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História Contra O Mundo - Tabuleiro


Escrita por: Uchiha_Sayto

Notas do Autor


Eae pessoal? Tudo beleza?

Primeiramente desculpas a demora, eu tive alguns problemas tanto técnicos envolvendo meu computador, tanto pessoais envolvendo uma infecção pesada que me derrubou e me deixou de cama alguns dias. Pra quem se importa, os problemas já foram resolvidos, mas vamos pro que interessa.

AIII VAAAAAAI

O

SAMURAAAAAAAAAAAAI

Capítulo 41 - Tabuleiro


Fanfic / Fanfiction Contra O Mundo - Tabuleiro

Arton, 1403, Bad land’s, Deheon

 

 

Após o confronto a estrada e as carruagens foram muito bem vindas, estavam debilitadas, avariadas, mas ainda assim eram a melhor coisa que poderiam ter naquele inicio de dia, vinho e rum era compartilhado de mãos e mãos, cansaço era a coisa mais comum entre todos os presentes, Nichaela tentava recobrar os últimos ferimentos, as bênçãos já haviam se esgotadas, e só seriam recobradas caso obtivesse oito horas de sono, o grupo conversava amenidades enquanto os odres eram compartilhados, o sentimento de satisfação após a vitória era algo palpável , até mesmo as rochas do terreno instável da Bad’lands que tornavam-se menos constantes conforme avançavam em direção a Bielefield se tornavam menos incômodas, Rhys, Gaav e Dante bebiam sem moderação, trocando farpas pelos cálculos de números abatidos, já que a amazona conseguiu abater mais que o loiro uma vez que entrara no combate mais tarde, Irvin e Nefrítis aproveitavam do vinho mas estavam entrosados em outra conversa junto com o samurai e Lorena, apenas Embla estava alheia, tomava leves goles enquanto olhava o sol da manhã, escaldante em toda sua formosura, seus pensamentos eram totalmente voltados a uma situação exata, voltavam a cena em que o moreno erguia-se alheio aos ferimentos que deveriam ser fatais, lembrava-se da garra do dragão que por poucos centímetros não rasgara o corpo do mesmo ao meio, podia ver a ponta da garra pelo outro lado o trespassando violentamente, e minutos depois ele estava lá de pé, atacando o monstro dracônico diversas vezes, ainda havia ferimentos expostos e ainda podia ver por trás do corpo do assassino, mas parecia que apenas ela notava que os ferimentos estavam piores no momento que foram realizados e continuavam se fechando automaticamente sem nenhum efeito, esperou até que ele voltasse a emergir da carruagem, ele fora trocar as vestes já que as que ele estava foram completamente rasgadas pelo ataque violento do dragão. Assim que ele ergueu-se da segunda carruagem e fez menção de atravessar para a outra, que já estava suficientemente lotada, a ruiva atravessou o caminho o empurrando de volta para a carruagem de trás, cada carruagem cabiam seis pessoas mais duas em cada extremidade de fora, seja como cocheiro ou guarda, e as demais serviam para levarem as coisas, a segunda carruagem em específico abrigava as armaduras e armas, bolsas e malas de viagem, roupas e tudo mais que poderiam, do chão tocos de madeira erguiam bustos feito do mesmo material para manter as armaduras, quatro erguiam-se desta forma, a O-Yoroi de Iorin, uma linda armadura feita de pequenas placas de aço interligadas por nós de couro coloridos na cor rubra, junto com o saiote de aço as botas e o elmo raramente usado pelo samurai, era a armadura mais bela do conjunto principalmente pelo tigre estampado em verde em seu peitoral, ao lado vinha a Loriga Segmentada de Gaav, aço bruto cor de bronze, grosso e pesado, feito simples de um peitoral de tiras de couro horizontais sobrepostas que cobriam  desde a base da cintura até pouco abaixo do pescoço parando quatro dedos abaixo do ombro, a parte de baixo formada por um saiote feito de tiras de aço e as botas blindadas, acompanhava a esquerda a armadura do loiro, composta de placas de couro fervido sobre anéis interligados de aço que formavam a cota de malha que protegiam-lhe do pescoço aos joelhos. E por ultimo estava a armadura de Rhys, a mais cara e mais pesada, uma armadura típica de cavaleiros completa de placas de aço sobrepostas sobre todo o corpo para a proteção, sob as camadas de aço um colete acolchoado, fivelas e correias para distribuir o peso.

 

