1. Spirit Fanfics >
  2. Contos de Amor da Família Weasley >
  3. Hugo Billius Weasley

História Contos de Amor da Família Weasley - Hugo Billius Weasley


Escrita por: AnaLannister

Notas do Autor


VOLTEI! Nem preciso dizer porque sumi, é o de sempre. Espero que não tenham desistido da história. Sugiro as músicas Arms da Christina Perri e 93 Million Milles para escutar durante a leitura. Vejo vocês nas notas finais <3

Capítulo 9 - Hugo Billius Weasley


Fanfic / Fanfiction Contos de Amor da Família Weasley - Hugo Billius Weasley

 

Capítulo 9

Hugo Billius Weasley

 

– Alice Longbottom – chamou o professor Longbottom, que, no caso, era pai dela. 

Ela foi até o banquinho com seus cabelos loiros e bochechas rosadas enquanto eu apenas observava, transbordando em nervosismo. Quando o chapéu anunciou Corvinal, só conseguia pensar em como a Corvinal era legal e eu deveria estar lá. No fim, fui para a Grifinória junto com Lily, minha prima, e Luna, irmã gêmea idêntica de Alice, foi para a Lufa-Lufa. 

Alice era minha primeira amiga depois de Lily, até porque ela era minha prima e não deveria contar como uma amiga que fiz por vontade própria – o grande e forçado contato entre nossos pais nos transformou em dois demônios pregadores de peças. Antes, podia jurar que ela iria para a Lufa-Lufa, então tentava deixar no ar para meu pai que lá era legal. Então, apenas para me contrariar, ela foi para a Corvinal. Enfim…

No primeiro ano, eu fugia da minha Sala Comunal para a dela, na outra torre do castelo. Conversávamos sobre as aulas, Quadribol, nós… Sempre estive tranquilo quanto à nossa amizade: eu era o único amigo dela, e ela a única minha. Luna e Lily não contavam. 

No quinto ano, tudo começou a mudar. Eu e Alice nos tornamos monitores de nossas respectivas casas. Queria entrar para o time de Quadribol, mas nunca parecia haver uma chance. Praticamente todos os meus primos jogavam pela Grifinória, menos eu. Não conseguia entender. Albus, o capitão, preferia colocar outro goleiro ao invés de me escolher logo. Era sempre a mesma desculpa. 

– Você é bom, Hugo, mas é meu último ano e eu preciso ganhar da maldita da Wood. – dizia. 

Além disso, simplesmente do nada, todo mundo parecia ter amadurecido demais, enquanto eu continuava o mesmo. A mais diferente parecia ser Alice. Quando saía, podia ver que ela passava maquiagem e se arrumava mais. Quando um garoto mais velho passava, ela tentava aparecer e se destacar no meio das outras meninas. Quando alguém dos anos abaixo falava com ela, agia como se estivesse conversando com uma criança de três anos, e não um adolescente de treze. E eu sabia que ela não era assim. Não era como as outras garotas. Ela era especial. 

Um dia, perto do Halloween, perguntei à Lily o que estava acontecendo com todo mundo. Acontece que até ela estava assim, o que não ajudou. 

Queria perguntar a James se aquilo também acontecera com ele, mas agora ele tinha dezenove anos, relacionamento sério e um profissão que não o deixava com tempo para trocar cartas com o pirralho. De repente, me senti sem saída. 

Sem nenhum esclarecimento sobre o que estava acontecendo, deixei as coisas fluírem. Alice agia cada vez mais estranho. Felizmente, não demorou muito para descobrir o porquê. 

Uma semana após o Halloween, fazíamos a ronda do sétimo andar juntos, como sempre, claro. Eram quase onze horas, todos já deveriam estar em suas salas comunais. Mas, claro, sempre havia alguém perambulando por aí, seja para um encontro noturno ou apenas para assaltar comida da cozinha. 

Eu andava distraído pelo barulho da chuva que caía lá fora porque sabia que Alice gostava. Tentando prestar atenção em algo, percebi algo que já deveria ter visto há muito tempo. Minha melhor amiga era muito gata. 

Nunca tinha olhado para ela ou Lily (eca, Lily) desse jeito, mas pareceu inevitável quando ela se abaixou para pegar seu relatório que caíra no chão e deixou suas pernas e um pouco de sua bunda de fora. Ok, eu era bem lerdo, admito. Principalmente com garotas. 

