Não sabíamos o que fazer no momento, era óbvio, o ataque ao refúgio começou. Juvia parou seu carro que estava em alta velocidade e entrou na casa desesperada.
-A Fairy Tail, está parcialmente destruída. Gray fique comigo-ela estava engasgando com o próprio choro.
-É claro-ele a abraçou.
-Nashi!- fui olha-la para saber se ela tinha escutado algo, mas ela estava dormindo, a carreguei, não queria que ela visse a cena. Mas ela não pareceu estar prestes a acordar.
-Lucy, você acha que pode proteger todos aqui?-Levy perguntou.
-Infelizmente não, apenas duas pessoas, e estou muito nervosa para isso-falei.
-Vamos correr!-Gray disse.
-Não, e Jellal?-eu lembrei.
-Po-po-podem ir, eu vou para um lugar melhor- ele disse.
-Meu pai, será que ele foi atingido?- perguntei.
-Talvez sim- Natsu disse, ele estava desesperado, acho que ele até queria usar sua magia, mas como ele mesmo disse, não funcionava com armas e munições.
E o barulho foi ficando maior e o chão começou a tremer e ouvíamos gritos agoniantes nas ruas vizinhas, saímos da casa e corremos para longe, talvez além do refúgio, um lugar já atacado. Ouvimos um grande barulho de explosão, era a nossa casa, Jellal agora estava morto, nem foi por causa da sua doença. Continuámos a correr enquanto tentávamos não nos desesperar mais e chorar.
-Melhor ficarmos, uma hora não vamos aguentar correr, melhor tentar a magia-disse Gray.
Corremos só um pouco mais à frente e ficamos esperando ver se o ataque iria avançar. Quando ouvimos chegar mais perto começamos a correr de novo e foi quando uma enorme bomba estava vindo em nossa direção, Gray tentou bloquear com um paredão de gelo, mas esse gelo acabou ferindo gravemente ele e Juvia. Levy torceu o pé e Natsu ajudou a andar enquanto eu corria com Nashi que ainda dormia no meu colo.
-Natsu! Vá com elas, deixe-me aqui-Levy disse.
-Não, você salvou a nossas vidas essa é a hora de retribuirmos o favor-Natsu disse.
-Ela não vai conseguir proteger a gente, não se preocupe, eu não temo a morte faz tempo- Levy disse sentando no banco e se encolhendo.
E mais uma bomba explodiu e os estilhaços voaram em Levy que gritou, aquela sua voz fina me fez ficar abalada. Estava mais preocupada, só sobrou nós três e eu só poderia proteger dois, talvez o poder de Nashi conseguisse também nos proteger, mas acorda-la iria deixa-la assustada e talvez ela ficasse congelada de medo.
-Lucy! Corra mais com Nashi, eu vou tentar te seguir, se não funcionar, pelo menos proteja vocês duas- Nasu disse.
-Não! Vamos juntos-eu disse segurando a mão dele.
-Não, eu não quero que Nashi passe por isso, proteja-a!- ele falou tirando a mão da minha.
Corremos mais um pouco e uma bomba vinha em nossa direção e agora havia aviões com algumas cores primárias que atiravam do alto, mas estavam longe. A bomba atingiu uma rocha que era enorme e de imediato eu fechei o olho, assim que abri estava dentro da barreira que eu fiz, como da vez que Jellal iria me atacar. Mas Natsu não estava, e eu vi o seu braço mexer debaixo de um pedaço da rocha, a mão dele parou de mexer, e ele também havia morrido. Agora eu estava com medo e ao mesmo tempo tentava proteger Nashi, mas depois de ver um clarão acabei adormecendo.
-Mãe! Mãe!- alguém gritava e fungava, era Nashi.
-O que foi?- perguntei assustada ao acordar.
-Onde está o papai, e a tia Levy, o tio Gray, a Juvia e o tio Jellal?
-Não sei filha, não sei- e comecei a chorar também- nós estamos vivas?
-Sim mãe, a vovó veio até aqui e falou comigo, ela disse que era pra ficar aqui, que nós acharíamos ajuda.
-Você viu sua vó, mas ela...- lembrei que ela tinha dito que não voltaria mais.
-Sim, ela parece com a senhora.
-E você parece com o Natsu- disse e vi a mão dele ainda ali, agora com uma grande poça de sangue por perto.
-Estou com medo, mamãe, me abrace- eu a abracei e observei ao meu redor, estava tudo destruído, mas havia parado o ataque.
Com esperanças de ter sobrado algo eu fui até a nossa casa, e no caminho e recolhi um pedaço da roupa de Natsu, uma corrente que Gray usava, a luva que Juvia usava às vezes na mão, agora com buracos queimados, a lente do óculos de Levy e enfim me deparei com as sobras da casa. A poltrona que dei de presente a Jellal estava com as espumas queimadas, mas havia um osso meio frágil em cima das molas que sobraram e o resto do tapa olho dele, achei minha jaqueta e o resto da espada, fui em direção ao quarto e vasculhei tudo, achei meus diários com as bordas queimadas. Tudo isso acontecendo e Nashi apenas observava triste e abismada. Fomos ver o resto da casa dos vizinhos para ver se tinham alguém apenas ferido por lá, mas não havia mais ninguém. Andei com ela até a casa de Jude, que também foi destruída e não sobrou nada além de um pedaço da lápide de Layla e o jardim logo ao lado, fiquei ali sentada com ela, lembrando do dia em que conheci Natsu e Jellal, quando Jellal foi capturado, quando eu conheci Levy, quando Gray e Erza apareceram, ri lembrando das coisas que eles dois aprontavam nas suas semanas de infância e lembrei de tudo que passei no refúgio e em Fairy Tail, até Nashi nascer.
Eu fiquei a observando, percebi que ela realmente parecia com Natsu, bastante esperta como Levy, bem corajosa como Erza, bem louca, mas de coração mole como Jellal, e gostava de descontrair o tempo como Gray e tinha um coração de fada como eu.
-Olha mãe, aviões!- Nashi disse.
-Deja vú. Vamos ver o que eles irão fazer-falei desconfiada de um novo ataque, mas eles passaram direto.
-Nós vamos até lá?
-Não, vamos esperar até que eles percebam nossa presença-eu disse.
Depois de alguns minutos ainda ressentidas pelos entes queridos mortos grosseiramente, um soldado chegou.
-Senhora e senhorita, vocês precisam vir-disse ele.
-Vocês não são do gerenciamento dos laboratórios, são?
-Não senhora, não somos dessa área, nós viemos levar os sobreviventes pra um lugar seguro.
Eu dei a mão a Nashi e saímos a caminho do tal avião, chegando lá víamos as pessoas o tanto quanto desesperadas como a gente. A criança com um braço só, gemia do seu outro braço levemente ferido, mas sua mãe não estava lá. A moça do cabelo cinzento não estava bem, ela estava deitada numa maca, com sangue estancado na barriga e gritava o nome do mestre. E meu pai, meu pai não estava lá. Começamos a sobrevoar aquele lugar, não acreditei que estávamos nos desprendendo tão rápido de parte de nossas vidas, mas a bandeira de Fairy Tail ainda estava estendida, queimada, mas estendida...
... Foi que o que minha mãe, Lucy, me contou e escreveu nesses diários, todos os dias releio pra ter lembranças das pessoas que se foram, crescer sem pais não é muito diferente de crescer sem um pai, ainda mais tão alegre quanto o meu, crescer sem seus parentes ou irmãos também é doentio, mas aqui estou eu, herdando o coração de fada que todos possuem.
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