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História Consequências de um Amor - Falta de esperança


Escrita por: MelanieMalfoy

Notas do Autor


Era pra postar quarta, mas ainda não tinha respondido os comentários e ontem eu sai o dia inteiro e não deu, mas já estava escrito e por isso saiu cedo. Espero que gostem!

Capítulo 22 - Falta de esperança


 Poin't Of View - Hermione Granger

 Tem coisas na vida que acontecem e mudam toda a perspectiva da vida. As vezes algo acontece e em uma questão de segundos todas as coisas tomam um novo rumo, todas as suas ideologias e convicções vão por água abaixo e então é isso: Você percebe que não passa de uma parcela minúscula em todo o universo, facilmente manipulável. Facilmente descartável.

Um pedaço de papel.

 Eu nunca odiei tanto um pedaço de papel. Justo eu, a devoradora de livros, a rata de biblioteca estava odiando um pedaço de papel. Meu corpo paralisado, meus olhos transbordando e fixos naquela merda toda. Eu sabia que estava ali, meu corpo estava ali, mas eu me sentia estranhamente dormente, estranhamente aéria. 

 Engraçado como as coisas mudam. Como você muda.

 Engraçado como tudo pode ser descartado. 

 Sinto meu corpo descer de encontro ao chão, uma parte de mim ainda ligada ao que acontece por aquela casa, minha casa, mas uma outra parte de mim, a parte irracional que eu sempre enjaulava porque era perigosa demais, essa parte estava toda centrada no pedaço de papel em minhas mãos, e essa parte de mim estava possessa. 

Ódio.

Raiva.

Cólera.

Vontade de matar. 

E eu nunca me sentia assim. Não porque era uma pessoa controlada, mas porque era inteligente, e como toda pessoa inteligente eu sabia até onde eu poderia ir, quais eram os meus limites. E eu sabia, e como sabia, que cada segundo que eu passava sentada no chão frio com os olhos fixos nessa maldita carta eu perdia o controle das minhas emoções. A outra parte de mim, a que foi subjugada por tantos anos estava se libertando, e a parte racional de mim - a que deveria manter o controle - estava pouco se lixando. "Perca o controle." - é como se eu dissesse a mim mesma.

 Uma vez ouvi dizer que nós seres humanos somos duas partes de uma coisa só. Isso nunca fez tanto sentido como agora. Guerreira, inteligente, determinada. E agora alguém que sem sombra de dúvidas Ronald Weasley nunca deveria ter mexido. 

- Hermione? - ouço Draco me chamar, mas eu estava dormente e não conseguia responder ao seu chamado, nem mesmo conseguia responder ao choro da minha filha ao longe. Eu só queria fazer com que Ronald Weasley sofresse, e sofresse muito. - Mione? Acho que a Lou quer mamar... Hermione?

 Sinto os braços dele me envolverem, olho sem ver o choque estampado em seu rosto mas nada disso tem qualquer significado para mim. É como se eu não sentisse, como se eu estivesse oca por dentro. 

Draco toma o pedaço de papel das minhas mãos, vejo ainda presa em meus próprios sentimentos Draco ler o papel e então a incredulidade pesar sobre seu rosto quando as palavras finalmente fazem sentido para ele. 

 Ele busca meus olhos como quem busca um conforto, vejo o medo e o desespero perpassando pela sua face e mesmo uma parte de mim querendo conforta-lo a outra parte - a que tomou as rédeas - se mantem indiferente a tudo isso. E é isso que eu faço, me mantenho indiferente. 

 Pego Louraine nos braços, ela ainda chora e mecanicamente começo a alimentar minha filha, olho para seu rostinho que aos poucos vai se acalmando enquanto a sua fome é saciada. Olho novamente para o homem que escolhi passar o resto da minha vida e vejo seu medo, eu sinto seu medo reverberando por todo o cômodo e me atingindo em cheio. 

 Me levanto do chão duro e gélido e ainda com minha filha nos braços eu caminho para fora desse corredor e principalmente para longe de Draco Malfoy e seu medo sufocante.

 Poin't Of View - Draco Malfoy

  Olho do papel para a mulher que me da as costas nesse instante. Penso em levantar e ir atrás dela mas minhas pernas pesam como se fossem chumbo. Não consigo me levantar. 

 As palavras brilham novamente me chamando atenção:

Sr. Malfoy e Srta. Granger,
É com grande pesar que vos convoco para comparecer ao Ministério da Magia no dia 25 desse mês. O Departamento de Nascidos Bruxos convoca vossas Senhorias para tratar da guarda legal da menor Louraine Granger Malfoy e o pedido de guarda proferido por Ronald Weasley.