Ela era mais baixa que eu, mesmo com os saltos que ela agora calçava. Sua pele era bem clara e ela ficava com as maçãs coradas facilmente. Seus olhos eram verdes, quase cinza, e faziam a combinação perfeita com os cabelos médios muito loiros. Não era uma beleza diferente como Wren, o charme Veela de Dominique ou o sorriso de Roxanne. Eram traços perfeitos demais. 

E, graças a Merlin, eu consegui tirar os olhos dela. Não sei se deixar de olha-la por quinze segundos conta, mas o que aconteceu a seguir me obrigou a encara-la. 

Quando virávamos à direita, logo depois do quadro da Mulher Gorda, um garoto do sexto ano apareceu. Era Matt Finnigan, acho. Não sei porque, mas algumas garotas gostavam bastante dele, e ele nem era isso tudo. Infelizmente, Alice era uma dessas garotas (ou fingia ser, mas isso não vem ao caso). 

Ele olhou para os botões abertos dela, depois para sua boca, me dando uma sensação de enjoo horrível. Queria vomitar por estar vendo aquilo. E, pior, por ver Alice sorrir de uma forma nunca vista antes. Era um sorriso malicioso vindo da Alice. Depois de Luna, ela era a garota mais fofa e não maliciosa que eu conhecia. 

– Finnigan, já passou do horário. Sei que é da Grifinória, mas a regra é dar uma detenção – falei, tentando me recompor. Ergui o queixo e estufei o peito, tentando parecer mais forte. 

Ele me olhou como se eu tivesse dez anos (não era só Alice que tinha essa mania) e sorriu, franzindo a sobrancelha e rindo pelo nariz. 

– Vai fazer isso mesmo, Hugo? – perguntou.

Quando eu ía responder um "sim" cheio de medo, Alice se pronunciou com uma voz que eu nunca ouvi na vida. 

– Eu posso dar a detenção a ele, Hugo. – falou. – Continue a ronda, eu vou só preencher o relatório e te encontro você-sabe-onde. 

Finnigan me lançou um olhar convencido, como se dissesse "parece que vou sair bem nessa, não é?". Eu fiquei envergonhado e senti minhas orelhas arderem, denunciando tudo o que eu sentia – menos a náusea. Isso minha cara verde deveria estar deixando óbvio. 

Sem eu mesmo concordar ou responder, Alice saiu andando em frente com ele, enquanto eu fingi caminhar para o lado oposto. Porém, apenas dei alguns segundos e segui para a direção deles. O corredor parecia vazio, mas não silencioso. Ainda era possível ouvir o barulho de chuva e de… vozes. 

Parei em frente ao primeiro armário de vassouras daquele corredor e tentei escutar o que se dizia lá dentro. 

– O que está esperando, Longbottom? – era Finnigan.

– Ah… não sei – respondeu, parecendo nervosa. 

– Eu sei que você é virgem, já está bem na cara. Não precisa fazer isso, só uns amassos estão ótimos. – disse. O enjoo voltou com tudo nessa hora. 

– Eununcabeijei – murmurou Alice, mas eu a conhecia muito bem para entender tudo o que falava. Até tínhamos nossa própria língua! 

Ouvi a risada de Finnigan e soube como ela estava se sentindo. Agora estava óbvio porquê Alice agia daquela forma. Ela queria passar a impressão de que já tinha ficado com vários caras, mas nem um beijo sequer ela tinha dado. Até eu já tinha beijado alguém e ela não. 

– Acho que teremos que resolver isso – falou. 

O único som que podia ser ouvido era o da chuva, e então o de alguém batendo contra a parede, barulho de beijos e respirações ofegantes. Sem conseguir me segurar, vomitei no chão, tentando desesperadamente limpar aquilo com a varinha. 

Quando eu terminava de limpar todo o vômito, a porta do armário se abriu. Alice saiu de lá com os cabelos bagunçados, a boca vermelha, a blusa amassada e a saia para cima. Seu olhar foi frágil e ameaçador, o que significa que ela não notou que eu havia vomitado. 

– Não conte a ninguém sobre isso, Hugo. Só finja que nunca aconteceu. – mandou. Seus olhos lacrimejavam, cheios de arrependimento. – Termine a ronda para mim. Você consegue, não é?  – sua voz se tornou mais fina, quase desaparecendo. – Depois eu compenso para você. – antes que eu pudesse responder, ela terminou: – Até amanhã, Hugo. 

