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História Constelação - Fortuna¹


Escrita por: PatyNinde

Capítulo 7 - Fortuna¹


Bem, eu já estive aqui antes

Sentei no chão em um quarto cinza, cinza

Onde passo o dia todo

(Grey room – Damien Rice)


Março, 1997

Alguns raios de sol tímidos invadiam o quarto. Os tons berrantes de laranja, realçados pela luz da grande estrela matinal, machucavam os olhos de Hermione, e os pôsteres animados dos Chudley Cannons deixavam-na ligeiramente tonta, mas ela não estava incomodada, por mais atípico que isso pudesse ser.

Seu fim de semana estava mais próximo de “absolutamente perfeito” do que ela poderia imaginar. Um quarto apertado e quente, uma cama pequena demais para dois corpos, e Ronald Weasley numa posição que evidenciava seu tórax largo e definido pelos muitos treinos de quadribol.

Apesar dos recentes acontecimentos, Hermione tinha fé em Dumbledore, acreditava naquele homem tanto quanto Harry e, se a ordem de comando era para que se separassem, ela não questionaria, apenas trabalharia duro a fim de salvar o maior número de pessoas que conseguisse.

Ainda era cedo, mas Molly já havia acordado e preparava o café da manhã, de longe podia ser ouvida, resmungando com algumas panelas e discutindo com Arthur aos cochichos sobre a tal missão secreta de Harry, Rony e Hermione.

A garota que já havia despertado por completo apanhou as roupas que estavam jogadas no chão e fez menção de se levantar, mas, antes de fazê-lo, quando agachou-se para pegar o sutiã na cabeceira da cama, sentiu as mãos de Rony alisando suas omoplatas e toda a região do pescoço.

— Pensei que estivesse sonhando. — Ele disse em voz baixa. Havia calor e sinceridade em sua fala. Hermione sentiu um frio na barriga.

— Estou aqui.

— Sabe, ainda é cedo... A gente pode ficar aqui um tempo antes de começar empacotar as coisas.— Rony disse sem interromper os carinhos.

— Não pretendo encher minha bolsa com mais do que o necessário. — Hermione falou pensativa — Na carta Dumbledore assegurou que cuidou para que nada falte por um longo período, mas ainda estou um pouco insegura. Não me agrada a ideia de nos separarmos...

— Dumbledore sabia o que estava fazendo. Ele confiou a cada um de nós uma missão específica porque sempre acreditou em nossas habilidades. Você ficará com a parte mais difícil, Mione... No olho do furacão.— Rony correu os dedos pelos cabelos — Se eu pudesse ficaria aqui.

Hermione afastou-se de Rony e começou a recolher suas roupas, vestindo-se com a pressa de alguém que não quer ter uma conversa longa, mas logo retornou diante do namorado, como se ficar longe dele fosse uma atitude imbecil, haja vista a separação iminente.

— Quero aproveitar o tempo que temos. — Ela sussurrou, encostando a ponta de seu nariz no de Rony,o fazendo sorrir. — Chega de preocupações.

— Você está certa, como sempre. — Ele falou, apoiando as mãos na nuca de Hermione. — E meu estômago diz que Molly Weasley já pôs o café da manhã na mesa.

As bases da casa eram sólidas, mas Hermione sempre ficara apreensiva em descer desacompanhada a passos tão ligeiros como Rony fazia. Ele, sempre que se lembrava disso, tentava compreender o receio de Hermione e segurava a mão da namorada. Ela fora criada numa casa perfeitamente construída sob os moldes da arquitetura trouxa, em um ambiente silencioso e muito organizado.

Desta vez, porém, Rony não segurou a mão de Hermione, mas carregou-a em seu colo, fazendo com que ela lhe desse tapas inofensivos e pedisse para que ele a soltasse entre risos e apertões.

Ela sabia que Rony faria o impossível para tornar menos triste aquele dia de despedida. Era típico dele provocara nela o maior número de sorrisos.

—x—

"Técnicas de interrogatório para principiantes" não era um bom livro para se utilizar com pacientes em tratamento, sobretudo aqueles que precisariam depor sobre um crime do qual haviam sido vítima ou autor. Hermione sabia que ideal mesmo seria o fascículo intitulado "Tratando pacientes e resolvendo enigmas: A magia como terapia", mas este encontrava-se na biblioteca do St.Mungus, sob a supervisão de Wanda Smith, a Madame Pince particular do Hospital.

Em se tratando de Draco Malfoy, era certo que a primeira abordagem havia falhado. Hermione não sabia ameaçar, amedontrar ou humilhar outro ser humano. Tais características cabiam bem em seu paciente, não nela. Sendo assim, passou a semana após o enterro de Vick pesquisando na literatura trouxa e bruxa que tinha disponível em sua casa o maior número de exemplares que tratassem sobre situações similares à que ela estava vivendo como profissional.