Chefe do Departamento de Nascidos Bruxos.

Não consigo pensar em outra coisa que não seja essa carta e toda essa situação. Minhas mãos tremem e eu sei que é uma mistura fodida de medo e ódio. Meu coração bate fora do ritmo. Minha respiração fica suspensa.  Quando eu colocar minhas mãos em Ronald Weasley eu prometo que ele vai se arrepender do dia que nasceu.

Não sei quanto tempo fiquei ali no chão preso na mesma posição com a carta na mão e o desespero no ar. Mas então levanto, varro todo o medo pra longe e caminho para meu quarto.

- Hermione? - encontro ela sentada na cama com Lou nos braços, ela me encara fria e sinto um arrepio passar pelo meu corpo. - Vamos ficar bem, e-eu...

- Draco, vá trabalhar, não tem nada que possa fazer aqui. - ela diz, a voz fria e cortante sem nenhuma emoção.

Fico alguns minutos ali parado tentanto ver se a mulher a minha frente reage ou esboça algum tipo de reação. Nada.

Ela se mantém fria e intocável, ainda ontem eu prometia a ela que nada nos abalaria e que estaríamos sempre juntos um ao outro. E agora estou aqui sem saber o que fazer, parado em frente a ela que se mantem longe, como se tivesse construído um muro entre nós.

Um muro alto e inabalável.

Quando vejo que nada vai mudar por mais que eu insista, puxo a varinha ali mesmo no quarto e aparato em frente aos portões de Hogwarts.

(...)

Sabe quando tudo o que você quer é que o tempo pare? A maioria das pessoas, senão todas, já desejaram que algo assim acontecesse. Mas o tempo é irreverente, e por mais que você queira que ele pare ou até que ele se arraste, tudo o que você consegue é que ele passe ainda mais rapidamente.

Os dias que se sucederam depois de receber a carta não melhoraram em nada. Cada dia Hermione estava mais fechada e mais distante, a única pessoa que era capaz de lhe arrancar algum tipo de reação era Louraine, que por sinal estava a cada dia mais linda. Eu tentei levar numa boa, tentei não me deixar abater, mas eu via a mulher da minha vida definhando na minha frente enquanto guardava para ela as suas próprias emoções. Uma prisioneira dela mesma. Uma prisioneira das suas emoções.

Quando o dia da sessão chega, eu acordo na cama sozinho. Levanto da cama e tomo um banho rápido, vestindo um terno trouxa. Quando termino de me arrumar saio do quarto e encontro Hermione na cozinha.

Ela está vestida com uma blusa vermelha e uma saia longa, os cabelos estão presos em um coque e ela me encara séria. Fico parado apenas olhando e esperando alguma reação,  nada. O olhar impassível que presenciei nos últimos quinze dias ainda está ali, como esteve no dia que a carta chegou.

Suspiro cansado desistindo de tentar arrancar alguma reação dela. Sinto saudades da minha mulher, sinto saudades de ter ela em meus braços, de ter minha amiga comigo, de ter minha menina que me faz pirar. Mas entendo que enquanto isso não passar, nada vai mudar, entendo que enquanto Louraine não estiver definitivamente segura em nossos braços eu não vou poder ter Hermione novamente.

Não que entender torne as coisas mais fáceis.

Chegamos no Ministério e descemos até a ala do Controle de Nascidos Bruxos. Louraine segura nos braços da mãe enquanto eu caminho ao lado delas. Encontramos uma ou outra pessoa no caminho mas não paramos para conversar.

Sinto meu corpo rígido, minhas emoções prestes a se descontrolarem quando avisto Ronald Weasley do outro lado da sala. Fecho minhas mãos em punhos e quando começo a caminhar na direção dele, uma porta se abre atrás de mim e um homem alto de ar imperioso nos manda entrar.
Quando todos se acomodam cada um no seu lugar  Shayne Willians entra na sala com seu chapéuzinho de coco. Sigo seu olhar até Ronald Weasley e vejo quando o mesmo o cumprimenta mudo.

Desgraçado. Filho de um trasgo.

É por isso que ele está todo seguro, é por isso que nesse exato momento ele me encara com um olhar de quem já canta a vitória. Ele é amigo do chefe do departamento. Ele é amigo de Shayne Willians.

Quando a constatação cai sobre mim, sinto todo o meu corpo gelar e o desespero ainda maior se abater sobre meu corpo, então, quando o chefe do departamento de Controle de Nascidos Bruxos põe a varinha no pescoço, eu sinto como se tudo estivesse perdido.



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