História Consequências de um Amor - Dúvidas

  Poin't Of View – Draco Malfoy

 O dia começa cedo para mim. Hoje é um daqueles dia em que tenho um milhão de coisas para fazer, então levanto assim que o relógio marca seis horas da manhã. 
 

 Fiquei até altas horas da noite no quarto de Hermione namorando, e agora meu corpo está todo moído. Não que eu esteja reclamando, de forma alguma, gosto de ter Hermione em meus braços, de ser o dono de seus sorrisos e o objeto de seus desejos. Gosto de tocar a sua pele e ver seu corpo reagir, gosto de seus olhos queimando por mim e gosto de tudo que vem dela, cada toque, sorriso, abraço e olhar. A mulher não só raptou meu corpo, como também roubou para si meu coração. 

 Nos ultimos dias, vem sendo um pouco difícil resistir ao desejo de toma-la completamente em meus braços. Não falo de ser cavalheiro ou do medo que sentia antes de magoar Hermione,  de alguma forma, eu sei que ela quer, seus olhos e seus suspiros não me enganam, mas sempre que as coisas esquentam um pouco mais, vejo ela ficar incomodada com o próprio corpo, e procuro me afastar. Quando tiver Hermione nos meus braços, quero tê-la inteira, e não a quero preocupada com coisas tolas como o seu corpo. 

 Não que ela não esteja linda. Ao contrário, Hermione é a mulher mais perfeita de todos os mundos, e de alguma forma, a gravidez só serviu para deixar isso mais explícito. Os olhos andam mais brilhantes que o normal, o rosto mais suave do que quando nos aproximamos e eu nem mesmo sabia que ela estava esperando a menininha mais linda do mundo. Hermione sempre foi linda, quando finalmente me libertei de todo o preconceito que me prendia a uma vida limitada, pude admitir, ao menos para mim mesmo, que Hermione Granger era uma bela mulher.

 Não que eu esperasse que ela um dia fosse se apaixonar por mim, mas fico feliz que tenha feito.

 Passa das seis e meia quando finalmente resolvo sair do quarto, penso até em ir dar um beijo em Hermione, mas acho que é melhor deixa-lá dormir um pouco mais. Nos ultimos dias Hermione vem dormindo pouco por conta da gravidez, e eu sei que é bom que ela esteja bem descansada para quando sua filha nascer. Não que eu ache que á deixar ela muito tempo com a bebêzinha, não vejo a hora de poder finalmente carregá-la em meus braços e nina-la. Amo tanto essa criança que chega a me assustar.

 Chego ao Salão Principal e ainda tem poucas pessoas por ali. Sua maioria são alunos que estão com uma cara de sono assustadora, e livros abertos nas mesas. Na mesa dos professores, apenas a diretora e a velha professora de Herbologia, Professora Sprouth.

 - Bom dia. - as mulheres dizem em unissono, assim que me sento na mesa. 

 - Bom dia.

 Me sirvo com algumas frutas e começo a comer. É bom que tenha disposição pois hoje vai ser um longo dia. Quando estava quase acabando meu prato, a diretora McGonnagal puxa assunto:

 - Como vai Hermione?

- Bem. - eu respondo, engolindo uma uva. - Um pouco cansada por conta da gravidez, mas mais radiante que nunca. - respondo, não contendo o sorriso de orgulho no rosto.

 - Pobrezinha! Nos últimos dias de gravidez é assim mesmo. - Professora Sprouth diz. McGonnagal concorda veementemente e acrescenta:

 - Para quando é?

 - Para daqui uma semana, dez dias no máximo. 

- Oh! - Minerva diz, sorrindo. - E Hermione é a bebê vão ficar aqui no castelo mesmo?

 Estranho a pergunta e franzo o cenho. Nunca parei para pensar nisso. 

 - Acho que sim... - respondo evasivo. - Na verdade eu e Hermione não conversamos sobre isso. 

 McGonnagal e Sprouth concordam com a cabeça e não falam mais nada. Termino o café da manhã em silêncio e assim que acabo me levanto da mesa, rumando para minha sala de aula. 

(...)

 O sinal bate e os alunos do quinto ano vão entrando um por um na sala de aula. Guardo os trabalhos que tentava inutilmente corrigir e me ponho em pé a espera dos alunos da Corvinal e da Lufa-Lufa se acomodarem em seus respectivos lugares. 

 A verdade é que as palavras da diretora não param de voltar em minha mente, me intrigando. Será que Hermione quer espaço? Será que ela quer alguns meses de paz enquanto curti sua filha no silêncio e na comodidade de uma casa bem longe dos muros deste castelo? Ela bem que pode querer isso, e eu vou ter que aceitar, afinal, nem mesmo um compromisso firmado com ela eu tenho. Nunca nem mesmo pedi Hermione em namoro. Sou mesmo um idiota que agora está de mãos atadas. 

