História Copy Girl - Zumbi

- Ian, se não percebeu, já são quaze onze horas da noite, e hoje é domingo - Paul coçava os olhos, sem paciência enquanto dava passagem para mim entrar

- Cadê seus pais? - pendurei minha jaqueta vendo o Paul correr de volta pro sofá.

Opera, eu não sei por quê os velhos amam tanto aquilo - falou mudando de canal várias vezes - E aí, por que está aqui cara?  Hoje é meu dia de ficar sozinho.

- Você quer dizer se masturbar, assistindo pornô nessa TV enorme? - ri, vendo ele dar de ombros e colocar em um canal pornô. Me lembro de um dia qualquer que eu estava entediado e resol visitar ele e dei de cara com uma TV enorme com duas loiras gemendo. Péssima lembrança - Fala sério, Paul.

- Você chegou em um momento sagrado para mim, então fala logo - concordei suspirando, tomando a coragem que juntei o dia todo.

O meu dia tinha sido extremamente cansativo. Eu juro que pensei bem, pensei sobre tirar essa ideia maluca de desistir da Ferrari, e pensei em considerar que a ideia maluca era não desistir. Eu sou um cara pobre, que por sorte conseguiu amigos que me dessem coisas que eu jamais imaginei ter, posso ter as garotas  que quero, posso entrar em qualquer balada só com um estralo de dedos e posso também ter o controle da minha vida.

Mas a merda toda é que eu não posso cuidar de quem entra no meu coração. Porra, isso é tão ridículo. A um mês eu só queria transar com Nina, se tivessem apostado naquela época e alguém me dissesse que eu desistiria de um carro por aquela garota, eu riria até morrer.

Mas estou aqui, sentado na frente de um dos meus melhores amigos, tentando não parecer um babaca quando for dizer que desisto de toda essa bobagem. Porque Nina é mais importante do que qualquer outra coisa.

- Alô! - Paul estralou os dedos em minha frente - Da pra parar com a sessão esquisitices e falar logo, você ficou olhando para aquela parede como um verdadeiro zumbi.

Sacudi a cabeça e respirei fundo, me virando para Paul e pegando uma de suas mãos.

- Hey, solta - Ele riu, mas eu peguei novamente - Okay, vamos fazer as unhas?

- Paul, da pra focar em mim - Bufei, e ele bufou logo em seguida - Eu iria vir aqui hoje cedo, mas minha cabeça está uma pilha de nervos, e eu nem acredito que vou te dizer isso mesmo...

- Ian! - Ele se irritou - Da pra dizer logo, você matou alguém ou algo do tipo, por que suas olheiras estão horríveis pra começar.

- Isso é por que eu não dormi nada essa noite - Soltei sua mão - Eu preferia ter essa conversa com Joseph.

- E por que não tem? - ele mudou para o canal de luta.

- Por que foi com você que eu fiz a droga da aposta - Puxei o controle da sua mão - Porra, desliga isso!

- Sobre a aposta? - Ele sorriu - Você conseguiu?!

- Não! - Gritei, e vi Paul franzir o cenho - Esse é o problema...

- O problema é que você não vai conseguir, pronto. - ele deu de ombros - Eu já vou até preparar sua roupa feminina pra desfilar no shopping.

Eu juro que estava segurando minha mão para não dar um soco em Paul. Mas estava sendo uma tarefa impossível. Aquele doente estava me irritando ao extremo.

- Olha, me escuta - Pedi, e ele concordou para minha sorte, então continuei.

- Eu pensei muito sobre isso, pensei de verdade, pensei até minha cabeça explodir - Disse e ele riu baixinho - Mas, porra Paul! Eu estou perdido, eu não sei mais o que eu faço, entende?

- Na verdade, não. - Ele interrompeu, e eu acabei concordando.

