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História Cont;nue - Você ainda brilha.


Escrita por: jongfuckin

Notas do Autor


Ayooo, voltei. Mais uma vez empolgada as fuck com o plot e com o retorno que vocês me deram. Eu fiquei muito feliz com os comentários e aaaaaa *surta*

Não vou falar demais dessa vez, só aproveitem bastante a leitura!

Capítulo 2 - Você ainda brilha.


Fanfic / Fanfiction Cont;nue - Você ainda brilha.

12 de Setembro de 2008.

 

Era só mais uma manhã fria na capital e, em como todas as manhãs frias, Baekhyun e Jongin estavam sentados num dos banquinhos do colégio, dividindo uma garrafa de cappuccino que a senhora Byun insistia em colocar na mochila do filho antes que ele fosse para a aula. Não que ele fizesse muita questão, mas era a alegria do amigo quando mostrava a garrafa e os dois copinhos de plástico, então para ele estava tudo bem levar. Jongin adorava aquele cappuccino e Baekhyun adorava ver Jongin deliciando-se com a bebida.

Enquanto aqueciam o corpo com a bebida doce, faziam piada sobre qualquer coisa e conversavam sobre tudo. Eram melhores amigos e, como melhores amigos, confiavam todos os segredos um para o outro. Desde os mais bobinhos até os mais sérios, de sonhos e pesadelos até a briga feia dos pais ou a vontade de assistir pornô e bater punheta às três da manhã. Era por isso que Jongin era a única pessoa no colégio que sabia sobre a admiração secreta que Baekhyun tinha por Park Chanyeol. Não que Jongin achasse isso legal ou gostasse da ideia, porque Chanyeol sempre fora um puta escroto com todo mundo, mas nunca julgou ou repreendeu o amigo. Pelo contrário, só queria que Baekhyun soubesse que estaria ao seu lado, mesmo se ele fosse apaixonado pelo ditador da Coréia do Norte. 

Naquela manhã, Chanyeol conversava com um grupo de amigos no pátio e Baekhyun observava de longe. Deitado no ombro de Jongin, suspirava desolado.

— Será que um dia ele vai olhar pra mim? — Perguntou ao vento, bebericando mais um pouquinho da bebida quente, ouvindo só a risada baixa de Jongin como resposta.

Alguns minutos a mais aproveitando o sol quente no frio confortável daquele dia e, de repente, uma garota baixinha se aproximou, chamando a atenção de Baekhyun ao pronunciar seu nome. Ele conhecia aquele rosto, era uma menininha encrenqueira das séries anteriores. Sooyoung, se bem se lembrava.

— Baekhyun? Você é o Baekhyun? — Ela chamou, meio envergonhada.   

— Sou eu. — Respondeu, finalmente deixando o ombro de Jongin para se sentar direito no banco.

A garota estendeu um papelzinho azul claro em sua direção e sorriu.

— Me pediram pra te dar isso. — E saiu correndo antes que Baekhyun pudesse perguntar qualquer coisa.

O baixinho lançou um olhar questionador para o amigo, que só ergueu os ombros, como se dissesse que não sabia de nada. Então, abriu o papel dobrado, encontrando uma caligrafia bonitinha, os traços fortes indicando que provavelmente não era a letra daquela menina escrita ali, mas sim de um menino.

 

Você tem o sorriso mais bonito do mundo. Por favor, sorria mais.

— ♥

 

Foi inevitável, Baekhyun imediatamente abriu um sorrisão e mostrou o bilhete para Jongin, que sorriu junto a ele.

— Acho que quem queria ver o seu sorriso, conseguiu. — Disse, divertido, fazendo menção aos olhinhos apertados pela bochecha num sorriso que Baekhyun insistia em manter nos lábios. Primeiro porque nunca havia recebido um bilhete como aquele e segundo porque não fazia ideia de quem poderia ter enviado.

Entretanto, quando ergueu o olhar de volta para Chanyeol, o garoto olhava em sua direção. E, ao ver Baekhyun sorrir, esboçou um daqueles sorrisos tão bonitos para si.

 

26 de Novembro de 2016.

 

Baekhyun e Jongin eram amigos desde a infância. Literalmente, chegaram a dividir o berço quando as mães, muito amigas, se juntavam para tomar chá.

Sabiam que seriam grandes amigos pelo resto da vida enquanto estavam no colégio e juraram de dedinho que nada iria afastá-los. Tinham até planos de ir para fora do país, estudar juntos, morar juntos e adotar um cachorro juntos.

Entretanto, a amizade enfraqueceu conforme Baekhyun se aproximava de Chanyeol e praticamente morreu quando começaram a namorar. Baekhyun jurava que Chanyeol sentia ciúmes de Jongin e havia feito algo para afastar o amigo, porque era realmente muito estranho Jongin evitá-lo sempre que tentava conversar. Aos poucos deixou o amigo de lado, assim como ele parecia querer, e se afastaram completamente.

A maior chateação de Baekhyun no dia do casamento foi não ver Jongin entre os convidados, tampouco entre os padrinhos. Jongin sequer havia ido visitá-lo na casa nova.

Baekhyun não sabia dizer ao certo como ou porquê voltaram a ser amigos, mas devia ter alguma coisa a ver com o dia em que ligou para o número há muito não usado na sua agenda, implorando pela sua amizade de volta e insistindo que precisava de Jongin mais do que qualquer coisa no mundo. Já fazia tanto tempo, jurava que Jongin iria ignorá-lo e mandá-lo à merda por isso, mas foi o raio de sol na sua vida como sempre fora e o recebeu “de braços abertos” enquanto chorava por um marido que não atendia às suas expectativas.