" Às vezes é necessário descer baixo para que se obtenha a informação. Bandidos e malfeitores amam a barganha. Ela é o meio pelo qual todos saem vencedores e perdedores de algum modo."

Hermione sorriu diante do trecho destacado em seu livro. Conseguiu enxergar o próprio Malfoy escrevendo algo do tipo, se aquele não fosse, é claro, um livro puramente trouxa.

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Murmúrios débeis e palavras de baixo calão ecoavam pelas paredes do corredor, e só podiam ser dirigidas à uma mulher. Draco estivera se preparando para um confronto com Hermione, caso ela resolvesse aparecer.

E ela estava lá. Ele correu os dedos entre os fios de cabelo, agora limpos, mas nem um pouco sedosos, sentindo uma onda de ansiedade mesclada ao ódio.

Quando o som dos passos do salto grosso de madeira se aproximou o suficiente para que Draco pudesse vê-la e não só escutá-la, ele reparou, agora sob uma iluminação melhor, que as roupas de Hermione realçavam todos os detalhes existentes no corpo delicado e curvilíneo. Um vestido azul claro, com detalhes em renda nas barras. O casaco bege cobria boa parte do que era interessante de fato, mas Draco sabia que quando chegassem na sala dela, a peça desinteressante seria descartada devido ao feitiço de aquecimento.

Ela estava com Cody, que prontamente abriu a cela de Draco e, sem dirigir a palavra ao prisioneiro, o empurrou para perto de Hermione.

— Eu devo levá-lo para sua sala, Hermione? — Cody perguntou.

—Sim, Cody. E não seja violento, por favor! — Hermione respondeu distraída. Em seus braços carregava uma prancheta cheia de folhas de caderno.

Draco, que estava de cabeça baixa, ergueu os olhos na direção de Hermione. Não esperava um pedido como aquele da parte dela, era no mínimo atípico, se o passado de ambos fosse observado.

Ele também percebeu, no percurso até a sala de Hermione, que Cody parecia forçar a simpatia até o limite do desagradável. Por certo tinha algum interesse sexual na doutora. Nenhum homem trataria uma mulher de forma tão solícita se não estivesse esperando uma retribuição muito satisfatória.

—Obrigada, Cody. Pode deixar que eu assumo daqui. — Hermione apoiou a ponta da varinha na porta e trancou-a assim que Cody saiu.

Draco sentou na cadeira acolchoada e esperou que Hermione começasse a falar.

— Bom dia, Malfoy.— Ela cumprimentou, utilizando-se de toda sua elegância e polidez.

— Granger. — Ele respondeu, igualmente polido. Queria ver até onde iria aquela encenação.

Hermione abriu a cortina que cobria a comprida janela de sua sala, proporcionando uma vista privilegiada para o mar. Draco detestava o mar e o seu cheiro nauseante, mas contemplar as ondas chocando contra os rochedos, e o céu, ainda que nublado, lhe dava uma sensação estranha de paz, talvez até uma centelha de esperança.

— Devo admitir que começamos com o pé esquerdo. Gostaria de lhe dizer que, se cooperarmos um com o outro, posso te ajudar a ter uma vida melhor aqui.— Hermione começou. Seus olhos estavam maquiados. Uma sombra marrom clara e um delineador discreto contornavam sua expressão.

Draco arqueou uma das sobrancelhas, um vinco se desenhou entre elas. Sua barba formava uma cobertura rala em volta do rosto e conferiu à aparência de Malfoy uma seriedade e beleza que antes não estavam ali.

— Sinceramente? Não acho que isso seja possível, Granger. — Draco rebateu, olhando no fundo dos olhos de Hermione. O queixo, agora projetado para frente, denunciava a intenção de desafiá-la. — Esse lance de cooperação é burrice e nunca vai funcionar.

— E por que não? — Ela questionou, apoiando ambos os cotovelos na mesa, com os dedos das mãos entrelaçados. Aproveitou o momento para observar Malfoy, talvez entender o que se passava na mente dele.

Sob o brilho da íris prateada, que mais parecia uma taça de vidro cheia de água. Algo dentro dela queimou, e não era ódio. Curiosidade.

— Porque eu te odeio. — Ele respondeu, curta e sucintamente. Sequer piscou ou titubeou ao falar.

Malfoy era cruel e presunçoso. Hermione sabia, e embora desconhecesse o motivo, ele desfrutava um prazer sem precedentes quando a humilhava, a tirava do sério, ou declarava abertamente seu ódio gratuito por ela.

— E eu posso saber o motivo deste ódio? — Ela buscou a prancheta que estava em cima da mesa e escreveu "Motivações" com uma caneta vermelha. Traçou uma linha do lado e preparou-se para completar a suposta tabela, assim que Draco resolvesse responder a sua pergunta.

Ele ponderou desta vez, como se a pergunta fosse inesperada. Ficara intrigado com o questionamento, seu olhar desestabilizado o delatou.