Sem nenhum sinal de vida a maga iniciou seu questionamento. — Retire a camisa. Agora. — O assassino a encarou com a tez franzida como alguém que não entendia o que lhe era pedido. — O ferimento, mostre-me! — Imediatamente ele engasgou, e sem escolha ergueu a camisa mostrando o local onde o dragão havia o atingido, dos três grandes ferimentos apenas o maior ainda estava aberto, um deles já sumira completamente o outro mostrava-se uma marca de cicatriz que sumia lentamente em frente aos olhos da ruiva e o maior não estava maior do que um ferimento de punhal, o ferimento era quase do tamanho do torso de Sayto e o atravessara agora não parecia mais que fora atingido por uma faca, e ainda via o ferimento remexer-se enquanto carne costurava a si mesma enquanto o corte minguava a cada segundo. — O que raios é isso? — Indagou Embla voltando o olhar para ele, imediatamente ele buscou lugar para sentar-se encarando-a severo. — Eu fiz uma promessa e um trato de não mentir para você, mas sei que há informações que te colocariam em risco, uma vez que a partir do momento que as obtiver jamais poderá negá-las ou dizer que as desconhece. — Ele suspirou fechando a entrada da carruagem atrás da mulher ele voltou ao lugar a frente da mesma puxando a luva da mão direita com certa dificuldade. — Mas o que de fato aconteceu eu não tenho idéia... O que posso lhe informar é que, pelo que acho isso é o responsável — A frente da mesma mostrou a mão direita onde havia o artefato lhe dado, a indagação surgiu pela face da mesma de uma forma tão espontânea que nem houve como disfarçar. — Uma aliança? — A indagação surgiu na face dele de imediato, voltando o olhar para o dedo médio onde o artefato estava. A face de curiosidade fez a devota de Tanna-Toh prosseguir. — Sim, uma aliança, simples e fina, algumas inscrições rúnicas mágicas sem utilidade, gravadas no próprio material ou em relevo, mas pelo material esse é usado por alguma Deusa, como Wynna ou... — Sua frase foi cortada imediatamente pelo moreno quando deu-se conta do que era. — Tenebra, óbvio.  — A pergunta do que era óbvio viria e seguida mas a meio-elfa rompeu o questionamento ao bater na pequena porta e a abrir colocando para dentro uma cabeça exausta e cansada, enquanto olhava a situação, o homem tratou de esconder a mão direita, se ela notou não transpareceu em nenhum momento. — Sayto, está ferido?  Está tudo bem? Como se sente? — Mesmo para Nichaela aquele tratamento para com o moreno era estranho na visão da maga, que o encarou tentando decifrar algo quando ele lhe lançou um olhar duvidoso, depois da curta troca de olhares, e a voz do mesmo ecoar na mente da ruiva dizendo que daria um jeito ele voltou a atenção a devota de Lena. — Estou bem, Embla já usou algumas preces de Tanna-Toh em mim antes, já estou me recuperando. — Por algum motivo a terceira a carruagem pendeu o olhar de volta em Embla, devido o fato que a clériga não podia mentir, de inicio a ruiva tentou esquivar-se pensando em algo, mas, a afirmação dada por Sayto era completamente cabível e ambígua, de fato, ela já havia usado preces de Tanna-Toh nele em outros tempos, ele estava bem e estava se recuperando, não havia nenhuma mentira na frase apenas uma má interpretação,  com uma concordância muda voltaram a ficar a sós na sala.

— Não me obrigue a encobrir suas mentiras, e como assim óbvio que seja Tenebra? E o que tem de relação dessa aliança com a regeneração? — O moreno voltou a fechar a porta esperando Nichaela voltar para a carruagem da frente, assim que estavam longe das palavras voltou a se sentar. — Porque ela mesma que me entregou isso, na forma de Avatar claro. — Embla estagnou encarando-o de olhos arregalados. — Como assim? A própria Tenebra desceu e lhe entregou isso? Por que? Como? E porque você fala como se já tivesse contato com ela antes? Quando? Porque não disse nada a ninguém? — A enxurrada de perguntas fizeram o moreno encarar novamente a janela da carruagem, ao longe podia ver o inicio do verde de Bielefield, com a proximidade o céu cinzento tirou um pouco o brilho do sol e só então deram-se conta do quão quente estava, poucos minutos sob o céu cinzento Bielefieldiano e logo uma leve chuva despencou amenizando o calor e lhes levando o cheiro de terra molhada, Sayto voltou o olhar para ela suspirando. — Certas coisas, eu não posso dizer, porque nem mesmo eu sei, na noite em que Rhys juntou-se a nós, ela veio até mim e me entregou isso, pediu para que guardasse até sentir que era hora de entregar-lhe ao dono verdadeiro, quem é? Faço menor idéia, e sim eu já a vi antes, eu era jovem e muito verde para entender qualquer coisa, ela surgia em meio a noite, com trajes provocantes, sorrisos sugestivos e gestos ambíguos e eu fazia diversas tarefas aos seus pedidos sem ganhar nada em troca. Sempre caindo em uma ou outra teia de movimentações de peões numa intriga entre Deuses grande demais para minha mente humana... A pior parte desse anel é... — Ele segurou um grasnar ao lembrar-seda cena — Aqueles mortos, aqueles corpos aquelas... Coisas, eu os ouvia Embla, os ouvia de verdade, não como vocês não aqueles sons irritantes, eu ouvia suas almas Embla, os gritos, os lamentos, era horrível todos ecoando em minha cabeça em uma só voz, animados e forçados a lutar contra vontade, alguns ainda presos a forma violenta de morte urravam e esperneavam de dor, mas nem todos foram formados por magia negra, havia também aqueles que viraram esqueletos por maldade pura, crueldade, autores de crimes tão hediondos que não podiam pagar em morte e mantinham-se em uma não-vida para espiar os pecados, algo tão grotesco, alguns sequer pareciam se arrepender apenas tinham vontade de manter a vida de matanças em uma vida não natural e hedionda... Era só isso que queria saber? — A maga estava empalidecida, conforme ele falava os sons vinham na mente dela, um eco apenas uma parte do que estava com ele, sentia a sensação de agonia, desespero, mal-estar, uma inquietação que fazia arrepiar os pelos da nuca de uma forma estranha, fazia subir um frio pela espinha e uma sensação horrível que insistia em permear o local, a mesma assentiu para a pergunta dele enquanto ele dirigia-se a frente da carruagem passando por ela que ainda mantinha-se em estado de torpor pelo que passara ali. — Sei que não sou santo, e um dia pretendo pagar pelo que fiz, se conseguir viver suficiente para isso... Mas, se eu não puder e perecer na metade do caminho, faça um último ato de bondade por alguma memória boa que tenha de mim, ou apenas por misericórdia de alguém que viveu remoendo-se de seus atos. Se eu morrer e virar um morto-vivo, destrua-me sem hesitar. — Ele terminou a sentença retirando-se firme para algum outro lugar onde pudesse ficar sozinho, e a maga agradeceu por isso, precisava de tempo para assimilar o que acontecia, entender o que ocorrera e transcrever de forma que pudessem entender por uma carta.