Depois de anos, finalmente o veria outra vez. Seu estômago estava até doendo de levinho dentro da barriga, em pura ansiedade, e as mãos suavam, isso porque ver Jongin pela webcam nunca foi a mesma coisa. Baekhyun sentia falta do seu calor. Aquele calor natural que só o amigo possuía e fazia qualquer tempestade virar um dia ensolarado e repleto de alegria.

O frio não estava tão rigoroso naquele dia, então não fez questão de buscar o casaco grosso no fundo do armário. Uma blusa de mangas compridas foi o necessário para protegê-lo daquele clima.

Quando estava terminando de ajeitar o penteado — o qual não ficava como queria, de jeito nenhum — sentiu o celular vibrar no bolso do jeans de lavagem escura. Não precisava tirá-lo dali para saber o que era, mas mesmo assim sacou do bolso e espiou a mensagem na tela. Era Jongin, dizendo que havia chegado e estava esperando-o na frente do prédio.

Com um suspiro nervoso, ergueu as mangas da blusa até os cotovelos e saiu do quarto, pronto para deixar o apartamento. O relógio marcava 11:47 da manhã, sinal de que Chanyeol ainda tinha algumas horas no trabalho, então não teria que se preocupar em avisá-lo ou dar satisfações sobre onde iria.

— Não acredito. — Jongin exclamou, assim que Baekhyun passou pela porta de entrada, caminhando sem jeito na direção do carro que o moreno estava encostado à sua espera, as duas mãos nos bolsos do casaco de frio e um sorriso sapeca nos lábios. — Você cresceu mesmo, tampinha.

— Cala a boca. — Baekhyun riu, finalmente próximo do amigo. — Você cresceu também. Até demais. — Resmungou, notando que o mais novo estava bem maior do que se lembrava e, pra piorar, bem maior que si.

— Ah, vem cá. — Jongin chamou, puxando-o pelo braço para dentro dos próprios, num abraço lotado de saudade. Aquele abraço significava tanto para os dois amigos, que parecia falar por si. Não precisaram fazer uso das palavras para se fazerem entender. “Eu senti sua falta”, “é bom te ver outra vez” e tantas outras mensagens ocultas que só os dois poderiam compreender, envolvidos num contato que há muito não era sentido e que fora tão valorizado naquele momento.

Baekhyun não se limitou a um abraço convencional; apertou mesmo, esmagou o corpo maior que o seu com os braços e chegou a sentir vontade de chorar por finalmente ver o amigo pessoalmente depois de tanto tempo longe. Ele tinha o mesmo cheirinho de torrada com manteiga que se lembrava e quase sorriu ao constatar o fato, mas só o apertou um pouco mais, ouvindo-o rir.

— Sem ar, sem ar, sem ar! — Jongin reclamou, brincalhão, fazendo Baekhyun afrouxar os braços ao seu redor e sorrir, cheio de nostalgia, quando se afastou para encará-lo.

— É sério, você tá muito alto. — Acabou por resmungar cheio de birra outra vez e se soltou do abraço que ainda compartilhavam. — Injustiça.

Arrancou uma risada feliz do mais novo, que fez questão de apertar seu nariz entre os dedos e finalmente contornar o carro para o lado do banco que iria assumir.

— Vem, entra aí. Tô cheio de fome.

 

No caminho, Jongin não parava de desviar o olhar do trânsito para o baixinho, que tagarelava sobre o quanto de bagunça havia recolhido pela manhã, porque Sempre era um cachorrinho arteiro e não deixava nada no lugar dentro de casa. E foi dessa forma, em meio a reclamações banais, gargalhadas por tudo e por nada, piadas que só tinham graça para os dois e um monte de olhares trocados, cheios de significados que bastava um ao outro entender, que Baekhyun percebeu que por mais que tivessem ficado anos afastados, a amizade não havia mudado em absolutamente nada. Instantaneamente sentiu-se seguro por ter Jongin em sua vida.

Teve vontade de puxar Jongin para um abraço de novo quando terminaram de almoçar e estavam só relembrando um dia em que Baekhyun quebrou o carrinho de controle remoto que o moreno ganhou no natal, rindo um pouco mais com a lembrança.

As coisas pareciam mais leves naquela época, Baekhyun desejou voltar no tempo enquanto alcançava uma das mãos de Jongin sobre a mesa e brincava com os dedos alheios entre os seus.

O amigo sorriu com o canto dos lábios diante do carinho repentino e entrelaçou os dedos aos seus, por fim. Apontou para fora da lanchonete com um aceno antes de se levantar e puxar o baixinho junto.

— Quero dar uma volta com você, vem.

 

— Você conseguiu dormir um pouquinho de ontem pra hoje? — Jongin chegou ao assunto, fazendo Baekhyun torcer os lábios ao se lembrar da noite passada. Enquanto isso, caminhavam lado a lado pelo centro da capital, ambos lambendo uma casquinha de sorvete de flocos, o sabor que ainda era o favorito dos dois.

— Acho que dormi por umas duas horas… — Respondeu, sem jeito. — E você? Eu te segurei acordado até tarde, desculpa.

Depois de abaixar a cabeça, Baekhyun sentiu um dos braços de Jongin sobre os próprios ombros e o ouviu suspirar.

