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História Consequências de uma paixão - Assombrados um pelo o outro


Escrita por: erikastybrien

Notas do Autor


Oi!!
Sinto muito por ter interrompido stydia no capítulo anterior, mas ainda não é o momento, vocês vão ver no capítulo de hoje.
''Eles vão se beijar?'' ''A Lydia vai descobrir que o Stiles defendeu ela?'' Aguardem amores!

Stydia não vai ser uma relação melosa, quero deixar claro, mas eles tem momentos fofos sim, afinal, eles estão começando a sentir algo pelo o outro.

O capítulo de hoje tem referência à uma cena da Lydia do 6x11, eu uni o útil ao agradável e encaixou perfeitamente na fanfic. Eu tentei passar o que eu mais senti naquela cena icônica da Lydia! Só que eu dei uma alteradinha no fim dela. Espero que curtam!

Uma amiga minha do twitter, a Júlia, me deu a ideia de algo de hoje no capítulo e eu já pretendia fazer exatamente como ela havia dito. Porém, a ideia foi muito melhor com ela ajudando, então, um beijo @imstydiasz e obrigada por tudo!

Boa leitura!

Capítulo 8 - Assombrados um pelo o outro


Fanfic / Fanfiction Consequências de uma paixão - Assombrados um pelo o outro

Quando passou pela porta da casa de Stiles, Lydia achou ter escutado seu nome, mas não se virou para se certificar.

Ela correu aos tropeços até a calçada, ansiando por ar fresco. Sem olhar para trás, a ruiva começou a andar à passos largos.

Ela não teve certeza de quantas esquinas virou ou que horas eram, lembrava que a diferença de sua casa até a de Stiles eram apenas alguns quarteirões.

Lydia chegou a esbarrar em uma mulher que fazia uma corrida matinal, pediu desculpas confusa e nem escutou a resposta, se virou e continuou andando desnorteada.

Porém, não conseguiu desviar a cabeça de Stiles nenhum minuto sequer. Pensou nele no banho, enquanto tentou assistir televisão, quando tentou ler um livro ou até mesmo ouvir uma música.

Ele a assombrou a manhã inteira, e exatamente por isso Lydia decidiu faltar à aula. Sabia o quanto seria difícil esquecer o garoto.

Surreal. Era a palavra que a ruiva mais pensava. O tempo todo que lembrava do que ela e Stiles quase fizeram na cozinha logo pela manhã, um turbilhão de emoções percorria o corpo a deixando paralisada na cama.

O corpo de Lydia despachava a mistura eletrizante de excitação e ansiedade através do pé direito. O membro se negava a parar de mexer sobre o colchão macio.

Mesmo com toda a negação, Lydia sentia o quanto gostou da aproximação imprópria do rapaz. O toque dos dedos grandes e finos era tão delicado e único. O cheiro que ele exalava era inebriante.

O corpo pálido marcado por pintinhas eram como um cartão-postal. A sensação da boca fina próxima a orelha, desfrutando a fragrância do cabelo loiro avermelhado.

Tudo era tentador demais. Ele era tentador demais. Em alguns momentos ele conseguia ser tão romântico e delicado e em outros tão sexy e provocador.

Lidar com as sensações que ele transmitia era como viver em um furacão.

Lydia fechou os olhos, lembrando o quanto gostou do beijo nas mãos. Stiles foi tão atraente de uma maneira sexual e delicada, ele não parecia o mesmo garoto que ela odiava.

O olhar atento dele, observando cada reação que dela. O jeito sutil e simples que se tornou extremamente especial quando ele encostou os lábios na pele.

Existia tanta luxúria e apego no castanho vivo dos olhos. A lembrança era tão satisfatória quanto viver de fato aquele momento.

Lydia abriu os olhos, encarando novamente o teto atrativo do quarto, sentindo o quanto estava encantada por ele. Ela suspirou em completa negação sobre os pensamentos.

- O que você tá fazendo comigo, Stiles... – Ela sussurrou para si própria.

Eu não posso gostar dele!