 

Após a refeição de meio dia, empurraram carne assada temperada com canela e empurraram com rum e deixaram o corpo pender para sonolência, se acomodaram como puderam distribuindo-se pelas carruagens de forma aleatória, três conseguiam dormir em cada uma com relativo conforto, dois em cada extremidades de bancos e um no chão de madeira que fazia a carroça, a estrada de Bielefield por mais que tivesse certos danos pela lama feita pela leve chuva era bem melhor que o solo da Bad’lands, então era bem mais fácil para o sono, a chuva leve amenizava e muito o calor que perdurava no dia da primavera em que se seguia, e pouco a pouco adentravam mais a planície do reino dos cavaleiros, os cavalos eram guiados por Sayto, que evitava dormir e aproveitava o tempo para ficar mais afastado, até que a meio-elfa saiu da carruagem meio receosa, e pisando leve para não acordar ninguém que dormia pesadamente, sem muito receio sentou-se ao lado do moreno segurando a base do vestido contra a brisa que batia em tempos em tempos, lançando dedos gelados pelo corpo junto com algumas gotas de chuva. — Você devia dormir. — Nichaela pronunciou no habitual tom leve, que fez o moreno retesar todo o corpo e uma das mãos instintivamente irem para as adagas que repousavam a cintura, após ver que era a clériga o mesmo resmungou uma praga baixo e voltou a atenção a estrada. — Vá você, estou bem. — Ela ameaçou um toque no pulso dele, o vendo recuar o braço, evitando o toque dela, fazendo a mesma recuar a mão. — Sim, sempre está, tanto que nem me notou chegando, quantas vezes você abaixa a guarda? Não dorme a pelo menos quatro dias,  você não é de ferro. — O mesmo prontamente a ignorou, fazendo-a suspirar cansada. — Ei, dá pra me escutar? Eu estou tentando cuidar de você, de todos vocês. Pode por favor me ouvir e ir dormir? — Ele permaneceu severo encarando a chuva. — Não vou conseguir, me deixe continuar de guarda, e durma, você precisa de oito horas de sono para restabelecer as magias divinas, não pense que sou tão tolo quanto Dante ou leigo como Iorin que não entendo disso, você já está mais que esgotada, apostaria uma mão que não pode mais curar, e mesmo assim quer aparentar forte para que ninguém suspeite, faça o favor, vá dormir, eu ainda posso lutar, você não pode usar magias. — Após a sentença a outra emudeceu-se e assentindo retirou-se para um dos leitos.

 

A chuva mantinha-se incessante enquanto Azgher começar a perder seu tempo de governo sobre os céus Artonianos e ceder espaço para Tenebra, num magnífico crepúsculo que tingia os céus de púrpura e de laranja num equilíbrio colorido extremamente belo, mesmo sob a chuva, a estrada empossada faziam sons estranhos mesclados ao som das pesadas gotas atingindo a estrada, estavam a dez horas na estrada de Bielefield e começara a anoitecer, a grande maioria já despertara de seu sono adiantados pela batalha que tiveram pela madrugada, que a essa altura já parecia que foram-se a dias atrás, alguns já estavam acordados a algum tempo, como o caso de Embla e Lorena, acostumadas a dormir apenas o estritamente necessário para recobrar as energias místicas que abasteciam as magias, nem cinco minutos a mais nem a menos, conseguiam controlar exatamente as oito horas de sono e mais a ação diária de confinarem-se em estudo e diagramação de magias e símbolos arcanos intrincados e complexos que permaneciam em suas memórias até o momento que fosse requisitado, e então sumiria como se fosse algo completamente incompreensível para uma mente humana, outra que já estava no exercer quando os demais começaram a despertar era Nefrítis, que avaliava armas e armaduras do grupo —com a permissão deles ou não— e reparava um ou outro eventual dano, e passava o resto do tempo cuidando de seu bastão,  cada uma em suas funções separadas dos demais, as magas recolhiam-se na terceira carruagem onde levavam mantimentos enquanto a guerreira permanecia a segunda. O assassino permanecia irredutível na cocheira mantendo os cavalos na estrada até que Dante emergiu entre bocejos e espreguiçares. — Ei, vai pra dentro, eu assumo. — Em resposta recebeu um olhar pelo canto dos olhos frio o suficiente para fazê-lo desistir, mesmo vendo tamanha exaustão estampada na face do mais novo. — Embla já acordou? Preciso falar com ela, urgente, e chame Irvin para tomar o posto, ele conhece mais a estrada. — Dante o encarou com a tez franzida desde quando ele dava ordens? Suspirou irritado voltando-se para procurar pela ruiva, e avisando o feiticeiro que estava junto da menor integrante do grupo que ele deveria tomar as rédeas. Lorena, Dante, Iorin, Nichaela, Gaav e Rhaenys divertiam-se trocando histórias na primeira carruagem tranquilamente quando o moreno interrompeu a conversa passando como um morto-vivo por entre eles, sem dirigir uma palavra a ninguém de uma forma visivelmente abatido deixando um leve cochichar pelas costas quando passou enquanto tentavam entender o que acontecera.

 