— Eu te disse que tô aqui pra você. — Afagou o ladinho do braço e Baekhyun ergueu o olhar em sua direção, vendo-o trocar a expressão meio preocupada por uma divertida. — Você tem é sorte que eu não precisei trabalhar hoje. Imagina que desastre um modelo cheio de olheiras. Eu seria demitido.

Baekhyun riu.

— Você nem tá com olheiras! — Protestou.

— Você tá. — Jongin resmungou, puxando-o pela mão para se sentar ao seu lado num banquinho da praça pela qual passavam naquela hora. — Baek, eu tô preocupado com isso tudo. Tipo, o Park já… Te bateu ou algo assim?

Baekhyun arregalou os olhos diante da pergunta.

— Não! Ei, eu sei me defender. — Cutucou o amigo com o cotovelo, tentando fazer graça, mas não arrancou sequer um sorriso de Jongin. Suspirando, encarou as próprias mãos e lambeu os lábios antes de murmurar, meio triste. — Eu acho que o Chanyeol me dá uma surra todo dia, mas não precisa me tocar pra isso.

Olhou para Jongin e mostrou seu sorriso triste.

— E por que ainda tá com ele? — Soltou, sem hesitar.

— Às vezes ele fica diferente. Você sabe, nos dias em que eu não tô te perturbando e pedindo companhia. — Encostou no banco, se esparramando todo como se quisesse relaxar. Ainda tinha o olhar do amigo preso em si, mas fechou os olhos, sentindo a paz de estar longe de casa por meio segundo. — Eu fico receoso em terminar tudo porque talvez ele ainda possa mudar, entende?

— Não. — Jongin riu sem humor. — Eu não entendo, mas eu respeito sua decisão. — Esticou a mão na direção da de Baekhyun, sobre seu colo, e afagou com carinho. — Espero que até você alcançar essa utopia de um Chanyeol menos escroto, não sofra tanto. Me dói te ver assim, sabe?

Baekhyun abriu os olhos e encontrou os de Jongin, encarando-o com uma preocupação que lhe era evidente até mesmo pela webcam, durante todos aqueles meses. O sorriso pequeno e minimamente contente que moldou seus lábios fez com que voltasse a apertar Jongin num abraço, apoiando o rosto no seu peito com os braços firmes ao redor da sua cintura. Sentiu-se acolhido e protegido entre os braços quentes do melhor amigo e voltou a fechar os olhos, sorrindo por saber que poderiam passar a tarde toda ali, tão confortável era.

Jongin não era apenas o seu melhor amigo. Era o melhor amigo que existia no mundo. De todos os melhores amigos de todas as pessoas, Jongin era o melhor.

Como Baekhyun esperava, ficaram naquele banco durante quase a tarde toda, até que o frio tornou-se mais forte e o baixinho teve de abaixar as mangas da blusa até os pulsos e, mesmo assim, ainda sentia o próprio corpo tremer. Jongin esboçou um sorriso compreensivo e tirou o próprio moletom, deixando-o sobre os ombros do menor, que agradeceu num sorriso sincero.

Quando já era tarde e o celular do pequeno vibrava incessante dentro do jeans — o que ele sequer havia notado e provavelmente resultaria em mais uma briga com o esposo — resolveram voltar para casa, com a promessa de que se veriam mais vezes.

— Eu não quero voltar ainda. — Baekhyun choramingou quando Jongin estacionou frente ao seu prédio, deitando a cabeça no ombro do amigo com um suspiro dramático.

— No próximo sábado a gente almoça junto de novo. O que você acha? — O carinho que recebeu próximo à nuca fez com que Baekhyun fechasse os olhos novamente e sorrisse com a proposta.

— Combinado. — Então, envolveu Jongin num abraço meio torto mais uma vez naquele dia e se despediu com pesar. — Obrigado por hoje… A gente se vê, tá?

— Tá. — Jongin sorriu, concordando e fazendo Baekhyun sorrir ainda mais largo, finalmente saindo do carro e deixando o amigo partir.

 

— Onde é que você tava? — Mal teve tempo de entrar em casa antes de ouvir Chanyeol esbravejar como se alguém tivesse entrado em seu quarto e rasgado todos os seus pôsteres velhos de anime.

— Eu saí. — Baekhyun respondeu, se livrando do casaco e só então se dando conta de que havia esquecido de devolver ao amigo.  

— Saiu? — Chanyeol indagou, rindo irônico. — Saiu pra onde? Com quem, Baekhyun?

— Eu fui almoçar com Jongin. — Respondeu, simplista, indo na direção do quarto para se livrar da roupa e poder tomar um banho. Ainda estava magoado com o que havia acontecido no dia anterior, portanto não faria muita questão de ser gentil em suas respostas. Entretanto, enquanto escolhia o pijama no armário, Chanyeol trancou a passagem quando encostou no batente da porta.

— Jongin? Aquele seu amigo do colégio? — Os braços cruzados e a expressão irada fizeram Baekhyun rolar os olhos.

Ignorou a pergunta ao passar pelo espaço mínimo na porta e acabar empurrando Chanyeol com o ombro antes de se trancar no banheiro. Não estava mesmo afim de brigar naquele dia, ficar com Jongin havia feito tão bem para a própria alma que só queria que o dia terminasse de uma forma agradável. Mas, obviamente, mesmo que fugisse para tomar banho, ainda dormia na mesma cama que o esposo e teria que aguentar a briga depois. Adiar não faria diferença nenhuma.

