— Ele é tão... Atencioso com ela. A forma como ele explica o diagnóstico, a forma como relata cada detalhe, a forma como ela pousa o estetoscópio no lado esquerdo do peito dela.
Não muito distante, a situação de ''Mark conduzindo uma cadeira de rodas pelo hospital'' era acompanhada não só pelo time de médicos, mas sim por todas as pessoas dispersas pelo hall do hospital.
— Já teve o bastante, precisa de mais humilhação? – Delphine pergunta p/ Adele. Não gostava de presenciar-la se torturando daquela forma. – Você não precisa disto, porque não vai pra outra ala? – Contudo Adele não parecia ouvir-lá.
— Que tipo de pessoa miserável e vazia vai pra cama com um paciente? – indaga incrédula. – Sem ofensas.
— Oh, eu não estava ofendida até agora. – Delphine rebate, ofendida. – O que será que está havendo ali?
— O senhor não tem permissão de vê-la. – a recepcionista levanta sua voz visto que o homem de estilo cowboy não parece submeter-se a sua ordem. Ele invade os corredores e também pode ver a cena.
— Grace! – grita chamando atenção de todos.
— O que meu pai está fazendo aqui? – pergunta com pavor.
— Eu não sei, não devíamos deixá-lo entrar e descobrir? É o seu pai. – Mark diz calmamente.
— Aquele homem quebrou meu coração todos os dias, durante 15 anos. Não sou mais Grace Johanssen, Sou Grace Rollins.
— Eu ainda sou seu pai. – o homem esbraveja.
— Como não está preso?
— Preso? – Mark pergunta. – Ele perdeu sua guarda?
— Eu era sua filha, deveria me amar e não me fazer de experimento. – Grace fala, sua voz trêmula. – Eu não sei como você fugiu da cadeia, mas deveria ir embora antes que eu chame a polícia. – berrou, ecoando por todo hospital. – Mark livre-se dele.
— Chamem a segurança. – Mark gritou. – Ei, vai ficar tudo bem. – Mark a conforta vendo Grace chorar em seus braços. – Vou me certificar que ele não volte nunca mais.
— Ok. Por esta eu não esperava. – Adele diz boquiaberta. — Delphine? – chama a médica que parecia em transe, refletindo. De fato, não dá pra se desligar da família.
— Eu tenho que ir.
**
— Com licença. – Delphine diz ao atravessar a porta. – Me desculpe, não sabia que estava acompanhado, volto depois.
— Não é necessário. – Art responde. – Aldous já estava de saída. Certo, Doutor Leekie?
— Posso ficar se quiserem. – O homem mais velho disse, não sabia se era suas pálpebras envelhecidas mas Delphine podia jurar que soltou uma leve piscadela. O jeito como a fitava lhe causava calafrios. – Estou brincando. Tenho uma cirurgia daqui... – ele para checando seu relógio de pulso. – Bem, agora. – ele se despede, arrancando no máximo um sorriso forçado da médica.
— Sente-se. – Art indica a cadeira a frente. – Em que posso te ajudar? Precisa de algo? – Ela acomoda-se na poltrona e esfrega as mãos de nervosismo.
— Sim.
**
— Donnie, te mandei uma lista online. – Delphine fala com o celular empresado no ouvido. – A lista, Donnie! Foco na lista. Isso, reserve os espaços e não esqueça os adaptadores, okay? – No laboratório do segundo andar, estava analisando amostras no microscópio enquanto instrua seu assistente a arrumar uma mala. – Eu não sei, é quase meia noite, vou ver se consigo um táxi. E... – A porta rangeu e o barulho que soou a desconcentrou, quer dizer, alertou-a, pois a concentração já havia partido a algum tempo. – Hey! O que está fazendo aqui? Deveria estar dormindo... Você... – Ela balbucia, enfiando o celular no bolso do jaleco. Deveria estar dormindo quando passasse pelo seu quarto. – Deveria estar dormindo.
— Hey...! – Cosima anuncia com certa falta de jeito. – Eu sei... É tão tarde. Mas eu não conseguir dormir então... – gesticula com um braço enquanto esconde outro atrás das costas. – Enfim... Eu vim me desculpar... Por insinuar que... Todas aquelas coisas que eu disse fossem reais. Eu sinto muito Delphine. Acho que eu não tinha/ tenho – corrigiu-se mentalmente. - Este direito de interferir em sua vida.