Sayto adentrou na carruagem em que Embla o esperava inerte encarando a chuva atingindo a lama por onde as carruagens passavam, no ultimo lugar coberto tinha uma visão ampla e silenciosa do solo por onde passavam e da retaguarda da caravana, mas seu precioso silêncio que a lançava em uma melancolia tão adorada fora quebrado assim que os passos de quem fez o pedido para que tivessem um diálogo a sós romperam a carruagem, o homem mal entrou na carruagem e a fechou e desabou sentado, a ruiva virou-se para ele de imediato vendo-o encarar o teto com uma feição exausta, abatida e frágil, até um pouco doentia. — O que foi? O que tinha de tão urgente para falar comigo que necessitava de tamanho sigilo que fosse apenas para mim? — Mesmo com tanta fragilidade, a frase da maga fez um sorriso débil surgir nos lábios do outro. — Talvez por conta que você pode simplesmente destruir minha cabeça de dentro pra fora, me fazer ficar igual uma verdura, ou uma cabra, ou galinha, ver tudo que vejo, voltar e ver e saber tudo que vi, pensei, senti ou ouvi. Talvez tudo isso deixe mais fácil, mas a verdade é que não consigo confiar em ninguém da forma que confio em você, desculpe por isso, mas você será o alvo de qualquer descarga de algo que precise contar, mas que tema que isso afete o grupo de uma forma negativa demais... No máximo viajaríamos sete quilômetros e meio por hora com essas carruagens, eu não sei muito da geografia Deheoniana faço minhas desculpas e nem por isso darei números concretos, mas, seria impossível mesmo a grifo atravessar a Bad’lands em horas como fizemo-nos. Algo ou alguém poderoso quer que cheguemos logo, e isso está me parecendo muito estranho, Fenris mal desce pra brincar, parece que notou isso bem antes de mim de qualquer forma, fique de olhos abertos também, tenho quase certeza que alguém está lançando magias de teletransporte enquanto todos estão dormindo, ou nos faz dormir para lançar magias de teletransporte, e não há ninguém com mais poder mágico nessa quase companhia militar mercenária que você, talvez Lorena, mas não confio nela, como não confio em nenhum Forsetti, então por favor fique de olho na carruagem. — Embla o encarou com a tez franzida, analisaria cada caso depois, entenderia o por que não confiava em nenhum Forsetti, mas aquilo era informação demais para a mente da maga de uma só vez, repassou calmamente cada palavra que ele dissera e depois devolveu. — Como assim, não há ninguém no grupo com mais poder mágico que eu?  Irvin é um feiticeiro, verdade, mas ele ainda tem mais poder mágico bruto, Lorena pode não saber tanto das teorias e práticas e nem ter um leque tão vasto mas é uma evocadora mais poderosa que eu facilmente, e você ainda que seja um mago do combate é um mago do combate de alto nível, podem investigar isso tão bem quanto eu. Se for uma missão eu jamais recusaria meu clero e minha devoção para com Tanna-Toh não falha e jamais faria falhar, mas não jogue como se fosse responsabilidade minha.

 

Ele riu roucamente encostando-se em uma das paredes da carruagem enquanto ela sacolejava para os lados, a encarando entre fios de cabelo negro que balançavam para lá e para cá enquanto os olhos azuis com bolsas de olheiras profundas teimavam em lutar contra um sono que deveria estar insuportável. — Eu não sou mago. —A ruiva o encarou com cenho franzido. — Tudo bem... Agora consigo entender que está louco Nichaela sabe curar essas loucuras fale com ela. — Em resposta ele riu novamente, voltando o olhar de encontro ao dela. — Você me ouviu, e não estou louco, eu não sou mago. — Embla fuzilou-o com o olhar. — Escuta aqui, eu posso ver você desdenhar do que todos fazem, você não é um samurai como Iorin mas usa essa Katana, não é um guerreiro como Nefrítis mas vai pra linha de frente, não é um cavaleiro como Rhaenys mas exigiu cuidados com a égua branca que trouxe como animal para carga com o grupo, não é clérigo como Nichaela e eu, não tem a mesma devoção, mas realiza magias divinas da mesma forma, mesmo desdenhando sobre os dogmas dos próprios deuses, mas não venha zombar da magia, não venha zombar do que eu sou. Os outros podem achar divertido ou interessante você dizendo que são apenas idiotas balançando pedaços de aço mas não tente sequer sonhar em pensar em dizer o mesmo sobre mim, você leu meu grimório, o elo telepático foi ideia sua, vi você tecer relâmpago com os dedos, fazer relâmpago formar armas e mantê-la em combate, tecer bolas de fogo como vai me dizer que não é mago? Feiticeiro sei que não é. — Sayto suspirou enfiando uma das mãos por uma das golas da camisa. — De fato, eu entendo magias, conheço-as, entendo-as, recito-as, mas é como se eu fosse um papagaio, entenda, se as diversas palavras que o papagaio tivesse fossem ordens de guerra de um alto escalão, e ordens inteligentíssimas ainda assim ele não teria poder para que isso viesse a acontecer. — Ele tirou o amuleto para fora em seu pingente emoldurado para sempre com um dragão tamuraniano desenhado em uma paca de pelo menos dez centímetros de ouro maciço com o mesmo dragão desenhado em ambos os lados, de imediato Embla reconheceu Daryu em seus entalhes. — Comigo acontece a mesma coisa, mas diferente, isso dá o poder para acontecer, então posso afirmar, caso me tire isso voltarei a ser só um papagaio então não sou mago. — Embla encarou aquilo com espanto e ceticismo, mesmo em uma parte sabendo que era verdade, então realmente o amuleto que dispunha de tanto poder e ele apenas o moldava, mesmo que ele entendesse realmente algumas coisas sobre magia não era como um mago de oficio, sim como alguém que entendia o contexto geral, sabia onde por uma palavra em uma frase o que significasse era tão místico quanto a magia em si, mas havia mais coisas pela feição dele. — Não veio atrás de mim só para isso... Fale. — A risada frágil antecede a resposta num silêncio débil. — Eu preciso de ajuda, eu não consigo dormir, os pesadelos estão piores, mas eu já não consigo aturar as alucinações que está causando a insônia... Uma sensação horrível, de que estou chegando perto e ao mesmo tempo longe está destruindo meu sono, cenas de matanças, guerras, batalhas, tudo aquilo que um clérigo de Keenn convencional adora em seus sonhos, mas os rostos vivem me rodeando, me culpando chamando-me, tentando me arrastar para a morte, alguns eu reconheço, outros nunca os vi, eu sei meus crimes, eu não quero redenção, eu só preciso de uma noite de sono. Consegue isso para mim? — A maga com passos longos passou por ele tocando-lhe o ombro com a mão esquerda envolta em um brilho esverdeado e antes que ela cruzasse a porta ele já havia mergulhado para um sono pesado, e ela precisava falar com Lorena e com Nichaela.