(…)

Se havia um dia em toda minha existência que não dava para esquecer, era aquele. Não conseguia mais olhar para Finnigan da mesma forma, muito menos para Alice. E, oficialmente, eu precisava incomodar James para falar sobre isso. 

Para minha grande sorte, teve passeio a Hogsmeade pouco tempo depois. Era cruel para James precisar largar a namorada para falar com o pirralho (vulgo eu), mas minha amizade com Alice estava em jogo. Não podia simplesmente perder ela para um maldito padrão. 

Como ele não estava me esperando, segui a Malfoy para descobrir onde James estaria. Onde ela estivesse, ele estaria também. 

A Sonserina foi seguindo até o lugar mais óbvio: o Trêe Vassouras. É, acho que o Madame Puddifoot não fazia muito o estilo deles mesmo. 

Meu primo estava numa mesa escondida, bem no fundo do pub. Esperei um tempo até aparecer. Ambos sorriram ao se encontrarem, seus olhos brilharam e eles se abraçaram. Algum tempo de beijos e conversas depois, cheguei mais perto, o suficiente para que James me visse. 

Ele logo desviou o olhar para mim, segurando a namorada pela cintura. 

– Hugo? – chamou. 

– James – cumprimentei-o, um pouco sério. – Preciso de ajuda. 

Só que eu não ía falar nada com a Malfoy ali. 

– Podem conversar, eu já volto – ela disse, fazendo menção a se levantar, mas James a segurou, afagando seu cabelo. 

– Não precisa ir. É muito sério, Hugo? 

– É – respondi. 

– Eu confio nela com a minha vida – disse. – Senta aí e desembucha. 

Emburrado, me sentei com eles, sendo encarado pelos dois. 

– Vocês conhecem a Alice Longbottom… – comecei, mas fui interrompido. 

– Sua namorada, certo. – disse a Malfoy. – Vocês são um casal bonitinho. 

Se eu estivesse bebendo cerveja amanteigada, teria cuspido tudo.

– Namorada? – perguntei, incrédulo. – Alice não é minha namorada. 

– Certeza? – perguntou James. 

– Até você? Sim, muita certeza. – respondi. – Posso continuar? Valeu. 

Revirando os olhos e se entreolhando, os dois seguraram a risada e me escutaram.

– Ela mudou muito de um tempo para cá. A maioria do meu ano também, mas Alice está realmente muito diferente do que eu estava acostumado – disse. 

– Você quer dizer que agora acha ela gata? – perguntou. 

– Sério, James? – me irritei. – Eu não disse isso.

– Não disse, mas pensou, Hugo. – falou. 

– Vai à merda, James – reclamei. – Vai me ajudar ou não? 

Bufando e possivelmente desesperado para eu deixa-los lá para que continuassem o encontro, ele pareceu ter se perdido nos olhos da Malfoy, que foi envolvida num quase abraço. 

– Explique-se, gafanhoto – disse, afagando o cabelo da Malfoy. 

Eu devia contar tudo logo, não é?

– Estávamos fazendo ronda e encontramos um garoto fora da cama depois do horário. Então, eu disse que daria detenção a ele, mas ela saiu com ele para "dar a detenção". 

– Já sei como termina – avisou.

– Não, não sabe. Eu segui eles até o armário de vassouras em que estavam. O garoto queria transar com ela, James! 

– É isso que garotos querem – disse a Malfoy. – Sexo e Quadribol. 

– Ei! – James fingiu estar ofendido. 

– Você virou uma excessão, James. Agora quero saber o final da história. – me olhou, interessada. 

– Alice disse a ele que nunca tinha nem beijado, então ele foi tirar o tempo perdido dela. Ouvi as costas dela batendo contra a parede e… argh, foi nojento. Eu vomitei e ela logo saiu de lá. Acho que queria chorar, mas Lice só foi para seu dormitório e pediu para eu não contar isso para ninguém. 

– E agora você está contando para nós. – riu James. – Tudo bem, vou ficar sério. O que você sente por ela? 

Aquilo era uma pergunta complexa demais para meu eu de quinze anos. 

– Fiquei com nojo ao vê-la se submetendo àquilo. Senti ciúmes ao perceber que alguns garotos olhavam para ela. Fiquei bem idiota quando ela se abaixou e deu para ver sua bunda. E agora estou confuso porque ela já é incrível, não precisa ficar abrindo todos os botões da blusa para alguém gostar dela. – desabafei, aliviado. 