Quando se despiu e tirou o celular do jeans, viu que havia uma notificação. Jongin havia o marcado numa foto que tinha tirado das mãos, ambas segurando o sorvete que gostavam. Na legenda, “hanging with old friends and saying ‘remember when’.” junto a um emoji de coração e um de sorvete. Baekhyun sorriu, abrindo o chat do amigo.

 

Nossa foto ficou legal. ♥  

Chanyeol tá bravo comigo porque a gente saiu junto.

 

Ele nunca foi com a minha cara.

Kkkkkkkk

Ainda bem que não tô nem aí pra isso.

Mas se cuida, Baek. Não deixa ele acabar com o seu humor, tá bom?

Qualquer coisa, me chama.

 

Baekhyun bloqueou a tela, respirou fundo e tomou um banho demorado, tentando esvair-se de qualquer sentimento ruim que pudesse bloquear uma conversa com Chanyeol. Sabia que ele seria rude, grosso e, como Jongin havia dito, muito escroto, mas precisavam conversar, de qualquer maneira. E Baekhyun jurou que não iria chorar como uma criança dessa vez.

Quando voltou ao quarto, vestido com o pijama quentinho que havia escolhido, encontrou Chanyeol na cama. O celular iluminando o rosto como já era de costume e a expressão mais séria que o normal. Sabia bem que aquilo significava que o marido estava, no mínimo, bastante bravo.

Suspirou baixo e se enfiou nas cobertas ao seu lado. Chanyeol não disse nada e também não seria ele a puxar uma conversa, afinal, antes de tudo, quem estava machucado era ele mesmo, então fechou os olhos e esperou o cansaço de um dia fora de casa dominar seu corpo para cair no sono e esquecer de vez sobre todas aquelas coisas ruins.

— Desculpa por ontem. — Chanyeol chamou sua atenção, fazendo-o abrir os olhos e encará-lo com o rosto sereno. — Ouvi você chorar e tal. Não queria te magoar assim.

Baekhyun pigarreou, livrando-se de alguma coisa gelada na sua garganta e concordou com a cabeça.

— Tudo bem. — Aceitou as desculpas, baixinho.

— Tá bem.

E o silêncio invadiu o quarto outra vez. Baekhyun achou que Chanyeol estivesse realmente arrependido, mas percebeu que não passava de um desencargo de consciência e se sentiu pior do que se o maior não tivesse dito nada.

— A gente vai no cinema amanhã? — Perguntou, depois de um tempo, encarando Chanyeol pela meia luz do quarto e o viu sorrir em sua direção.

— Claro. — Disse, contente, inclinando-se na direção do menor para beijá-lo no topo da cabeça. — O domingo só é bom se eu for ao cinema com você.

E, depois de abraçar o baixinho por cima da coberta, caíram no sono. Assim, abraçadinhos. No final das contas, o sábado acabou parcialmente feliz para Baekhyun. E isso já parecia um progresso na sua vida cheia de caos.

 

03 de Dezembro de 2016.

 

Jongin não levou Baekhyun a um restaurante naquele sábado. Disse que cozinharia especialmente para ele, algo que havia aprendido quando começou a morar sozinho. Baekhyun imaginou algo como macarrão instantâneo com ovo ou coisa parecida, mas acabou sendo surpreendido por um bulgogi delicioso.

Ficou encantado assim que chegou a casa de Jongin, pois era um apartamento incrível. Nada espalhafatoso, tipo uma cobertura no prédio mais alto da capital. Na verdade, era apenas um bairro de classe média, um prédio de dez andares e o apartamento de Jongin ficava no quinto andar, mas, ainda assim, era um lugar muito bonito. Pequeno, mas bem decorado e aconchegante. Jongin tinha até um cachorro! E, melhor ainda; cozinha planejada.

Se Baekhyun tinha um sonho, além de viajar para conhecer a Inglaterra e ver Chanyeol sendo uma pessoa boa para si outra vez, esse sonho era uma cozinha planejada. Ficou abrindo os armários e fuçando as gavetas enquanto Jongin cozinhava a carne para a refeição e suspirava o tempo todo, encantado.

— Jongin, você acha que eu posso virar modelo também? — Fez pose perto do balcão, arrancando uma risada do mais novo. — Sério, eu quero ter dinheiro pra comprar uma cozinha dessas.

— Eu não ganho tão bem assim. — Modesto, deixou as panelas só para servir uma taça de vinho barato para Baekhyun. — E, também, eu sou sozinho. Só gasto com porcaria pra mim.

— Você é sortudo. — Baekhyun rebateu, engolindo uma parte do vinho de uma vez.

— Depende do ponto de vista. Casar pode ser bom, sabe, Baek. Digo... Não com o Chanyeol, é claro. — Cutucou, fazendo graça e Baekhyun riu, sabendo que o amigo estava apenas brincando.

Enquanto Jongin terminava de fazer a comida, o baixinho foi até o sofá e brincou com o cachorrinho na sala. Jogava um pedaço de tecido azul que ele parecia amar só para vê-lo trazer entre os dentes outra vez e, assim, jogar novamente na direção oposta.

Baekhyun sorria e gargalhava com o cachorrinho, lembrando-se de Sempre sozinho em casa. Será que estava tudo bem? Deveria ter levado-o consigo, assim Cappuccino — o nome do bichinho que deixou Baekhyun todo bobo pela homenagem — teria uma companhia para brincar.