— Okay. – Delphine fala ignorando seu olhar penoso e voltando p/ o microscópio.
— Desculpas aceitas? – Cosima diz, recostando-se num balcão de granizo.
— Yep. Precisa de mais alguma coisa?
— Eu meio que trouxe um presente de desculpas... – ela mostra o que estar posterior. – Eu percebi que você tem andando meio estressada. E eu entendo isto, e eu sei que isto não faz sentindo...
— OH MEU DEUS! – Delphine exclama, espantada, ela se dirige até a porta e fecha o trinco depressa. As trancafiando de fato numa espécie de aula prática. – Isso é um vaporizador de ervas? Isto é.. Oh Meu Deus, maconha? Sério Cosima? Aonde você arrumou isto?
— Delphine, literalmente relaxe! – Cosima exprime soltando o vaporizador próximo as placas de petri. Delphine inspira o ar e solta devagar, daria uma chance para explicar-se. – Eu encontrei nas coisas de Shay. O zíper do segundo bolso estava aberto, praticamente caindo da mochila. Não se preocupe, ela está dormindo agora. E qual é Delphine? Nunca fumou no ensino médio, na faculdade? - Cosima não via nada demais naquilo. Não entendia por que Delphine estava surtando.
— Eu estudei em um colégio preparatório que era extremamente rígido, okay? – Delphine dizia devagar puxando todo o ar que conseguia captar para os pulmões. – Eu não tive muitas oportunidades. E vem cá isto não é proibido? – ela continua voltando com os ataques de surto.
— Você não vai pra cadeia Delphine.
— Mas vou pra o inferno. – rebate. – Quer dizer, segundo minha mãe. – Segundo ''Dona Constante'', havia um lugar especial nas profundezas das trevas para todos aqueles que ousassem daquilo usufruir. – Okay... Eu já fumei uma vez na faculdade. Porém, não desta forma. E você não pode me ensinar. Está doente! – salienta.
— Doutora Cormier, eu sou médica também. E posso evidenciar que este é o jeito que diminui consideravelmente os males que a fumaça do baseado causa, não há riscos p/ saúde. Natural como flores. E bem, eu já adaptei. Qual é? Eu sei que você curte. Porque não aceita? - Que teimosia.
Porque-é-de-você. – Delphine ressalta em sua menta. Quando ia se dar conta disto? Contudo, após ponderar ela bufou e deu-se por vencida. Delphine era um tanto quanto impulsiva, gostava das coisas no calor do momento.
— Okay... Mas não posso demorar. – Delphine foi até o armário e peguei outro jaleco. – Vista isto, está num laboratório.
— Está bem. – Cosima aceita, alegrando-se. – Eu vou fazer uma vez, você só tem que puxar, certo? – Cosima põe o aparelho na boca e puxa todo ar captado dos pulmões. – Pronto. Sua vez.
— Acho que não funcionou. – Delphine imitara seu gesto mas não via muita diferença em seu estado.
— Não é de primeira, Fica puxando sai um gostinho bom.
Alguns minutos depois quando se deram conta já estavam lado a lado, de ombros colados debaixo do balcão.
— Me desculpe também... – Delphine fala, sua voz alterada. Cosima levanta as sobrancelhas e faz um ligeiro movimento com a cabeça. – Por insinuar que você é um robô frio e insensível. Que você não processa as emoções...
— Você não disse isto. Você foi um pouco rude, mas não disse isto.
— Oh, então pensei alto! – respondeu, assim sem gentileza. Sem pensar muito. – Estou neste laboratório há horas. E Acho que estou chapada... Porque fez isso? – ela vira o pescoço também a encarando.
— Achei que poderíamos ser amigas. Você não acha? – perguntou, calma.
Não, ela não achava. Como poderia ser sua amiga se ainda a queria? O que deveria dizer? Enquanto estava engasgada e ela bem.
— Pare... – Delphine diz, cansada. Tão forte por fora, tantas confusões por dentro.
— Você que começou...
— Não, pare... Você fica me olhando. Eu tenho planos. Não consigo respirar. Então pare.
