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História Conto de Areia - Capítulo Único


Escrita por: Madison_Mermaid

Notas do Autor


Acho que em nosso país temos visões lindas sobre as Sereias. Uma delas, vêm do Candomblé e sua crença em Iemanjá.
Inspirada pelas músicas de Clara Nunes "O Mar Serenou" e "Conto de Areia", pensei nesse conto, que tem como enredo essa crença na Senhora das Águas. Links para as músicas se encontram nas notas finais.
Pretendo em breve fazer um conto sobre a visão indígena das Sereias, ou seja, a Iara.
Espero que gostem!

Tentei reproduzir de uma maneira fiel como seria contado pelo homem, por isso, peço licença para a gramática.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Conto de Areia - Capítulo Único

Conto de areia

“Painho sempre me dizia que se ele pudesse escolhê como iria morrê, seria nos braço de Iemanjá. E assim foi que se sucedeu. Numa noite de mar brabo, o barquinho de pescaria num conseguiu vencê as onda  e a Mãe d´Água chamou ele pro seu Reino.

Eu era muito novo, só um tiquinho mais véio que ocê quando isto se passô. Mainha ficou triste por demais, mas ela sabia que a hora dele se despedir deste mundo de expiação havia chegado, e que agora ele descansava ao lado de sua Senhora.

Nessa época, essa vila era pequena, era poca famía e todo mundo vivia de pescaria. Nóis morava à beira mar num casebre que hoje em dia nem existe mais, a areia já levou tudo....

Foi na noite que íamo bebê painho, ou seja, íamo bebê à memória dele, que aconteceu o causo.

Ele era um home muito do querido, por isso todos da vila viéro. Alguns tocava tambor, outros puxava cantos e pontos, todos embalados pela cachaça.

Por mais que eu tivesse tentano celebra painho e sua maravilhosa passagem por este mundo de Nosso Senhô, meu coração tava despedaçado, rasgado, em carne viva. Não aguentava fica alí, doía por demais, demais.

Entonce que eu peguei uma garrafa e decidi ir pra um ponto mais quieto da praia. Queria fica sozinho cos meus pensamento e senti meu luto em paz.

Sentei aqui, nessa mesma pedra, e comecei a chorá. Meus oio tava que parecia molhado de mar, meu pai, meu guerreiro, havia ido embora e tudo que eu tinha dele era pedaços de sua canoa que o mar trouxe de volta pra nóis.

Foi quando ela apareceu. Bem alí, ó, aonde as onda quebra.

Não sei se foi por causa do som dos tambor que ecoava lá de longe ou se foi a lua cheia que abrilhava toda vaidosa, tingino a maré de prata, mas eu ví ela saino das água e caminhano até a areia. Bem alí.

Pois ela tinha a pele morena, os cabelos eram longo e pretinho, pretinho, feito a noite! Usava uma coroa de concha e tinha um colar de conta azul e branca que cruzava o peito, feito um xis. E ela tava peladinha, sem nenhuma peça de roupa.

Ela começô a dançá. E dançano ela girava, balançano os braço, requebrano ao som dos tambor.

No comecinho eu fiquei arredado de medo, onde ja se viu, mulecote daquele tamanho com medo de sereia.... dai eu me escondi atras das preda e fiquei olhano ela dançano. Não sei quanto tempo que foi, mas ela dançô, dançô, bateno os pé na água e girano. Até que ela ficou olhano a luz da candeia, que alumiava lá de longe, por um bucadinho de tempo e daí resolveu i simbora.

E ela foi, entrô na água e desapareceu. Eu procurei por tudo que foi lado e num vi mais. Dai saí de trás da preda e fui la na areia vê os passo dela que ficaro tudinho marcado.

Penso comigo que Iemanjá amava tanto Painho que até mandô uma das suas fia vir comemorá a memória dele. Então eu agradeci, "Odoiá minha mãe", e fui me embora.

Nunca contei esse causo pra ninguém... mas eu te juro por todos os santo que se sucedeu, bem aqui, na noite que bebíamos painho”.

O jovem rapaz de quinze anos olhava para aquele senhor franzino de cabelos brancos e ralos não acreditando muito naquela história. Ele sabia que seu velho avô adorava contar um causo, como ele mesmo chamava aquele tipo de conto.

“Ora vovô, quer dizer então que o senhor viu uma sereia sambando na beira do mar?” - perguntou ele, sorrindo e achando graça.

“Pois sim, vi com esses oio que a terra um dia há de comê".- respondeu o velho, com muita convicção.

“Está certo então vovô, vou acreditar nesse seu causo”- respondeu o rapazinho que logo em seguida levantou-se da pedra onde estava sentado e estendeu a mão ao velho - “Vamos pra casa vovô. Obrigado por compartilhar comigo esse seu conto de areia”.

 


Notas Finais


Links: O Mar Serenou: https://youtu.be/drGewMyo00A
Conto de Areia: https://youtu.be/xc3DqY1yoSc

Mais uma original minha com temática semelhante: A mãe das águas
https://www.spiritfanfiction.com/historia/a-mae-das-aguas-22854270


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