História Coração de Dragão - O jardim

Estava no meu quarto me arrumando para o jantar, quando novamente meu pai abre as portas fazendo-as bater nas paredes laterais.
_O que diabos você quer com esse seu joguinho Lucy? – Ele veio bem próximo a mim com seu cenho franzido e punhos cerrados.
_Como assim? – perguntei evitando respirar seu hálito horrível.
_O senhor Fullbuster desistiu do casamento. – meu pai estava tão furioso quanto no dia que ele me questionava sobre onde eu estava quando tinha sumido por um dia inteiro na floresta. – Ele disse que queria cancelar o noivado pois você não era o que ele pensava. Então, O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ?
_Pai, eu não fiz nada, ele... ele simplesmente deve ter visto que não combinamos e não quer se casar com alguém que não conhece... – tentei explicar, mas seu olhar só ficou mais furioso.
_Eu tentei de verdade achar alguém legal para você, vários outros rapazes ambiciosos vieram pedir a sua mão e eu recusava pensando no melhor para você. Quando Zeref me indicou o senhor Fullbuster eu pedi como ele era, soube que é um rapaz estudioso, calmo, que gosta de ler e muito esperto, assim como você. – ele suspirou. – Então, não importa como, mas se você não convencê-lo de que é a mulher certa para ele e que o casamento de vocês ainda está confirmando, eu terei que arranjar um noivo pior pra você, que a tratará mal e que a machucará. Você tem hoje a noite para convencê-lo, senão você quem sofrerá.
Ele me deu as costas e saiu do quarto batendo a porta. Logo em seguida Juvia entra e percebe que estou em choque.
_O que houve Lucy? – ela correu até mim e me segurou pelos ombros. As lágrimas vieram de novo.
_Desculpe-me Juvia, você não queria me ver assim de novo. – comecei a secá-las enquanto ela me levava pra sentar na cama. – Eu fiz com que Gray desistisse do casamento, agi o mais arrogante possível.
_Então porque Lucy ainda chora? – Juvia perguntou secando uma lágrima que teimava em descer.
_Meu pai saiu faz pouco tempo daqui. – expliquei. – Disse que se eu não resolvesse isso ainda esta noite o próximo noivo seria alguém que me machucasse.
Juvia levou as mãos a boca mostrando surpresa e indignação. Logo depois me abraçou fortemente.
_E agora Lucy? – Juvia perguntou. 
_Não tenho escolha, terei que conversar com Gray e me casar com ele. – expliquei a ela. – Ele não é tão ruim assim, pelo que conversei com ele hoje, ele se mostrou gentil e atencioso, talvez eu possa ver o lado bom nisso.
_Juvia sente muito. – ela pousou sua mão sob a minha para me consolar. – Juvia só queria ajudar e acabei piorando as coisas para Lucy.
_Não, nada disso é sua culpa. – falei a ela que estava triste. – Eu que quis dar um jeito, você só me deu uma ideia, eu não era obrigada a segui-la, e se eu não fizesse isso talvez nunca soubesse que poderia ficar pior. Nada disso é sua culpa Juvia.
Ela assentiu e me abraçou. Depois que se acalmou eu fui ver outra roupa para o jantar, precisava ver Gray e convencê-lo a se casar comigo. Isso é trágico, até poucos instantes atrás estava comemorando que tinha conseguido fazer ele desistir deste casamento, e agora preciso fazer de tudo para convencê-lo do contrário.
_Lucy está linda. – Juvia sorriu. – Com certeza o senhor Fullbuster não resistirá.
_Eu acho que ele não é desse tipo. – olhei para mim mesma no espelho, além do vestido rosa claro com detalhes em dourado, reparei que por trás das roupas bonitas havia uma jovem que queria liberdade a cima de tudo, que era uma mulher forte e sempre simpática com todos, mostre ao Gray essa mulher Lucy, mostre quem você realmente é, que ele achava que fosse quando decidiu casar-se com você. – Até Juvia, obrigada novamente.
Ela acenou e assim eu segui pelo corredor, desci as escadas e entrei quase correndo no salão de jantar, assim que vi Gray fui até ele, me esqueci de reverências e de Zeref e meu pai que estavam presentes também.
_Princesa..? - Gray e olhava assustado, acho que não me vira ainda desesperada.
_Posso falar com você..? - pedi e olhei em volta, os dois inclusive meu pai olhavam-me curiosos. - A sós por favor?
Gray levantou uma sobrancelha e então sua expressão mudou para séria.