– Sinto lhe informar, Huguinho, mas você está com uma doença grave – disse. 

– Doença? 

– É! Mais grave até que Varíola de Dragão.

Malfoy olhou para ele, suspirando. 

– James quer dizer que você está apaixonado – falou, olhando o namorado com reprovação. – Amor não é doença. 

Eu? Apaixonado por Alice? Merlin, eu estava perdido. 

(…)

Uma semana depois de James jogar na minha cara o que realmente estava acontecendo, eu estava mais perdido do que nunca. Não conseguia olhar Alice sem lembrar das palavras que eu escutara no Três Vassouras. Então aquilo era amor? Se sim, eu definitivamente precisava acabar com aquilo. Não podia simplesmente jogar anos de amizade pela janela só porque eu estava "doente". Porém, ao mesmo tempo que odiava aquilo, não queria que ela ficasse com mais ninguém. Ainda sentia o impulso de bater em qualquer idiota que tentasse algo com minha melhor amiga. 

Naquela madrugada de sábado para domingo, fui acordado – milagre, aleluia irmãos – pelos barulhos dos garotos do dormitório. Olhei o relógio ao meu lado e precisei piscar algumas vezes para, de fato, enxergar algo. 

– São quatro da manhã, qual é o distúrbio mental de vocês? – perguntei, irritado. 

Eu dividia o quarto com mais quatro garotos: Henry Foster, Jim Gutierez, Dylan Campbell e Robb Kendrick, mas não era muito próximo de nenhum deles. 

– O pessoal está chamando todo mundo importante do 5º ano para jogar Verdade ou Consequência na sala de Adivinhação – respondeu Dylan, colocando uma blusa e abrindo a porta. – A Valentina Sparks vai estar lá, cara! 

Valentina Sparks era a garota mais popular do 5º ano, a que todos os garotos desejavam. A Sonserina conseguia até garotos muito mais velhos que ela, como quando ela, no terceiro ano, ficou com Adam Blackwood, do sétimo. Boatos diziam que já tinha até transado com um dos professores que vieram de Durmstrang para o intercâmbio no 3º ano. 

– Acha mesmo que ela olha para você, Campbell? – perguntou Jim.

– Se a Longbottom olha para o Hugo, então até Iris Malfoy olha para mim – respondeu. Tinha muita coisa errada naquela frase. 

Primeiro, eles eram meio que loucos por Iris, a namorada de James, porque ela era modelo de uma grife bruxa. Segundo… 

– Calma, qual Longbottom? 

– Alice, óbvio – respondeu. – O que eu quero dizer é que ela é muito gata e fala com você, então não é muito difícil conseguir ela ou uma das amiguinhas. 

Sem palavras para expressar com eu queria arrancar a cabeça deles. 

Irritado demais, troquei de roupa também e tentei me ajeitar. Eu iria jogar aquele jogo estúpido e entender o que merdas estava acontecendo naquela escola. Eu sei, devia dar detenção a todo mundo porque eu era um monitor, mas eu fiz a besteira de ignorar meu cargo. Merlin, minha mãe com certeza me espancaria se me visse fazendo aquilo. 

Ao chegar à Sala de Adivinhação, encontrei as pessoas de sempre. Acho que realmente todo mundo "popular" estava lá (incluindo Alice, Luna, Lily e Valentina Sparks).

A sala era a mesma de sempre, mas sem os móveis, e todos – mais ou menos umas 20 pessoas – estavam sentados para formar um círculo. A garrafa no centro deveria estar enfeitiçada, supus. 

– Não podiam ter escolhido um lugar menos empoeirado? – perguntei, me sentando entre os garotos. 

As meninas – vulgo as Longbottom e as amigas – riram, mas pararam assim que Valentina começou a falar. 

– Nosso verdade ou consequência é um pouco diferente. Uma pessoa vai girar a garrafa e vai perguntar para quem a garrafa indicar. Você pode escolher: verdade, desafio ou sete minutos no paraíso. Se tiver escolhido verdade uma vez, não pode repetir, e o mesmo vale para os outros. Caso queira trocar na hora, pode pedir, mas isso só pode acontecer uma vez por pessoa. Quem não quiser fazer nada, tira uma peça de roupa. – explicou, deixando a maioria bem assustada. Senti o olhar de Alice em mim, preocupada. – A garrafa está enfeitiçada. Quem mentir, tira mais peças de roupa. Para garantir que nada sairá daqui, todos devem colocar suas varinhas aqui no meio e fazer um juramento. Se algum de vocês explanar o que aconteceu aqui hoje, sofrerá as consequências. 

