-Entre-ele disse.
-Jude, eu queria te contar algo, não sei se vai ficar satisfeito.
-Eu já sei, eu conversei com ele, é um rapaz bom, ele me contou a história dele, se não fosse ele eu nem estaria te vendo aqui.
-De tanto falarem, acho que devo uma vida a ele.
-E eu repensei, eu poderia ter salvado Layla- ele falou cabisbaixo.
-Ela está feliz onde está, pelo menos eu estou aqui pra contar história. Então... como vai meu irmão?
-Ele ainda está preso, ele roubou várias lojas em um dia só. Vai ficar lá por mais alguns meses.
-Ele já sabe que é meu irmão?
-Sim, ele pareceu meio curioso em te conhecer, perguntou sobre seus amigos.
-Também gostaria de conhece-lo. Bem, vou para meu quarto.
-Tchau, até amanhã.
Meu quarto, felizmente, era no mesmo andar que o escritório dele, então não me cansei com as escadas. Continuei a escrever no meu diário e vasculhar algumas coisas que tinha naquele quarto, até que alguém bateu na porta.
-Natsu, o que foi?
-Nada, só achei que poderíamos passar um tempo juntos sozinhos. Sem falar dos problemas, nem de mais ninguém.
-Aqui?
-Porque não? Está escondendo algo de mim?
-Não, só achei estranho. Entre.
Ele entrou rindo e foi em direção ao diário, o pegou, passou a vista e o deixou na escrivaninha que tinha lá.
-Ainda continua escrevendo. Quando você vai parar? Acredito muito que se acabarem as folhas você irá comprar outro.
-Uma forma de não ficar louca, tenho que me desgastar com algo, não tenho amiga para espancar.
-Agora tem eu, não para espancar, claro. Essa casa é um tédio, a cara de Jude.
-Não fale assim dele, mas a casa é um tédio, exceto por ter livros.
Ele ficou olhando pra minha cara como se tivesse esquecido de prestar atenção no que eu falava e veio até mim, tão próximo que eu ouvia seus batimentos cardíacos. Ele pegou no meu queixo e ficou alguns segundos olhando para minha boca e para meus olhos, segurou na minha cintura e me beijou, não quis rejeitar, era uma sensação boa, eu não sabia onde iria parar ou como. Nos sentamos na cama e continuamos o beijo enquanto eu segurava seus cabelos e rolou algumas coisas, e assim no final estávamos rindo bestamente e alguém bateu na porta.
-Senhorita Lucy, o jantar, Jude está chamando.
-Já estou indo- falei.
-Será que ela ouviu alguma coisa?
-Talvez, mas agora vamos descer.
Nos arrumamos e descemos juntos, todos estavam lá na mesa novamente, agora com o resto do almoço em mesa.
-Nossa, quanta demora, estou com fome e vocês demorando- Gray disse.
-Pois é, agora eles só andam juntos- Erza disse.
-A suja falando da mal lavada-eu disse.
-Ei, ei, Jude chegando-Levy disse
De repente todos se comportaram como os guardas da entrada do refúgio, parados e esperando uma ordem. Até que ele se sentou e começamos a comer. Erza começou a conversar com ele um assunto que eu não prestei atenção e Jellal estava olhando, Gray se levantou assim que acabou e foi direto pro quarto. Levy ainda continuava a suspirar, então a cutuquei e falei.
-O que há baixinha?
-Nada- ela me olhou de cara feia por chama-la de baixinha.
-Você andou o dia todo assim. Anime-se, estamos livres, e aqui não precisa arrumar nada.
-Tem razão- ela falou e tentou sorrir- vou me deitar.
-Ok. Até amanhã.
-Até.
Eu já tinha acabado de comer, só estava esperando Natsu que roía o osso da carne, uma das cenas que Jude iria surtar de tanta falta de educação. Mas ele ainda estava conversando com Erza. Assim que ele acabou eu me levantei.
-Vai pra algum lugar agora?-eu disse.
-Pretendia passar mais tempo com você, tem outros planos?-ele respondeu.
-Não, eu iria dormir agora, mas tudo bem. Vamos dar uma volta lá fora.
-Estamos indo lá fora, ok?
-Sim, cuidado se a chuva chegar- Jude disse e voltou a conversar.
Nós saímos da casa, mas não do terreno, era grande e dava pra se cansar apenas por andar do portão até a porta. Nós fomos andando até o jardim, não necessariamente perto do túmulo da minha mãe, mas no jardim.
-Ainda anda tendo pesadelos?- Natsu perguntou.
-Não, eles desapareceram. É bem melhor assim e você?
-Você sabe, tem dia que eu nem sonho nada, mas às vezes eu sonho com tudo com o que passei.
-Bem sua cara mesmo. Você acha que Levy e Gray estão meio entediados com isso tudo?
-Eu estou, você está, todos estamos, os livros de Levy ficaram em casa e Gray, você sabe, ele é ele.
-Acho que Levy se sente solitária.
-Por que? Ela tem nós, idiotas.
-Não é esse tipo de solidão, eu peguei ela suspirando.
-Hum, quero conhecer esse carinha.
-Não, ela estava triste, não feliz.
-Sabe, depois que Jellal começou a apresentar os sintomas da reações aos produtos ele vem falando com ela, e ele me contou uma história que ela tinha dito a ele.
-O que foi?
-Ela contou que tinha um fugitivo que foi parar no laboratório onde estava, ele estava meio ferido porque tentou resistir. E antes de ir pra parte, você sabe, aquela que você ficou, ela cuidava dos futuros soldados. Um dia ele começou a conversar com ela, foi como Jude e Layla, ela não conseguiu salva-lo e ele morreu no meio da guerra e meses depois nós chegamos lá.
-Nossa, como ela não me contou nada disso?
-Talvez, sei lá, ela não quis te preocupar, lembra, nada de fortes emoções.
-É, mas e Gray?
-Ele não me fala nada mesmo, quando está comigo, ou são brincadeiras ou é pra contar como ele “está”.
-Entendo. Juvia nem tem dado tanta atenção ele, ela quase não o vê.
-Pra ele deve ser muito bom. Ela devia desistir. Ele quer viver solitário.
-Se é a escolha dele... veja, uma bomba.
-Não, espera aquela parece uma estrela cadente mesmo.
-Pensa em um pedido. Não me diga.
Eu pensei: Que tudo fique bem.
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