Lydia conhecia Stiles. Conhecia a fama do Stilinski ao ponto de se negar a lembrar de tudo que ouviu dele.

Ele me tratou muito bem mas deixou claro que era só sexo.

Ele transa muito bem! É muito bom no que faz.

Ele foi legal comigo, vou ligar pra ele pra sairmos de novo!

Todas as garotas elogiavam a capacidade de Stiles ser romântico e compulsivo no sexo até certo ponto. Que ele era bom Lydia não tinha dúvida alguma, porém, até quando ele ia aceitar ficar com ela, isso ela não tinha certeza.

Lydia nunca quis ser mais uma garota para Stiles, ela nem ao menos teve interesse nele. Tudo que os dois fizeram todos aqueles anos foram brigar e se provocarem.

Ela jamais cogitou de fato ter algo com ele, até os últimos dias. O peso de toda a tensão sexual acumulada começava a transparecer cada vez mais, pelo menos era isso que Lydia sentia.

Desde que ele a tocou o desejo se tornou cada vez mais explícito, a ruiva sabia do quanto se sentia atraída por ele. Porém, ela não fazia ideia que começaria a observar as qualidades de Stiles.

Bom em lacrosse, carinhoso e respeitoso com os pais, preocupado com as pessoas, gentil... Stiles quase nunca mostrava esse lado, mas Lydia começava a enxergar aos poucos e se sentia admirada.

Eu não posso gostar dele! 

Lydia repetiu para si mesma, tentando afastar os pensamentos sobre o assunto.

...

- Eu já pedi desculpa, Stiles. – Scott insistiu com o amigo enquanto dirigia o jipe – Você também já empacou uma transa minha com a Allison.

Stiles encarava o lado de fora da janela com os braços cruzados rente ao peito, o rosto transparecendo toda a raiva que sentia do amigo.

O corpo ainda doía, porém, Stiles sentia um grande progresso pois já conseguia andar, mesmo que com dificuldade.

- A diferença é que vocês já tinham transado aquele dia! – Stiles rosnou as palavras sem olhar o amigo.

McCall bufou com a insistência de Stiles enquanto fazia outra marcha no jipe. Sem tirar os olhos da estrada, Scott se puniu novamente por ter interrompido o amigo.

- Eu não tinha como saber, eu já disse.

- Ah, sim, claro! Não tinha mesmo, até porque eu e Lydia não dormimos na mesma casa, sozinhos. Tudo bem, você está perdoado agora, Scott.

McCall revirou os olhos em resposta, odiava a personalidade teimosa e sarcástica do melhor amigo.

- Você sabe o quanto a Lydia me nega e hoje eu fiz ela implorar, sabe quando isso vai acontecer de novo? Nunca.

- Se você fez ela implorar ela não vai esquecer tão fácil. – Scott consolou, e pela primeira vez Stiles olhou o amigo desde que saiu de casa à contragosto.

- Scott, por favor, cala a boca e dirige. – Ele pediu voltando o olhar para a janela.

...

Como previsto, Stiles e Scott chegaram tarde. Já era o segundo horário, ambos estavam atrasados para seus compromissos.

Assim que estacionou, Scott pegou sua mochila e desceu do jipe, rodeou o veículo e abriu a porta para Stiles.

- Precisa de ajuda? – Ele perguntou observando o amigo se mover para sair do banco.

- Com meu pênis? Sim, obrigado. – Stiles respondeu saindo do jipe sozinho com um grunhido de dor.

Scott revirou os olhos e logo depois o rosto demonstrou tristeza. Apesar de tudo, Stiles não queria ver o amigo daquele jeito.

Stilinski se sentiu mal por estar tão frustrado sexualmente ao ponto de deixar o amigo triste por descontar tudo nele.

- Só me dá mais um dia pra eu ficar bravo, depois eu esqueço, prometo. – Ele disse dando um leve tapinha no braço do melhor amigo, que sorriu fraco.

...

Assim que Scott entrou para a segunda aula, Stiles seguiu sozinho pelo corredor extenso até chegar na sala de Coach.