- Eu não quero mais essa aposta - Disse por fim, sem ter coragem de olhar em seus olhos - Eu não quero mais pensar que preciso levar Nina pra cama por uma Ferrari, porque... Eu não quero ver ela apenas como isso. Eu sei que pareço um idiota dizendo essas coisas, mas aquela garota está acabando comigo, e eu não posso vê-la sofrer se acabar descobrindo sobre tudo, não posso vê-la ir embora por que eu fui um babaca e brinquei com os sentimentos dela. E essa Ferrari idiota não vai valer a pena se Nina me odiar...

- Então você está apaixonado por ela? - Paul me interrompeu, perguntando de uma vez. Suas palavras pareceram mais socos em meu peito, e eu me engasguei.

- A-apaixonado? - Perguntei incrédulo, mas minha mente gritava que era verdade - E-eu não sei, droga... Isso é péssimo, não é?

- Por que péssimo? Porra, Ian. -Paul riu, dando um soco leve em meu ombro - Eu nunca te vi assim, eu e Joseph... Nós estávamos certos.

- Certos sobre o quê?

- Sobre você estar apaixonado por Nina - Ele disse simples, e meus olhos pareciam se arregalar cada vez mais. Meu coração batia tão rápido que eu podia jurar que teria um ataque a qualquer segundo - Quando é que alguém imaginou ver Ian Somerhalder abrir a porta do carro para alguém? Ou perder seu precioso tempo de intervalo pra ficar em uma biblioteca? Até mesmo ficar tagarelando sobre donuts? Tudo bem que no começo eu pensei que era por que você estava extremamente louco para ganhar essa aposta, mas eu nunca imaginaria que te veria tão... Feliz.

Ele terminou de dizer com um sorriso enorme no rosto, e eu me levantei rapidamente, puxando meus cabelos e tentando pensar em tudo que meu melhor amigo havia dito.

- Apaixonado. - Ri para mim mesmo - Eu estou, e isso é tão hilário.

Paul riu.

- Eu é que digo isso, pensei que você fosse morrer com esse coração congelado. - Murmurou risonho, começando a cantar uma música de amor  - Vou cantar essa música no casamento de vocês.

Revirei os olhos para ele, tentando bloquear o sorriso que se formava em meu rosto.

Mas e se Nina me odiasse depois que eu contasse a verdade. Entenda que eu não poderia deixar de contar, a minha vida já é uma completa mentira, e ela é a unica pessoa que eu preciso que confie em mim. Porque eu estou apaixonado por ela.

- E se eu contar à ela, Paul? - Perguntei suspirando, e pude ver o sorriso dele falhar - Por favor, não faça essa cara.

Paul concordou, se levantando ao meu lado.

- Eu poderia dizer que ela te beijaria e blá blá, mas não é tão simples, você... nós apostamos a virgindade dela - ele deu de ombros - Mas não fique assim, ela provavelmente está apaixonada como ninguém por você.

- Você acha? - Senti uma pontada em meu coração.

- Se eu acho?! Porra, Ian! - Ele riu - Você é cego ou o quê?

Neguei com a cabeça, correndo para abraçar meu amigo.

- Okay, demonstrações suas de carinho são muito estranhas - Paul deu sua risada escandalosa - O que pretende fazer?

- Bom - Pensei no meu plano - Eu disse que diria a ela amanhã, e eu agora estou tremendo dos pés a cabeça, acho que vou leva-la ao restaurante que a levei pela primeira vez, é o meu favorito.

- Eu estou tão animado - Paul começou a pular no sofá de couro - Ela provavelmente vai me odiar, mas diga a ela que graças a mim vocês ficarão juntos. EU SOU UM CUPIDO!!!

- Okay, cupido - Ri, indo até ele e me esparramando no sofá - E o aniversário dela é no domingo, um dia depois do baile.

- No natal? - Paul sorriu - Você ganhou um belo presente - Ele mexeu as sobrancelhas para mim.

Ri e o abracei novamente, não podendo conter a alegria dentro de mim.