E aqui estava eu, sentada em minha cama, de frente para Amora que me olhava com um ponto de interrogação na testa. Eu respiro fundo, suspiro revirando os olhos, não sei o que fazer. Sei bem que o acordo pode e será anulado caso eu conte para alguém. Mas não vou contar pra qualquer pessoa, é a Amora, minha Gêmea de toda a vida. Eu sei que nela eu posso confiar, mas não pude deixar de pensar o quanto será difícil caso Alexandre descubra que quebrei sua regra.
- Vamos Alma, estou esperando uma explicação! - ela cruzou os braços, respirando tranquilamente. - Não tem lógica, até segunda-feira você estava com o Léo!
- Amorinha.. - arrasto a voz, pedindo para que ela pare de dar um nó na minha cabeça. - Estamos namorando, ponto. Não tem o que contar!
- Não tem essa de Amorinha! - levantou o dedo indicador, me fazendo bufar indignada. Como ela consegue ser tão autoritária quando lhe convém? - Giovanna, abre o jogo comigo.. Você traiu mesmo o Léo pra ficar com o Nerinho?
- Vai me julgar se eu dizer que sim? - questionei, ela estreitou os olhos, suas belas bolinhas de gude verdes me deixam nervosa.
- Jamais te julgaria! - ela afirma, me fazendo soltar outro suspiro. - Eu quero te ajudar!
- Eu prometi, não posso falar nada! - me levantei, tentando convencer a mim mesma que não podia falar nada para ela.
Amora me olhou um tanto indignada, nunca tivemos segredos uma com a outra. Ela cruzou os braços, se levantou da cama devagar. Eu já disse o quanto é perigoso quando ela fica calminha assim? Pois é, é bem perigoso!
- Giovanna, desde quando temos segredos? - segurou em meus ombros, as mãos apertando mais do que deveria. - Ou você me fala agora, ou eu dou na sua face!
Ui, ela não estava brincando. Eu não respondi com palavras, apenas neguei com a cabeça, retirando as mãos dela de meus ombros. Caminhei até a escrivaninha no canto do quarto, pegando o notebook que ali estava.
- Eu falo que vou dar na tua cara e você vai mexer em porra de computador?? - revirei os olhos, ela continuou me xingando.
- Amora, cala a boca! - grunhi entre os dentes, ela vai acabar me fazendo mudar de ideia e não contar nada. - Senta aqui.. - bati na cama, onde já havia colocado o notebook e se sentado. Ela franze o cenho, mas não questiona, apenas se senta na cama. - Veja com seus próprios olhos!
- Ver o que? - fiz sinal para que ela espere, e ela esperou. Abri um arquivo oculto, onde havia as regras que Alexandre e eu montamos. Nós achamos mais seguro guardar aquilo em uma pasta ao invés de um bloco de notas, que por sinal queimamos para que ninguém visse aquilo. - O que é isso? - questionou quando virei o abjeto em sua direção, ela estava sentada de frente para mim.
- Lê essa porra e para de fazer perguntas! - resmunguei um tanto nervosa. Ela me mostrou o dedo do meio, e se concentrou na tela do computador.
- Isso são regras? - me encarou, eu fiz que sim. - Que tipo de.. - parou de falar, olhando fixamente para a tela, depois para mim novamente. - Não acredito nisso! Tu tá querendo me dizer, sem ao menos dizer que isso é um trato?
- Exatamente, Alexandre e eu não estamos namorando de verdade! - jogo a cabeça no travesseiro, Amora me olha boquiaberta.
- Como assim, me explica!! - ela estava eufórica, e eu arrependida por ter contado. - Minha cabeça parou de funcionar. Vocês não estão namorando de verdade????
- Não, tudo não passa de um trato pra salvar a empresa do meu pai! - mordi o lábio, esperando a enxurrada de perguntas que ela me faria.
- Para de falar por partes, explica essa porra direito! - ela consegue ser insuportável as vezes. - E por que não me falou isso antes???
- Lê a regra número cinco! - ela olhou, correu os olhos pela tela, na certa lendo e relendo a regra.
- 5° comentar sobre o acordo também anula o trato! - leu em voz alta, como se eu já não soubesse o que estava escrito ali. Rolei os olhos, entediada com aquela conversa. - Mas por que? O que ELE ganharia com isso? - aaah minha filha, nem queira saber.
- Sabe a Karen Brusttolin? - perguntei com desdém.
- Aquela que tem a cara meio que de cavalo? - fiz que sim. - Ah sim, sei quem é! Mas o que ela tem a ver com isso..?
- O Nero é apaixonado por ela e.. - a gargalhada exagerada que ela solta me impede de continuar a falar. - O que foi?
- O Nero, apaixonado por alguém? - ele negou, ainda rindo. - Isso é bizarro! Esse é o objetivo que fala aqui nas regras?
- Sim, eu ajudo ele a conquistar a pônei e ele quita a divida da empresa!
- Mas por que você? - outra longa história. - Geral sabe que você jamais ficaria com ele, isso complica um pouquinho no teatro de vocês!
- Ele disse que não queria magoar ninguém. Não queria dar esperanças de um futuro que não possa existir, ele gosta dela.
- E você jamais se apaixonaria por ele! - ela raciocina, eu faço que sim. - Claro, agora tudo faz sentido na minha cabeça.. - bateu um indicador no outro.
- Amora, ele não pode nem sonhar que você sabe disso! - me sento na cama novamente, olhando-a no fundo dos olhos. - Para todos os efeitos, você acabou acreditando que estamos nos comendo real!
- Tá tá bom.. - ela revirou os olhos, afirmando que eu poderia confiar nela. Eu sabia que podia, mas não custa nada reforçar. - Alma, vem cá... Aquele beijo do vídeo, foi ensaiado?
- Não! - inevitavelmente fico envergonhada. ELA TINHA MESMO QUE ME LEMBRAR DAQUILO? QUE DESNECESSÁRIO! - Eu reclamei que ele não tinha me pedido em namoro corretamente, daí ele armou aquele circo todo! ahhh, mas aquilo foi um beijo técnico! - dei de ombros, vendo-a sorrir maliciosamente.
- É.. bem técnico mermo.. - ela debocha. - Relaxa, ninguém viu você enfiando a língua na garganta dele!
- Amora! - arremesso um travesseiro em sua direção, certeza que meu rosto está avermelhado. - Foi só um selinho!
- Giovanna, para vai! - ela não faz questão de esconder o sorrisinho malicioso. - Ele puxou seu cabelo e tudo!
- Puxou? - me fiz de desentendida. - Nem percebi!
- Não? - me provocou mais um pouquinho. - Por que será que eu não acredito nisso? Espera, deve ser porquê te conheço muuuuito bem!
- Tá, foi um beijo bem real.. Mas não passou de um teatro, não estamos namorando de verdade! - fechei os olhos, lembrar da boca dele colada na minha me deixa um tanto perturbada. - Ele tem o melhor beijo que já provei! - vem sem pensar, quando percebi que falei isso em voz alta, tampo a boca com as mãos. Droga!
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