O garoto não tinha certeza se o treinador estava ali pois o horário combinado não era aquele. Porém, ouviu algo que ele julgou mais interessante.

Parado em frente à porta no corredor vazio, Stiles escutou a voz de Malia. Constatou que ela não estava sozinha.

A morena disse alguma coisa que Stiles não compreendeu, uma voz grave masculina respondeu e então, Stiles escutou livros caindo no chão.

Stilinski se familiarizou com a brutalidade que algo bateu na mesa ao mesmo tempo que os livros despencaram. Curioso, encostou um pouco mais o ouvido na madeira.

Ouviu o que já imaginava. Malia começou a proferir sons arrastados e incoerentes enquanto um som martelado baixo e bruto alcançava o ouvido de Stiles.

Os gemidos da Hale se tornavam cada vez mais presentes e prazerosos, e como uma criança que descobre algo novo, Stiles não conseguiu sair do lugar.

Observou o relógio de pulso, faltavam menos de meia hora para o fim da segunda aula. Decidido a esperar e saber com quem Malia estava transando, ele andou com dificuldade até o fim do corredor.

Ele se encostou no último armário da fileira, que o escondia do campo de visão da porta.

Os músculos frágeis protestaram quando o garoto se escorou, a melhor coisa a fazer era sentar. Sem nenhum tipo de assento no corredor deserto, o garoto escorregou as costas no metal e então deslizou, se sentando no chão duro.

Novamente o desconforto o atacou, mas a curiosidade era maior. Saber com quem Malia estava transando depois dele ter falado o nome da Lydia enquanto gemia era algo que ele ansiava saber.

Lydia...

Stiles se deu conta de que conseguiu esquecer a ruiva por alguns minutos, mas de uma maneira ou outra acabava lembrando dela algum momento.

Com dificuldade, Stiles abriu um pouco as pernas e as flexionou, logo depois apoiou os braços, encostou a cabeça no armário desconfortável.

O cabelo da ruiva cheirava tão bem quanto ela, o hidratante corporal era excepcionalmente viciante.

Stiles sorriu para si mesmo, sozinho, lembrando de como Lydia implorou por ele.

Sentir a respiração falhada da garota, os pelos do corpo feminino se arrepiarem ao seu toque. Tudo só confirmava o quanto Lydia queria Stiles tanto quanto ele.

Porque ela tem que ser tão sexy? Tão única? 

Stiles questionou para si mesmo, bravo por Lydia ser tão irresistível.

Ela ficava ainda mais bonita excitada, essa foi a conclusão que Stiles chegou. Um leve rubor nascia nas maçãs do rosto, as pernas espremidas, os olhos fechados e a boca entreaberta.

O gemido dela era delicado e a sensação de ouvir era muito satisfarótia. 

Porque ela tem que ser tão inteligente?

- Cala a boca, Stiles. – Ele brigou consigo mesmo em voz alta, se punindo por elogiar tanto a ruiva em sua mente.

Stiles concluiu que nunca desejou tanto uma garota como desejava Lydia. Ele odiou admitir para si próprio, mas era verdade.

Quando estava atraído por ela, ele esquecia o quanto a odiava por ser tão perfeccionista e teimosa.

Mas ela conseguia ser incrível ao mesmo tempo, Stiles nunca havia reparado. Quando ela cuidou dele depois da briga, o garoto ficou completamente encantado por ela.

Ela foi tão atenciosa, mesmo quando achou que ele tinha defendido a Malia e não ela. Ela realmente havia feito aquilo de coração, não era como se fosse uma dívida.

O jeito que ela disse que o sangue opaco e parado na narina não estava nojento, o sorriso que os lábios grossos formaram... tudo era somente dela.

Droga!  

Stiles não sabia lidar com o sentimento que Lydia causava em todo o seu corpo. A atração era fácil e difícil ao mesmo tempo, mas o... amor?

Era isso que Stiles estava sentindo? Pela garota que ele odiou a vida toda? Ele estava mesmo gostando dela?