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O colarinho da camisa alva e esticada parecia sufocar. A gravata com listras diagonais nas cores vermelho e dourado era tão apertada que poderia muito bem servir como uma corda de enforcamento.

"Ela ficaria muito bem pendurada numa forca." Draco pensou, enquanto caminhava em direção à floresta proibida deixando seus comparsas para trás. Odiava aquele lugar escuro e abafado, mas o gigante nojento parecia gostar de ambientes como aquele.

Ela tinha a postura perfeita. Mas Draco sabia que aquilo tudo só podia ser uma encenação meticulosamente estudada — como quase tudo que ela fazia. Um passaporte para a inclusão social. Andar impecável, falar corretamente, pronunciar feitiços com a leveza de uma pluma, responder todas as questões — mesmo quando não era solicitada — fazia parte de um plano para assegurar o direito de estar ali, um lugar do qual ela sequer merecia ter conhecimento.

Para ele Hermione Granger tentava, a qualquer custo, forçar sua permanência ali. Fingia fazer o que era certo por pura lealdade e coragem Grifinória, mas na verdade só desejava não ser desmascarada como a intrusa que era.

Quando ela levantava a mão para responder uma pergunta, Draco sentia uma urgência em azará-la, ou vomitar, talvez ambas as coisas. Ele poderia descrever a sensação de olhar para ela como a mesma que se tem quando acidentalmente se pisa num inseto, e os restos da carcaça dele ficam presas no sapato.

Ele queria que ela fosse um inseto, assim acabaria com a existência dela num pisão. A sujeira do calçado seria o menor dos problemas.

— Draco! Por que andar tão depressa? Nossas aulas começam só daqui uma hora. — Pansy Parkinson vinha gritando e tropeçando atrás dele. — Não vai me dizer que está seguindo Potter de novo?

Draco alisou a própria capa e limpou a poeira da barra de sua calça. Antes de responder à garota que parecia querer arrancar um pedaço de sua pele de tão próxima e pegajosa que era, Malfoy arrumou a gola da camisa e apertou a gravata, até sentir o pomo de Adão preso entre o tecido.

— Não estou tentando seguir ninguém, Pansy.— Ele pigarreou. A saliva parecia travar no meio do caminho — Quero apenas me certificar de que chegarei no horário, afinal, minha posição social não me permite agir com leviandade na escola. Tenho um nome a zelar.

— Sim, sei. Eu só espero que não vire um obcecado por regras e horários, ou vai ficar igual aquela vaca da Granger.

Antes que Pansy pudesse antever o movimento de Draco, a mão do garoto segurou o seu pulso com força. Os olhos dele não estavam cinzas, mas escuros e violentos.

— Não ouse me comparar com aquela sangue ruim maldita. Nunca mais fale desse jeito comigo, sua vagabunda.— Draco falou entre dentes, mas Pansy sabia que, em se tratando de Malfoy, uma explosão era nada se comparada a uma abordagem fria e sussurrante.

— Ei, tudo bem!Não está mais aqui quem falou.— Pansy ergue as mãos em rendição, aproveitando que Draco soltara seu pulso — Só estou dizendo que sua obsessão é no mínimo esquisita... Você não precisa provar nada à ninguém, Draco.

— De fato, não preciso, mas quero. Granger não pode ser melhor em tudo. — Malfoy dirigiu o olhar para Hermione, que sorria e dava alguns empurrões em Rony. — Ela só anda com aqueles dois para se sentir inteligente. Tenho certeza de que nunca encontrou alguém que a desafiasse e a colocasse no chão, onde é o lugar dos sangues ruins.

Draco então saiu marchando em direção à floresta. Chegando pouco depois de Hermione, Harry e Rony. Crabbe e Goyle haviam apertado o passo para alcançá-lo, e lá ficaram, esbaforidos, esperando o professor chegar.

Enquanto a recuperação voltava ao ritmo normal a ideia de que estava sentindo inveja lhe passou pela cabeça, nas paredes do subconsciente, nos salões escondidos de seu coração, mas logo massacrou a ideia, crendo que seria inconcebível admitir a existência de tal sentimento. Ele não precisava ter inveja. Os outros deveriam invejá-lo. Ela mais do que todos.

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Por que odiava Hermione Granger? Não havia uma motivação justa. Exceto, é claro, o eterno desejo de inserção que a transformava num ser irritante.

O vestido que ela usava tinha a gola alta, tão apertada quanto o colarinho do uniforme utilizado em Hogwarts. Os cachos desciam em cascata por entre os ombros, por algumas vezes as mechas mais curtas caíam em seus olhos, e Draco se pegou pensando se aquilo não seria incômodo, mas ele sabia a resposta: estava sufocando, coçando, atrapalhando, mas ela não demonstraria, pois parecia gostar muito de sofrer.