 

A noite caiu e puseram-se rapidamente em paralelo com a estrada para acamparem, em poucas horas após o anoitecer as barracas já haviam sido postas e seus ocupantes já estavam em um merecido sono a primeira guarda era do samurai, ele fitava por cima da fogueira já baixa a floresta, silenciosa exceto pelos sons naturais de alguns animais noturnos, o que mais causava barulhos era Fenris que ficava quieto nas carruagens na presença de Embla e de Sayto e quando ambos estavam ocupados Nefrítis colocava-o nos eixos, mas com os três mergulhados no sono ele pegava o tempo para brincar e saltar entre os arbustos caçando alguma coisa, o tamanho dele já se tornava difícil que algo o ameaçasse, mesmo sendo muito dócil e domesticável ele ainda era um caçador nato e bem maior que qualquer presa ou caçador noturno naquele local, não havia qualquer receio do lobo ser caçado ele já tinha duas vezes o tamanho de qualquer lobo adulto, e ainda cresceria mais, Iorin decidido que não havia o porque estar ali, até que ouviu um som atrás dele e ele teve que erguer-se e caminhar com passos longos até a clareira onde o homem de longos cabelos castanhos e olhos âmbar o aguardava, a armadura protegia o braço esquerdo completamente e um pouco abaixo do peito indo até abaixo dos olhos, a cintura repousava a Katana em situação de combate preparada para ser sacada em qualquer instante, o samurai parou ao lado oposto da clareira, tocando sua própria arma em resposta a postura do outro, o possuidor dos olhos ambares iniciou o dialogo. — Suponho que tenha feito uma sábia escolha... A serva da Deusa da Vida ou quem procuro? — Iorin rosnou sacando a arma e se postando pra combate. — Não envolva ela, enfrente-me agora, eles não tem nada a serem envolvidos a isso, sou o herdeiro do clã Massato e te desafio em nome da honra, ande, me enfrente. — O outro manteve-se impassível fitando-o severo. — Não irei chocar espadas com você samurai, eu lhe dei uma escolha, me diga onde está quem eu quero saber. Ou ela morre. — Não conseguindo conter-se o tamuraniano avançou cortando a distância e um golpe horizontal desferido acertou violentamente a grama, onde Izaya moveu-se nos últimos instantes para trás, mantendo-se impassível ao diálogo. — Direi mais uma vez, samurai, um passo em falso e a mulher morre. —  Iorin fitou-o enfurecido, mas o medo permeou as atitudes e abaixou a arma, empalidecido, pela primeira vez enfrentava um oponente que a arma não fazia efeito, ele era muito mais rápido para que ele o enfrentasse sozinho. — Não ouse encostar um dedo em Nichaela, ou eu mato você! — A ameaça vazia sequer mudou a expressão do outro, muito menos sua postura, mas ele havia tido sua resposta, virou-se preparando-se para voltar para as sombras da floresta onde dificilmente seria seguido. — Seguirei vocês o tempo todo, qualquer menção de dizer isso a alguém em qualquer momento e a clériga morre, assim que Sayto se afastar do grupo você me dirá para onde ele foi exatamente, sabe as consequências de me contrariar... Um samurai deixando seu orgulho e honra por uma mulher, já haviam me dito que um par de seios e uma saia fazia, mas nunca vi alguém chegar a esse ponto. — A ultima sentença veio por entre as sombras longe do alcance dos olhos e da lâmina de Iorin, que contrariado e sem escolhas voltou-se para o acampamento onde Dante erguia-se para trocar a guarda quando o samurai voltava de sua ronda. — O que houve Iorin? —Só então o tamuraniano notou o líder do grupo, balançou a cabeça em negação. — Eu pensei ter ouvido algo, mas deve ter sido o sono fazendo efeito, vou tirar essa armadura e dormir, cuide da guarda, por favor.

 

A noite seguiu-se tranquila, Dante ainda teve tempo de trocar de guarda com Gaav que levantava pra suprir a guarda e logo o loiro buscava acordar o assassino que dormira mais da metade do dia e boa parte da madrugada, secretamente vinham treinando quando o dia permitia, seja trocando socos em um corpo a corpo na carruagem, ou sobre elas para treinar o equilíbrio, seja trocando golpes com as espadas de madeira como faziam quando acampavam, e era nisso que a mente do líder do grupo focava-se, as lâminas de madeira chocavam-se com intervalos diminutos, as primeiras vezes que treinava fora um domínio sem igual por parte do guerreiro que encontrava o moreno enferrujado em lutas com espadas longas e um estilo de combate que ele havia largado havia mais de dez anos, mesmo assim forçara-o a voltar ao âmbito da arma para ter alguém com quem esgrimir, mesmo que Rhys e Nefrítis pudessem lutar e treinar contra ele sem metade dos empecilhos que Sayto tivera para voltar a lutar com a espada longa, mesmo que de madeira, mas ainda assim fizera o moreno o enfrentar e voltar a boa forma, e pagava pelo sua insistência todos os dias que treinavam, o corpo-a-corpo contra ele era um tormento de golpes recebidos com poucos golpes acertados, com a espada se tornara pouco diferente, a maior parte da diferença é que o loiro conseguia pressioná-lo e força-lo a ceder espaço pela vantagem da altura do peso e da força, fora isso mais nada, constantemente era desarmado ou sobrepujado pela velocidade ou técnica do outro, nem mesmo usando as técnicas que o velho lhe mostrara conseguia surpreender o assassino, o menor continuava sendo mais hábil com a arma em mãos, mesmo tendo que usar ambas das mãos para tentar equiparar ainda debilmente a força imposta por Dante com apenas uma delas, as espadas se chocavam com violência e diminuíam o tempo que ficavam sem se chocar a cada novo golpe, com o loiro avançando e exalando a respiração ofegante, sem tirar o imenso e satisfatório sorriso da face, com a expressão contraída em um enorme sorriso ele colocava pressão sobre o menor, enquanto os golpes forçavam o moreno a ceder espaço até que em um instante era golpeado e no outro arremessou o mais velho ao solo com um golpe da arma no tornozelo, um golpe seco e firme suficiente para varrer os pés do outro e fazê-lo estatelar de costas na grama com um leve resmungo. — Filho da puta... — Resmungou encarando o oponente de baixo que lhe estendia a mão com a mesma feição de que nada havia acontecido de quando acordara e fora forçado a treinar com o loiro. — Você pisa errado... Um golpe bom, não vem só da força com que seu braço faz a espada descer, fora a colocação da lâmina que a sua é tão boa quanto um cego procurando Smokestone. Um golpe vem da sola, da planta dos pés em colocação, o impulso, giro do quadril, posição das costas e giro do ombro, que vindo de você é tão maleável quanto uma torre e tão fluido quanto um Golen. Mas um passo de cada vez, primeiro você tem que aprender a pisar. — Com o apoio das mãos do outro Dante pode erguer-se, e o diálogo foi interrompido pela atenção do outro que fora imediatamente para pássaros voando no céu, o sol começava a despontar iniciando a alvorada, era o inicio da manha e finalmente notava o laranja tomando o céu, porém parecia que Sayto notava algo a mais. — Cavalos, muitos, cavaleiros, é uma caravana, e estão a galope. Nos notaram, às armas, rápido! Acorde os outros, podemos ter problemas.

