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História Contra todas as probabilidades - Dando a volta por cima


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 30 - Dando a volta por cima


Ela deu um suspiro gostoso ao entrar em seu quarto, sentindo o cheiro familiar do seu refúgio. A viagem de volta tinha sido tranqüila e seus pais ficaram muito felizes ao verem que ela tinha se recuperado bem. Eles conversaram alegremente no meio do caminho e ela contou como tinha sido as suas pequenas férias na casa dos tios. Aquela viagem tinha sido incrível e recarregou todas as suas baterias.

Tudo ali estava como ela tinha deixado e reencontrar aquele ambiente familiar e seguro fez com que a sensação de bem-estar aumentasse ainda mais.

“É isso aí! Hora de voltar a viver!” como ainda ia demorar até chegar a hora do jantar, ela resolveu arrumar suas coisas para o dia seguinte, dia de volta as aulas. Cadernos, livros e todo o material necessário. Ela também escolheu uma bela roupa para voltar em grande estilo.

Após arrumar suas coisas, Mônica ligou o computador para olhar os e-mails e recados no Orkut mesmo sabendo que provavelmente não teria nada.

“Humpt! Esse Cebola não larga mesmo do meu pé, que coisa!” havia muitos emails dele em sua caixa de entrada e ela excluiu todos sem nem ao menos se dar o trabalho de ler. Ela também deletou outros e-mails sem importância e foi olhar o seu Orkut, que também não tinha nada. O isolamento da turma era tanto que nem entrar em seu Orkut eles entravam mais. Melhor assim. Antes isso do que deixar recados desaforados em seu perfil.

Em seu álbum ainda tinha foto dela com seus amigos e até bateu muitas saudades. Era uma amizade tão boa! Também tinha fotos dela com Cebola, Magali e Cascão. Pena uma amizade tão bonita ter acabado assim... e tudo por causa daquele idiota do Cebola que não se conformou em levar um fora.

Mônica ficou olhando para a foto dele por um tempo. Antes, ela o achava lindo e charmoso. Agora era só um sujeito careca, magrelo e sem graça. Quem diria... durante tantos anos ela pensou que ele fosse seu cavaleiro de armadura brilhante e no fim era apenas um imbecil enrolado em papel alumínio.

Aquele pensamento fez com que ela desse uma risada porque em sua mente surgiu a imagem do Cebola todo enrolado em papel alumínio, empunhando uma espada de papel e montando um daqueles brinquedos que tinham uma cabeça de cavalo feita de madeira pregada em um cabo comprido. Ele não passava daquilo no fim das contas.

Depois daquilo, ela desligou o computador e foi descer para jantar com seus pais e passar um tempo com eles para matar a saudade.

E naquela noite ela dormiu tranquilamente em sua cama, sentindo-se muito mais confortável e a vontade. No dia seguinte, ela acordou com muita disposição e após se arrumar com cuidado, vestindo uma calça jeans com estampas floridas, uma bata vermelha e sandálias coloridas, ela pegou seu material e correu para a escola, ansiosa para retomar sua vida. Sua empolgação era tanta que ela sequer tomou direito o café da manhã, apesar dos protestos da sua mãe.

– Calma, filha, a escola não vai sair do lugar. Coma direito!

Ela comeu apenas uma torrada com um copo de suco e saiu correndo, deixando sua mãe feliz ao ver que sua filha tinha voltado a ser o que era antes. As coisas pareciam estar se ajeitando, finalmente.

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– Lipe, é hoje que a Mônica volta de viagem.

– E eu com isso?

– Ai, pára de ficar mentindo pra mim que não adianta! A gente nasceu junto, esqueceu? Eu te conheço muito bem!

