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História Contra todas as probabilidades - Um pouco de reflexão


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 27 - Um pouco de reflexão


Ao invés de treinar, ele apenas patinava entre os obstáculos, sem nenhum ânimo ou interesse para nada. Luisa já tinha falado em seu ouvido várias vezes, lhe recriminando por não estar levando os treinos a sério. Ele não se importava, entrava por um ouvido e saia pelo outro. Fazia quase uma semana que ele não via a Mônica e a saudade estava apertando cada vez mais. Ele chegou a pensar que com ela fora, as coisas ficariam mais fáceis, mas pelo visto piorou. Não poder vê-la todos os dias estava sendo uma tortura e toda hora ele ficava se perguntando o que ela estava fazendo ou se estava pensando nele.

“Puta que pariu! Eu não tenho vergonha na cara!” ele pensou com raiva de si mesmo. “Depois de tudo, ainda fico pensando naquela mentirosa que me tacou um chifre na cabeça!” ao ver a si mesmo como um corno, ele ficou com mais raiva ainda e procurou se dedicar mais ao treinamento para tentar esquecê-la. A única coisa que o consolava era saber que pelo menos seu orgulho estava intato. Fora o Cebola, ninguém mais sabia da traição da Mônica, nem sua irmã e se dependesse dele, ninguém ia ficar sabendo. Para todos os efeitos, ele tinha terminado tudo, dado o fora e saído por cima. Pelo menos, com fama de corno ele não ficava.

Mas de vez em quando, ele ficava em duvidas se valia mesmo a pena manter o orgulho inteiro enquanto o coração estava destroçado.

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– Alô?

– Oi, Magali. Você sabe se a Mônica já voltou?

– Voltou não, Marina. Eu acho que ela só vai voltar na segunda. E hoje, quando eu fui na padaria do Quim, encontrei a mãe dela no meio da rua e ela me olhou com uma cara feia que só vendo!

– É? E ela te falou alguma coisa?

– Não, só olhou mesmo. Eu acho que a Mônica deve ter contado tudo pros pais dela.

– Ih...

Aquilo não deixava de ser estranho, já que geralmente a Mônica nunca contava nada para os pais. Durante anos, os meninos aprontavam, faziam várias travessuras, xingavam e mesmo assim ela resolvia sozinha. Nunca aconteceu de seus pais interferirem nesses assuntos.

As duas conversaram por um tempo antes de Magali desligar o telefone. Era tão estranho não ter a Mônica por perto! Estranho e assustador. “Ai, está na hora de ir encontrar com o Quim! Um cinema deve me distrair!” ela correu para o banheiro e tirou a roupa para tomar um banho rápido. A balança lhe chamou a atenção e ela resolveu se pesar. “Quê????? Ai, não!” ela quase caiu de costas ao ver que tinha engordado quatro quilos, resultado das suas comilanças.

Magali sentou-se no vaso e começou a chorar. Não era o fato de engordar que a tinha entristecido, embora aquilo também lhe deixasse aborrecida. Ela estava triste porque não agüentava mais de saudade da amiga. Aquilo com certeza estava indo longe demais e ela pensou se não seria melhor deixar tudo de lado e fazer as pazes com a Mônica.

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Ele passou mais uma vez em frente à casa da Mônica e não viu nenhum sinal dela. Claro, ela só ia voltar na próxima semana. Que pena... DC continuou seu caminho pensando em tudo o que tinha acontecido naquele ano. Que loucura! As coisas tinham virado de pernas para o ar e ele não sabia o que fazer. E pensar que tudo tinha começado com suas fofocas...

– Você também tá vigiando a casa da Mônica? – Toni, que vinha na direção oposta, perguntou ao encontrar com o rapaz.

– É, sei lá. Só tava passando aqui.

– Sei. Ela ainda não voltou, não é?

– Não, parece que não.

Com aquilo, Toni desistiu de passar perto da casa dela e continuou caminhando ao lado do DC.

– Cara, eu confesso que to preocupado com ela...

– Pois eu nem estou ligando!

Toni não levou aquilo a sério. DC tinha o hábito de falar o contrário do que pensava, bastava saber interpretar a forma dele de falar.Os dois andaram em silêncio por alguns metros e Toni voltou a falar.

– Escuta, quem foi que deu aquele soco na cara do Cascão e do Cebola? É claro que não foi a Mônica!

– E não foi mesmo. Aposto que um deve ter socado a cara do outro e depois colocaram a culpa nela.

– Por que você não falou a verdade pro pessoal?

– E por que VOCÊ não falou?

Ele não respondeu. Era difícil admitir que não tinha falado a verdade porque ficou com medo de que ninguém acreditasse e o Cebola acabasse colocando a turma contra ele igual fez com a Mônica.

– O pior é que agora todo mundo cismou que ela tem que ficar com o Cebola de qualquer jeito. Assim eu nunca vou ter uma chance com ela!

– E você faz tanta questão disso? Pois eu já tive uma chance e não quis!