Enquanto conversava com o animal, olhando no olho e quase encostando o nariz ao focinho gelado, sentiu-se observado. Desviou o olhar para a porta da cozinha, encontrando Jongin de braços cruzados e um meio sorriso na boca.

— Que foi? — Perguntou, acanhado.

— Nada, é que... — Jongin suspirou, caminhando devagar até se sentar ao seu lado no sofá. — Eu lembro que antes você ria por qualquer bobagem que eu dizia. Ainda é assim, mas... — Riu, sem graça. — Parece mais difícil arrancar um sorriso seu ultimamente. — Baekhyun acabou sorrindo, realmente abraçado pela timidez, e desviou o olhar de volta para o cachorrinho, que mastigava com alegria o pedaço de pano azul. — Ou nem tão difícil assim.

Ambos riram baixo e Baekhyun voltou a encarar o amigo.

— Com você é fácil sorrir. — Disse, sincero. E, como resposta, ganhou um sorriso ainda mais contente do mais novo.

Trocaram conversas bobas durante o resto do dia, Jongin desabafando sobre seu trabalho e sua rotina constante de não poder exagerar em coisas gordurosas e calóricas. Ainda prometeu que Baekhyun iria acompanhá-lo a um dos restaurantes fitness que frequentava, arrancando uma careta desgostosa do baixinho e caindo na gargalhada.

Também contou sobre seus ex namorados e ex namoradas, comentando que nunca havia sentido algo mais profundo que desejo sexual e por isso nenhum relacionamento ia para frente. Por mais que a pessoa com quem estivesse fosse, de fato, uma boa pessoa, era como se não se sentisse bem ou confortável junto de alguém que não amava de verdade.

Baekhyun o presenteou com um abraço apertado, jurando que tudo ficaria bem um dia e Jongin conseguiria encontrar a sua metade. Até jurou que seria bem diferente de Chanyeol, e o amigo fez graça, agradecendo aos céus por isso.

Depois de quase o dia inteiro gasto novamente ao lado de Jongin, Baekhyun voltou pra casa. Não estava tão tarde quanto no sábado anterior, mas foi o suficiente para encontrar Chanyeol com uma carranca na cara e os braços cruzados enquanto via algo na televisão.

— Saiu com o tal Jongin de novo? — Soltou, imediatamente. O tom de voz sério fez Baekhyun respirar fundo, buscando no fundinho do coração a santa paciência que precisava manter para conversar decentemente com o esposo.

— Saí.

Chanyeol ficou em silêncio por um tempo, enquanto Baekhyun se livrava dos sapatos no hall e, quando finalmente entrou no apartamento, a pergunta lhe surpreendeu:

— Você tá dando pra ele? Isso é porque eu não quis te comer naquele dia?

Baekhyun arqueou uma das sobrancelhas e desviou o olhar para Chanyeol, incrédulo de que aquela pergunta realmente era uma pergunta séria.

— Não, Chanyeol, eu não tô dando pra ele. — Respondeu, seco, e caminhou na direção do quarto, sentindo o maior vindo em seu encalço, tentando quebrar mais um pouquinho da paciência que lutava com todas as forças para manter de pé.

— Não? Jura?

— Ele é meu amigo! — Exclamou, com raiva. — Eu só fui almoçar com ele! Você me deixa sozinho a semana toda e agora no sábado também, não posso querer companhia?

— Não tinha ninguém melhor? — Chanyeol cuspiu, cheio de sarcasmo na voz, ofendendo Jongin, o que acabou fazendo com que Baekhyun tomasse as dores do amigo para si.

— Não. Não tem ninguém melhor. — Bateu com força a porta do armário depois de tirar de lá uma toalha limpa para ir tomar banho.

— Se eu descobrir que você tá me traindo com esse moleque, eu… — Chanyeol ameaçou, mas foi interrompido pelo menor imediatamente.

— Chega. — O tom de voz era carregado de raiva da parte de Baekhyun, mas jurou que aquilo era mais uma súplica do que qualquer outra coisa. Só queria que Chanyeol parasse com aquilo. — Sério. Chega.

O banheiro foi o seu refúgio mais uma vez, mas naquele dia deixou-se cair no choro, um choro silencioso e cansado, enquanto a água quente do chuveiro tentava fazê-lo relaxar e a única coisa que Baekhyun conseguia pensar era em como provavelmente jamais conseguiria terminar um dia dentro daquela casa sem se sentir mal.

Ao menos conseguiu sorrir e sentir o coração aquecido quando o celular vibrou numa nova notificação, como no sábado anterior. Desta vez era uma foto dele sorrindo com o cachorro do amigo que ilustrava a tela e o deixava feliz com mais uma legenda carinhosa. “two puppies playing happily together” com mais um emoji de coração e um emoji de cachorrinho ao lado.

 

17 de Dezembro de 2016.

 

Era sábado novamente e, como Baekhyun havia ansiado durante a semana toda, estava com Jongin. Estavam outra vez em seu apartamento e haviam acabado de almoçar quando Jongin tirou de um armário velho as tralhas natalinas. Havia pedido ajuda para o baixinho, que não pensou duas vezes antes de concordar, cheio daquele ânimo sobrenatural que lhe invadia os poros na época do natal.  

Já fazia quanto tempo mesmo desde que arrumara uma árvore de natal? Três, quatro anos? Não se lembrava ao certo, só sabia que o coração estava cheio de alegria por finalmente poder decorar uma.

