História Contraste - Capítulo VIII- Fotos.

Os pés balançavam, não atingiam o chão. O banco era alto demais para Hinata e seus 1,65m. Do outro lado do balcão, Sakura preparava o café da manhã, virando panquecas. Aquele sábado era um dos únicos que elas passavam totalmente juntas, sem um caso de Hinata ou um ataque de inspiração de Sakura. Com a namorada distraída, Hinata ficou de pé e saiu de fininho, indo atrás de sua máquina fotográfica polaroide. O sol da manhã invadia a cozinha, tingindo os cabelos rosa chiclete num tom alaranjado.

A rosada sempre detestou tirar fotos —sempre que tirava, fazia caretas, mas Hinata sempre conseguiu capturar momentos como aquele. Ela mordia os lábios olhando para a frigideira, jogando a panqueca para o alto e a recolhendo com maestria, num só movimento de pulso. Tirou a foto no momento exato que a terceira panqueca voava. Os olhos de Sakura estavam no alimento, concentrada, a frigideira flutuava a frente do corpo, graças a posição não dava para ver metade do cabo e a mão que a segurava. A boca da rosada estava entreaberta e bem cômica. Distraída com o flash, Sakura olhou para Hinata. A baixinha ria, porque no momento da distração, a panqueca caiu no rosto.

—Engraçadinha —sussurrou. Hinata não resistiu e tirou outra foto, rindo levemente do rosto da garota. A primeira foto estava estendida no balcão de granito, a segunda era agitada pelos dedos miudinhos da Hyuuga.

—Ficou adorável —mostrou a face carrancuda e com uma panqueca de Sakura. A rosada tirou a panqueca do rosto e a comeu antes de olhar a foto, com uma careta de indignação.

 —Eu não pinto você dormindo e babando nos seus relatórios e arquivos dos casos, por que você tem que fotografar meus talentos culinários? —A rosada ainda olhava a foto de forma nada agradável.

—Porque você fica fofa concentrada —retrucou, tirando a foto das mãos de Sakura. —Essa vai para o álbum de recordações! —Riu, caminhando para o sofá verde água da sala. Sakura suspirou, desligou o fogão e caminhou até Hinata. Aconchegando-a em seu colo, colocando a cabeça em cima da cabeleira azulada, sentiu Hinata abraçar sua cintura.

—Eu adoro ficar assim com você —admitiu. —Faz quanto tempo que estou enfurnada naquele ateliê e você em seu escritório?

—Quinze dias —respondeu, erguendo o corpo e enfiando o nariz no pescoço de Sakura. Naquele dia ela não usava o típico perfume floral. —Estou pensando em tirar umas férias. Tenho dias acumulados.

—É uma boa ideia, depois que eu terminar essa coleção, podemos ir para qualquer lugar do mundo —Hinata riu. Mesmo sendo muito caseira, sabia da necessidade que Sakura tinha de conhecer o mundo. E tinha uma ideia, um lugar que ambas tinham muita vontade de ir:

—Galápagos —afirmou. Poderia tentar fazer surpresa, mas seria impossível com o espirito investigativo de Sakura.

—Uma lua de mel? —Perguntou, levantando o rosto de Hinata para si. As bochechas estavam coradas como imaginou que estariam. Sorriu. —Ótima ideia —beijou-a, inclinando a cabeça e acariciando seu rosto delicadamente. —Vou terminar nosso café —se levantou, deixando Hinata sozinha com as fotos na mão. Sorriu ao ver a mulher que amava retornar para frente do fogão.

O silêncio era agradável e muito raro, já que geralmente o ateliê estaria fechado, mas mesmo assim uma música suave —jazz, blues ou uma clássica —escapariam abafadas do cômodo. O telefone tocou, mas Hinata olhava tão fixamente para as fotos em sua mão que parecia não tê-lo ouvido. Risonha, Sakura avisou de detrás do balcão:

—Atende, por favor? —Exclamando alto, Hinata atendeu o telefone.

—Alô? —Ouviu uma risadinha que conhecia muito bem.

—Bom dia, flor do dia! —Era Ino. —Queria saber se você e seu monstrinho rosa gostariam de ter uma tarde com as amigas!

—Tarde com as amigas? —Hinata repetiu para alto somente para Sakura ouvir. Erguendo uma sobrancelha, a namorada soltou uma risada sonora. —É, acho que eu e meu monstrinho rosa adoraríamos ver vocês hoje —Hinata zombou.

—Manda a Ino ir pastar, monstro é o noivo dela! Parece uma cruza de lagartixa com ser humano! —Gritou Sakura da cozinha. Ino ouviu e riu.

—Nos vemos no shopping as três então? —Hinata parou de rir para dizer:

—Sim, no shopping as três.