Stilinski nunca gostou de ninguém. Desde que se tornou adolescente era popular e ficava com diversas garotas, sempre foi daquele jeito.

Ele nunca se apaixonou, o máximo que chegou a sentir foi uma sensação de querer o outro bem, que ele não quis chamar de se apaixonar.

Malia era a única garota em Beacon Hills que Stiles poderia intitular ‘’A menina que talvez eu tenha me apaixonado’’.

Afinal, ele não sabia exatamente qual era a sensação. Tudo que sabia sobre aquilo era o que Scott, que já havia se apaixonado duas vezes, havia contado para ele.

Talvez seja só o desejo falando mais alto.

Stiles se negou a acreditar que estava gostando de Lydia, ele não sabia como lidar com aquilo e muito menos como reagir ao sentimento, não queria magoá-la.

- Droga, ruiva! – Ele reclamou sozinho, se sentindo completamente confuso com tudo o que sentia e tentava assimilar.

O soar do sinal indicando o fim da segunda aula fez Stiles voltar ao mundo real. Com cuidado, grunhindo de dor quando os braços que estavam mais frágeis do que as pernas doeram quando ele se ergueu do piso, ele observou a porta da sala de Coach.

Rapidamente os corredores encheram de pessoas diversas transitando para todos os lados.

O local aglomerado dificultou a visão de Stiles, porém não impediu que ele enxergasse Malia saindo com os cabelos curtos levemente amassados.

Assim que a morena saiu, Stiles a observou se envolver no meio do corredor cheio e logo depois sumir. E então, o moreno de olhos azuis saiu da sala.

Stiles observou completamente abismado Jackson ir em direção às escadas do colégio.

...

Stiles se esforçou para esquecer que Malia e Jackson estavam transando.

Ele não estava chateado por Malia ter outro ficante, ele estava chateado por ser Jackson. Sabia que se houvesse uma mínima chance da garota se interessar por ele, ela sofreria.

Aliás, ele torcia muito em seu interior para que fosse apenas sexo casual. Stiles não sentia ciúmes, apenas não queria o mal da Hale.

Minutos após o sinal tocar, Stilinski esperou na porta de Coach o treinador aparecer. Sabia que as aulas do técnico em sala haviam acabado e não havia treino aquele dia.

Stiles escorou na parede, aguardando impacientemente Coach. Assim que o treinador surgiu no fim do corredor, veio de encontro ao garoto com um olhar assassino.

- Está atrasado, Stilinski. Estava batendo em mais alguém? – Ele provocou abrindo a sala e entrando, Stiles bufou e seguiu o técnico.

Stiles observou o quanto os poucos livros que estavam na mesa estavam amassados, reparou nas canetas caídas no chão de um pote que estava na beira da mesa.

Coach parou observando os livros que falavam sobre lacrosse e outras matérias.

- Não sei porque isso sempre acontece comigo. – Ele reclamou rabugento.

Stiles segurou o riso, sentiu o rosto corar. Coach conseguia ser muito ingênuo quando queria, com dificuldade, Stiles sentou na cadeira em frente à mesa.

- Nem eu treinador, mas... – ele disse em um tom sério – você deveria experimentar trancar sua sala as vezes.

Coach ergueu as sobrancelhas, surpreso pela sugestão do garoto. Sem responder, ele se sentou em sua cadeira.

Stiles aguardou o técnico falar completamente sério, sabia o quanto Coach iria reclamar.

- Estou esperando você se defender como você sempre faz, Stilinski.

Dessa vez, Stiles que ergueu as sobrancelhas, completamente perplexo pela fala do homem.

Cruzou os braços doloridos em frente ao peito demonstrando toda a rejeição que sentia por aquele encontro.

- Escuta, treinador. Você sabe como o Jackson é, e sabe que eu não teria feito aquilo se ele não merecesse. – Stiles disse calmamente, transparecendo a razão que tinha.

- Você bateu nele por causa de uma garota! – Coach comentou incrédulo – Uma garota, Stilinski. 