 

O dia já amanheceu caótico nas tendas, fora previsto que a grande massa de cavalaria chegaria em alguns minutos se tivessem sorte, a correria fora geral, os guerreiros tentando vestir as armaduras apressados para encontrar quem quer que fosse de armadura e armas em punhos,  ou pelo menos mais próximos possíveis disso, quem não precisava por armaduras ajudava os guerreiros ou buscava preces e magias que lhes fossem uteis, ou preparavam algo que pudesse ajudar em um possível combate, enquanto Sayto ajudava Rhys a montar as fivelas da armadura completa e Nichaela auxiliava Iorin com a armadura intrincada, Nefrítis arrumava sua arma para uma longa alabarda e checava o perímetro procurando melhor lugar para o combate, Irvin corria para tirar os cavalos e carruagem da linha de combate, Embla e Lorena preparavam magias que podiam ser uteis em combate ou que pudessem inutilizar combatentes, a ruiva preparava magia para transformar o terreno em lama enquanto a grisalha preparava magias para formar tempestade e vendavais atrapalhando cavalgadas ou uma chuva de flechas, esperavam armados, em território favorável entre árvores para impedir uma carga em larga escala, com Rhaenys no flanco em terreno elevado em uma área mais limpa onde ela poderia cavalgar e acertar o flanco causando desordem, Dante tinha espaço suficiente para fazer arcos com a espada bastarda e Gaav podia lutar despreocupado que não havia espaço para ser cercados, lutar nessas condições seria muito difícil uma derrota, Embla, Nichaela e Lorena estavam bem protegidas atrás de terreno acidentado com rochas impedindo um avanço rápido, ainda havia Irvin e Nefrítis como linha de defesa para proteger os conjuradores, uma formação daquela montada a pressas com o que havia disponível era o ápice de muitos aventureiros, conseguirem confiar um nos outros ao ponto de saberem que podiam enfrentar qualquer coisa tendo a cobertura um dos outros, mesmo sendo um plano vindo de Sayto que era quem mais preferia trabalhar sozinho deveria ser assumido que era uma estratégia difícil de ser batida ou superada a cavalaria chegou levantando poeira e segurando os cavalos assim que viram a formação do grupo, não havia necessidade de atacarem primeiro, estavam apenas preparados para uma possível luta para sobrevivência, a caravana de quem quer que fosse estagnou a metros deles, até que um homem se aproximou num garanhão castanho, alto e massivo, levava a cintura uma espada longa adornada com pedras preciosas e fios de ouro por toda a bainha, a empunhadura feito de couro refinado e cozido antes de ser preenchido com camadas de borracha entre as camadas de couro para ficar mais macia e aconchegante para a mão, as vestes dele eram finas de seda leve, de colorações azuladas, adornadas nas barras e na gola, dos ombros pendia uma leve capa que escorria pelos quartos traseiros do cavalo e deixava todo um ar de superioridade, tinha cabelos louros dourados como fios de ouro banhados pelo sol do meio dia, bem aparados e rebeldes na medida certa que caiam sobre as orelhas, acompanhava uma barba loura cheia e espeça bem aparada mantida alta para acompanhar um imponente queixo quadrado que emoldurava um sorriso fácil de dentes brancos perfeitamente alinhados, de olhos verdes como esmeraldas que pareciam possuir luz própria tamanho brilho, o homem parou o cavalo de montaria e com um gesto curto livrou-se do manto deixando-o sob o cavalo enquanto desceu encarando o grupo calmamente.

 

