O garoto olha em volta desesperado após todos os seus amigos terem ido embora e ele sentir o desconforto da solidão voltar aos poucos, porque tão fraco? Incrível como era possível alguém tão forte se sentir tão fraco, alguém sempre rodeado de todos se sentir tão sozinho, alguém tão aberto e feliz se sentir tão infeliz dentro de uma concha. Ele estava se transformando em uma concha, fechada, protegida, porém quando invadida mostra seu lado mais bonito, para ninguém ver a sujeira, a absorção que ela faz daquilo tudo.
Não, isso não se trata de conchas, se trata de pessoas, pessoas-concha. Todos somos. Nem sempre queremos ser. As pessoas me obrigam a ser. Obrigam você?
O garoto se senta no meio-fio da calçada e olha para cima, para o brilho acima de si, para os corpos no céu tão solitários quanto ele, há bilhões de quilômetros de distância e que de longe parecem tão próximos, de longe todos parecemos tão próximos de algo bonito, de longe tudo é perfeito, mas ninguém se atreve a chegar perto, ninguém consegue. Às vezes porque falta oxigênio, às vezes porque é muito longe, às vezes porque é desconhecido demais, assustador demais. Nós somos estrelas, nós brilhamos, cores diferentes, intensidades diferentes, mas tão distantes, alguns de nós já morreram e apesar disso brilham mais que muitos outros, todos vivemos no passado, solitários, explodindo ou implodindo, é bonito de qualquer jeito quando se vê ao longe, mas todo brilho, toda beleza custa caro. O garoto estava cansado de implodir, cansado de brilhar só de longe, ele quer brilhar para si, quer ser um fenômeno, quer todas as estrelas próximas de si, do jeito que deveria ser. Mas ao fim de uma noite não sente mais, só quer deitar, porque nada faz sentido e isso martela em sua mente o tempo todo, "Qual o sentido disso?" se pergunta, mas não encontra, nunca encontra e isso o deixa de mãos atadas, tão perplexo, sem sentimentos, é um buraco negro, está morto, mas todos podem ver seu brilho. Você ainda brilha?
Ele se sente tão mal, mal de uma forma arrebatadora, se sente mal em dobro porque é um garoto e garotos não sentem essas coisas, mas ele sente e não sabe se isso o faz especial ou ridículo. Ele se sente ridículo. Isso o faz querer correr até mesmo de seus amigos, momentos vazios com pessoas que só vêem seu brilho de longe, ele é muito mais que isso, mas ninguém sabe. Quando vão saber?
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