— Eu não estou olhando pra você. – Cosima responde. Fingindo estar indignada, mas a verdade era que não conseguia tirar os olhos dela. – Eu sou casada. Com a Shay... E talvez você tenha outro alguém, tenha planos. Porque bem, quem não queria ter um encontro com você?
Cosima tocou a região do seu colo despertando na médica um arrepio que desta vez não era de medo ou de frio.
— Talvez não... Talvez eu esteja tão ocupada sendo sua para me apaixonar por outra pessoa. Eu sempre... – Delphine abaixa o rosto. – Esqueço disto.
Cosima não tinha palavras.
Com a ponta dos dedos, Cosima ergueu seu queixo até seus olhos cruciantes ficarem alinhados aos seus. Os lábios da médica maior encontravam-se entreabertos, Cosima roubou-lhe um beijo de leve.
Mal respiravam, ambas se fitaram e de repente aquilo pareceu uma boa ideia.
Começaram a se despir depressa. Delphine começou com as caricias e Cosima a retribuiu, puxando a pelo pescoço a medida que Cormier ajeitava-se e deitava por cima. Os lábios se aproximaram e mais uma vez Delphine a beijou, com mais força, mais intensidade.
Uma estranha e agradável sensação, como uma dosagem de algo relaxante. Como se seus sentidos ficassem aguçados, como se o toque dos lábios durante o beijo fosse em câmera lenta. O cheiro de flor concentrada exalava.
Coxas úmidas, pernas trêmulas de desejo e pegada intensa, Cosima queria congelar-se naquele instante perfeito.
Cosima se virou e ficou por cima, o clima foi esquentando, as mãos já passeavam por todas as partes visíveis da pele. Gemidos baixos,falhos e cortados apenas por Delphine, que soltou um riso durante a excitação.
— Porque está rindo? – Cosima pergunta analisando a médica por baixo. Seus rostos próximos, Cosima podia sentir o hálito quente.
— Porque é ridículo! – ela solta com o ar, gargalhando. – Estamos chapadas e.... Você é casada e isto é ridículo. E eu não sei que horas são e eu preciso ir... E quando eu vi meu reflexo naquele mesa foi como se eu tivesse saído do meu corpo e me ouvir dizendo ‘’Você é estupida’’. Você é amante fantasma.
Cosima sai de cima e deita-se ao seu lado no chão gélido.
— Bem, eu sou casada. – Cosima fala, também entre risos.
— Eu sei.
— Muito embora, até algumas semanas atrás ela não retornava minhas ligações. E não sabia aonde minha esposa estava.
— Foi tão estranho. – Delphine confessa. – Foi tipo ‘’Ei Cosima aonde estava sua esposa até uns dias desses''?
— Eu-não-sei.
As duas gargalham, sorrindo até perder o ar, e aos poucos vão recuperando o fôlego.
— Acha que pode esquecer isto que eu te disse? – Delphine pergunta.
— Bem, acho que tenho que fazer isto, porque o problema...
— O problema é que você é casada com a Shay. - Delphine completa. – Eu tenho que ir. Preciso conseguir um táxi. – ela fala bocejando e se levantando.
— É, este é o problema. – Cosima rebate num mísero sussurro.
Apesar de tudo ainda era a mais ''lúcida'' entre as duas, e cabia a ela auxiliar nos cambaleios de Delphine. Cosima não ''fumou'' tanto quanto Delphine, então ajudou-a se vestir e também a levar-la p/ o dormitório. Não podia deixar que fosse pra casa sozinha.
Segurou em seu braço e a conduziu até a cama.
— Ei, eu tenho uma pergunta pra fazer. - Delphine murmura. – Lagostas são sereias para os escorpiões? – Sonolenta, estava chapada demais pra ser levado a sério.
— Durma bem. – Cosima puxou o cobertor e a cobriu. Dando-lhe um beijo casto na testa.
— Cosima. – Delphine a chama. – Você me machucou quando escolheu ela.
— Eu sei. - exprimi com um nó na garganta - Boa noite Delphine. – Apagou a luz e fechou a porta.
Delphine revirou-se na cama, as últimas palavras lhe causaram um replay em seu cérebro, déjà-vu.
— Boa noite Delphine, estou esperando por você.
— Boa noite mãe. - e encerrou a ligação.
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