O homem havia acabado de descer quando outro se aproximou apressado, tropeçando na própria calça e na gordura, era roliço de cabelos ralos e com alguns bons quilos acima do peso que fazia uma bolsa de gordura acima da calça, o homem roliço se aproximou aos tropeços e quase caiu ao chegar, sendo segurado pelo loiro antes de cair, o homem loiro erguia-se com ombros largos e costas eretas de quem era acostumado a levar peso, um guerreiro por escolha, um líder e ícone por natureza, o mais baixo pigarreou. — Em sua presença, Vossa alteza, Sir Gregor Janz, Principe herdeiro de Bielefield. — O loiro sorriu após ser nomeado, dando curtos passos em direção ao grupo que saia de suas posições para prestar as devidas homenagens ao príncipe, Irvin como nascido em Bielefield não hesitou em ajoelhar-se perante ao príncipe, outros foram lentamente curvar-se, Dante e Sayto curvaram-se mesmo com reluta, Gaav seguiu os companheiros tendo Iorin logo em seguida ajoelhando-se perante o príncipe, entre as mulheres houve menos reluta, Nichaela, Embla e Lorena que já eram mais acostumadas a nobreza curvaram-se em mesura assim que se aproximaram, Nefrítis um pouco mais a contra gosto dobrou um dos joelhos postando-se como os membros masculinos do grupo, a única que não fez alguma mesura foi Rhaenys, muito pelo contrário, se aproximou em seu cavalo com armadura do pescoço a bota em trote lento encarando o príncipe de cima a baixo, sem sequer abaixar a cabeça, o príncipe fez um gesto permitindo que se levantassem, Dante foi o primeiro a se pronunciar. — Vossa alteza E... — Gregor silenciou-o com um gesto ameno. — Por favor, me chame só de Gregor, sem esses títulos pomposos, estamos na estrada não nos salões de Roschfallen, somos homens de armas, não um príncipe e um vassalo, me perdoem se soar muito presunçoso ou não vos dar a devida atenção, mas se me permitem, não sabia que acompanhavam uma dama da alta sociedade, Princesa Rhaenys Allim, está um pouco longe de casa, espero que me perdoe se os campos de Bielefield não são tão floridos como de Fortuna, mas espero que sua beleza possa nos dar alguma coisa a se admirar nos tempos que estiver presente, gostaria de dizer que meus domínios estão a sua disposição, mas estes pertencem ao senhor meu pai e não sou mais do que uma promessa de prosperidade num longínquo dia em que ele partir, então só me resta dizer que é muito bem vinda em nome do povo de Bielefield, mas se permitem, primeiramente peço desculpas por minha cavalaria, eu insisti que queria vir sozinho quando meus batedores disseram que havia viajantes nesse local, mas a realeza as vezes é um peso que temos que suportar, espero que me entendam. — O silêncio perdurou em algo palpável de inconfortável até que Gaav interveio quebrando o silêncio com a voz de trovão que fazia até mesmo as armaduras tremerem levemente. — Se me permite, o que o príncipe Herdeiro de Bielefield faz a estrada? Mesmo com guardas não é tão segura assim, não deveria estar em um castelo bem protegido? — O homem riu brevemente e fez um gesto curto e parando principalmente na cavaleira. — Fazem a mesma pergunta para a Princesa? Eu estou indo para o Torneio de Goldenfield, a filha do Conde Baker floresceu há três anos e ele está fazendo uma festa para seu décimo quinto aniversário, com um torneio para atrair cavaleiros e quem sabe um marido para a garota, e como ele é um amigo de longa data de meu pai e ele não pode comparecer devido a uma gripe repentina, e como sempre, levo minha guarda real e alguns guardas e servos na caravana, mesmo tentando trazer só os mais próximos, acontece isso. Aceitam companhia?

 

Os olhares saltaram para Dante, mesmo havendo no grupo melhores pessoas em diplomacia e em lidar com nobres melhor que ele, o líder sempre tinha a palavra de maior peso e quase sempre derradeira, mesmo quando essa palavra era usada para apoiar o raciocínio ou o planejamento melhor de alguém, seu olhar saltou para Rhaenys que com um curto olhar mostrou toda sua insatisfação de que aquilo ocorresse, então o loiro foi rápido em negar. — Agradeço a gentileza vossa alteza, mas longe de mim querer que a plebe se misture com a alta classe, não sabemos nos portar em tamanha alta classe da sociedade... — O príncipe encarou Dante rindo. — Por Khalmyr homem! Eu sou feito de carne tanto quanto você! Pare de agir e falar comigo como se eu fosse um ser superior divino a quem qualquer palavra pode te fulminar, diga logo que não quer oras! E mais, não tem etiqueta pra se portar na alta sociedade? Por favor Dante, reconheço um De La Fiore a meia légua de distância, como vai seu pai? Lembro-me de Enrico vagamente, passou alguns dias em Roschfallen conosco, você devia ser pequeno demais para notar, meus pesares por Matteo, soube de seu falecimento, mesmo vocês não sendo próximos deve ter sido um baque a você. Bom, se não me acompanham, pelo menos espero vê-los no torneio, será bom Justar contra você Dante, olha só, alto como uma torre, me chamavam de Gregor “Montanha nos ombros” mas você consegue ser mais alto que eu! —De fato, isso era algo a ser notável, Dante era mais alto que qualquer um na comitiva inteira, os mais altos ficavam a pelo menos um palmo mais baixo que o guerreiro, o humano mais alto fora ele era o próprio Príncipe, ainda assim era alguns centímetros menor que o De La Fiore, a constante companhia de Gaav fazia que a altura do líder passasse despercebida algumas vezes, mas quando juntavam vários guerreiros notavam quão enorme ele era. O Janz se retirou do local com gestos e com a certeza que sentariam para almoçar com ele e contar sobre a captura da Besta de Iskrov que ele tanto ouvira falar, e também sobre a batalha nas Uivantes contra um exército de piratas e mercenários, assim que ele se retirou com a comitiva Rhaenys finalmente pronunciou-se após descer do cavalo. — Não gosto desse cara... — Todos os olhares viraram-se para ela esperando as razões enquanto tiravam as armaduras e preparavam-se para as viagens. — Cresci ouvindo sobre ele, nunca ouvi tantos elogios na corte como quando Gregor fazia qualquer coisa. “Gregor é um gênio, brilhante, foi consagrado escudeiro aos oito anos!”; “Gregor foi jurado cavaleiro, agora chamam-no de Sir Gregor, O Dourado”; “Gregor liderou uma batalha contra os bárbaros da União Púrpura, montado em um cavalo Namalkahriano branco com a bandeira de sua casa amarrada a lança e um broche de príncipe do lado direito como instrui quando veio até Fortuna, nunca vi um líder tão justo e competente” isso e as infinitas coisas dizendo que deviam chama-lo de “Gregor, O Perfeito” ou “Gregor, Benção dos Deuses” isso e as reclamações de que se eu fosse alguns anos mais velha poderiam tentar me casar com ele, só que quando atingi uma idade suficiente ele já era um homem formado a anos, um líder e cavaleiro veterano e havia se apaixonado por uma plebeia e prometeu a mão dela com uma promessa pelo pai. Durante meses ouvi que “Gregor casou-se por amor com uma plebeia, chamem-no de Gregor, Amor Improvável” e mais Gregor para todos os cantos, não o suporto. — Dante ouviu tudo com um sorriso de canto e não perdeu a oportunidade de alfinetá-la. — Isso tudo é inveja por ele ser o Príncipe ideal pro povo e ser aclamado e você ser só mais uma na linha de sucessão que nunca vai atingir o trono ou ciúmes por que uma plebeia tomou seu lugar? — A amazona imediatamente fuzilou-o com os olhos e saiu sem dizer uma única palavra, voltando-se para as carruagens para tirar a armadura, foi a vez do assassino cortar o silêncio deixado pela retirada brusca dela. — Não é sua obrigação saber, mas Rhaenys tem muitos problemas com ser a segunda em qualquer coisa, então nas próximas vezes, evite dizer sobre o irmão dela, sobre algo que ela não foi escolhida pra fazer ou por prêmios de consolação, hoje ela se irritou e se retirou, em poucas horas vai lavar a mágoa e a raiva em vinho ou cerveja e tudo ficará bem, amanhã pode ser uma espada atravessada no seu peito.

