História Copy Girl - Suits

Ian estava me contando sobre a sua primeira vez dirigindo, enquanto voltávamos para festa e eu tentava não corar a todo segundo que ele olhava em meus olhos.

- Acha que Candice vai me matar? - ele perguntou rindo, e eu mordi o lábio inferior segurando a risada.

- Eu acho sim - falei e ele concordou - Só não se esqueça de pedir desculpas.

Sorri novamente, olhando para os meus vans e vendo uma pequena embalagem de pirulito. Me abaixei para pegar, bufando pelo o que estava escrito.

Chamei Ian, fazendo o mesmo tirar os olhos da estrada por alguns segundos - Nós dois estávamos certos sobre o sabor do pirulito.

- Framboesa, cereja e morango? - Ele perguntou sem entender.

- Frutas vermelhas - Ri baixinho - Esse é o sabor.

Ian parou o carro onde havíamos estacionado antes de precisar fazer essa corrida maluca até minha casa e buscar o presente. Arfei quando o mesmo se aproximou mais de mim, sorrindo e apoiando uma das mãos na porta atrás do meu corpo, selando nossos lábios e sorrindo para mim em seguida.

- Eu sempre soube - Disse convencido, e eu empurrei seus ombros.

- Você disse que era morango - Acusei, e o mesmo negou - É feio mentir, Ian.

- Então é melhor corrermos para entregar esse presente a Candice antes que meu nariz cresça.

Ri abrindo a porta do carro, agora eu vestindo um casaco preto, já que eu parecia uma maluca com aquela jaqueta em pleno inverno. Junto com o casaco eu vestia também um cachecol branco, que deixava meu pescoço quentinho.

- Você devia ter colocado luvas também, me recuso a segurar suas mãos com seus dedos parecendo cubos de gelo - ele empinou o nariz, e eu fiz cara feia para ele, escondendo minhas mãos dentro dos bolsos do casaco.

- Tudo bem - Dei de ombros, soltando o ar frio e vendo ele branquinho em minha frente.

- Eu estou brincando, venha aqui - ele colocou o presente em meio as pernas e puxou minhas mãos de dentro dos bolsos, levando devagar até sua boca fazendo-as formarem uma conchinha - Eu vou fazer o que minha mãe fazia comigo quando eu era pequeno.

Ian começou a assoprar em minhas mãos, e eu pude sentir o ar quente entre elas, esquentando lentamente.

- Isso é bom? - Ele perguntou baixinho, e eu concordei, não conseguindo desviar o olhar dos seus.

Ele levou minhas mãos até suas bochechas, e eu sorri quando o mesmo fechou os olhos.

- Estão quentinhas agora, quem é que precisa de luvas quando se tem a mim? - Ele perguntou, e eu não pude deixar de corar guardando minhas mãos no bolso rapidamente, enquanto voltávamos a andar.

Chegamos à entrada a tempo de ver Candice sair do seu carro, arregalando os olhos vendo Ian com o presente em mãos.

- C-como? - ela perguntou recuperando o ar, e eu tinha a certeza que ela havia burlado muitas leis de trânsito para chegar aqui a tempo.

Ian abriu a boca para falar, mas me apressei sabendo muito bem que ele estragaria tudo ou deixaria Candice mais irritada que o necessário.

- Primeiro - Eu olhei para Ian e depois para Candy - Ian quer se desculpar.

- Se desculpar de que, Nina? - ela já parecia raivosa - Ah, eu não acredito que foi você...

- Candice - Pedi, vendo algumas pessoas acenarem para Ian e nos chamar para dentro - Deixe ele falar primeiro.

Olhei suplicante para Ian, e o mesmo bufou concordando com a cabeça.

- Eu escondi seu presente - Ele apenas disse, e eu arregalei os olhos para ele, vendo Candice já dar mais um passo a frente.

- Espere! - Falei rapidamente para a minha melhor amiga - Ian, continue.

- E me desculpe, Candice - Ele deu de ombros - Mesmo eu achando que você tenha merecido, não foi legal da minha parte.

Ela estava com as bochechas vermelhas de raiva, e respirava pesadamente apontando para o seu carro.

- Sabe quanto eu andei? Porra! - Meus olhos estavam arregalados, e eu ainda não conseguia processar que ela havia falado um palavrão - Ian, você é um idiota, me dá esse  presente.

Candice pegou o presente com força, me lançando um olhar e caminhando com rapidez até a porta de entrada.

- Bom, foi melhor do que eu esperava - Ian deu de ombros e eu olhei para ele sem acreditar - O que foi? Pelo menos ela não tentou me bater ou algo do tipo.

- Mas agora ela nunca vai gostar de você - Disse olhando para a porta.

- E do que isso importa, nina? - ele perguntou - E dai que ela não gosta de mim?

Eu queria responder "Dai que eu queria que minha melhor amiga visse como você mudou, Ian. Queria que ela pudesse entender o que eu ando sentindo por você, e que pudéssemos conversar sobre isso, por que ela repugna qualquer conversa que envolva o seu nome. Eu queria que tudo fosse perfeito como parece ser, mas você não está me ajudando nisso". Mas respondi apenas:
- Deixa pra lá, vamos entrar.