Ele observou quando ela levou a ponta da pena até os lábios rosados enquanto lia a sua ficha. Hermione ajeitou a gola do vestido, abrindo um espaço para que o ar entrasse.

"Talvez minha presença cause isso nela. Desconforto. Insegurança" Draco pensou.

— Por que você me odeia? — Ele devolveu a pergunta, na tentativa de ganhar tempo para formular os motivos pelos quais a odiava.

— Eu nunca disse que te odiava. E você não me respondeu.— Hermione colocou uma mecha por detrás da orelha, e olhou, não nos olhos de Draco, mas para o seu rosto.— Por que me odeia?

— Bem, você sempre está tentando agradar as pessoas à sua volta. Empurra sua suposta inteligência goela abaixo de todos os que se aproximam. Tem noção do quão irritante é isso, Granger? Essa sua vontade de responder todas as perguntas, de chamar a atenção de seus superiores, desde professores até chefes de departamento. — Draco fez uma pausa para tomar fôlego. —Ah, e claro, você não é digna de estar entre nós. Sabe as drogas de sorteios que os trouxas sempre fazem? Sua entrada no mundo Bruxo se equipara a eles. E isso foi acontecer justo com você, que é tão lógica e racional.

Havia um deleite na voz de Malfoy. Um prazer em desagradá-la.

Mas ela não respondeu, apenas escreveu com pressa no campo destinado às motivações a palavra "inveja", o que fez Draco praticamente pular de seu assento para tomar a tal “pena trouxa” das mãos dela e rabiscar, até rasgar a folha na qual ela escrevia. Em sua mente a ideia de enfiar a caneta na jugular de Hermione também não passou despercebida.

— Inveja, Granger? Quanta criatividade! — Draco abaixou a cabeça, sorrindo como um garoto de dezesseis anos que ouvira uma piada grotesca. — Este é um daqueles argumentos utilizados por pessoas que não sabem se defender. Ou, pior ainda, trata-se da fala comum das pessoas arrogantes e prepotentes, que, por se sentirem tão superiores aos demais, acham que todos sentem inveja de seus supostos talentos.

—Eu posso ser rude com você, mas não quero. Meu trabalho vale muito, Malfoy. — Hermione afastou o papel em que escrevera as motivações. — E não estou aqui com cartas marcadas. Quero só um diálogo, como dois adultos que somos.

—Não existem cartas marcadas, mas já sabia que eu falaria algo do tipo, do contrário não teria escrito tão rápido nesse seu pedaço de coisa trouxa.

— Papel.

— Foda-se.

Hermione deu um meio sorriso. Draco enxergou algo que ele nunca viram na face dela. Deboche. Ela parecia rir da ignorância dele.

—Estamos indo bem. Já estabelecemos um diálogo. — Ela descruzou os dedos, que já estavam dormentes de tanto serem apertados. Era uma forma de controlar o nervosismo e a ansiedade que parecia correr por todos os seus músculos.

— Não me venha com esse jargão de medibruxo, Granger. Nós não estamos indo à lugar algum. Você finge que é indiferente à minha presença, eu digo que te odeio, então você tenta novamente provar sua superioridade, dizendo que não odeia as pessoas, porque isso é coisa de gente mesquinha. Ora, vá se ferrar. — Draco parecia cansado em sua fala, como se estivesse, de certa forma, esgotado de pequenas discussões. Estava irritado também. Não gostava de ser motivo de piada, ainda mais no que dizia respeito a assuntos  trouxas, os quais ele precisava conhecer.

—Eu não o odeio, como já disse há pouco. Será que não compreende? O quão ridículo é seu sentimento! Tão errado em tantos aspectos.— Hermione sentiu-se ferver, e desta vez era ódio. As mãos foram para o joelho desta vez, apertando os ossos com força.

—Está vendo? Este é o seu problema. Age como se tivesse que provar que está agindo bem. Eu faço o que acho certo, e não o que os outros dizem que é bom. — Draco impacientou-se. — Aliás, o que quer, Granger? Não possuímos nenhum laço, ou lembrança. Que tal poupar a nós dois e acabar logo com essa droga?

Hermione corrigiu a postura e apoiou as costas no encosto da cadeira. Parecia estar se preparando para uma proposta importante. Aquele era o momento em que ela apresentaria sua proposta. Sua barganha.

— Quero negociar, Malfoy. Fiquei sabendo que gosta de celas iluminadas... Posso providenciar isso para você. Também consigo aumentar o número de refeições.

Foi a vez de Draco corrigir a postura, certo de que estava diante da oportunidade das oportunidades. Ele tinha nos olhos não esperança, mas um interesse camuflado em muito desdém e esforço para parecer indiferente. Estava desesperado por algumas facilidades e regalias, pois sentia falta de tudo o que lhe remetia à estas duas palavras. Na atual conjuntura, ter iluminação e alimentação era o mais perto que ele chegaria de sua antiga vida, e mesmo assim não seria perto o suficiente.