Ele apertou o passo para se distanciar da irmã. Era difícil admitir que a saudade da Mônica estava quase lhe matando e que tudo o que ele queria era procurá-la para reatar o namoro. “Cara, então ela volta mesmo hoje... como será que ela está? Será que ela já melhorou?” ele também tinha ficado muito preocupado e aflito ao saber que ela tinha passado mal. Seria mesmo verdade que ela tinha ficado assim por causa dele? Seu coração doía só de pensar naquela possibilidade. Nunca fora sua intenção fazê-la sofrer.

Luisa percebeu que o irmão ainda continuava sofrendo e de certa forma ela entendia porque, embora não lhe falasse nada. Após olhar aquelas fotos com mais calma, ela percebeu que não era a Mônica junto com o Cebola. Como seu irmão não tinha percebido aquilo? Apenas o cabelo se parecia com o da Mônica, mas o corpo era bem diferente e embora não soubesse quem era, Luísa tinha suas suspeitas e resolveu investigar primeiro antes de falar qualquer coisa para o Felipe. Sem provas, ele não ia acreditar em nada.

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– Olha lá, ela já chegou. Vocês sabem o que fazer.

O grupo de garotas conversava e ria animadamente quando Mônica chegou perto delas.

– Hã... oi meninas, como vão? – ela perguntou timidamente. Cascuda olhou para os lados e falou com expressão interrogativa.

– Ué? Alguém aí ouviu alguma coisa?

Maria respondeu.

– Eu não! Deve ter sido algum inseto, sei lá.

– É mesmo, algum inseto bem nojentinho! Vamos, meninas!

Antes que o grupo se dispersasse, Mônica colocou a mão na cintura e falou enérgica.

– Escutem aqui, qual é o problema de vocês, heim?

Aquilo pegou todas de surpresa e elas ficaram sem saber o que fazer. Ninguém esperava aquela reação. Elas apenas ficaram olhando para a Mônica de boca aberta e com o olhar parado, como se seus cérebros tivessem entrado em curto-circuito.

– Na boa, eu acho que se vocês têm mesmo algum problema, deveriam falar comigo abertamente ao invés de agirem dessa forma tosca e ridícula. Não precisam ficar com medo de mim, tá? Eu posso ter sido durona com os meninos e batido neles, mas em vocês eu nunca encostei a mão, então vocês não têm razão nenhuma pra ter medo de mim!

O grupo continuou parado e sem reação.

– Então é isso. Quando quiserem conversar comigo que nem gente grande, me procurem. Senão, prefiro que me deixem em paz. Eu não vou aceitar provocações de mais ninguém!

Ao terminar de dizer aquilo, ela foi para a sala de queixo erguido, deixando as amigas paradas no corredor. Pela primeira vez, as atitudes das suas amigas não tinham lhe atingido, entristecido, aborrecido e com certeza não ia mais lhe tirar o sono. Tudo aquilo apenas passou por ela sem nem ao menos lhe atravessar.

Quando ela entrou na sala, todos a olharam assustados e ninguém teve coragem de falar nada. Ela estava com aquela cara de Mônica durona e todos sabiam que costumava ser péssima idéia mexer com ela daquele jeito.

Antes de se sentar, ela olhou para o Cebola com cara de desdém e até mostrou a língua para ele, deixando o rapaz espumando de raiva. Foi só ela passar um tempo longe para voltar a ficar atrevida e impertinente!

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Aparentemente ela não o viu já que parecia concentrada nas amigas que estavam conversando no corredor. Mas ele a viu e quando ela passou perto dele, uma lufada do seu perfume chegou até o seu nariz deixando-o totalmente inebriado.

Por mais que tentasse, Felipe não conseguiu resistir a vontade de vê-la ainda que de longe. Que vontade de pegá-la no colo e lhe encher de mimos e beijos! Mais um pouco e ele não teria conseguido se controlar. E aquela postura confiante que ela teve ao desafiar as amigas o deixou ainda mais atiçado. Ela era incrivelmente linda e sexy quando ficava durona daquele jeito.