_Não tenho essa intimidade com a Princesa para que se dirija a mim desta maneira. - ele disse voltando sua atenção ao prato em sua frente. - Se quiser conversar comigo, terá que ser mais educada. Com todo o respeito meu Rei.
_O senhor Fulbuster está totalmente certo em impor isto. - Papai olhou para mim com desdém. - Onde foram parar seus modos Lucy?
_Ah... me desculpem... onde eu estou com a cabeça... - virei-me para meu pai e fiz uma reverência e o mesmo para Zeref e Gray. - Senhor Fullbuster, por favor, será que eu poderia ter a honra de conversar com o senhor a sós por apenas alguns instantes?
Gray sorriu e levantou-se.
_Com sua licença. - ele dirigia-se a meu pai e a seu mestre. - Por favor, a princesa na frente.
Segui para onde sua mão apontava e fomos até a varanda que dava pro jardim de minha falecida mãe.
_Então princesa. - ele se escorrou na sacadinha e cruzou os braços prestando atenção em mim. - O que é tão importante que precisa interromper o jantar?
_Me desculpe... eu... - olhei para baixo, o que eu diria? - Eu não sei bem o que dizer. Soube que pediu para cancelar o nosso casamento. Por que?
Ele pareceu surpreso com a pergunta, mas então fechou os olhos e virou-se para ver a lua nova que brilhava no céu iluminando o jardim abandonado.
_Não era o que a princesa queria? - ele pede serenamente.
_Era, bem.... sim eu queria... - confirmei desanimada. - ainda quero... mas... mas....
Ele se virou e viu que haviam lágrimas me impendindo de contar a verdade.
_Princesa? - ele veio até mim e abraçou-me. Neste momento senti que realmente, eu lhe devia uma chance. - Se você não quer, não vou lhe forçar a casar-se comigo...
_Desculpe... - afastei-me dele e limpei minhas lágrimas, já estava cansada delas sairem sem minha permissão. - Você tinha razão, eu não sou esse tipo de pessoa, não sou mimada ou arrogante como estava sendo hoje... eu queria que você desistisse do casamento pois não quero que.... não queria casar com alguém que não amasse.... mas pensei melhor, você parece ser uma pessoa boa, um homem gentil e educado, não sei se existem mais pessoas assim no mundo pois nunca saí do castelo sequer.
_Prince...
_Me desculpe por julgá-lo mal. - o interrompi. - Quero que saiba que sou uma princesa educada e não do jeito que me conheceu hoje... quero lhe dar uma chance de nos conhecermos se você me dar esta chance também.
Olhei no fundo dos seus olhos e havia surpresa e uma pequena faísca daquele brilho que sempre que estavamos próximos aparecia.
_Como posso negar um pedido desses quando é feito com essa sinceridade? - ele sorriu e ajoelhou-se em minha frente. - Por favor, eu que lhe peço essa chance.
Sorri pra ele, afinal, eu precisava tentar, assim como meu pai falou, ele parecia uma pessoa boa, eu poderia até convencê-lo no futuro de não seguir mais Zeref, pois Gray mostrava-se uma pessoa tão gentil, como alguém assim é aprendiz de uma pessoa como Zeref? Mas isso era um assunto delicado que podia ser tratado apenas no futuro, até lá, queria conhecer mais do que Gray poderia me mostrar.
_Vamos entrar para jantar princesa? - ele pediu cedendo-me o seu braço.
_Sim, mas antes. - olhei para ele. - Pode me chamar de Lucy, eu prefiro assim.
Ele sorriu e assim segurei em seu braço, entramos no salão e Gray me levou até minha cadeira puxando-a para que eu me sentasse.
_Está tudo bem? - perguntu meu pai a nós, querendo saber se eu havia resolvido o problema.
_Sim meu Rei. - respondeu Gray prontamente. - A princesa Lucy e eu decidimos nos conhecer melhor e deixarmos marcados o casamento até segunda ordem.
Sorri e confirmei com a cabeça para meu pai, ele sorriu satisfeito e olhou para Zeref que erguia uma taça de vinho.
_Um brinde. - ele disse alto. - Ao casal que reinará futuramente este magífico reino de Magnólia.
Erguemos nossas taças brindando e assim passou-se o jantar, quando eu ia me retirar Gray veio até mim.
_Lucy. - ele parou em minha frente. - Você tem compromisso para amanhã?
_Ahhh...