— Percebo que está tentando uma abordagem diferente, Granger. Não vou mentir dizendo que desaprovo, afinal de contas, enquanto não saio daqui, posso desfrutar de um tratamento melhor. — Ele poderia descer muito baixo em sua dignidade, mas jamais deixaria transparecer seu desespero.

— Espírito sonserino.— Hermione afirmou, como se Draco fosse uma causa perdida.

Olhando para o teto, pensando que um insulto seria a melhor resposta para ela, e logo desistindo da ideia de iniciar uma discussão sem fim e propósito, Malfoy contorceu os lábios e puxou uma pele ressecada que o estava irritando há alguns minutos.

— Hogwarts não influencia minhas decisões há muito tempo, Granger.— Ele falou por fim, sabendo que desde que entrara ali essa era a única certeza que ele ainda possuía.

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Incertezas. Diante de uma partida eles percebiam que não havia mais nada diante de seus olhos que pudesse ser a garantia do futuro que sempre sonharam.

O quarto estava vazio. Ele não possuía muitas coisas, mas o pouco que tinha era suficiente para deixá-lo tranquilo durante a longa viagem que faria. Colocara em sua mochila um porta retrato, um livro de poções que Hermione dissera ser uma lembrança, e o espaço que sobrara ele preenchera com a saudade que já estava sentindo da garota que em breve ele pediria em casamento.

Sabia que eram jovens, tinham uma vida pela frente, mas, havia um bom tempo que ele não imaginava mais sua existência sem a presença de Hermione Granger.

— Quando tivermos filhos, e eu espero que seja logo, quero que sejam como você. Em tudo! Beleza, inteligência, delicadeza... — Rony falou, apreciando a reação de Hermione. Ela arregalara os olhos, mas sorrira com perceptível timidez.

— Ora, não seja bobo, Rony. Seriam nossos filhos. Teriam genes meus e seus... — ela pontuou — Além do mais, eu acho que não seria tão ruim um filho pontilhado por manchinhas laranjas em todo o corpo. Eu as beijaria o dia inteiro.

Hermione tinha a expressão sonhadora de uma futura mãe. E Rony sabia que ela seria a melhor.

Não podia evitar o vislumbre de um futuro, ambos sentados perto da janela, esperando a carta de Hogwarts chegar. Hermione tentando conter o próprio entusiasmo, fingindo uma indiferença que não possuía, e ele completamente estressado pela demora da coruja "velha e caquética" da escola de magia e bruxaria.

Ela continuava acrescentando algumas coisas na mochila azul que ele ganhara de Carlinhos como presente de aniversário. Alguns cachos caíam em seus olhos, apesar de estarem presos num rabo de cavalo ligeiramente apertado.

— Vou sentir sua falta, Mione. — Ele comentou com displicência. — muito...

Hermione parou o que estava fazendo e levantou-se do chão, onde havia ainda alguns livros espalhados e vidros vazios. A garota caminhou até o namorado, que estava admirando o quintal da casa onde passara toda a sua vida, e o abraçou, como sempre fazia quando a tristeza devorava suas palavras.

— Eu sentirei muito mais. — Hermione tinha a voz embargada. A garganta pareceu inchada e dolorida, pois um soluço estava preso nela.

— Eu te amo, Hermione. — Rony sussurou com carinho. As palavras não pareciam ensaiadas, mas destinadas à caberem naquele momento.

— Eu também te amo, Ron.

As mãos se entrelaçaram, e os corpos se uniram com mais força no mesmo abraço que os mantinha aquecidos por dentro.

Em algumas horas eles se separariam. Harry passaria por lá para entregar os mapas e os nomes das pessoas e criaturas que o amigo deveria procurar. Nunca um abraço parecera tão necessário.

E no silêncio das batidas dos corações, do mover dolorido dos pulmões, ambos perceberam, embora nada mencionassem sobre o fato, que aquela era a primeira vez que diziam "Eu te amo".

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Draco não contara ao certo, mas, de acordo com seus cálculos aproximados, estava ali há pelo menos cinco minutos em silêncio. Hermione não reagira à sua resposta, e ele podia apostar que falara algo significativo; Malfoy sabia que Hogwarts também não influenciava mais as decisões da sangue ruim sabe-tudo.

— As minhas decisões também não estão mais ligadas à escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts,nem às pessoas que pertencem àquele lugar. — Hermione olhou para a estante onde estavam seus livros e penas reservas, procurando não encarar Malfoy. Em seu íntimo minha medo que ele lesse os ressentimentos tão visíveis em seus olhos.

— Ei, ei, ei! Espere ai, temos alguém magoado por aqui, Granger? — Draco inclinou o corpo para frente com um sorriso cínico nos lábios. — O santo Dumbledore e a imaculada McGonagall, por acaso, decepcionaram a aluna favorita?