Cappuccino ia de um lado ao outro com um fio brilhante que havia puxado da caixa cheia de objetos bonitos e prontos para serem colocados num pinheirinho, fazendo os dois gargalharem como duas crianças bobas.

Jongin estava empenhado em deixar a árvore bonita, mas Baekhyun foi o autor de toda a arte que o pinheirinho havia se tornado. Como o maior fã de natal do mundo, deu as melhores dicas sobre como fazer uma árvore maravilhosa, e Jongin acatou todas elas, surpreendendo-se ao final do processo, quando viu que o pinheiro era o mais bonito que já havia montado.

— Por que você montou uma árvore se mora sozinho? Vai chamar alguém no natal? — Baekhyun perguntou, tirando um pouquinho do sorvete com a colher.

Depois de todo o trabalho finalizado, estavam assistindo a um filme engraçado na TV, enquanto dividiam um único pote de sorvete de flocos, com uma colher para cada um.

—  Ué, você tá sempre vindo aqui agora. — Rebateu, fazendo Baekhyun sorrir sem jeito e concordar. — E eu faço isso sempre. Gosto demais do natal pra não fazer essas coisas, mesmo que eu esteja morando sozinho e ninguém venha ver. — Concluiu, imitando o mais velho ao colocar um pouco do doce gelado na boca. Baekhyun, dessa vez, sorriu de verdade. Um sorriso sincero ao perceber que não era o único ao dar toda aquela importância ao natal. Era a data mais bonita do ano, como Chanyeol não conseguia ver isso?! E acabou encarando Jongin com aquela expressão toda abobalhada, num sorriso tão contente que até o moreno teve de sorrir de volta. — O que foi?

— Acho que você é a melhor pessoa que esse universo já abrigou, sabia? — Suspirou, deitando no ombro do amigo, uma mania da infância que não conseguia largar, mesmo quando já eram dois adultos. Sempre sentia-se em paz no ombro do mais novo.

Jongin só riu meio sem jeito e afagou os cabelos de Baekhyun enquanto terminavam de assistir ao filme. Quando chegou ao fim, o baixinho suspirou e se espreguiçou no sofá, dizendo que já estava tarde e precisava ir para casa, antes que Chanyeol surtasse outra vez.

— Eu te levo pra casa. Só espera um pouquinho, tenho uma coisa pra você.

Apesar de meio receoso e curioso sobre o que era, Baekhyun esperou pelo amigo, sentado no sofá e outra vez usando o cachorrinho como distração. Cappuccino e seu paninho inseparável iam para lá e para cá na sala, arrancando risinhos baixos do pequeno quando Jongin voltou pelo corredor do apartamento com uma caixinha azul nas mãos. Tinha um laço da mesma cor e o moreno sorriu ao entregá-la ao menor.

— Eu sei que no próximo sábado a gente não vai se ver porque é natal e você vai ficar lá com o Park, então vou adiantar o meu presente, tá bom? — Disse, um sorrisinho tímido moldando os lábios quando se sentou de novo ao lado do mais velho.

Baekhyun ficou sem jeito e tentou recusar.

— Nem pensar, eu ainda não comprei nada pra você e-

— Não discute, Baek. Você compra algo legal pra mim depois. — Riu, esperando que o amigo abrisse a caixinha para ver o presente.

E assim o fez. Baekhyun se demorou em desfazer o laço para não comprometer a embalagem tão bonita, tirou com cuidado o embrulho azulado e abriu a caixa escura antes de se deparar com uma corrente em aço cheia de pingentes em forma de diamantes.

— Diamantes? — O baixinho sorriu, encantado, tirando a pulseira da caixinha e trazendo-a para perto dos olhos para observar melhor. Era uma peça tão bonita que devia ter pesado no bolso do melhor amigo. Sentiu-se mal por isso, mas as palavras que seguiram sua pergunta fizeram com que se esquecesse de qualquer outra coisa.

— É, diamantes. Eu te vejo como um, então acho que escolhi certo. — Tomou a pulseira das mãos do menor com delicadeza e abriu o fecho para prendê-la ao redor do seu pulso. — Você cai no chão, apanha da vida, e mesmo assim continua lindo. Você continua vivo e brilhando. — Depois de prender a jóia, ergueu o olhar para o amigo e lhe sorriu, cheio de uma sinceridade e um carinho que o deixaram completamente aquecido por dentro. — Nada consegue apagar o seu brilho, Baek. Você é um diamante.

 

27 de Dezembro de 2016.

 

A escolinha em que Baekhyun trabalhava estava em férias. Ninguém queria trabalhar perto do natal, então era óbvio que as crianças ganhariam um descanso extra naquelas duas semanas.

Jongin também estava de folga, havia pedido uma pausa na agência, jurando que voltaria com todo o gás depois do primeiro dia do ano e que valeria a pena uns dias longe do trabalho. Por isso, ele e Baekhyun tinham um encontro marcado durante a tarde naquele dia.

Chanyeol não fez questão de ter férias e Baekhyun estava ficando sozinho durante os dias da semana novamente. Óbvio que as chamadas no Skype continuavam, mas depois de experimentar o que a companhia real de Jongin podia fazer com o seu humor, não queria mais ficar longe por muito tempo. E, além disso, não havia o visto no sábado, já que ficou junto de Chanyeol, assistindo ao show de natal na TV e comendo pipoca.