_Lucy. - Meu pai chegou atrapalhando a conversa. - Desculpem atrapalhar, mas achei que devia avisá-la antes que subisse para dormir, suas aulas foram canceladas devido ao seu noivado, então     quero que tire esse tempo para ficar com o senhor Fullbuster.
_Está bem pai. - concordei e olhei para Gray. - Acaba de ser cancelado meu compromisso nos próximos dias.
_Bem, então será que amanhã cedo poderíamos nos encontrar no jardim de sua mãe? - ele pediu timidamente.
_Ah... eu adoraria mas...
_Eu sei, você não vai mais lá desde a morte de sua mãe. - ele completou. - Mas eu gostaria de lhe mostrar algo. Por favor?
_Está bem. - concordei, o que será que ele tinha em mente?
_Então até amanhã Lucy. - ele pegou minha mão e beijou delicadamente. - Durma bem e bons sonhos.
_Obrigada. - agradeci um pouco corada. - boa noite, durma bem também senhor Fullbuster.
_Pode me chamar de Gray. - ele sorriu. - Eu estava sendo rude aquela hora, me perdoe.
_Tudo bem. - eu disse já indo em direção a porta do salão. - Até amanhã Gray.
_Até. - ele acenou com a mão e ficou me observando subir as escadas até virar no corredor.
Quando percebi que estava fora do campo de visão dele, comecei a correr de volta ao meu quarto, abri as portas como meu pai e assustei Juvia que olhava pela janela a lua.
_Lucy...? - ela me chama. - Que susto.
_Desculpe. - disse ofegante sentando na cama. Juvia veio até mim e sentou-se ao meu lado.
_O que houve que está vermelha? - ela perguntou colocando sua mão na minha testa. - Não é febre.
_Não é nada. - respirei mais fundo e me joguei para trás deitando na cama.
_Então como foi? - Juvia perguntou estranhando minha atitude. - Conseguiu convencê-lo?
_Sim... nós vamos nos casar. - afirmei satisfeita.
Juvia ficou queta, olhei para ela e seu olhar parecia um pouco triste.
_Me desculpe Juvia... - pedi a ela. - Sei que gosta dele, mas realmente, se eu não aceitar esse casamento, quem sabe que outra pessoa meu pai aceitaria e pior, como governará este reino. Com Gray sinto que talvez eu possa convencê-lo a não seguir mais Zeref e assim o reino estaria em paz.
_Tudo bem Lucy... - ela disse. - Juvia entende perfeitamente. Mas ainda assim dói um pouco, mas Juvia promete melhorar.
Sorri pra ela.
_E sua mãe? - pedi.
_Está melhor. - ela levantou-se e me ajudou a tirar aquele vestido e assim eu lhe desejei boa noite e ela foi embora. Eu sabia que ela estava chateada, mas eu não poderia fazer nada, senão todos do reino inclusive a mim iriam sofrer, e como espliquei antes, Gray poderia ser uma pessoa boa e esquecer Zeref.
Logo adormeci e desta vez um antigo lugar veio em meus sonhos, o jardim de mnha mãe encontravasse em minha frente, estava arruinado conforme está atualmente, e no banco havia uma pessoa sentada, quando ela se virou, vi minha mãe.
_Minha pequena Lucy. - ela sorria pra mim, então levantou os braços. - Venha até mim sua danadinha.
Eu queria ir mas meus pés não se moviam, afinal eu nunca mais havia ido até lá, pois ela nunca mais havia me chamado.
Vendo que não fui, ela baixou os braços e olhou para o céu estrelado.
_Você precisa cuidar do jardim meu bem. - ela disse olhando agora para as flores mortas. - E precisa andar sob este jardim para recuperar-se.
Baixei os olhos sentindo-me decepcionada comigo mesma, então quando fui me desculpar ela já havia sumido, então eu ouço uma voz me chamando.
_Lucy... - quando abro os olhos Juvia mechia no cabelo para me acordar. - Bom dia.
_Bom dia Juvia. - Levantei e fui até o banheiro como sempre, em seguida coloco um vestido simples verde e aceno para Juvia me despedindo, assim desço as escadas, passo pelo salão onde Zeref e meu pai tomavam seu café, eu faço uma reverência para ambos e então vou até a varanda.
Chegando lá, avistei Gray próximo a fonte ajeitando algo no chão, quando ele olha para trás e me vê abre um sorriso e vem me encontrar.
_Bom dia Lucy. - ele diz ao se aproximar.
_Bom dia Gray. - cumprimento de volta sorrindo.
