Olhando para o céu, a Menina, pequenina e ingênua, percebe que tudo é passageiro, uma estrela cadente sem rumo, lanternas de automóveis rápidas na chuva, uma flor que brota e seca. A vida é curta e pequena, neste momento ela se pega pensando que em um segundo vai crescer e estar deitada nessa mesma situação, pensando na brevidade da vida. Como tudo é frágil, em um momento temos dez anos e no outro já temos setenta e dois. Em um momento somos ágeis e bonitos e no outro estamos lentos e enrugados. Não que seja pior, mas a cada ano a Vida passa mais rápida pelos seus olhos, a cada ano a Vida te faz enxergá-la com mais lentidão. Que ironia. Suas mãos tremem e seus olhos se enchem d'água com esse pensamento. Mal sabe ela se existe Céu e Inferno, não faz ideia de onde saiu, como pode ter certeza de para onde vai? Perturbada, entre lágrimas, o quê está fazendo com a sua pequena gota na chuva de pessoas? A Menina não passa de uma gota, todos são gotas, gotas caindo ao mesmo tempo, vidas batendo brutalmente contra o chão e se desfazendo em nada.
Não parece errado vir e ir como se fosse turismo? Uma viagem demorada, mas tão rápida. A pequenina não quer ir embora, gosta de sua estadia. "Ela é tão ingênua", as pessoas dizem. Mas mal sabem as pessoas que esta menina é tão mais completa que todas elas. Se sente vazia de vez em quando, quando a Tristeza vem abraça-la ou quando acontece de a Vida lhe contar mais uma história breve que se acabou, mas sempre teve esperança, sempre sorriu e isso é tão especial quanto ser ingênua em um mundo maldoso. A Menina gosta de poesia, cantou para sua mãe antes de dormir, sua mãe tão perturbada, tão machucada pelo Mundo. A Menina escreveu um poema para você. Deite-se e acalme seu coração, não deixe que o Mundo te perturbe e te machuque como fez com a pobre mãe da Menina (ele não faz por mal).
Haviam dias que te via chorar,
Mas não queria olhar,
Pois tu, tão precioso amor
Que vive apenas em dor
Tira-me o sorriso,
Tira-me a esperança,
Deixa-me em prantos,
Faz-me escrava dos anos.
Era difícil se controlar ao cantar para sua mãe e no final, sufocada com suas lágrimas, dava boa noite e se jogava em seu quarto. O que as lágrimas faziam em seu rosto? Nada justificava seus pensamentos conturbados, seu choro descontrolado, nada justificava o nó no alto da garganta e muito menos a perdição que é a vida. O quê é a vida? Era mais que sofrimento, vazios e perdição. Todos os perdidos estão tentando encontrar seus caminhos, mas todos encontram a Morte, porque toda estrada nos leva ao mesmo destino. Quão deprimente isso soa em sua mente. Acho que ela ao menos queria entender e tudo que ela sabia era que naquele momento só chorar poderia livrá-la da dor. Dor da incerteza. Dor da Vida.
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