História Contando Segredos. - Capítulo três.

Quando Nino chegou na padaria viu a mãe de Marinette no caixa. Ela sorriu e acenou para ele. Assim que a fila do caixa acabou ele foi falar com ela.
- Oi, eu sou um amigo da Marinette. Ela esqueceu de me devolver um livro lá na escola então eu vim buscar - Nino improvisou e deu um sorriso simpático. A mãe dela demorou um momento para reconhecer ele, e então ela abriu um sorriso ainda maior. Ela chamou Tom, o pai de Marinette, que estava na parte dos fundos e depois levou Nino para a escada atrás da padaria.
Já lá em cima ela apontou para uma escada e falou com a voz mansa - Pode subir, querido. Mas esteja avisado, ela não está muito bem hoje.
Ele sorriu sem graça.
- Sim, eu sei.
Os olhos de Sabine se arregalaram e seu sorriso cresceu. Ela deu um tapinha nas costas de Nino desejando um "boa sorte" e voltou para a padaria, deixando ele sozinho.
Ele abriu o alçapão curioso.
- VAI EMBORA! - Marinette gritou e um travesseiro acertou o rosto de Nino e caiu inofensivamente no chão, como se estivesse zombando dele - Nino? Desculpe. Não sabia que era você.
- Tudo bem - Nino olhou para o objeto ofensivo e depois olhou para Marinette - Você tem mais munição aí?
Ela bufou divertida.
- Talvez.
Ele sorriu.
- Quem você pensou que era? - Ele perguntou enquanto terminava de entrar no quarto e se sentou ao lado dela na espreguiçadeira, devolvendo a arma do crime. Ela abraçou.
- Meu pai - Ela respondeu automaticamente. Nino ergueu as sobrancelhas pedindo mais detalhes e ela suspirou - Ele não para de ficar no meu pé, sabe... Quer saber o porque de eu estar desanimada.
Nino não achou que poderia ser entregue mais ainda de bandeja para ele do que isso, então decidiu aproveitar.
- Sabe, eu vim perguntar a mesma coisa. O que exatamente aconteceu? Eu tentei falar com a Alya porém ela se recusa a me responder.
- Você falou com ela? - Marinette repetiu levemente preocupada. Um medo irracional dominou a sua mente. E se ela tivesse falado alguma coisa? E se agora o Nino sabia sobre a Ladybug? O que aconteceria? Ela passou de ninguém saber para dois? Como as coisas seguiriam a partir de agora?
- Sim. Não que ela tenha me falado nada - Marinette se sentiu respirando mais levemente.
- E como ela está? - Perguntou insegura.
- Mal humorada e resmungona - Nino piscou um olho com ar brincalhão - Não que isso seja alguma novidade.
Marinette riu. Era bom rir. Por que ela tinha parado de rir mesmo? Ah, é.
- O que aconteceu entre vocês? - Nino perguntou de novo e ela respirou fundo. Ela não podia falar sobre ser Ladybug. Então ela falou seu medo de decepcionar os outros, de não ser suficiente, de não valer apena e todas as suas inseguranças. Principalmente sobre a parte de decepcionar a Alya.
Nino a escutou sem abrir a boca, apenas assentindo e prestando atenção. Marinette precisava desabafar e ele ia escutar.
- Mas isso não será mais problema. - ela estava dizendo - Não vou decepcionar mais ninguém! Então não se preocupe. Só gostaria de ter resolvido isso antes de brigar com a Alya.
Nino assentiu e ouviu enquanto ela continuava. Parecia que ela nem estava mais ciente que ele estava ali, só estava desabafando sem parar. Para ele, no entanto, a resposta era obvia. As duas precisavam apenas conversar. E ele daria um jeito nisso.
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Nino não demorou muito para ir para casa. Quando Marinette se sentiu satisfeita com o desabafo eles conversaram sobre coisas aleatórias e ela até riu um pouco. Ele contou isso como uma vitória.
Marinette levantou preguiçosamente e pegou a caixinha com o Miraculous, observando ele com um olhar triste. Ela subiu as escadas até sua cama e atravessou a claraboia buscando um pouco de ar e sossego para pensar. Ela precisava ter certeza de que estava tomando a decisão certa.
- O que eu faço, Tikki? - Marinette murmurou insegura enquanto girava a caixinha na mão, sentindo o seu peso e passando os dedos nos desenhos vermelhos. Ela gotaria de ter a amiga de volta, mas sua auto-depreciação a impedia de aceitar que talvez Mestre Fu tivesse tomado a decisão certa ao lhe entregar tal poder.
Ela estava tão distraída que nem percebeu que alguém se esgueirou atrás dela.
- Pensando em mim, Puur-cesa? - Ela gritou e olhou para ele. A mão sobre o coração e os olhos arregalados. Chat noir sorriu maliciosamente. Ele passou um tempo olhando para ela. As suas olheiras ainda estavam bem visíveis, mas seus olhos estavam menos vermelhos e ela parecia mais confiante de si, balançando os braços e falando. Ah!
- ...um favor para m-
- Desculpe te interromper, Princesa, porém eu não vim aqui apenas para aproveitar a bela obra de arte que são seus olhos - Ele improvisou e ficou satisfeito quando viu Marinette corar - há um motivo por trás da minha visita.
Marinette acenou com a cabeça esperando pacientemente. Se ela queria que Chat fizesse o que desejava ela precisava, no mínimo, escuta-lo. Não que ela não o escutaria de qualquer maneira. Era meio que o charme dele.
- Um passarinho me contou que você estava meio mal hoje, na escola - Os olhos de Marinette se arregalaram. Como ele poderia saber disso? - O que aconteceu?
Marinette ficou em silêncio por um tempo enquanto considerava suas opções. No final ela achou que já era hora de passar a bola para frente.
- Eu sou a Ladybug - Ela falou abruptamente. Chat Noir arfou suspreso e a encarou confuso - Eu contei para Alya e ela se decepcionou. Eu tinha falado para Tikki - meu kwami - que eu não era a pessoa certa para isso, mas agora eu vou finalmente tomar a decisão certa - Marinette ergueu a mão que segurava a caixinha e a ofereceu à Chat Noir - Quero que você entregue meu Miraculous para a Alya.