Foi estranho. Nós, de fato, fizemos um juramento para garantir que nada sairia dali. Eu não queria de jeito nenhum saber o que aconteceria se alguém contasse o que aconteceria naquela noite. 

O jogo começou com Valentina girando a garrafa, que parou em Campbell. 

– Verdade – falou. 

Sparks sorriu de forma perversa e, sem nem precisar pensar, perguntou:

– É verdade que Callie Fawcett tem a entrada pequena? 

Merlin, coitada da Callie Fawcett. Ainda bem que ela não estava ali. 

– É – a garrafa ficou verde, fazendo a Sonserina sorrir. – Minha vez.

Campbell girou a garrafa e eu quase tive um ataque quando ela parou em Jim por centímetros. 

– Desafio – pediu. – Pode mandar um bom!

– Escreva uma carta à Harriet Jones só com gemidos e palavras eróticas – sem palavras para descrever a cara das pessoas ali. Só eu achava aquele jogo uma palhaçada? 

Depois que Jim escreveu a carta e guardou para envia-la quando o jogo terminasse, a garrafa foi girada novamente, parando em Lily. 

– Verdade – disse, pouco confiante. 

– Qual é o nome do garoto que você ama? – perguntou. 

– Eu vou mudar para desafio – falou, fugindo da pergunta. 

– Então beije seu primo. – mandou, acrescentando: – De língua.

Confesso, eu estava sonolento a essa hora, mas essa frase me fez acordar. Olhei minha prima, desesperado. 

E, quando achei que ela se levantaria para me beijar, ela apenas tirou a camiseta que vestia, ficando de shorts e um sutiã preto rendado. Argh, Lily. 

Suspirei aliviado. Eu não estava nada preparado para beijar Lily. Quer dizer, eca!

As rodadas foram passando, passando e passando, dando oportunidades para eu descobrir muita coisa que eu jamais imaginaria e ver desafios bizarros, como engolir caca de coruja e lamber manteiga do umbigo de um garoto da Corvinal. Alice atendeu ao desafio de dançar em um poste por trinta segundos, mas perdeu a blusa ao mentir que não era virgem e os shorts ao mentir que já tinha ficado com mais de 5 garotos . Eu precisava me controlar, mas o sutiã vermelho dela não ajudava. Depois disso, tentaram novamente me fazer beijar Lily (qual era o problema deles?), me fazendo tirar a camisa. 

E eu não tinha palavras para Valentina. Ela já estava de calcinha e sutiã, um conjunto minúsculo e rendado vinho. É, era verdade tudo o que diziam sobre ela. Acho que a soma de Lily, Luna e Alice ainda não alcançava a quantidade de busto que ela tinha. 

Foi quando as coisas começaram a complicar (novamente). Valentina tinha acabado de beijar Campbell quando a garrafa parou em Alice. 

– Sete minutos no paraíso, Longbottom – falou, rindo. – Você e… Weasley! Por que não? 

Xinguei todos os palavrões que conhecia mentalmente. Aquilo só podia ser brincadeira. 

– Vai perder a lingerie, Longbottom? – perguntou. A verdade era que Valentina era a maior vaca que havia naquela escola. Não porque ela ficava com a Terra inteira e metade de Marte, mas porque ela sabia como ferrar a vida de alguém. 

– Vamos, Hugo – chamou, levantando e corando com os assobios dos garotos olhando seu corpo praticamente descoberto. 

Nós entramos no armário de vassouras que havia dentro da sala. Pouquíssima luz, nenhum relógio. Estávamos colados um no outro. Eu conseguia sentir sua respiração e o calor que vinha de sua pele tão facilmente quanto me perder em seus olhos verdes. Meu coração acelerava e eu simplesmente não conseguia falar nada. 

– Só sete minutos, Hugo. Está tudo bem – disse, tranquila. – Valentina é ridícula. 

– Grande novidade – ela revirou os olhos, rindo. – Somos amigos, não é? Vamos conversar – sugeri, preocupado com a minha incapacidade de resistir a fazer uma besteira tremenda. Não havia nem vinte centímetros de distância entre nós, o que me impedia de desviar o olhar (seria bem estúpido observar as vassouras velhas). 

