História Coração de Lua - Numa patética escola nova

Ao sentir o impacto da parada do trem Erick, acordou de seu leve sono. Ouviu o alto-falante pronunciar: “Estação Greenvill. Estação Greenvill.” Levantou-se num pulo só, segurou numa barra de ferro do trem e bocejou. Ao sair sentiu o calor do verão de janeiro no seu corpo, já que o ar condicionado do trem estava forte.
Erick Herris estava prestes a ter seu primeiro dia de aula numa escola nova e completamente estranha para ele. Ele sempre estudou na mesma escola desde o primário até o primeiro ano do médio, até que sua mãe do nada resolveu colocá-lo na escola do município vizinho, ela disse que pensou no futuro do filho e resolveu mandá-lo para uma escola – aparentemente – de ensino melhor. A família Herris não é visivelmente pobre, pelo contrário são até bem ricos: o pai é dono de uma rede de hospitais da região, a mãe é uma botânica extremamente naturalista – ela é até vegetariana, porém não faz a família comer suas comidas naturalmente... Naturais – e o filho mais novo é um prodígio da ciência um verdadeiro Einstein, Erick é o único que – acreditava ele – não tinha talento nenhum para nada. Ele sempre observava a vida das outras pessoas e sabia exatamente o que aconteceria após uma ação delas, pois eram previsíveis. O que não quer dizer que não era inteligente, na verdade ele era muito inteligente sempre tirava acima de oito nas provas. Ele era desejado pela maioria das garotas da escola por causa de sua beleza exuberante – seus olhos verdes esmeralda, seus cabelos castanhos claros e seu corpo muito bem trabalhado com músculos fortes – ele também tinha um número de amigos que dava para ser chamado de “popular”, e como na outra escola eles não usavam uniforme, ele sempre usava suas roupas de marca muito bem compradas em lojas caras.
Porém hoje, ele usava uma camisa branca, uma calça social azul escuro, e uma gravata vermelha – o uniforme da escola Olivan High – que não estava acostumado a usar. Seus pensamentos foram interrompidos por um grito:
- Ei cara! Você com o uniforme da Olivan! – Era um loiro alto correndo em sua direção, ao chegar perto parou e ofegou um pouco.
- Oi, você também estuda na Olivan? – Erick quis saber.
- Oi, meu nome é Vinci Jones
- Sou Erick Herris, muito prazer.
- Já ouvi esse nome em algum lugar...
- Ah, pois é... Meu pai é dono da rede de hospitais Herris. – Erick disse meio envergonhado.
- Nossa que legal, sabia que já tinha ouvido falar nesse nome. E então é seu primeiro dia? – Eles começaram a caminhar.
- Como sabe?
- Nunca te vi por aqui.
- Pois é cara, minha mãe me mudou de escola do nada.
- Ah sei, mas você vai gostar. A Olivan High não é a melhor escola de todas, mas o pessoal é legal. – Vinci falava gesticulando, enquanto Erick tentava tapar o sol com uma das mãos.
- E os professores? E as matérias, são difíceis?
- Ah sabe como é, ensino médio... Matérias chatas... Mas você não vai se arrepender. Principalmente com as garotas, são tão gatas, cara!
Ao chegarem á escola, Erick não pode deixar de notar nas cores vermelho e azul no muro da fachada. O prédio é bem feito, um refeitório grande, uma quadra coberta, salas em corredores extensos. Erick seguiu Vinci até sua sala que por coincidência era a sua também, e como não tinham carteiras demarcadas eles sentaram próximos. Havia muita conversa na sala, uns garotos vieram cumprimentar Vinci e conheceram Erick trocando algumas palavras. O barulho foi interrompido por um “Boa tarde turma” de um homem que entrou na sala, um senhor bem vestido com um sotaque estranho, disse ser o professor de filosofia. A aula dele estava até interessante até Erick reparar numa garota sentada na carteira ao lado da janela. Ela era linda: seus cabelos cacheados cor de chocolate, sua pele pálida como a neve, mas de bochechas rosadas como as flores da primavera, o uniforme feminino lhe caía muito bem – uma camiseta branca com gravata vermelha assim como Erick, uma saia azul escuro que terminava antes dos joelhos, meias brancas nas sapatilhas pretas – Olhos azuis piscina fluorescentes, ela usava uma pulseira de miçangas no pulso. Ela olhava fixamente para o professor como se estivesse assistindo á um filme muito interessante que estava esperando á meses sair nos cinemas.
Erick perdeu o final da explicação do professor prestando atenção nela. Seus devaneios foram interrompidos por Vinci que o chamou:
- E aí cara... O que achou? Chato não é? Imagine estudar isso o ano todo! – Ele riu
- Quem é aquela garota? – Perguntou Erick ainda olhando para ela.
- Hum, mal começou o dia e o cara já esta de olho em uma gatinha! – Ele riu e olhou também. – Quem é?
- Ué aquela ali, sentada preto da janela. – Vinci levantou uma sobrancelha, e resolveu mudar de assunto.
- Olha cara você tem que ver a Nancy, ela é uma gata de primeira, a garota mais popular daqui.
- Mas... – Vinci ficou sério por um segundo e um cara moreno chegou perto.
- E então rapazes? Analisando as gatas da sala?                  
- E ai Matt? Chegando atrasado de novo não é... O cara aqui é novo, estava falando pra ele da Nancy.
- Cara eu já sai com ela, e olha... Eu vou te contar viu...!
- Não te falei? Ela é a maior gata!... Infelizmente ela não veio hoje.
- Pois é me falaram que viram ela indo para o centro, deve ter ido matar aula de novo.
As horas passaram voando, logo era o intervalo e mais tarde ainda era hora de irem pra casa. Ao soar do último sinal Erick tomou coragem e foi falar com a garota sentada próxima a janela, ele a observou guardar calmamente seu material e ao se levantar ele foi sem sua direção:
- Oi. – A garota pareceu tomar um susto ficou vermelhinha na hora, e baixou a cabeça e saiu andando. – Ei... – Ela sumiu de vista.