- Ele falou da Lydia! Ele nem a conhece, não sabe quem ela é, não tinha que abrir a boca imunda para falar coisa alguma! – Stiles se controlou para não gritar, mas o tom de voz saiu mais alto e grave do que ele esperava.

Sem perceber, ele havia desencostado da cadeira e gesticulado com as mãos tudo que disse. Sentiu ódio pelo treinador não achar nada demais Jackson falar mal de Lydia, e ainda querer defendê-lo.

- A culpa é toda dele, todo mundo viu. – Foi a última coisa que disse, se encostando na cadeira novamente e aguardando a resposta.

Coach lançou diversos olhares curiosos para o garoto irritado na sua frente, e então, deu um ultimato.

-  Não quero você perto do Jackson até o jogo da semana que vem.

Stiles bufou, achou a atitude completamente injusta, mas escutou calado.

- Eu não vou te tirar do time – o garoto abriu a boca para falar, mas Coach falou primeiro – Não ainda pelo menos. Mais um erro e você tá fora, Stilinski. Agradeça ao amistoso porque se não fosse por ele a braçadeira não era mais sua. Antes do jogo você vai refazer a prova de História, já conversei com a Srta. Argent. Transe menos e estude mais!

Stiles suspirou, aliviado por ainda estar no time e ser capitão. Logo depois, acenou com a cabeça em confirmação.

- Agora tira o traseiro da minha sala, anda! – Ele ordenou gesticulando com o dedo a saída, Stiles se levantou na maior pressa que conseguia e se retirou. 

... 

- Você não pode nem treinar todo machucado, como ele te deixou no time? Coach é mesmo um idiota. – Scott disse com os olhos focados em um programa que passava na televisão com Stiles sentado ao seu lado.

Os dois passaram à tarde inteira juntos, assistiram séries, viram filmes, comeram, fizeram tudo o que gostavam. Já estava de noite e os dois ainda estavam se divertindo.

- Obrigado pelo apoio, é pra isso que servem os melhores amigos. – Stiles disse irônico piscando para McCall. – Eu estou morto. – Stiles reclamou enquanto se ajeitava no sofá.

- A ruiva te matou.

Foi impossível não revirar os olhos para o amigo, a obsessão de Scott em falar da menina começava a atrapalhar Stiles em seu plano de tirar a ruiva da cabeça.

- Você não para de falar dela, parece até que está apaixonado. – Stiles resmungou irritado.

- Esse é você.

Stilinski encarou bravo o amigo, que devolveu o olhar fixo e sorriu entortando ainda mais o maxilar, satisfeito pelo amigo cair na provocação.

- Ela vem hoje ou não? – Scott perguntou voltando os olhos à televisão.

- Não sei. Por que a gente não fala da Allison? Vocês estão bem? – Stiles perguntou fechando os olhos sentindo sonolência, querendo desviar o assunto.

- Sim, ela é incrível.

- Fico feliz então. – Um bocejo tomou conta dos lábios finos, fazendo a voz sair rouca. – Eu preciso dormir, tranca tudo quando sair.

- Não quer ir pro quarto? – Scott questionou quando Stiles se ajeitou para dormir no sofá, o garoto negou e fechou os olhos.

...

Lydia arfou observando a iluminação escura que o corredor do colégio Beacon Hills tinha aquela noite.

Um frio gélido e assombroso ultrapassou os poros da pele e alcançou o coração de Lydia, a fazendo recuar alguns passos.

Os armários fechados, ninguém à vista, o silêncio preenchendo tudo.

Confusa, ela observou com dificuldade o pouco que conseguiu ver no fim do corredor familiar.

Em passos lentos e hesitantes ela andou, um por um, pé por pé. Com toda a cautela que tinha, quanto mais andava mais se concentrava em entender o que enxergava mais à frente.

O barulho do salto das botas de cano alto ecoavam pelo local e martelavam na cabeça de Lydia.

Martin continuou andando, sendo guiada pelo estranho instinto de curiosidade e incerteza. Quis arriscar falar, mas teve medo de que de fato alguém respondesse.