– Como vai o Quadribol? – perguntou. 

– Ah, mais ou menos – respondi, pensando a todo instante o que eu faria. – Albus está meio compulsivo, ele quer vencer de qualquer jeito. Acha que não dá para ganhar a taça comigo no time, já que a Wood é muito melhor que eu. 

– Taylor Wood? – assenti. – Eles realmente se odeiam, não é? 

– Rose odiava o Malfoy e olha como eles estão agora – bufei. Por um momento, achei que fosse derreter de tanto calor que fazia ali dentro. 

– É, isso é verdade – considerou. – O amor vem de lugares bem… – procurou a palavra certa. –… inusitados. 

– E como vem – murmurei, mas ela ouviu. 

– Está apaixonado, Hugo? – perguntou, rindo com um pouco de nervosismo no fundo. 

– Sinceramente? Não sei metade do que estou fazendo com a minha vida – respondi. – Talvez eu devesse parar de pensar demais. 

– E no que está pensando agora? – perguntou, chegando um pouco mais perto de mim e me levando até a parede. Ela deu um passo, eu dei outro. De repente, eu estava colado nela, e ela na parede, apenas de lingerie. Merlin, me ajude. 

– Em péssimas ideias – respondi, suando frio. Minha mente gritava para eu me afastar e não fazer nada, mas eu tinha um talento nato para ferrar com tudo. Eu estava prestes a acabar com a minha mais verdadeira amizade. 

Então, meu rosto estava quase encostando no dela. Seus olhos verdes brilhavam e eu podia contar cada sarda que ela tinha perto do nariz – detalhe: eu usava óculos, mas eles não estavam ali. 

– Não vou te matar se você fizer o que está pensando – sussurrou. Ao fim da frase, sua voz morria. 

Criei coragem rápido demais. Um segundo após sua voz parar de soar, segurei seu rosto e sua cintura delicadamente e beijei-a. Tentei não pensar que ela estava semi-nua ao segurar mais sua cintura e passear minha mão pelo seu quadril, sentindo muitas coisas ao mesmo tempo. 

Alice era delicada e suave como uma boneca. Ela passava aos mãos pelo meu cabelo e pescoço, fazendo tudo o que eu tinha ali se arrepiar instantaneamente. Ao percorrer a espinha dela, tive certeza de que Alice também estava arrepiada. Desde pequena, ela era a pessoa que mais sentia cócegas no universo e se arrepiava por tudo. 

A felicidade durou realmente pouco tempo. Quando ouvi a porta sendo escancarada e me separei de Alice, descobri que tinha algo pior que os quintanistas verem aquilo: o pai dela ver aquilo. 

Em um pulo, nos separamos e tentamos nos ajeitar, mas foi em vão, até porque o senhor Longbottom já devia ter visto tudo. Ah, Merlin. 

Alice estava vermelha como um pimentão, combinando com minhas orelhas que queimavam de vergonha, desespero e medo. O pai dela, nosso professor de Herbologia e grande amigo dos meus pais, quase deixou sua varinha cair, abrindo a boca e ficando sem palavras. Atrás dele, todos os quintanistas já haviam sumido, o que abria portas para o professor Longbottom pensar o que quisesse. 

O mais provável era que ele estivesse pensando que estávamos fora da cama no horário proibido para fazermos sexo, mas nossa intenção não era essa. 

– Alice – murmurou, em choque. – Vá para o meu quarto agora e coloque uma roupa. Weasley fica aqui. 

Eu engoli em seco. Estava triplamente ferrado. Primeiro porque eu estava fora da cama às quatro da manhã. Segundo porque Alice estava de roupa íntima e eu estava sem camisa, o que mudava toda a cena. Terceiro porque aquele era o pai dela. E não tiro a razão dele. Eu provavelmente surtaria se visse minha filha daquele jeito com um moleque que eu achava ser super inocente. 

Quando Alice saiu cabisbaixa, pegando sua roupa do chão, seu pai me fez sair do armário. Encarei a sala vazia, suando frio. 

– Eu posso explicar tudo – falei, tentando não piorar as coisas. 

O olhar severo dele caiu sobre mim, me assustando. 

– Encontrei a senhorita Sparks voltando da Ala Hospitalar, liberada pela própria Madame Pomfrey. Ela disse que ouviu barulhos e veio ver, encontrando você e minha filha agarrados e nus na Sala de Adivinhação. – caralho, Valentina. 