No domingo não visitaram o cinema, mas trocaram presentes como no outro natal e beijos frios durante o resto do dia. Baekhyun até imaginou se iam para a cama naquele clima desconfortável e estava receoso sobre ter que fingir um orgasmo para deixar o marido feliz, mas não. E talvez estivesse completando mais um mês desde a última vez que haviam transado.

Baekhyun pensava sobre todas as coisas que cutucavam sua mente, um costume que se parecia mais com uma tortura quando ficava sozinho, mas sabia que logo estaria bem. Havia comprado alguns ingredientes no supermercado para preparar um bolo e levar como sobremesa naquela tarde, já que era Jongin quem estava preparando a comida e pagando por aquilo tudo nas últimas vezes que se viram. Além do mais, queria retribuir o presente que cintilava em seu pulso enquanto batia a massa do bolo com algo mais significativo que qualquer coisa material que pudesse comprar no shopping.

Quando Jongin anunciou com uma ligação que havia chegado e estava esperando pelo baixinho na frente do prédio, cobriu o bolo com uma caixinha e desceu até o térreo com medo de derrubar tudo. Por sorte, o amigo veio em sua direção e segurou a caixa do bolo para ajudá-lo.

— O que é isso? — Indagou, curioso.

— Fiz bolo pra gente comer depois do almoço. — Disse, meio receoso. — Da última vez que eu chequei você ainda gostava de bolo de chocolate, então espero que você coma um pouquinho.

— Eu amo! Vou comer pelo menos a metade dele de uma vez. — Devolveu, sincero e brincalhão, arrancando de Baekhyun um sorriso inteiramente grato.

 

Almoçaram uma lasanha congelada, Jongin alegando que não teve tempo de preparar algo já que havia acordado muito tarde e acabou se desculpando por isso, mas Baekhyun não se importava e acalmou o amigo dizendo que estava tudo bem. Até porque estaria mentindo se dissesse que não adorava comida congelada. Principalmente lasanha.

Quando terminaram de lavar os pratos e os copos que usaram, Jongin buscou o bolo no fundo da geladeira e dividiu duas fatias do doce para comerem juntos. Os olhos brilharam sobre a cobertura de chocolate, o bolo tão bem decorado pelas mãos habilidosas do baixinho que Jongin poderia jurar que estava até salivando.

— Ainda não acredito que você fez um bolo pra mim. — Jongin exclamou, cortando um pedaço com o garfo para levar aos lábios e apreciar o sabor. — Hmmm, sério! O que eu fiz pra merecer uma coisa tão boa?

Sua voz saiu risonha e despertou uma felicidade em Baekhyun que não demorou a se tornar um sentimento nostálgico e triste, porque gostaria muito de ter visto aquela mesma reação quando preparou um bolo para Chanyeol, no primeiro aniversário, mas tudo o que conseguiu foi uma crítica e uma nova cicatriz em seu coração.

— Jongin… — O olhar do mais novo alcançou Baekhyun, questionador. — Me dá um abraço?

Sabia que estava prestes a cair no choro e agradeceu aos céus por ter o abraço confortável do amigo para consolá-lo daquela vez. Novamente tinha cansaço em suas lágrimas, mas também tinha saudade, tristeza e uma necessidade quase palpável de receber o amor que gostaria. Baekhyun estava cansado. Cansado de estar casado e cansado de Park Chanyeol. Ou melhor, do que Park Chanyeol havia se tornado.

— Ei, Baek… Você sabe que eu não gosto de te ver assim, tsc. — Jongin disse, tentando acalmá-lo no meio do abraço apertado enquanto afagava seus cabelos escuros e sentia as lágrimas do baixinho molharem seu moletom sem receio.

— Desculpa… — Fungou, afastando o rosto e, em seguida, secando o rosto nas próprias mangas.

Jongin mordeu o lábio, meio incerto sobre o que dizer, mas acariciou o rosto do mais velho só para tentar fazê-lo lembrar-se que estava ali.

Então, algo pareceu iluminar sua mente, até desencostou do balcão da cozinha para soltar a sugestão.

— Sabe, eu acho… Acho que vocês precisam, sei lá, dar um tempo um do outro, sabe? — Começou, o olhar do baixinho alcançando o seu, meio na dúvida sobre o que Jongin queria dizer com aquilo. — Meu sofá tá vazio, eu posso dormir nele por uns dias. Você fica com a minha cama e longe daquele babac-... Fica longe do Park. Só até ele sentir saudade e talvez te procurar pra tentar consertar as coisas. Ele só é folgado desse jeito porque sabe que não vai te perder, Baek. Dá um susto nele.   

Baekhyun moldou uma expressão pensativa no rosto após ouvi-lo. Um tempo longe de Chanyeol… Talvez fosse um sonho bem distante onde estaria livre do clima tenso no quarto, as noites mal dormidas e os pesadelos, as brigas por tudo e por nada. Um tempo longe de Chanyeol provavelmente era tudo o que precisava para colocar a cabeça em ordem e descansar.

E ficar com Jongin nesse tempo… Jongin era o melhor amigo do mundo e supria tantas das suas carências que era quase impossível não desejar sua companhia o tempo todo, mas Baekhyun sentia que estava se aproveitando da alma bondosa que o moreno possuía para seus próprios benefícios e não achou certo.