– Queria sim, só não aceitou por causa desse seu mimimi de ser sempre “do contra”. Cara, eu acho que você leva isso a sério demais, que coisa!

– É minha filosofia de vida! – DC falou de forma defensiva.

– Pois pra mim não passa de uma mania boba.

– O que eu posso fazer se tenho opiniões próprias?

Com aquilo, Toni deu uma sonora gargalhada, deixando DC muito irritado.

– Tá tirando onda com a minha cara por quê?

– Nada, só acho muito engraçado você falar que tem opinião própria. Tá bom que eu acredito!

– Ficou doido? Ninguém nessa turma tem mais opinião do que eu! Enquanto todo mundo não passa de Maria-vai-com-as-outras, eu vou contra a maré.

– Ah, tá. Você é só um Maria-vai-contra-as-outras então. No fim é a mesma coisa.

– Não é não! É muito diferente!

Toni parou de andar e encarou DC de frente.

– De uma forma ou de outra, sua opinião irá se basear somente no que os outros pensam e fazem.

Aquilo foi um choque para o rapaz.

– Deixar de fazer algo só porque todos fazem é a mesma coisa que fazer só porque todos fazem. De qualquer forma, você está indo pelo que os outros fazem e não pelo que você quer realmente. Que foi? Eu sou bonito e perfeito, mas de burro não tenho nada!

O que Toni falou acabou fazendo sentido para ele, apesar de tudo. Mas ele não estava disposto a dar o braço a torcer.

– Eu sigo minha filosofia porque eu quero e gosto. Os outros não têm nada a ver com isso.

– Então tá, é você quem sabe. A vida é sua mesmo. Eu prefiro viver de acordo com o que for bom pra mim.

– Seguir minha filosofia é bom pra mim.

– É mesmo? E você pretende passar o resto da sua vida recusando oportunidades de ser feliz só pra ser “do contra”?

– Eu sou feliz sendo “do contra”.

– Engraçado... você não parece muito feliz agora.

– Você fica aí falando essas coisas, mas levou um monte de fora da Mônica!

– Pelo menos eu tive a coragem de tentar e me arriscar. Se não deu, foi porque não deu e não porque eu não tentei. Você teve uma chance de ficar com ela e não quis, agora pode nunca mais ter outra chance e vai passar o resto da vida imaginando como poderia ter sido.

Ele sentiu uma coisa ruim no estômago. Aquilo nunca tinha lhe ocorrido antes.

– Você é masoquista, isso sim! Ficou atrás da Mônica com ela encanada com o Cebola, foi por isso que você não conseguiu nada!

– Bem, o Felipe conseguiu e é por isso que você tá com raiva dele. Ele fez com que ela esquecesse do Cebola a ponto de recusar aquele pedido de namoro cheio de melação que ele fez na escola.

– E agora você tá com inveja do maloqueiro?

– E você não está?

– Eu não! Sou diferente de todo mundo, esqueceu?

– Diferente? Fala sério! Pra mim, você é apenas uma outra versão do Cebola.

Por pouco DC não solta um soco na cara do Toni. Ele ser igual ao Cebola? Nunca! A única coisa que eles tinham em comum era o interesse pela Mônica e nada mais. Como aquele loiro-burro narcisista tinha coragem de compará-lo com aquele careca infeliz?

– Você andou fumando maconha estragada, não foi? Eu não tenho nada a ver com o Cebola!

– Tem sim. Veja bem: os dois não ficam com a Mônica por causa das próprias neuras. O Cebola quer derrotá-la e você quer fazer qualquer coisa para merecê-la. Os dois inventam um monte de obstáculos e desculpas ridículas para não ficar com ela e quando ela resolve ficar com outro, vocês sempre dão um jeito de jogar areia atrapalhando tudo.

O olhar furioso do outro não o intimidou nem um pouco e ele continuou.

– Tá me olhando com essa cara por quê? Pensa que eu não sei que você atrapalhou o namoro dela com o Cebola? Eu também não ficaria nem um pouco surpreso se soubesse que foi você quem andou fazendo fofoca pro Cebola falando sobre a Mônica e o Felipe. O cascão não foi porque eu sei que ele não ia querer ficar ruim com a namorada. Eu não fui, o Tikara nem tava sabendo. Só sobrou você.

Ele encarou DC mais uma vez e riu ao ver que os olhos dele faiscavam de raiva.

– Viu só? Você é apenas um outro Cebola, nada mais. Nenhum dos dois toma atitude pra ficar com a Mônica, inventam um monte de desculpas e ao mesmo tempo não aceitam que ela siga em frente com outro. Acho até que são irmãos gêmeos separados ao nascer. Hahahaha!

DC apertou os lábios com força para não xingar o outro. Droga! E o pior era que Toni tinha mesmo razão!

– Eu só... ah, quer saber? Oi! – ele saiu dali correndo, deixando Toni caminhando sozinho pela calçada. A verdade podia doer muito às vezes.


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