– O quê? – perguntei. – A Sparks disse isso? Ah, não acredito… 

– Vou te dar uma chance para explicar tudo o que aconteceu, Hugo, por consideração aos seus pais. Não minta. 

– Os meus colegas de dormitório acordaram e me chamaram para virmos aqui jogar Verdade ou Desafio. Foi muita irresponsabilidade me juntar a eles, eu sei. Como monitor, era meu dever impedi-los de vir, mas não consegui fazer nada. Então, viemos e encontramos mais gente, incluindo Sparks, Luna, Alice e muita gente do nosso ano. Na versão do jogo de Valentina, existe ainda o "Sete Minutos no Paraíso" e a perda de roupas por mentir. Alice mentiu suas vezes, por isso teve que tirar a blusa e os shorts, ficando do jeito que o senhor a viu. Eu me recusei a fazer um desafio, então tirei a camisa. Valentina escolheu que fôssemos para o armário juntos. Nós fomos e o que aconteceu não foi nada do que o senhor está imaginando… se o senhor não aprovar, fingirei que nada aconteceu. Foi só um beijo. Mas preciso dizer que Alice é muito mais que uma melhor amiga para mim. Jamais faria algo para deixa-la triste ou prejudica-la. Eu assumo toda a culpa. Deveria ter dito para ela ir embora antes de começarmos a jogar. 

Quando terminei de falar, quase sem ar, senti a pele do meu braço começar a queimar. Ao olhar, toda a extensão estava vermelha e com feridas abrindo e escorrendo sangue. Gritei por causa da dor, fechando os olhos e procurando minha varinha. 

– Hugo, o que está acontecendo? – perguntou, confuso. 

– Sparks nos fez jurar que não contaríamos o que aconteceu hoje a ninguém. Acho que isso era para ser a consequência de contar – respondi, tentando reverter aquilo com um feitiço. 

No fim, levei três meses de detenção e consegui resolver o problema do braço. Alice levou o mesmo tempo e, em palavras dela, precisou ter uma conversa muito séria com o pai – afinal, ele pensava que a filha seria a última pessoa a concordar em jogar aquilo. E, felizmente, Valentina quase foi expulsa, mas seus pais conseguiram manter-la na escola, sofrendo detenção até o final do ano letivo. 

As coisas estavam estranhas entre mim e Alice. Ela apenas fingia que nada tinha acontecido entre nós, mas pelo menos voltou a ser a Lice que eu conhecia. Preferia que as coisas continuassem assim do que tentar algo a mais novamente e dar tudo errado. 

Um tempo depois, McGonagall nos alertou sobre o Baile que aconteceria em maio em homenagem à vitória da Guerra Bruxa. E, como castigo e nossa função como monitores, eu e Alice pegamos trabalho extra e tivemos que ajudar em toda a decoração. Enquanto isso, o resto dos monitores (menos Lily, preciso admitir que ela era dedicada) ficava sentado e mentia ao dizer que estavam trabalhando. 

Alice foi convidada por quase dez garotos, mas recusou todos. Cada vez que um chegava para chama-la, eu ficava desesperado e fazia a mais honesta das rezas para que ela continuasse recusando. Eu precisava de realmente muito tempo para criar coragem e fazer o que deveria ser feito. Até pensei em pedir mais conselhos a James, mas ele provavelmente não me aguentava mais. 

Então, finalmente decidi que era a hora. Daquele dia não poderia passar. 

Teria aula de feitiços com a Corvinal, o que significava que podia fazer dupla com Alice. É, Lily, você foi abandonada. 

O professor Flitwick falava um monte de coisas sobre feitiços para alegrar que eu simplesmente não entendia – aquilo entrava por um ouvido e saía rapidinho pelo outro. Eu só conseguia prestar atenção em Alice. Cada pequeno detalhe dela me dava uma vontade desesperadora de sorrir como um bobão. A forma como ela mexia a mão para anotar as palavras no pergaminho. A mania dela de sussurrar letras de músicas enquanto fazia suas notas. Seu jeito de estreitar o canto dos olhos e torna-los duas enormes circunferências verdes para enxergar melhor o quadro. O biquinho que ela fazia quando estava boiando na matéria. A forma como ela erguia a mão cheia de vergonha e tirava dúvidas por mim porque me conhecia o suficiente para saber o que eu estava entendendo e o que eu não estava. O olhar irritado que ela dava aos garotos atrás de nós que tiravam sua concentração. Seu tom de voz muito grosseiro ao me mandar calar a boca e prestar atenção, porque "eu não vou ficar levantando minha mãozinha só para você ficar vegetando a aula inteira". Essa é Alice Longbottom, a garota mais grossa e fofa do meu universo.