Lydia se aproximou o suficiente para perceber que eram teias de aranha. Teias gigantes. Elas estavam espalhadas pelo chão, pelo teto, armários, dominavam todo aquele pedaço do corredor.

Em partes, o coração de Lydia martelou alto nos ouvidos, o medo criando vida a cada segundo. Porém, uma estranha sensação de querer se aproximar tomou conta da ruiva.

Incerta do que sentia, ela avançou mais alguns passos conseguindo por fim ficar de fato perto das teias.

Lydia escutou sons incoerentes, eram sussurros fracos que tentavam transmitir algo que ela não soube identificar. Mesmo assustada, soube que estava apenas na sua cabeça.

Com mais um passo hesitante, Lydia entrou nas teias. Observou hipnotizada o estranho ocorrido à sua volta.

Um cheiro horrível foi inalado pela ruiva, era azedo, tonteante e estranhamente diabólico. Cheirava à medo, morte.

Martin se sentiu enjoada, o estômago revirou como se uma furadeira invadisse o órgão com violência.

- Lydia...

Uma voz aterrorizante chamou em um sussurro arrastado. Lydia petrificou as pernas, ficou completamente imóvel entre as teias afastadas.

- Lydia...

Existia uma paciência sombria por trás do som angustiante. De uma maneira estranha, a adrenalina que se espalhava rapidamente pelo corpo conseguia ser menor do que a curiosidade da mente.

Lydia aguardou, esperando um novo chamado, mas nada aconteceu. Com o silêncio tomando conta novamente, se esforçando ao máximo para ignorar o cheiro horrível e penetrante, a ruiva foi até a parede.

Estranhamente, ficar cara a cara com a teia conseguia ser mais curioso do que qualquer sensação que a ruiva já tivesse tido desde que entrou ali.

Era como se ela a chamasse, a voz de alguma maneira era atrativa e as teias eram como uma mensagem direta.

Lydia ergueu os dedos trêmulos, um pouco incerta de si mesma e completamente dominada pela ânsia de saber mais. Enfiou a mão na teia convidativa.

- Você o libertou... você sofrerá.

- É sua culpa.

- Seus amigos morreram.

- Você irá pagar.

- A morte é bem vinda.

Todas as vozes sussurraram ao mesmo tempo, dominaram a mente da ruiva em um único segundo de uma maneira horrenda.

Uma corrente elétrica nervosa e ágil percorreu velozmente desde o couro cabeludo ruivo até os dedos dos pés angustiados.

Lydia recolheu a mão imediatamente. Todo o medo que ela sentia se materializou com lágrimas involuntárias que surgiram nos olhos.

Abismada e confusa, sentiu as mãos tremerem ainda mais completamente sem controle sobre o próprio corpo.

As vozes voltaram. Por todos os lados que Lydia olhava, concluía que estava sozinha. Não havia ninguém, nunca houve ninguém ali com ela.

Todas elas falavam ao mesmo tempo, algumas gritavam, outras choravam desesperadas, algumas clamavam por ela. Tudo apenas dentro da mente nervosa.

Angustiada, observou as teias.

Os pulmões ameaçaram falhar, então ela fechou os olhos. Colou as pálpebras com veracidade e força, tentou respirar.

Se concentrou nos movimentos do tórax. Para cima lentamente, para baixo lentamente. Focou em si, fecho as mãos em punho decidida à controlar a angústia e o medo.

Ignorou tudo o que as vozes que falavam com ela, pensou apenas em si mesma e sua vontade de ir embora daquele lugar.

O cheiro havia sumido, Lydia não fazia ideia de quanto tempo permaneceu ali daquela maneira tentando não se apavorar.

Mas abriu os olhos observando o chão, o pescoço estava caído. Lydia observou pelo campo de visão os armários dos dois lados do corredor.

O silêncio novamente foi a única coisa capaz de ser ouvida.

Novamente, ela estava no meio de um. Notou que as teias haviam desaparecido, e então, em uma tentativa de sair dali, ergueu a cabeça para frente.

O coração de Lydia parou.

Ele era horrível, não era humano, mas não era animal também. O cheiro azedo estava ali com ele, encrustado na carne viva.