Ian abriu e fechou a boca como se fosse dizer algo, mas acabou concordando enquanto entravamos para comemorar a festa de Michael.

A festa foi até divertida. Joseph deu o presente à Michael, e eu pude ver o sorriso orgulhoso que ele lançou para Candice, quando Michael o abraçou vendo uma das canecas de seios. Cortamos um bolo em forma de cerveja, e eu juro que o chantili parecia mesmo uma espuma em cima do copo. Ian quis me levar embora cedo, mesmo que o seu "cedo" fosse um "tarde" para mim. Eu concordei dizendo que meus pais chegariam apenas de manhã, e ele me fez prometer que iria trancar a casa corretamente e ligar para ele e para a polícia se algo acontecesse.
Eu corei tanto com sua preocupação, que o mesmo riu beijando minhas bochechas em despedida.

Na verdade, eu só me lembro de ir dormir com o maior sorriso do mundo no rosto.

Acordei com Maria me chamando para o café, perguntando se eu havia me divertido e como Ian estava.

- Ele está bem. - Respondi me levantando, e abaixando o meu pijama.

Quando entrei no banheiro escutei Maria falar.

- O que você derramou no lençol?- Meus olhos se arregalaram e eu corri para fora do banheiro, vendo ela retirar o pano branco de cima da cama.

- Leite - Disse a primeira coisa que veio em minha mente, torcendo o nariz para mim mesmo.

Maria deu de ombros e mudou de assunto, me fazendo suspirar em alivio e voltar ao banheiro.

Depois de fazer minha higiene e me agasalhar adequadamente para um dia de neve, eu desci as escadas encontrando todos me esperando na mesa do café.

- Oh, me desculpem, eu demorei muito? - Mamãe negou com a cabeça, sorrindo para mim.

- Que nada - papai deu de ombros, atacando a geleia de uva e algumas torradas.- Como foi a noite? Bebeu muito? - ele fez piada, sabendo muito bem o que eu achava de bebidas alcoólicas para menores de idade.

- Eu bebi refrigerante - Sorri para ele - E como está a vovó e o vovô?

- A nona me deu um cachecol novinho, e ela mesmo que fez! - Anne disse alto, enchendo a boca com dois donuts fresquinhos.

- Não fale de boca cheia, querida. - Mamãe a repreendeu.

Sorri quando Anne se desculpou, e Koll roubava pedacinhos de bolo discretamente

- Eu vou ir provar os vestidos hoje - Murmurei servindo meu café - E Ian disse que vai comigo.

- Oh, mas isso é ótimo! - mamãe disse animada, arrumando os cabelos de Koll que caiam em seus olhos - Se não tiver problema, eu poderia acompanha-los?

- É claro - Sorri, animada com a ideia - Você sabe que eu sou péssima em comprar roupas sozinha.

- Mas logo vai precisar, você vai ir pra faculdade - Lucy disse enquanto enxugava a louça, e eu pude ver mamãe sorrir fraco.

- Eu não posso acreditar, minha filha está indo embora! - Papai lamentou.

Depois de tomar meu café, eu mordi os lábios para enviar uma mensagem a Ian, imaginando se ele havia pensado no que fizemos a noite toda como eu. Se ele também estava com borboletas no estomago, e se estava animado para provar as roupas.

Eu estava com saudades dele, e tínhamos nos vistos ontem.
Eu estou tão perdida.

- Ian vai nos encontrar lá? - Mamãe perguntou já com sua bolsa, e eu procurei um dos meus irmãos atrás dela.

- Não vai levar ninguém junto?

Mamãe negou sorrindo.

- Hoje serei toda sua, aproveite. -Ela sorriu - E aí?

- Ah - Me lembrei da mensagem, a enviando no mesmo instante.

Mamãe vasculhou algo em sua grande bolsa e senti meu celular vibrar rapidamente.

"Não quer que eu te pegue aí?  ZaynXX"

Tentei ignorar meu sorriso quando li os "xx" no final da mensagem.

"Minha mãe também vai, então eu vou com ela,  ok? NXX"

Sorri para mamãe, e vi que ela parecia curiosa.

"Tudo bem,  só me manda o endereço, estou louco para provar novos ternos! !! Z."

Sorri maior ainda, ansiosa e cheia de borboletas no estomago. Seria um longo dia.

-X-

- Ian! - Minha mãe disse super animada, sorrindo grande para Ian quando nos encontramos em frente a loja - Que saudades de você, querido.

Os dois se abraçaram, e eu ri baixinho quando minha mãe bagunçou os cabelos dele.

- Vamos entrar, eu estou louca para Neens provar um branco que eu tinha visto... - Mamãe já entrava na loja, e eu pude ver uma mulher ir até ela.

- Oi -  disse, olhando para mim e dando um sorriso - Você veio de luvas hoje.

Concordei, vendo que ele estava usando a tipica jaqueta preta.

