História O Caminho Escolhido - Dez

Preciso que esteja aqui
Preciso perder meus medos
(Rosa de Saron - Meus Medos)

 

A HORA do almoço já havia chegado, Kitana havia atendido pelo menos oito pacientes naquela manhã, ficou aliviada por ter atendido apenas casos simples. Estava exausta e a fome já chegara ao seu estômago. Foi até a sala de Yang e ao ver que ela estava com um paciente resolveu apenas mandar uma mensagem: Estou almoçando no restaurante do hospital. Estava caminhando em direção ao refeitório quando o seu telefone tocou e atendeu.

- Oi! Nem para me avisar que voltou não é, mocinha?

- Quem está falando? – perguntou Kitana desconfiada.

- Sou eu! Jade!

O coração da doutora sentiu uma grande alegria em saber que era sua amiga que não a via há muito tempo.

- Jade, me perdoa! Foi tudo muito corrido e achei que você estivesse compromissada com seus concertos.

- Na verdade estou. – disse Jade rindo – Tenho que tocar uma peça nessa fim de semana e estou treinando que nem uma louca, mas consegui um tempinho para ver minha amiguinha dos tempos antigos. Podemos almoçar hoje?

- Sim, venha! Você sabe onde é o hospital em que estou trabalhando?

- Sei sim. Estou próxima a ele.

- Me encontre no refeitório do hospital, estarei a sua espera.

- Estou chegando, Kit.

Kitana desligou a ligação, colocou o celular no bolso e foi comprar sua comida.

JADE ESTAVA na porta do hospital, vestia uma blusa rósea de mangas compridas  que evidenciava o colo, calça jeans e um scarpan preto.  Já conhecia o lugar por ter feito alguns exames antes de ir a Moçambique realizar alguns concertos beneficentes.  Quando Sonya a informou sobre o retorno de Kitana para os Estados Unidos a edeniana não perdeu tempo e foi atrás da amiga. A recepcionista indicou o caminho para o restaurante, o corredor que ela tinha que passar era próximo da sala de Liu Kang e o encontro foi inevitável.

- Jade! – disse Liu sorrindo para a morena.

- Ah... Liu Kang! Que surpresa. – disse Jade espantada – Não sabia que você também trabalha aqui.

- Pois é! O mundo é pequeno demais. Vai almoçar com a Kitana?

- Sim, ela me chamou.

- Será que posso te acompanhar? – perguntou Liu com a esperança de poder conversar com Kitana.

- Se você não quer confusão... Melhor não.

Dizendo isso, Jade virou as costas e prosseguiu o seu caminho enquanto Liu Kang secava as mãos com uma toalha. Logo que avistou Kitana, Jade correu ao seu encontro. Kitana começara a comer fazia pouco tempo já que a fila do almoço estava um pouco comprida. As duas se abraçaram e Kitana disse:

- Quanta saudade eu estava de você.

- Eu também, princesa. – disse Jade se separando do abraço

A morena deixou a bolsa e foi pegar sua comida, por sorte a fila já havia se desfeito e chegou logo à mesa. A doutora olhou bem firme nos olhos esverdeados de Jade e disse:

- Não me chame de princesa.

Jade colocou as mãos na boca e disse:

- Mil desculpas! Esqueci completamente...

- Não se preocupe. – disse Kitana dando uma garfada na carne.

A musicista começou logo a comer e antes que colocasse um punhado de arroz na boca perguntou:

- Antes que você conte as novidades, você sabia que Liu Kang trabalhava aqui.

- Fiquei sabendo hoje – disse Kitana com um tom de desgosto.

- E o que você sentiu?

- Um sentimento de repulsa. Se eu soubesse que ele estivesse aqui, não teria me candidatado a essa vaga.

- Não pense assim, Kit. Você tem que tornar o seu ambiente de trabalho o melhor possível.

- Eu sei... Acho que tenho que evita-lo. Pode ser que isso amenize as possíveis discussões que possam ocorrer.

- Com certeza – disse Jade depois de engolir um pedacinho de carne. – Mas agora me conta se você já decidiu em voltar a guerrear a favor do Plano Terreno contra Kotal Khan.

- Já está sabendo disso?

- Sonya me ligou já me dando essa notícia. Perguntou-me se poderei ajudar no caso de uma invasão, mesmo você não participando. Respondi que só irei se você for.

Kitana lamentou em seu íntimo pela amiga ter lhe lembrado sobre essa decisão. Baixou a cabeça, colocou os dois braços sobre a mesa e respirou fundo. Jade apoiou uma das mãos no braço da princesa e disse:

- Eu sei que isso é muito difícil para você. Sonya me falou o modo que você tratou Raiden quando ele te pediu esse favor.

A doutora sentiu um nó na garganta, se sentia envergonhada pelo modo que tratou aquele que conseguiu salvar sua vida. Disse:

- Não queria tê-lo tratado daquela forma. Principalmente depois do que ele me falou... Sobre a minha mãe.

- O que ele falou? – perguntou Jade curiosa.

- Minha mãe pediu para que ele cuidasse de mim... – respondeu Kitana já com a voz embargada – Como um pai.

Jade sentiu uma comoção dentro de si. Imaginava o coração de Raiden partido depois daquele episódio e sabia que era puro e belo o sentimento que ele tinha por Sindel. Torcia para que Kitana perdoasse-o pelo que fez com os guerreiros. Limpou as lágrimas da amiga e disse:

- Sei que você ainda tem mágoa dele por tudo o que aconteceu, mas ele consertou as coisas...

- Mas e minha mãe? Ela tinha se libertado da magia do Quan Chi. Poderia ter sobrevivido.

- Raiden fez o que cabia para salva-la. Ele a amava e não poupou esforços para mantê-la viva.

As duas foram interrompidas por Yang que estava com o seu prato nas mãos, ao ver que Kitana estava com Jade disse:

- Não sabia que você já tinha companhia, doutora.

Kitana olhou para a coreana que estava com um olhar desapontado e disse:

- Ah Yang deixe eu lhe apresentar a Jade, lembra que lhe falei dela?

Yang deixou escapar um sorriso dizendo em voz baixa:

- Vocês de Edenia tem um olhar bem cheio de vida.

Jade olhou para Kitana e perguntou:

- Ela sabe...?

- Sim – respondeu Kitana rindo e pedindo que Yang se sentasse ao seu lado.

SUB ZERO PASSEAVA pela praça em frente do hospital onde Kitana trabalhava, ficava observando as flores que brilhavam com a luz daquele sol de outono. Queria pegar uma para levar à Kitana, mas sabia que levaria uma bronca por tirar umas das flores. Caminhando mais um pouco descobriu que conseguia ver o restaurante do hospital por de trás dos vidros que o cobria. Logo avistou Kitana e as duas mulheres que a acompanhava no almoço, ele aproximou-se um pouco mais e sorriu ao conseguir visualiza-la melhor. “Preciso falar com ela hoje.” Ele pensou. De repente seu celular tocou. Rapidamente ele atendeu:

- Kuai Liang, falando.

- Kuai, aqui é o Johnny.

- Fala Cage!

- Precisamos que venha logo para base das Forças Especiais.

- O que está havendo?

- Temos uma visitante aqui. Posso dizer que é uma surpresa ela estar aqui e ela estará ao nosso lado caso tenha uma invasão do kuatal.

- Quem é?

- A rainha Sheeva.

Sub zero ficou surpreso ao ouvir aquela notícia. Continuou falando com Johnny pelo celular enquanto Liu Kang o observava pela porta do hospital.