Hermione gostaria de poder despejar sua fúria em Malfoy, que, sem saber, estava tocando numa ferida particularmente dolorida. Contudo, resolveu não retrucar, e optou por seguir com sua abordagem leve e desarmada.

— Ora, Malfoy, não espera que eu lhe conceda informações sobre a minha pessoa sem antes estabelecermos uma relação minimamente cordial. Se responder todas as minhas perguntas, talvez eu conte algo que você queira saber.— Hermione aproveitou a deixa para continuar a proposta que havia iniciado.

Draco fechou os olhos, esboçando um sorriso carregado de malícia. Se Hermione queria participar de um jogo, ele mostraria à ela que não gostava de perder. Desvendaria algum segredo dela, arrancaria informações importantes sobre a prisão e, de quebra, só por diversão, provaria que ela estava dez passos atrás dele, em todos os sentidos .

Já que ela queria brincar de Sonserina, ele não envergonharia o chapéu seletor.

— Vamos começar, então. Estou ansioso para barganhar minhas informações pelas suas.

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O som característico de aparatação fez Kayla virar o pescoço lentamente. Dentro da cozinha abafada ela examinava com afinco a suposta mancha de poção que sujara a foto de Ronald Weasley.

Ouvindo os passos pesados se aproximandoa pocionista sentiu o coração acelerar algumas batidas; sabia que somente uma pessoa tinha liberdade para ir e vir em sua casa. Ela estranhara o sumiço repentino, mas não questionou quando sentiu os braços fortes e o corpo quente abraçá-la por trás, apenas fechou os olhos e suspirou profundamente. Saudade era mesmo uma merda.

— Achei que tivesse sido obliviado. — Ela falou num tom divertido, tentando não demonstrar quão chateada estava pela demora do rapaz.

Ele afastou os longos cabelos da bela mulher e pousou os lábios na curva do pescoço macio e perfumado. Por alguns segundos ficou em silêncio, como que tentando absorver o aroma da pele de Kayla.

— Você precisa tomar cuidado, Kay... — Ele falou, finalmente, sem encará-la, ainda com a cabeça posicionada sob o ombro da mulher. — Não quero que se envolva nisso sem medir as consequências. É perigoso demais... Lembre-se que da última vez alguém morreu.

Kayla virou-se, contemplando com tristeza o corpo que a abraçava. Cabelos bagunçados, óculos de aro redondo e a inconfundível cicatriz em forma de raio na testa. Cerrou os olhos e beijou-lhe o rosto, afagou-lhe os cabelos, tentando colocar os fios no lugar. Antigamente este ato sempre surtia efeito, mas agora os cabelos pareciam querer saltar em todas as direções.

— Estou sendo cuidadosa, meu amor. Não quero envolver mais pessoas nisso, mas sabe que não é tão simples assim. Não quero fazer mal à Hermione. Ela é uma pessoa decente...Mas você entende como funciona, se ela tentar interferir não poderei hesitar e terei que tirá-la do caminho.

— Eu conheço Hermione.Ela odeia o Malfoy; tem todos os motivos para mantê-lo em Azkaban pelo resto de seus dias. Não irá protegê-lo. — A voz rouca roçando a nuca de Kayla fê-la estremecer.

— Durma aqui... — Kayla sussurrou manhosa.

—Não posso. Preciso voltar para casa, Kay. Só vim vê-la porque ouvi meu mais novo inseparável colega de trabalho comentando sobre o reforço de dementadores em Azkaban, e a corregedoria que ocorrerá na próxima semana.

— Então você também deve se cuidar. Temos pouco tempo para a execução do serviço e eu já comecei a minha parte. Malfoy terá uma surpresinha ainda hoje. — Kayla prensou o corpo do homem na borda da mesa e avançou sobre ele, beijando-o e acariciando-o em todas as partes sensíveis.

— Kayla, cuidado, não precisamos de outra morte em nossas costas. — O homem disse. Ele parecia transtornado e enfadado por toda a culpa que seus atos estavam lhe infringindo.

— Acredite, ele não morrerá. Ainda não.

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—Muito bem, Malfoy. Que tal começarmos por seus colegas em Hogwarts. Fale-me sobre Pansy Parkinson. 

Draco estava pronto para responder a primeira dentre as perguntas anotadas em um bloco pequeno que Hermione apoiava junto ao seio. A janela permanecia aberta, e ele já estava começando a ficar irritado, pois seu estômago se revelou bastante sensível, parecia rodar como um moinho de vento.

Era um novo e piorado tipo de ódio pelo mar, ele imaginou e espantou- se, afinal, a maresia não o incomodava mais desde que fora preso. Azkaban era tão fechada que ele somente se lembrava que a prisão ficava numa ilha quando algum preso chorava dizendo que não aguentava mais ficar isolado.

—Malfoy? — Hermione o chamou. Sua voz parecia longe e aguda.