Lydia se esqueceu de respirar, completamente aterrorizada. Ele era a coisa mais horrível que ela já havia visto, a sensação e o cheiro que ele transmitia eram simplesmente irreais.

Ele tinha dois braços, duas pernas, um peitoral. Mas ele não era humano.

Ele era todo em carne viva.

Não existia pele, não existiam órgãos, não existia um rosto.

Ele era horrendo, tenebroso de um jeito impossível de acreditar.

- Lydia... – ele chamou com o mísero rosto virado para ela.

...

Stiles estava preso em seu sono pesado. Se remexeu na cama quando achou ter ouvido a campainha, ajeitou novamente o travesseiro mas foi interrompido.

A campainha estava realmente tocando. Confuso e desnorteado pelo sono, Stiles observou o relógio ao lado da cama.

Novamente, o som da porta ecoou pela casa escura e muda pela madrugada.

Stiles hesitou, e de novo o som o atraiu.

- Que diabos... – Ele falou consigo mesmo com a voz rouca.

Com sono e sem ideia do que estava acontecendo, Stiles se levantou da cama. Desceu as escadas com pressa e foi até a porta.

Apertou o interruptor acendendo uma luz fraca na sala, que não iluminava a cozinha mas era suficiente para enxergar a entrada do cômodo.

Completamente entregue à preguiça e confusão, ele destrancou e escancarou a porta sem ao menos perguntar quem era.

O garoto arregalou os olhos quando viu a ruiva.

Achando estar tendo uma miragem ou um sonho muito vívido, Stiles piscou repetidas vezes e arregalou os olhos, mas ela estava realmente ali.

O corpo de Lydia estava acuado, retraído. Ela abraçava o peitoral com os braços e os cabelos estavam levemente bagunçados.

O verde esmeralda dos olhos que Stiles amava ver brilhar estava apagado, obscuro. O rosto lindo da ruiva transmitia uma angústia enorme.

Stiles estava tão assustado por ela estar ali aquele horário que não reparou no corpo bonito exposto na camisola.

Stilinski observou de uma certa maneira triste e confuso, ela encarava o chão de dentro da casa, o olhar morto.

- Stiles...

A voz estava baixa e era quase um sussurro. Stiles observou assustado lágrimas aterrorizadas surgirem nos olhos verdes levemente arregalados.

O ar gélido penetrou o corpo de Stiles, o fazendo perceber o quanto estava frio aquela noite. Sem dizer nada, ele trouxe Lydia pelo braço pra dentro da casa e fechou a porta.

Ela parou exatamente onde ele a deixou, ainda se abraçando de uma maneira penosa.

- Lydia? – Stiles chamou se colocando na frente dela.

- E-eu... me desculpe eu sei que são quatro e meia da manhã, mas...

- Não tem problema nenhum.

Lydia desviou os olhos do chão e focou em Stiles, ele a observava com completa atenção.

- Tá tudo bem com você? O que aconteceu? – Ele perguntou preocupado, se aproximando mais dela.

Martin tentou falar, mas a língua enrolou em sua própria boca. Lembrando do ocorrido, as mãos delicadas começaram a tremer, transmitindo todo o temor que sentiam para Stiles.

Nervoso, Stiles segurou com uma mão as duas mãos de Lydia, uma sobre a outra. A mão livre foi para o rosto assustado.

Os dedos masculinos ficaram na bochecha e o dedão tocou o lábio inferior trêmulo de Lydia.

O toque a surpreendeu, a fazendo encarar os olhos castanhos em completa redenção e admiração.

- Você não quer falar? Tudo bem.

- Foi um pesadelo. – Lydia respondeu convicta.

Stiles gesticulou com a cabeça mostrando que compreendia.

- Foi horrível, Stiles. – Ela sussurrou desviando novamente o olhar enquanto novas lágrimas surgiram nos olhos esmeraldas. – Foi muito real, eu não quis ficar sozinha em casa. Ele era horrível, as vozes, o cheiro... foi assustador – Ela disse desesperada – desculpa...

