História Contrato selado - "Essa química"

Eu acabei falando mais do que deveria. Acabei de falar para Amora que o beijo de Alexandre era o melhor que já provei. Eu só posso estar bem louca, completamente fora da casinha, a quilômetros de distância de mim. Balanço a cabeça, ela tinha um olhar malicioso sobre mim.

─ Se eu fosse você..aproveitaria melhor esse acordo! - franzi o cenho. O que será que ela quis dizer com isso? ─Ah, não vem fazer a Nelita não, tu sabe muito bem do que estou falando! 

─ Sei?- torci o nariz, vendo-a estirar a língua de uma maneira engraçada.

─ Qual é, Giovanna, geral lá da faculdade gostaria de estar no seu lugar! - ela revirou os olhos, e eu também. Quem vê até pensa que Alexandre é tudo isso. ─ Eu daria pra ele fácil. Você tem a oportunidade, tem mesmo que indiretamente ele em suas mãos, aproveita os orgasmos que a vida pode te proporcionar! - O QUE? Ela fala como se isso foi a coisa mais natural do mundo, eu não vou dar para ele NUNCA. Amora estava bem intensa, seus olhos brilhavam feitos esmeraldas. No canto de sua boca, uma pequena sombra de sorriso malicioso se formava.

"Aproveita os orgasmos que a vida pode te proporcionar? Não sei quem é mais retardada: Você que aceitou esse acordo absurdo, ou Amora com esse conselho idiota", e pela primeira vez em dias eu concordava com meu subconsciente, eu realmente não sei quem é mais retardada.

─ Você é louca! - neguei com a cabeça, fazendo uma careta exagerada para ela. Essa garota não é normal. ─ Eu tô com fome! - desviei o assunto, incomodada com o olhar fixo dela sobre mim. Logo, logo ela vai decifrar que eu também daria pra ele fácil. Ela me conhecia melhor do que ninguém, e eu odeio isso. 

─ Eu sou sã, minha querida! - jogou uma piscadela pra mim, maliciosa como sempre. ─ Quero só vê onde isso vai levar..

─ Amora vá a... - tentei falar, mas uma voz conhecida me interrompeu no meio da frase.

─ Isso o que? - era Alexandre, eu engoli em seco. COMO ELE CONSEGUIU ENTRAR AQUI? ─ Amora, oi! - falou com ela, mas lançou um olhar de questionamento para mim. A minha sorte foi que eu já havia tirado o notebook de cima da cama, porquê se não ele sacaria que eu falei tudo para ela. Suspiro aliviada.

─ Olá! - ela acenou com a cabeça, jogando um sorriso provocativo para ele. Ela não sabe disfarçar, eu quero MATAR a Amora. Alexandre me olhou, depois olhou para ela, tenho certeza que ele está muito, mais muito desconfiado. 

─ Que cê tá fazendo aqui? - quebrei aquele silêncio constrangedor, chamando a atenção dele para mim. ─ Quer dizer.. Não me disse que vinha! - Mudei minha pergunta, tinha que fingir que ela não sabia de nada. Olhei a loira sentada ao meu lado, ela morde o lábio inferior ao tentar segurar o riso. Qual é a dela??? Não ta interpretando a desentendida. argh!

─ Tô tentando falar com você a tarde inteira! - agora que ele falou acabei me dando conta, cadê meu celular? ─ Tava passando aqui perto e resolvi subir pra falar com você, sua mãe abriu a porta e me disse que você estava aqui em cima com a Amora! - se explica, apenas faço cara de paisagem, vendo que Amora ainda tentava segurar o riso. 

─ Vocês são um casal estanho! - ela constata, eu arregalo os olhos. O que ela pensa que vai fazer?

─ Estranho como? - Alexandre é quem pergunta, escondendo as mãos no bolso da calça jeans que usava. Eu engulo em seco, já não tenho tanta certeza que fiz o certo em contar pra ela.

─ Estranhos sim! - coçou o queixo, seu olhar mirabolante me deixava mais nervosa a cada segundo. ─ Desde a hora que tu chegou aqui, não trocaram ao menos um selinho. - Alexandre suspirou aliviado, na certa tirando da cabeça a ideia que eu havia contado para ela. Eu arregalei os olhos, já entendi o que Amora está querendo!

─ Ah, é isso! - ele coça a cabeça desajeitado. Já disse o quanto acho bonitinho quando ela faz isso? Pois é, eu acho. ─ Cheguei aqui do nada, preciso mesmo falar com ela! - soltou um sorrisinho amarelo, se aproximando de mim devagar. O que será que ele quer falar comigo? ─ Oi meu amor! - forçou um sorriso, me dando um selinho rápido nos lábios. O contato da boca dele, mesmo que levemente me deixou arrepiada. Olho para Amora que mantinha os olhos cerrados, ela sabe como atuar.