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Mônica assistia a aula tranquilamente sem que ninguém tentasse mexer com ela. Cebola a observava de longe ainda zangado com o seu atrevimento. Como ela se atrevia a lhe mostrar a língua daquele jeito? Ela não perdia por esperar! Dentro da sala de aula não dava para fazer nada. O pessoal parecia com medo de lhe provocar e quando ele tentava mandar algum bilhete para ela, era rasgado sem nem ao menos ser lido.

“Droga, desse jeito eu não vou conseguir nada! Porcaria!” ele deixou de prestar atenção na aula para pensar em alguma coisa, qualquer coisa que pudesse acabar com aquela maldita pose de durona. Foi quando uma idéia veio a sua cabeça. Na hora do desespero, foi a única coisa e lhe ocorreu e ele resolveu tentar. Não havia nada a perder mesmo.

Quando o sinal para o recreio tocou, ele foi o primeiro a sair da sala e correu em disparada para o laboratório da escola onde ele sabia que tinha o item principal do seu plano.

Os outros alunos viram a correria dele e ninguém entendeu nada. E sem o Cebola por perto, ninguém quis mexer com a Mônica, deixando-a ir para o refeitório sem ser incomodada.

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“Vai lá, cara, fala com ela! Vamos, coragem! Você consegue, você consegue!” ele andava de um lado para o outro segurando a bandeja com o seu lanche tentando criar coragem. Não era nada de complicado. A Mônica estava sentada sozinha em uma mesa, então era só aproximar e sentar junto com ela. Era um bom início de aproximação.

Enquanto isso, Cebola faltava pouco bater na Magali por causa da sua resistência em obedecer a suas ordens.

– Anda, criatura! Quando o recreio acabar, não vai ter mais jeito!

– Não, eu não posso fazer isso! Deixa ela em paz, por favor!

– Larga de ser mole! Você sabe que isso é necessário para trazer a Mônica de volta. E além do mais, ela nem vai comer isso, então não tem problema!

– Ah, Cebola, ela não tá ligando mais pra essas coisas...

– É porque vocês não pegaram pesado o suficiente. Você só precisa levar isso aqui pra ela, não tem nada demais!

Após ele insistir muito, finalmente ela criou coragem e foi até a Mônica. O resto da turma olhava em expectativa.

– Oi, Mô... – ela falou baixo, chegando perto da amiga que a olhou admirada.

– Ué, tá falando comigo agora?

– Eu... trouxe isso pra você...

Magali lhe estendeu um pacote, que Mônica viu ser da padaria do Quim.

– Você não deve estar comendo direito, toma.

Ela levantou uma sobrancelha e logo viu que tinha gato naquela tumba. Magali tremia demais, seu rosto estava muito vermelho e algumas lágrimas começavam a se formar nos olhos dela. O covarde do Cebola certamente deve ter obrigado a coitada a fazer aquilo já que ele não tinha coragem para fazer pessoalmente. Para acabar com o constrangimento da amiga, Mônica decidiu entrar no jogo só para ver o que ia acontecer. Com isso, ela apenas pegou o pacote e foi até a mesa onde o Cebola estava sentado. De repente, o silêncio e todos ficaram esperando para ver o que ia acontecer. Será que ela ia dar uma surra nele? Cebola mal conseguiu disfarçar o nervosismo e várias lembranças vieram a sua cabeça, todas recheadas de muitas surras, sopapos e coelhadas.

Sem falar mais nada, ela abriu o pacote e despejou seu conteúdo em cima do lanche dele, fazendo com que todos se levantassem enojados ao verem coisinhas compridas sendo espalhadas sobre a comida dele. Coisas compridas, gordas e pegajosas. Era um sanduíche muito bem recheado com várias minhocas sujas de terra que ele tinha pego de um minhocário do laboratório de ciências.

– Obrigada pelo lanche, Cebola, mas acho que não estou com fome. Fica pra você, que já tem o cérebro de minhoca, tá?

