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História Contos Queer - Sua mulher, aliás...


Escrita por: wkd

Capítulo 1 - Sua mulher, aliás...


Fanfic / Fanfiction Contos Queer - Sua mulher, aliás...

Ela estava ali em minha frente, a água da chuva gelada pingava de suas mãos que tremiam e eu não sabia se era de frio ou medo. Não hesitei em deixa-la entrar, aliás, ela já estava dentro há muito tempo, tempo o suficiente para enraizar-se em mim. Ao vê-la assim com lágrimas nos olhos e lábios emudecidos não me contive em pensar naquele dia seco e angustiante em que a conheci. Seus gestos e ideais ainda eram como de uma senhora aristocrata espanhola, seus lábios grandes pareciam nunca terem sido beijados e seu olhar nunca havia se conectado por nenhum outro, bom, pelo menos era a impressão que dava ao vê-la tão silente ao lado do homem que provavelmente dormia com ela todas as noites e talvez até tocasse em seu corpo todas as noites. Venho de uma viagem eterna, passando de países em países até que eu finalmente entre em minha última viagem, aquela que todos temos que fazer um dia. Do contrário do que muitos dizem, a morte é quente e doce, não que eu tenha experimentado desta literalmente, mas aquele gosto que senti ao beijá-la pela primeira vez não era nem um pouco amargo, mas era de morte. Seus traços delicados e responsáveis gritavam sobre os meus grosseiros e despreocupados. Suas perguntas sobre minhas tatuagens e seus significados era o momento perfeito para o toque em minha pele. Seus olhares tímidos revelavam o que o homem que estava ao seu lado nunca havia visto, era o melhor dela. Nossas noites juntas ao som de Zero, a canção que ela havia me indicado após nossa primeira transa, aliás, que transa. Seu vestido rodado e florido caindo sobre seus pés descalços, seu cabelo desprendendo-se de amarras sobre seus ombros marcados pela alça do sutiã, algumas sardas que enfeitavam toda sua pele macia, seu óculos quadrado jogado no chão como uma peça qualquer. Corpo quente, respiração pesada e o mel, o mais delicioso mel que existe. O primeiro contato entre minha boca ávida e seu pescoço nu e cru, o cheiro do perfume caro e a corrente de ouro que o envolvia. Aliás, não houve uma parte dela que eu não havia tocado com todo meu amor, deixava meu rastro todas as noites e nela ficava o dever de escondê-los em sua casa já sem graça e vazia. Seu corpo nu sobre minha velha cama, naquele velho quarto em um velho apartamento alugado no pior bairro da cidade, aliás, agora aquele era o bairro preferido dela. Os almoços que fazíamos na presença do digníssimo, além das idas ao banheiro e minha mão em seu íntimo saciando o desejo da minha antes que alguém nos pegasse no alto da vontade. Ela sabia que não funcionaria, ela sabia que não íamos conseguir continuar com ela relação gostosa e nova, ao menos para ela, por muito tempo. Ela escutou o marido gritar palavras de baixo calão ao notar aquelas marcas em seu corpo, finalmente o dia em que tudo foi exposto e o bufão finalmente percebeu que não era o único, ou talvez nunca fora aquele que tirou o fôlego dela, mas o erro dele foi pensar apenas na palavra outro, neste sentido de gênero mesmo, jamais cogitara uma outra. Sua mulher revelava-se uma comunista, não uma capitalista como imaginara. Revelava-se, aliás, uma feminista após anos de submissão. Revela-se uma pessoa inteiramente aberta ao amor de mãos habilidosas, talvez as mais habilidosas que eu já havia experimentado. Sua mulher se revelava agora sua ex-mulher, e depois de aparecer em minha porta só com as roupas do corpo e um olhar de quem sentia minha falta, sua mulher agora e pra sempre haverá de ser a minha mulher.


Notas Finais


Até a próxima brisa minha ;D


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