─ Esse é o beijo de vocês? TSC, TSC. - Amora faz um som de negação com a boca. ─ Cadê aquela química surreal do vídeo?

─ Amora! - eu choramingo, ela realmente quer que nós nos beijemos.

─ Qual química do vídeo? É essa aqui?? - Alexandre me puxou, me fazendo levantar da cama. Eu pude sentir seu corpo bater contra o meu violentamente, eu queria dar na cara dele! Sua mão direita me segurou firmemente pela cintura, eu paralisei, enquanto sua mão esquerda adentrou meu cabelo igual ao dia do parque. Isso não pode acontecer de novo. Fechei os olhos ao senti-lo puxar os fios na altura da nuca, soltando um grunhido baixinho, grunhido esse que somente nós dois ouvimos. Ele sorri de canto, aquele sorrisinho do emoji safadinho, ele iria me beijar.

Alexandre puxou minha cabeça de encontro a sua , selando nossos lábios. Ficamos alguns segundos assim, apenas com os lábios selados, aproveitando cada instante, ter a boca dele colada a minha é uma sensação inexplicável. Minha língua pediu passagem, eu queria beijá-lo de verdade. Ele prende meus lábios entre os seus, sugando-os sugestivamente antes de dar a passagem que eu tanto almejava. E assim nos perdemos num beijo mais profundo. Sua língua passeava por minha boca assim como a minha, que passava em cada canto de sua boca, como se precisasse lembrar exatamente cada canto dela, seu gosto e seu calor. Gosto da sensação de sentir sua língua duelando com a minha.

Seus dedos passaram entre meus cabelos, me roubando um leve arrepio, o que fez ele sorrir entre o beijo. ele gosta de puxar meus cabelos, e eu gosto mais ainda que ele puxe, que ele nunca escute isso, é claro . Apertou seus dedos em minha cintura, colando totalmente seu corpo no meu enquanto nossas respirações apenas aumentavam de intensidade. Ele não roçou os quadris contra os meus, mas os jogou de maneira que eu pude sentir uma leve ereção querendo despertar totalmente. Queria criar forças para empurrá-lo, mas eu não conseguia, ele tem mais força que eu. 

─  Ei porra, chega! - Meu Deus, Amora ainda está aqui.  ─ Essa era a química que a Titia estava falando!!!! - ela diz assim que paramos o beijo, mas continuamos abraçados. Meu ar tá faltando, preciso me segurar nela para me manter em pé. Meu corpo já formigava.  ─ Excitação alheia existe sim! - ela se abanou, e eu revirei os olhos. Se ela está excitada, imagine eu. 

─  Eu tô com fome, alguém quer comer? - me soltei de Alexandre, e minha deusa interior cruza os braços emburrada. 

─   Eu adoraria provar o seu ovo frito, mas.. - se levantou da cama, ajeitando a roupa pouco amassada. .... ─  Seu Jorge me espera pra uma "reunião de família"! - fez aspas com as mãos, torcendo os lábios em seguidas.   ─  Aproveitem essa cama maravilhosa, não façam nada que eu não faria! NHAU! - ela me deu um tapa na bunda, e outro na testa de Alexandre antes de pegar sua bolsa e sair. 

Eu respirei fundo, com uma mão no peito e outra entre meus próprios cabelos. Eu realmente preciso aprender a controlar meu corpo, preciso resistir a isso até o final do ano, sei que vai acontecer de ter que beijá-lo muitas vezes.

 ─  Acho que agora ela acreditou! - ele me trás de volta a realidade, a voz rouca deixando os pelos do meu corpo ainda mais arrepiados. 

  ─ Parece que sim! - sussurro, mal sabe ele que ela já sabe de tudo.   ─  O que você queria falar comigo? 

─  Preciso de você no sábado! - olhei pra ele com um ponto de interrogação na testa. Sua boca avermelhada estava bem sugestiva. 

─  Já disse que vou na festa do Kevin com você! - eu afirmei, ele fez que não com a cabeça.  ─  Que foi, a gente não vai mais? 

 ─  Vamos, claro que vamos! - se sentou na minha cama, eu fiz o mesmo.  ─  Ana acabou soltando lá em casa que estamos namorando.. - ele diz, se referindo a sua irmã mais nova.  ─  Meus pais querem que jantemos com eles no sábado! 

─ Que?? - quase gritei, não estou preparada para isso. 

─  Fiquei tão assutado quanto você! - ele suspira.  ─ Detalhe, eles querem que seus pais participem disso! 

─ Nero, eu não contei pra eles ainda! - não posso acreditar nisso, vai ser constrangedor. 

─  Hoje ainda é quinta, até sábado você tem tempo! - me jogou uma piscadela debochada. Me joguei de costas na cama, isso não vai dar certo.