Ele também levantou enojado e acabou tropeçando em sua cadeira e caindo no chão. Ninguém soube dizer como aquilo foi acontecer. Foi tudo muito rápido e a bandeja acabou caindo em cima dele, espalhando comida e minhocas pela sua roupa.

– Ih, olha a cara do mané!

– Hahaha, essa foi boa!

– Agora come aí, ô cérebro de minhoca!

Os alunos das mesas vizinhas começaram a rir e zoar com a cara dele enquanto os amigos da Mônica não sabiam se riam ou se ficavam preocupados. Pelo visto, as provocações não iam mais ter efeito sobre ela.

Ela saiu da cantina, com o queixo erguido e o olhar sereno. Ninguém lhe dirigiu a palavra já que estavam ocupados demais rindo do Cebola que tinha se atrapalhado com as minhocas que pareciam querer entrar dentro da sua roupa. Perto da saída, ela viu Felipe parado lhe olhando com cara de bobo. Ao invés de falar algo, ela apenas passou por ele e saiu da cantina com passos firmes e seguros.

– Ô seu pateta, você vai ficar parado aí sem fazer nada?

– Eu... hã...

– Aff! Vai atrás dela, seu lerdo!

Sem pensar em mais nada, ele saiu correndo atrás da Mônica pelo corredor.

– Ei, peraí!

Ela virou-se, sem se alterar nem um pouco.

– Olha, eu acho que a gente precisa conversar.

– Precisamos sim. Por que, Felipe? O que aconteceu? – a garota perguntou rápida e rasteira. Para que perder tempo com rodeios? O rapaz gaguejou um pouco, surpreso com aquela pergunta feita a queima roupa.

– Acho que isso não tem mais importância... e pode me chamar de Lipe, tá? – era muito desconfortável para ele aquele tratamento meio formal por parte dela.

– Melhor não. Pelo menos não agora. Quero que tudo seja resolvido primeiro. E então? O que aconteceu?

– Bem... é que o Cebola me mandou um e-mail com uma foto dos dois se beijando.

– Que foto?

– Uma foto que foi tirada dentro do vestiário feminino e...

– Como é que é? Tá doido? Eu nunca beijei o Cebola dentro de um vestiário!

– Mas parecia ser você na foto!

– Então olhe direito, porque com certeza não sou eu! Que coisa, você não foi capaz de reconhecer nem a própria namorada?

– Ô, peraí!

– Peraí nada, Felipe! Como é que você acredita mais no Cebola do que em mim? Você nem me deu a chance de me explicar!

– Olha, foi mal tá...

– Sim, foi muito mal. Se você não é capaz de confiar em mim, se qualquer fofoca for suficiente pra te fazer brigar comigo, então acho que não temos mais nada pra falar.

– Faz isso não, gata! Desculpa! Se você diz que não beijou o careca, eu acredito. Ele deve ter aprontado alguma mesmo.

– Claro que aprontou! Ele sempre apronta!

Ele tentou se aproximar mais dela para lhe dar um abraço, mas ela fez com que ele se afastasse de novo.

– Me deixa pensar um pouco e colocar as idéias no lugar.

– Você não quer fazer as pazes comigo?

– Quero, mas por enquanto melhor cada um refletir um pouco sobre o que quer realmente.

– Eu quero ficar com você!

– Ainda tem essa dúvida entre nós.

– Pra mim não tem dúvida nenhuma!

– Agora não, mas isso vai ficar te atormentando e pode nos atrapalhar no futuro. Primeiro você resolve isso, depois a gente se fala.

O sinal tocou e ela saiu dali, deixando-o sozinho no corredor e com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança. Pelo visto, ele ia ter que se esforçar ainda mais para tê-la de volta.

Notas Finais


Ah, sim... nada como um pouquinho de maldade pra deixar o cara fisgado pela garota, não é? Afinal, já está cientificamente comprovado que homens não respeitam mulheres boazinhas.


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