Stiles alisou delicadamente as mãos de Lydia, querendo passar segurança para a garota.

- Lydia, olha pra mim. – Ele pediu em um sussurro, ela obedeceu.

O castanho dos olhos fizeram Lydia esquecer como respirar, ele estava lindo. De uma maneira desconcertante.

O cabelo levemente amassado, o jeito atencioso... Lydia sentiu que poderia morrer naquele momento.

- Não tem problema nenhum. – Ele repetiu – Foi só um sonho ruim, você tá aqui agora, comigo. Entendeu?

Lydia observou encantada aquele lado de Stiles, o coração acelerou e a sensação de ganhar atenção com carinho e cuidado foi novamente, como ela pensou o dia inteiro, surreal.

- Você quer dormir aqui?

Lydia não conseguiu responder, estava entretida demais na maneira que ele falou com ela. A ruiva afirmou lentamente com a cabeça, e ele sorriu.

Os lábios finos se entortaram escondendo os dentes, transmitindo a paz e a segurança que a ruiva queria sentir desde acordou sozinha em casa depois do pesadelo.

Novamente, Stiles trouxe Lydia pela mão. Ele entrelaçou os dedos e a guiou para seu quarto. Em nenhum momento Lydia se sentiu tímida ou invadida de uma certa forma, ele estava sendo maravilhoso com ela.

Lydia lamentou em sua mente quando Stiles soltou sua mão e foi até a cama, ele ajeitou o travesseiro e se virou para ela.

- Melhor uma cama quentinha do que uma fria, não é? – Ele piscou brincalhão, Lydia riu brevemente. – Você pode dormir aqui, eu vou ficar no quarto ao lado de hospedes, tá?

Lydia estava tão grata e surpresa por Stiles a tratar daquele jeito que se esquecia de falar, ela apenas confirmou com a cabeça.

- Se você ficar com fome ou sede é só ir na cozinha. Pode acender as luzes, pode ver televisão se ter insônia, você que sabe.

Novamente, ela afirmou com a cabeça.

- Boa noite, ruiva. – Ele disse enquanto ia para a porta, mas quando ia passar por ela, o braço da garota impediu.

Ele ergueu as sobrancelhas para o ato e a olhou com dúvida.

- Você pode ficar comigo? – Ela pediu sem jeito, um leve rubor tomou conta das bochechas.

Stiles abriu os lábios surpreendido com o pedido, dessa vez ele a deixou sem palavras. A resposta foi um breve aceno de cabeça.

Lydia deu um pequeno sorriso mostrando gratidão, e então andou até a cama e se deitou. Stiles admirou como naquele momento não estava tão atraído por ela, sentia muito mais vontade de a proteger.

A ruiva se cobriu com a coberta e se virou de lado fechando os olhos. Se lembrando do que era para fazer, Stiles andou apressado e logo se deitou observando a cabeleira ruiva espalhada no travesseiro branco.

Stiles estava estarrecido, completamente desnorteado pelo o que havia acontecido. Encarou o teto do quarto escuro por minutos seguidos, se questionou se aquilo era mesmo real.

E então a confirmação veio, Lydia se remexeu dando indício de que apenas havia cochilado até aquele momento.

Parecendo guiada pelo sono e um desejo interno do subconsciente, a ruiva se inclinou de costas para Stiles e alcançou sua mão esquerda que estava do outro lado do corpo masculino.

Ela se deitou novamente, obrigando Stiles e se virar de frente para as costas da ruiva.

Lydia trouxe a mão até a barriga e a deixou parada ali.

Stiles juntou o cenho confuso pela atitude da garota. Observou o quanto o braço estava esticado e então se aproximou dela se ajeitando melhor na cama.

Ousou encostar as costas de Lydia em seu peitoral. O cheiro da cabeleira ruiva foi saboreado com um suspiro que escapou dos lábios do garoto.

Lydia respirou alto, parecendo satisfeita com a atitude de Stiles.

Daquela maneira, os dois adormeceram juntos.

 


Notas Finais


Até!


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