 Suspiro fundo deixando esses pensamentos para outro momento. Agora é hora de me concentrar nos cabeças ocas á minha frente.

 - Bom dia turma. Hoje vamos aprender um novo feitiço: Aresto Momentum. - Continuo, não esperando que eles respondam. - Alguém sabe qual sua classificação e para que serve o feitiço?

 Algumas mãos levantam no ar e eu olho em direção aos alunos. Sua maioria são alunos da Corvinal, então olhando na direção de uma lufana, digo:

 - Srta. Steel

 - Aresto Momentum  é classificado como um feitiço de ação e serve para retardar o movimento de objetos no ar.

 - Muito bem, srta. Dez pontos para Lufa-Lufa. - eu continuo satisfeito com a resposta. Talvez não sejam todos uns cabeças ocas. - Formem duplas, o objetivo da aula de hoje é executar o feitiço Aresto Momentum com perfeição, a dupla que conseguir ganha vinte pontos para a casa e se livra de um trabalho de dois pergaminhos completos. Podem começar. 

(...)

Me sento finalmente na mesa e passo as duas mãos no rosto cansado. Seis aulas depois e é almoço, mas não vou para o Salão Principal almoçar como faço todos os dias.

De qualquer forma, Hermione vai mesmo ficar no quarto, cansada demais para descer almoçar no Salão Principal. E outra, estou preocupado que talvez eu não consiga disfarçar minha frustração de não ter nada concreto com ela, de que se eu perguntar se ela deseja morar em outro lugar que não seja Hogwarts, ela diga sim e talvez aí não vá sobrar muito espaço pra mim.

Afinal de contas, é de Hermione que estou falando, a mulher mais especial e forte que eu conheço. A mulher que é capaz de cuidar da sua filha sem precisar de mim. Na verdade, Hermione merece alguém melhor que eu, não posso realmente a prender em mim. Não posso ser egoísta com a garota que eu amo.

 A tarde se arrasta com esses pensamentos em minha mente. O dia começou tão bom, e agora estou nesse inferno particular, meus medos e temores vem à tona e eu só posso me render a eles. Quando minha ultima aula chega ao fim, decido dar uma passada no Três Vassouras. 

 Nem sei a hora que é quando finalmente chego no castelo. Me sinto meio tonto e avoado, mas nem mesmo cinco copos de Hidromel foram capazes de me fazer esquecer minhas preocupações. No fundo me sinto tolo de fazer isso, como se á cada gole da bebida alcoólica, eu me distanciasse ainda mais do homem que quero ser e me aproximasse do idiota de quem meus pais se orgulhariam. Mas não pensei realmente em nada disso até agora.

 Entro no meu quarto e a primeira coisa que noto é na bela mulher sentada em minha cama com os olhos vermelhos. Fico alguns minutos encarando Hermione enquanto ela retribui o olhar me analisando de cima a baixo. 

 - Onde esteve o dia inteiro? - ela pergunta, a voz embargada só faz com que eu me sinta um pouco culpado por tudo isso. 

 - Dei aula até as sete da noite. - respondo.

- É? E são duas horas da manhã Draco Malfoy.

 - Eu sei, Granger. - respondo ríspido. 

  Ficamos em silêncio apenas nos encarando por alguns minutos, até que eu finalmente percebo que ainda nem mesmo entrei no meu quarto. Entro no cômodo me sentindo um pouo claustrofóbico com a presença dela ali. Não quero brigar, não quero de forma alguma magoar a mulher que amo, mas estou com medo e quando estou com medo é isso que faço: Magoo as pessoas.

 Tiro meu casaco e jogo em cima de uma cadeira ao longe, depois caminho até o banheiro e sem dirigir uma só palavra para Hermione fecho a porta. Preciso de um tempo sozinho para clarear as idéias e preciso de um banho gelado para despertar do estopor alcoólico em que me encontro.

 Quando finalmente saio do chuveiro, as idéias estão um pouco mais claras na minha mente. Vou conversar com Hermione, explicar as coisas pra ela. Dizer que a amo e que quero que ela namore comigo. Vou falar que amo sua filha e que tudo o que quero é que ela me aceite como pai dessa criança. Quero tudo e quero com ela, com a mulher que amo. Se ela quiser uma casa fora de Hogwarts, podemos fazer isso, eu sou aulas durante o dia, e a noite eu vou lá com ela, ajudo a olhar nossa princesinha. Posso fazer isso. Podemos na verdade.

 Quando abro a porta do quarto, vasculho o ambiente com os olhos á procura dela, mas tudo o que encontro são objetos e móveis espalhados pelo cômodo.

 Ela se foi. Deu as costas pra mim, como todos em minha vida.