— Eu acho que não é uma boa ideia não…

— Por que não? — Insistiu. — Se não for por você, então por mim. Eu imploro, Baek. Sai de perto do Chanyeol. Isso não faz bem pra você e não tá me fazendo bem te ver desse jeito também. E, ei — puxou delicadamente o rosto do mais velho pelo queixo, obrigando-o a encará-lo — a gente falava de morar junto quando era criança, lembra? — Sorriu, acariciando o ladinho do rosto que ainda parecia manchado com as lágrimas. — A gente até prometeu de dedinho.

Baekhyun sorriu com o canto dos lábios e, num suspiro, concordou.

 

Quando Baekhyun chegou em casa, disposto a arrumar suas coisas e passar uns dias longe de tudo aquilo que perturbava sua mente e tirava seu sono, Chanyeol ainda não havia chegado do trabalho. Mas sabia que estava bem perto do seu horário, então teria de encará-lo para dar a notícia. O que, provavelmente, seria uma das coisas mais difíceis a se fazer.

Entretanto, Jongin esperava dentro do carro, do lado de fora do prédio. Baekhyun até disse que se precisasse de ajuda, se Chanyeol reagisse de forma violenta, ele ligaria.

Estava perto de terminar de colocar algumas trocas de roupa dentro de uma mochila e prestes a arrumar suas coisas pessoais — material do trabalho, escova de dentes, toalhas, jóias e etc — quando Chanyeol entrou no apartamento, largando as roupas desde a sala até chegar no quarto, como já era de costume. Quando entrou no cômodo, vestindo apenas a calça jeans aberta, encarou as malas que Baekhyun fazia. O baixinho engoliu em seco.

— O que é isso? — Chanyeol perguntou, receoso.

Baekhyun respirou fundo, umedeceu os lábios e coçou a nuca. Ainda não havia pensado no melhor jeito de dar a notícia, então soltou meio incerto:

— Eu vou ficar um tempo longe daqui.

— O que? — Chanyeol alterou o tom de voz, aproximando-se do menor que recuou um passo para trás. — Como assim, Baekhyun?

— Você pode não perceber, mas eu não tô muito bem aqui. — Suspirou, dando as costas para o mais novo para fechar uma das bolsas e terminar de encher a outra. — Preciso dar um tempo... Disso.

— De mim? — Indagou, incrédulo.

— É, de você.

Chanyeol segurou Baekhyun pelo braço quando tentou sair do quarto para buscar a escova de dentes e o desodorante no banheiro, fazendo-o parar no meio do corredor.

— Foi aquele Jongin, não foi? Eu sabia que você tava tendo alguma coisa com ele... — Riu soprado, sem humor algum e Baekhyun estreitou os olhos, negando com a cabeça.

— Não é pelo Jongin. É por você, Chanyeol. Eu preciso de férias de você.

O maior se afastou, tentando processar a informação enquanto Baekhyun terminava de arrumar suas coisas, decidido. Não havia tirado tudo do armário, só o necessário para ficar alguns dias. Talvez uma semana ou menos, já seria o suficiente. Mas sentia o peso do olhar de Chanyeol, culpando-o como se estivesse literalmente indo embora de casa e deixando-o ali, ao relento e desamparado. Se sentiria um monstro e desistiria da ideia se já não soubesse que aquilo era o certo a se fazer. E que Chanyeol não havia mudado em todas as vezes que poderia ter se tornado um marido melhor. Então, não deveria sentir-se culpado por pensar em si mesmo ao menos uma vez depois de todos os anos juntos.

— Pra onde você vai? — Quis saber, quando Baekhyun estava perto de terminar.

Obviamente arrumaria mais dores de cabeça se dissesse que ia ficar na casa do melhor amigo, então suspirou fundo e mentiu. — Vou pra casa da minha mãe.

Por fim, terminou as malas e pendurou ambas nos ombros, encarando o esposo com pesar. Chanyeol parecia abalado com aquela decisão. Realmente abalado. Mas Baekhyun precisava daquilo, precisava muito.

Estava prestes a sair do apartamento quando o maior puxou seu braço novamente. Baekhyun virou-se para fitá-lo, jurando para si mesmo que não se deixaria convencer por qualquer palavra bonita e provavelmente da boca para fora que o marido soltasse.

— O que vai ser de mim nessa casa sem você? — Perguntou e Baekhyun conseguiu ver o pomo de adão dançando em sua garganta. — Até o Sempre precisa de você aqui.

Baekhyun se aproximou, calmo. Encarou os olhos sinceros de Chanyeol e quase sorriu de forma sarcástica por precisar sair de casa para conseguir um pouco da sua atenção e amor. Entretanto, só aproximou-se um pouquinho mais, encostou seus lábios aos do esposo num selar terno.

Não deu tempo para as lágrimas se formarem em seus olhos, se afastou de imediato.

— Até depois. 

Baekhyun saiu pela porta da sala, levando consigo toda a vontade de implorar de joelhos para que Chanyeol mudasse e soltando-a ao vento ao perceber que havia sido corajoso ao menos uma vez.

Sabia que teria seus dias de paz e não se arrependeria nem um pouco disso.


Notas Finais


Por hoje, é isso!!

Vou esperar vocês me contarem se são team Chanyeol ou team Jongin, o que acharam do capítulo e o que estão pensando sobre a amizade do Baek com o Jongin!!

Aliás, o que fariam no lugar do Baek, hein? hehe, quero saber.

Enfim, espero que tenham gostado do capítulo e sigam dando amor a Cont;nue. :(
Até o próximo capítulo! ♥


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