 

 

O caminho até a cidade fora penoso, uma fina garoa seguiu o grupo por dias, intercalando com chuvas torrenciais típicas da primavera, a estrada enlameada era tudo que tinham para seguir, mas não parecia atrapalhar diversos cavaleiros e caravanas que viam passando para Goldenfield, um feudo típico no oeste do reino, próximo a divisa com Yuden, fora da maioria das estradas convencionais do reino, geralmente uma parada curta e rápida para viajantes que saiam da estrada e estavam a caminho de Highter, ou para exploradores, já que o feudo ficava entre três localizações muito famosas no reino por abrigar monstros e outras coisas fantásticas, a cidade em si era pouco chamativa, muros cinzentos rodeavam a grande parte da cidade, porém o crescimento populacional fora maior que o esperado então viam-se casas amontoando-se as muralhas tanto pelo lado de dentro quanto pelo lado de fora, o que era um comprometimento gigantesco a segurança, mas que parecia pouco preocupada com essas coisas e mais preocupada com o pão de cada dia, a cidade possuía um mercado interno bastante movimentado, povoado e denso para um local pequeno, vendia-se tudo que procurava-se desde que no lugar certo, de poções mágicas para crescer cabelo passando pelo pingente mágico que resistia a baforada do dragão testado por um aventureiro fantasioso local indo até coisas mais ilícitas como drogas ou escravas sexuais infantis, Goldenfield era um lugar próspero mas inseguro, onde o governante fazia vista grossa se recebesse ouro suficiente para o ato ilícito que passaria despercebido, uma venda de álcool ilegal era muito mais difícil de se achar que um ponto de tráfico de prostitutas infanto-juvenis, mas nada que ouro suficiente não fizesse os guardas errarem o local. Fora da cidade grande parte da planície em que se situava era ocupada por campos e mais campos de cevada, o principal produto do feudo, seguido de trigo, outras plantações salpicavam aqui e ali, mas nada que movesse a economia como os dois principais grãos que produziam na região, mas quem conhecesse Goldenfield antes diria que era outra cidade, a grande massa de pessoas, comerciantes, visitantes, servos de cavaleiros e a própria massa de cavaleiros fizeram a cidade fervilhar do lado de fora dos muros cerca de um quilômetro de distância fora erguida uma outra cidade formada exclusivamente de tendas e pavilhões coloridos, estampas com marcas de casas nobres, de cavaleiros renomados mostravam seus brasões e escudos, num show de pompa, orgulho e extravagância demasiada, se o comércio interno da cidade era fervilhante comparado a cidade de tendas era apenas morno, serviços eram trocados, artistas de rua faziam apresentações aos montes, magos de circo faziam diversas apresentações, pantomimeiros agitavam representações de papel de monstros mágicos, havia seguidoras de acampamento, um tipo de prostituta que seguia caravanas e era extremamente comum onde havia muitos soldados ou guerreiros, como exército, ou um torneio de cavalaria, ladrões também haviam aos montes aliviando bolsos abarrotados de ouro de um pouco de seu peso, mas o que mais haviam ali eram gente como eles, aventureiros que paravam para ver o espetáculo ou acompanhar algum membro que participaria do torneio, cavaleiros armados e sagrados era a grande atração, homens de que os títulos atravessavam gerações, pessoas que eram filhos de heróis famosos e ostentavam com orgulho o brasão e o sobrenome da família, um território totalmente nobre e de renomes e heróis já consagrados  anos , heróis novos emergentes famosos por feitos recentes  e aspirantes a heróis que poderiam ter seu nome gravado a história, mais do que tudo, um ambiente de aventuras e pessoas que se arriscavam o tempo todo, por mais que a motivação inicial era o torneio um ambiente assim era extremamente comum para aventureiros, para eles, era como estar em casa.


Notas Finais


Isso ai pessoal, quem gostou gostou, quem não gostou tente escovar os dentes de um dragão.

Agradeço por quem tem acompanhado então vamos fechar mais um ano de Contra o Mundo por ai, já são mais de três anos de linhas tortas e complexas, em uma história intrínseca até mesmo pra mim, eu como escritor não sei o fim que vai tomar, uma das coisas que mais me faz ficar fascinado pela história é que, por mais que tenha dado vida, emoções e personalidade para as personagens, chega em um certo ponto que tudo que faço é retratar a história, quase sem interferência alguma, e agradeço muito quem fez as fichas e quem insiste em me bombardear de ideias e referências, e até correções e incoerências minha mesmo.

Com essa nota gigantesca, desejo boa festas e um excelente 2017 para todos, que eu ainda apareça com muitos capítulos por aqui (Afinal ainda chegamos nem na metade) que apareça também com mais capítulos da outra fic e que possamos desfrutar da história juntos.

Obrigado por sua audiência, por me aturar nas notas do autor e nas finais, por ser essa pessoa maravilhosa, espero ter-lo como leitor mais um ano.

Que Nimb lhe role bons dados e

TCHAU


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