_Está bem, sei que não é do seu costume vir aqui então vou lhe ajudar. - ele estendeu a mão.
Eu relutei, mas segurei, e então desci o primeiro degrau e em seguida pisei no chão do jardim, era estranho fazer aquilo sem minha mãe, mas como no meu sonho eu precisava superar e Gray estava me ajudando.
_Vamos. - ele me conduziu até o lugar onde estava antes e lá havia um pano e muitas guloseimas. - Vamos tomar o café da manhã aqui.
Ele me ajudou a sentar-se e em seguida me deu uma xícara com chá que ele mesmo preparou.
_Espero que goste. - ele sorriu ao me entregar.
_Obrigada! - experimentei e estava delicioso. 
_Lucy, eu queria que você me ajudasse depois a plantar algumas flores. - ele pediu olhando-me cautelosamente.
_O quê? - olhei-o supresa.
_Não quer? - ele pediu.
_Não, é que... - olhei para baixo envergonhada. - Eu não sei fazer isto.
_Hahahaha. - ele riu e em seguida começou a comer um bolinho. - Você é tão fofa, eu sei que não sabe e é aí que está a diversão.
_Diversão? - fiquei curiosa, o que ele pretendia?
_Sim. - ele respondeu feliz. - Vamos reconstruir o jardim de sua mãe, sei que ela gostaria e sei que você precisa disso.
O encarrei surpresa, como ele sabia que eu precisava disso?
_Bom, você me falou que não vinha mais aqui desde a morte de sua mãe, então penso eu que você ainda não superou isso. - ele respondeu minha pergunta. - Eu quero ajudá-la a superar pois como você mesma disse, uma parte da morte daquele dragão foi minha...
_Não quero que repita isso. - pedi. - Eu era apenas uma criança, nem sei direito o que vi, como pude pensar que poderia salvar aquele dragão? Você não fez nada demais, você era apenas uma criança, não tinha como saber as consequências se me descobrissem naquela hora.
_Sim, mas...
_Gray. - segurei em sua mão. - Por favor, não toque mais neste assunto, vamos apenas seguir em frente.
Ele sorriu e após comermos, começamos a operação jardinagem. Bem, como não sei nada sobre isso e Gray parecia não saber também, no final da manhã estavamos imundos e o jardim estava um caos, pior do que antes.
_Hahaha. - Gray ria muito pois se divertiu me vendo cair quando escorregava na lama. - Tenho que admitir, isso foi mais divertido do que imaginei.
Sorri quando vi seu rosto quase inteiro marrom de lama, fui até ele e ajudei a tirar o excesso. Conforme passava minha mão em seu rosto ele olhava cada vez mais sério para mim, quando meu olhar encontrou o dele reparei naquele brilho novamente. Neste momento meu estômago embrulhou e eu senti o rosto queimar.
_Ah... - disfarcei e me afastei dele. - Vamos nos lavar para o almoço?
Ele concordou e fomos cada um para um lado, no caminho e durante o banho eu pensava naquele olhar penetrante, o que será que estava acontecendo?
Depois do almoço começou a chover então já tinha desistido de ir até o jardim.
_Bem, que tal passarmos a tarde na biblioteca? - eu o chamei e já ía nesta direção.
_Sim, claro. - ele disse, mas logo senti mãos me segurarem firmes pelas pernas e nas costas, quando perco a conexão com o chão e me vejo no colo de Gray que corria para fora me levando junto.
_Ahhhhhhh. - gritei quando ele começou a me rodopiar junto com ele embaixo da chuva, ela estava gelada, mas era tão gostoso, fazia tempo que eu tinha feito isso pela última vez. - Hahahahahaha.
Logo ele me pôs no chão.
_Ainda quer ir pra biblioteca Lucy? - ele perguntou rindo.
Me abaixei juntei um pouco de lama com as mãos e com força joguei nele. Ele não desviou por que foi pego de surpresa.
_Ah... você vai ver. - ele ameaçou e assim pegou mais lama que eu e me jogou sujando todo o vestido que eu usava. - essa cor fica bem em você, hahahahahha.
E assim foi a tarde, não arrumar nada no jardim, apenas deixamos mais horripilante que o normal, mas eu podia sentir que agora eu conseguia voltar ali, e me conectar com a alegria novamente, pois naquele jardim, minha mãe também brincava comigo de bola de lama quando chovia, parecia que naquele momento, ali com Gray, eu esquecia meu passado e o destino que me aguardava, naquele momento tudo o que importava era o jardim.