Após a terceira vez que eu perguntei à Lice como era o movimento da varinha, ela agiu do jeito de sempre. Conseguia ser fofa até quando suas palavras eram várias facas sendo enfiadas no coração de alguém. 

– Se você perguntar essa merda de novo, eu vou enfiar essa varinha pela sua garganta, Hugo Weasley – ameaçou, irritada. 

– Então posso perguntar outra coisa? – perguntei, me segurando para não cair na gargalhada. 

– Isso já é uma pergunta – revirou os olhos. 

– Quer ir ao Baile comigo?

(...)

Eu estava lá. Dia 2 de maio, esperava Alice aparecer fora da Sala Comunal da Corvinal com seu vestido preto longo tomara-que-caia. Enquanto a maior parte das garotas parecia engolida pelo tom, a cor só ressaltava mais sua pele e cabelos muito claros. 

– Eu até tentei entrar e te esperar lá dentro, mas a pergunta que a maçaneta fez foi pesada, então achei melhor ficar aqui mesmo – falei, depois refletindo sobre como eu deveria ficar quieto e parar de passar vergonha. 

– Sem problemas – sorriu. 

– Ah, você está linda. Quer dizer, você é linda sempre, mas hoje está mais…

– Hugo – chamou, me fazendo parar de falar por um instante que durou apenas segundos, pois ela, de fato, me calou. 

A última vez que tínhamos nos beijado fora há três meses, no jogo da maldita Valentina Sparks – por acaso, ela foi proibida de ir ao Baile, pois foi pega com bebidas dentro de Hogwarts. Eu senti saudade daquilo. De Alice respirando perto de mim, dos dedos dela passando pelo meu cabelo, de segurar a cintura dela e ter a sensação de que jamais a deixaria cair. 

– Vamos – falei, caminhando em silêncio até o Salão Principal. 

Acenamos para Lily, que estava em pé e sozinha no meio da pista de dança. Luna e seu par dançavam da forma exótica que só eles conseguiam. Além dos alunos, também estavam lá ex-alunos recentes como meus primos, James e Fred, que dançava com uma garota loira de cabelos curtos. 

A decoração estava realmente bonita – claro, pois foi feita por mim e Alice. Ela parecia perdida em meio a tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo: sua banda favorita tocando, Lily olhando o nada com cara de perdida e James e Fred jogando pique-pega no meio do Baile. 

– Ei. Eu ainda estou aqui, Lice – avisei, segurando seu rosto.  

– Eu sei, Hugo – respondeu. – Vamos dançar? Eu sei que você dança mal, mas…

– Está dizendo que Hugo Maravilhoso Weasley dança mal? Vai se arrepender, Alice Augusta  Longbottom. 

Ela se arrependeu. Não de dizer que eu danço mal. Sim, eu realmente danço mal até hoje e fiz o favor de quase pisar no pé dela dez vezes. O arrependimento deve ter sido de me chamar. 

– Hugo, você é terrível! – exclamou, rindo. – Se tivesse pisado no meu pé, era um homem morro. 

– Pelo menos eu morreria vendo seu rosto irritado – falei, deixando-a ainda mais nervosa. 

Vendo que ela me perseguiria, comecei a correr pra fora do salão. Ela caminhava com dificuldade por causa dos saltos atrás de mim, gritando meu nome e rindo alto. 

Só parei de "correr" – andar rápido, eu diria – quando percebi que ela estava cansada demais para continuar, o que aconteceu nas escadas que se moviam. 

– Você é ridículo, sabia? – disse, fazendo biquinho.

– Admita que ama isso – murmurei, encostando-a no corrimão. 

– Não – respondeu, mentindo. 

Quando as escadas se moveram, nossos corpos se esbarraram. Minha mão foi para o local de sempre e logo senti a boca dela contra a minha. 

– Ok, eu menti. Eu amo isso – sussurrou. 

– Ama o quê? – perguntei, me fingindo de ingênuo. 

– Você, Hugo Billius Weasley. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


O que acharam? Qual é o próximo capítulo que vocês querem: Victoire, Roxanne ou Louis? Comentem aqui <3. Até mais!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...