Os dementadores não se atreviam a permanecer tão próximos da sala de Hermione, mas ele imaginou que talvez houvesse uma exceção de vez em quando, pois começou a sentir um desespero e falta de ar que somente eles causavam. Sua visão ficou turva e cansada; um ardor em seu nariz, como se o tivesse cortado por dentro, fez ele entender que aquilo não era uma reação à dementadores. 

E então, o sangue.

Sangue que começou a escorrer das narinas de Draco. As mãos, antes pálidas e quase sem vida, agora estavam completamente manchadas pelo líquido vermelho e grosso que parecia jorrar como água de torneira.

— Meu Deus! Malfoy, erga a cabeça! — Hermione ordenou, buscando a Bronzonita para chamar alguém que pudesse carregá-lo até a enfermaria — Erga a cabeça ou vai perder todo o maldito sangue!

Draco se mostrou resistente. Não queria obedecê-la, embora, soubesse que ela não estava errada. Seu próprio corpo lhe dava a certeza de que quanto mais abaixado ele permanecesse, mais sangue perderia.

Hermione, que em algum momento entre os gritos desesperados de Malfoy e as próprias ordens correra até ele e já estava apoiando sua cabeça para cima, murmurou alguns feitiços que se revelaram inúteis.

Atônita ela voltou para a sua mesa e passou a espalhar cada papel milimetricamente organizado, a procura de alguma coisa. Quando suas mãos alcançaram a terceira gaveta, um suspiro aliviado saiu pelos lábios entreabertos.

Draco não podia ver o que ela fazia, pois seus olhos miravam o teto. O gosto ferroso e ardido do sangue já estava lhe dando enjôos, e não demorou muito para que ele vomitasse, fazendo com que, no movimento de abaixar a cabeça, o sangue voltasse a descer num volume muito mais assustador.

— Eu estou morrendo! Mas que inferno! O que está acontecendo comigo? — Draco berrou, ao mesmo tempo em que segurava o nariz, tentando conter o sangue, ao que suas mãos ficaram ensopadas.

Hermione então puxou Draco pelo braço que estava livre e fê-lo se sentar no chão, sobre o tapete. Observando que Malfoy já não apresentava resistência, ela o forçou a se deitar, colocando o próprio casaco como apoio para a cabeça dele.

Draco sabia que o melhor era aceitar o socorro, ou morreria ali mesmo, por isso deixou que Hermione colocasse em sua boca os farelos de alguma folha, que desceu amarga e seca, grudando no céu da boca e demais mucosas. Logo a secura e sensação de dilaceração dominaram os lábios de Malfoy, e ele teve medo.

— Você está me envenenando, Granger? Sua louca! — Draco perguntou com a voz engrolada devido a queimação e o formigamento na língua. — Eu vou acabar com você, se fizer alguma coisa comigo eu vou...

Hermione sentiu o peso da cabeça de Malfoy despencar no braço que a apoiava. Delicadamente ela retirou a mão e respirou tão profundamente que o ar pareceu desaparecer do ambiente para ficar preso em seus pulmões. Olhou para as próprias mãos trêmulas e manchadas de sangue, não conseguindo controlar os soluços que pareciam vir de todos os lugares de seu corpo.

Aquilo não era normal. Quando recebera das mãos do Sr. Lovegood a planta esquisita ele dissera que aquela seria a mais especial de seu jardim. Hermione pesquisara com afinco sobre as flores de Matuverishka, nome que ela só descobriu após revirar a biblioteca inteira de Neville.

Tratava-se de uma flor rara e poderosa, que curava o mal causado pelas “causas conexas”. A definição não fez qualquer sentido, então Hermione guardou as folhas em sua gaveta, para o caso de uma emergência. Usá-las em Malfoy fora leviano demais, porém, eficaz.

E isso tornou as coisas mais intrigantes ainda, pois, embora não houvesse certeza plena do que se passava com o organismo de Draco, Hermione tinha uma lembrança daqueles sintomas. Uma bastante desagradável e dolorosa.

As lágrimas que deslizavam por suas bochechas não eram por ter Draco desacordado em seu colo, mas por ser o destino tão irônico a ponto de permitir que ela fosse capaz de salvar a única pessoa que odiava no mundo , e não o homem de sua vida.

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Maio, 1997

— Cante para mim... — ele pediu com a voz fraca. Ela sabia que era a última vez que ouviria a voz doce do seu melhor amigo e namorado.

— Não seja bobo, Ron. Você sabe que eu não canto. — Hermione falou num fio de voz, acariciando os cabelos cor de fogo e a testa pincelada por sardas. — Mas posso lhe contar uma história...

— Babbitty, a coelha... — Rony falou num riso entrecortado e Hermione sorriu também.

As memórias queimando como brasa ardente, e uma lágrima desobediente deslizou pelo rosto da garota. — Eu só quero que você continue falando, Mione, como a grande sabe tudo que sempre foi, por quem me apaixonei perdidamente.

