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História Contos do corpo - Madness


Escrita por: peacefulover

Notas do Autor


oizinho bolinhas de algodão,

Boa leitura, XOXO!

Capítulo 19 - Madness


Clarisse estava sentada naquele mesmo banco daquela mesma praça havia mais de uma hora. corpos apressados e enérgicos passavam, fugindo da chuva que vinha. poças d'água traziam reflexos sutis do balançar das árvores. o céu cinza coberto por edifícios de ofícios em contraste com o verdejar fresco das folhas lhe trazia uma paz que, de fato, não existia. e pode parecer que, como os românticos idealistas do século XIX, estou romantizando a natureza só porque quero que você entenda Clarisse. mas, na verdade, não me importo com o quanto você se importa com o que Clarisse sente. minúsculas gotículas vinham de algum lugar do alto e apavoravam pessoas e seus cabelos perfeitos, mas não à Clarisse. cada centímetro de pele do seu corpo arrepiado, de olhos fechados, absorvendo todo o frio que era capaz de sentir, toda a vitalidade que queria lembrar ter. parecia não mais haver. a música, ultrapassada e abandonada pela sociedade imediatista que passa por seus olhos, tocava no fone enquanto o momento melancólico dançava acompanhado ao pensamento fraquejante de despropósito. ela estava ali, paralisada, à mercê do mundo, boiando sobre águas de ocupação, preocupação humana efêmera e íntima, ela estava ali, indiferente, frígida, sentindo o que acontecia e concebendo cada viver como uma ponte para o irrealizavél e inexistente. ao perceber o mundo como desproporcional para o sentir se absteve de qualquer sentimento forte demais, nada dignava-se ao seu sofrimento profundo e sensível ou a sua extrema felicidade ligeira. tudo é corriqueiro para a gente daqui. então Clarisse, finalmente, começou a viver, um recomeço muito mais triste e amargo, mas que lhe cabia a sabedoria de existir sem mergulhar, sem se afogar nas águas bombeadoras da mediocridade mundana. Clarisse estava acorrentada em um mundo onde se sentia mais livre que todos os outros e, talvez por isso, mais triste. as gotas da chuva já não eram tão inofensivas e machucavam, encharcavam, fazendo com que Clarisse tivesse que fugir e, veja, como todos os outros estaria submissa ao comum, portando sobre a cabeça regras para agradar a humanidade massacradora. e sua lição final foi que, mesmo liberta, ainda estaria acorrentada e, portanto, perduraria em viveres comuns, sentires corriqueiros. esse é o assombro de sua vida. angústia carnal e psíquica. definhar indolente da razão. loucura. Clarisse morreu nesse dia. (mas ainda trabalha naquela empresa longe de casa)


Notas Finais


espero que tenha gostado,
até o próximo, XOXO.


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