos que são capazes de iluminar minha vida, de me fazer esquecer tudo de ruim que já fiz, e até que já aconteceram comigo. E é nesse momento, parado diante dela, que percebo que me apaixonei.

Me apaixonei por seu carisma, por sua bondade, por ela ser capaz de me aceitar como sou e não me julgar pelos erros do passado. Me apaixonei pela guerreira que vejo Hermione se tornar todos os dias enquanto luta para construir um futuro melhor para a filha, mas também me apaixonei pela Hermione que chora pelos motivos mais banais que se possa imaginar. Me apaixonei tanto pela mulher forte e corajosa, quanto pela menina insegura e carente. Simplesmente me apaixonei.

A convicção desses pensamentos fazem com que eu me aproxime e toque o seu rosto. Acaricio sua pele branca e então aproximo meus lábios dos seus.

- São seus sentimentos, portanto responsabilidade suas, Malfoy. - eu penso, quando desviando o curso dos lábios, eu dou um singelo beijo em sua bochecha.

- Obrigado. - ela diz sorrindo. Os olhos também sorriem, e se eu posso ter isso todos os dias da minha vida, então já basta para que eu seja um homem feliz.

(...)

A noite já estava alta quando Hermione decide que é hora de enfim descansar.

Já faz um bom tempo que estou, sentado. Hermione por sua vez, parece ter dançado com cada aluno e professor presente nesse salão. É bom ver o quão amada ela é, que se por acaso eu sair de sua vida, ainda vai ter muitos outros para cuidar dela e da pequena Granger.

- Cansada? - pergunto, quando Hermione tira os sapatos e massageia rapidamente os pés.

- Na verdade não. - ela diz, sorrindo. Como pode ficar cada vez mais linda? - Estou cheia de energia, você acredita?

Retribuo o sorriso e mexo a cabeça de forma positiva. Ela é Hermione Granger, está sempre cheia de vida.

Ficamos em silêncio novamente. Daqui a pouco tenho que ir, visitar aquelas crianças, como faço desde que a Guerra Bruxa acabou. Queria que ela fosse comigo, mas não sei, talvez ver de perto tudo o que minha fraqueza fez, afaste Hermione de mim, e eu não sei se serei capaz de viver em um mundo onde Hermione Granger volte a me odiar.

Fico ali com meus pensamentos até o dia amanhecer e os alunos aos poucos esvaziarem o Salão Principal. Hermione está em algum lugar por aí, comendo.

Olho para o Salão Principal, a decoração está simplesmente magnífica. Não me lembro de ver isso tudo tão lindo, e nem de ter participado de uma comemoração tão longa de Natal em Hogwarts, mas mesmo tanta beleza e alegria, não se compara com a bela mulher que novamente caminha em minha direção. Hermione está estonteante. Ela é estonteante.

Hermione se aproxima de mim, me abraça. Seu cheiro impregna meu nariz, é bom. Tudo o que vem dela é.

- Feliz Natal!

- De novo? - pergunto. Foi bom quando, assim que o relógio marcou meia noite, Hermione caminhou até mim, e desejou um feliz natal.

- Não, é mais que um desejo de felicidade. - ela diz, olha para mim, as orbes grandes e brilhantes. Me faz desejar ser somente dela, e fazer com que ela seja minha. - Eu quero agradecer por você estar na minha vida, agradecer por tudo, sem você eu não sei o que seria de mim...

Afasto Hermione de mim, o abraço se desfaz, mas ainda estamos perto o suficiente para que o menor dos contatos faça com que nossos lábios se toquem.

- Quero te levar a um lugar. - eu sussurro para Hermione, enquanto tento encontrar o auto controle necessário para afasta-la de mim. Não encontro, mas Hermione parece não ligar, ao contrário disso, ela esconde o rosto na curvatura do meu pescoço, provocando arrepios em minha pele, e então diz:

- Vou a qualquer lugar com você.