O olhar de Ron correu pela cabana, procurando algo. Deitado num amontoado de panos, que imitavam uma cama macia, ajeitou-se para poder contemplar, pela última vez, o rosto dela. Futura Sra. Hermione Granger Weasley, ou pelo menos seria chamada assim, se lhe dessem um pouco mais de tempo. Era tudo o que ele gostaria de ter tido, o maldito tempo.

A poção — ou seria um feitiço?— estava agindo. Os ingredientes eram completamente desconhecidos, e Hermione não conseguira conter os efeitos causados em Rony. Magia Negra demais para alguém que pertencia ao lado dos mocinhos.

O pensamento fez os nervos de Hermione explodirem. Precisava encontrar Harry, sair do abrigo e fazer aquilo que ela deveria ter feito desde o início: ficar com seus amigos. Ela sabia que Harry estava ocupado demais com todas as estratégias boladas para vencer a guerra e derrotar Voldemort de uma vez por todas.

— Pare de pensar, Mione... Torra os neurônios. — Rony estalava os dedos na frente do rosto da namorada. — Fred me disse certa vez...

Um acesso de tosse não permitiu que Hermione descobrisse o que Fred havia dito sobre ‘pensar demais’. Levantou o pescoço fraco de Rony, para que ele pudesse expelir o sangue espesso e de cor escura. A garota já havia se acostumado à cena, que acontecia todos os dias.

Na primeira vez que vira Rony ter uma dessas crises chorara escondida, no cômodo ao lado, para que ele não percebesse o quão aterradora era sua situação. Ele havia escutado, ela percebera pelo seu comportamento arisco. Rony detestava ser um peso, um inconveniente.

— Tome, Ron, segure essa toalha — Hermione estendeu o pano velho que já adquirira uma tonalidade rosada, pelo processo de lavagem repetido por mais de cem vezes.

— Quero q-ue saia, Mion-e.

"O orgulho 'Ronaldiano' de sempre"

Hermione pensou, e não quis contrariá-lo, ele estava muito debilitado, e eles já haviam brigado muito desde a chegada de Rony ao abrigo. A cota de confiança de Hermione já havia se esgotado.

A garota saiu do quarto, e fechou a porta silenciosamente, fazendo questão de ficar o mais próximo possível, para o caso de alguma emergência. Não que pudesse fazer algo muito significativo, ela suspeitava. Nada do que possuía em sua bolsa havia curado Rony, e não era como se ela tivesse acesso à área restrita da Biblioteca de Hogwarts.

Hogwarts estava longe demais para ajudar aqueles que a ela recorressem.

Ela então se sentou em um banquinho que conjurara na semana passada para conversar com Gina sobre os próximos acontecimentos, e o plano de ação para proteger o maior número de pessoas que viessem buscar auxílio. Acariciou a madeira e respirou profundamente antes de soltar todo o seu peso e sua fraqueza no cômodo que ela suspeitava ser uma sala.

A cabana era muito antiga, fora um presente de alguma tia distante de Minerva McGonagall, para quando ela se casasse — o que acabou não acontecendo. Era um lugar confortável e escondido o suficiente, tendo em vista a situação precária em que se encontravam os refugiados nascidos trouxas, mestiços e quem mais buscasse auxílio.

Hermione estava esperando a amiga, de certo modo. Ela e Simas haviam saído pela manhã e ainda não tinham voltado. Não queria estar preocupada, mas era inevitável, com tudo o que estava acontecendo do lado de fora.

O som de Rony engasgando fê-la levantar sem ao menos dar continuidade em seu raciocínio. Correu para o quarto e se deparou com a cena que marcaria o resto de seus dias. Rony estava completamente pálido, como se o sangue lhe houvesse sido roubado, e de fato havia. A toalha estava banhada em sangue e o rapaz arfava, os olhos marejados e a expressão de dor.

— RON! — Hermione teve tempo de segurar a cabeça ruiva, que pendeu sobre os seus braços. — RON! RON! LEVANTA, RON...

Os olhos azuis estavam opacos. E a pele parecia mármore. Hermione o chacoalhou, tomou o rosto do rapaz em suas mãos, e gritou, como se desta maneira ele despertasse de uma de suas famosas sonecas da tarde. Foi em vão.

E ela percebeu que ele dormira, desta vez para sempre.


Notas Finais


¹Fortuna : Numa explicação nem um pouco técnica, segundo a obra de Maquiavel, a fortuna diz respeito aos acontecimentos a nossa volta; em constante mutação, sempre dependendo das ações e desejos de outras pessoas para serem definidos.
São coisas que vão acontecer de qualquer jeito, e estão fora do nosso controle.

—x—

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E lembrem-se : Comentários aceleram atualizações 😏
Sei fazer chantagem emocional também. Hahaha.


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