- Mamãe insistiu - Mostrei as luvas cinzas - Acho melhor entrarmos.

minha mãe estava super agitada, e quando entramos ela arrastou Ian até uma arara cheia de ternos novinhos, apontando para um azul, logo em seguida para um preto tradicional.

- Mamãe - A chamei baixinho, vendo uma das vendedoras irem até Ian com olhos famintos - Eu prefiro um vestido normal.

Ian concordou comigo, e eu fiquei feliz que ele estava prestando atenção em nós e não na vendedora que quase o engolia vivo com os olhos.

- Bom, que tal escolhermos um azul, e pra combinar pegamos uma flor? - Olhei suplicante para mamãe, que concordou sorrindo.

- Então, que tal esse querida? - Ela apontou para um azul claro.

- Eu vou prova-lo - Olhei para Ian que pegava um terno para provar, e minha mãe se distraia com a vendedora falando sobre filhos e outras coisas.

- Que tal uma flor azul bebe? - Ian perguntou baixinho, enquanto entravamos na ala dos provadores - Se tornou minha cor favorita desde ontem.

Minhas bochechas coraram e eu olhei para ele envergonhada, tentando não corar mais ainda quando o mesmo apontou para um provador.

- Quer ajuda com o seu vestido? - ele perguntou, e eu bufei fechando a cortina em minha frente - Okay, eu me desculpe. Eu só estava sendo educado.

Sorri para o espelho, enquanto tirava minhas roupas e ouvia Ian cantar uma música qualquer do outro lado. Depois de ter vestido a roupa, comecei a morder o dedo mindinho e imaginar se estava bom.

- Hey - Ian me chamou - Posso ver?
Suspirei pesadamente.

- Eu não sei se ficou bom - Murmurei insegura, e ele riu baixinho.

- Eu juro que te digo a verdade, agora deixe-me ver - Ele cantarolou, e logo vi a cortina se abrindo.

- Ian!! - Esbravejei, mas o mesmo já fechava a cortina e me empurrava para o lado, se olhando no espelho.

- Nós estamos muito lindos, esse terno caiu muito bem em mim - Ele ajeitou os cabelos em frente ao espelho, e eu tentei arruma a alça do meu vestido. É claro que caiu bem nele, ele ficava bem com simplesmente tudo.

Ian me olhava diferente, e eu vi seus dedos chegarem até meu ombro, arrumando a alça que eu havia colocado errado sem perceber.

- Acha que minha mãe vai gostar? - Perguntei a ele, sentindo suas mãos acariciarem minha bochecha antes de voltar a olhar o espelho.

- Ta brincando? Ela vai amar - Ele murmurou sorridente, mas ficou serio de repente. - Han, amanhã eu preciso levar minha mãe para fazer compras para o natal já que é seu dia de folga, mas segunda... E-eu -
Olhei curiosa para ele, que se embaralhava com as palavras. Seus olhos chegaram aos meus na mesma velocidade que ele prensou meu corpo contra uma das paredes do provador.

- Eu quero sair com você na segunda, eu preciso consertar uma coisa... - Ele grunhiu - Só me prometa que vai me ouvir.

Meus olhos se arregalaram, e eu já sentia um medo dentro de mim. O que Ian queria dizer que não poderia ser dito agora?!
Ele parecia tão nervoso quanto eu, então me apressei para responder.

- E-eu vou - Concordei, e ele sorriu pequeno, bicando meus lábios.

- Amores? Onde vocês estão? - Mamãe chamou, e Ian se apressou para abrir o provador.

Eu pude ver os olhos dela brilharem quando nos viu juntos, vestidos com roupas de gala e com sorrisos tímidos. Quer dizer, o sorriso tímido era meu. Ian parecia um raio de sol conversando com minha mãe sobre os preparativos, e até mesmo sobre a limusine que os garotos já tinham alugado e que passariam em minha casa para me pegar.
Depois que mamãe alugou meu vestido, e Ian usou seu cartão de credito (que provavelmente era de Paul ou Joseph), nós paramos do lado de fora da loja.

- Bom, eu estou exausta - Minha mãe disse - Vamos pra casa, bebê?

Corei com o apelido, e Ian mexeu os lábios dizendo um "bebê".

- Que tal tomarmos um chocolate quente, Neens? Eu prometo ao levar cedo para casa , Michaela- Ian abraçou minha mãe brevemente.

- Tudo bem. E foi bom te ver, Ian - Mamãe se despediu, sorrindo enquanto entrava no carro.

Ian me cutucou na costela, me fazendo rir pelas cocegas.

- Chocolate quente? - Ele perguntou, e eu mordi os lábios concordando.

- Com donuts? - Ian fez uma cara falsa de ofendido.

- E eu poderia te negar isso? - Ele abriu a porta do carro para mim - Próxima parada, cafeteria.

E enquanto ouvia Ian falar sobre os novos sabores de donuts, eu tentava ignorar o caroço em minha garganta sobre segunda-feira.

Eu estava me remoendo por dentro, mas quando uma mão maior segurou a minha, e vi os olhos azuis de Ian brilharem em minha direção, tive a certeza que tudo daria certo.

Quase certeza.