História Coração de Lua - Esperar é uma luta

Beca e Erick foram até a lanchonete do hospital. A moça que estava vendendo era bem simpática. Erick com sua educação, disse:
- Por favor, me dê um sanduíche natural.
- Com ou sem cebola?
- Sem. – A moça entregou o sanduíche.
- Aqui está. Mais alguma coisa?
- Um suco... – Ele olhou para Beca distraída – De maracujá, por favor.
- Aqui está, senhor. – Ela anunciou o preço e Erick pagou.
- Obrigada. –Erick pegou o lanche e o suco.
Beca notou que ele estava se afastando e disse:
- Espera. Eu ainda não pedi o que eu quero. – Erick virou para ela.
- Eu já peguei.
- Como sabe que eu quero esse suco? – ela veio andando em sua direção
- Porque você esta com os nervos á flor da pele. Achei que iria querer um suco de maracujá.
- Hum... Obrigada. Estou mesmo precisando de um calmante.
Eles caminharam até o segundo andar onde iria ser a cirurgia, e tinha uma sala de espera antes do corredor das salas cirúrgicas.  Eles conversaram sobre as aulas na escola e Beca começou a falar de Nancy quando eles chegaram na sala de espera e Erick a interrompeu indo direto falar com a Sra Moor.
- Sra Moor, eles falaram alguma coisa? Como você está?
- Eu estou bem, Erick, obrigada. Uma enfermeira veio aqui me dizer que estavam arrumando a sala e esperando o resto da equipe.
- A cirurgia será ainda hoje? – Beca perguntou se aproximando.
- Sim, Beca. Será daqui uma hora.
- Quer um pouco do sanduíche? – Erick estendeu o lanche para Sra Moor.
- Não obrigada. Eu comprei biscoitos para vocês. Imaginei que Erick fosse voltar. – Ele corou.
- Ah é. Nosso nerd aqui não vai desgrudar da Lua tão cedo.
- Parem vocês duas, estou ficando sem graça. – Ele sentou e abriu o sanduíche.
- Oh ele é muito fofo. – Disse a Sra Moor.
- É nada. É só um nerd apaixonado que vive no mundo da Lua. – Beca disse brincando.
- HÁ-HÁ-HÁ... Muito engraçado esse trocadilho. – Disse Erick com cara de sério.
Beca e a Sra Moor sentaram-se ao lado dele. Beca abriu seu suco e deu um gole. A Sra Moor comeu um biscoito e fechou o pacote de novo. Erick comeu furiosamente o sanduíche depois de perguntar se elas queriam um pedaço. Beca deu risada do jeito que ele comia, fazendo-o ficar vermelho. Deram até boas risadas, em vista da situação. Depois de 40 minutos Erick voltou a ficar nervoso. Médicos passavam de um lado para o outro. Beca era inquieta, ora balançava os pés, ora batia constantemente em alguma coisa, ora levantava e olhava o corredor, até desceu novamente para dar uma volta na cantina. A Sra Moor ficava folheando revistas nervosamente, mal via os anúncios e propagandas. Erick andava de um lado para o outro, ás vezes olhava uma revista, mas cada vez que via um casal numa propaganda fechava e colocava no lugar.  Ele conversou com uma garotinha que estava desenhando um unicórnio ela disse que estava esperando sua mãe ser operada. Conversar com uma criança fez com que ele se acalmasse. Porém ficou assustado quando viu alguns médicos passarem correndo com sangue espirrado nas roupas, e enfermeiras atrás deles.  Ele sentiu um aperto no peito.
- E se ela não sobreviver?                                                                                         
- Querido, o que esta dizendo? É claro que ela vai sobreviver. Ela é muito forte. Você sabe disso. – Sra Moor era doce.
- Eu sei. Mas é que ela é tão pequena... E se acontecer alguma coisa durante a cirurgia? E se os médicos errarem?
- Isso não vai acontecer, sua mãe pediu que os melhores médicos fizessem a cirurgia. Lua está em boas mãos, Erick. – Ela passou a mão na cabeça dele. – Apenas temos que esperar e torcer para que corra tudo bem.
- Hmm... A senhora não está preocupada? – Ele olhou nos olhos azuis da mulher ao seu lado.
- Sim estou. Mas não posso deixar você mais nervoso e preocupado do que já esta... – Ela parou um pouco, talvez pensando na situação.
- Pena que não posso me dar ao luxo de pensar assim. – Erick voltou a tremer a perna de nervoso. Juntou as mãos e as apoiou no queixo.
Mais vinte minutos se passaram. Eles não aguentavam mais. A “uma hora” de antes já havia passado, provavelmente a cirurgia já tinha começado.  A tensão aumentou e Beca não aguentou e começou a chorar de preocupação. Erick suava de nervoso. A Sra Moor recebeu alguns telefonemas – da mãe de Erick, da aparente tia de Lua e um cara que se chamava “Dwane” – e voltava a folhear as revistas. Beca fica se mexendo o tempo todo.
- Precisamos quebrar esse silêncio! Está me matando! – Beca se levantou bruscamente.
- Fale baixo aqui é um hospital. – Erick falou baixinho.
- Você não manda em mim, Nerd. – Beca fez cara feia.
- Parem com isso vocês dois. – A Sra Moor sussurrou forte. Os dois voltaram com as caras de preocupação.
- Foi mal. Estou quase tendo um ataque aqui. – Beca se desculpou.
- Tudo bem, estamos todos nervosos. – Erick tentou sorrir ao falar.
- Mas por que demora tanto?! – Beca disse indignada.
- Não podemos fazer nada querida. – Disse a Sra Moor.
- Esse é o problema. Eu queria fazer alguma coisa para ajudar.
Após mais alguns minutos de silêncio, um médio com a roupa de cirurgia apareceu. Ele trocou algumas palavras com uma enfermeira e voltou-se para as pessoas na sala de espera.
- Quem é parente de Lua Moor? – Indagou o Médico barbudo.
- Eu sou a mãe dela, doutor. – Pronunciou a Sra Moor levantando depressa.
Erick e Beca estavam de pé, se aproximaram quando o doutor chamou. A tensão era enorme, inevitável. O doutor disse:
- Senhora Moor, sua filha teve um ótimo procedimento. Os resultados foram excelentes. – Todos ao redor do médico deram ares de alívio – Ela agora esta descansando na UTI. Ela precisará de alguns dias para se recuperar, passarei os remédios necessários para sua recuperação. Logo, logo ela será uma garota saudável e forte de novo.
- Obrigada doutor. Muito obrigada! – A sra Moor apertou a mão do médico com um grande sorriso no rosto.
- Disponha, é meu trabalho cuidar das pessoas... Agora venha comigo... – Ele e a Sra Moor foram para outro andar.
Beca deu um grande suspiro e jogou-se no banco da sala de espera, com os olhos fechados. Erick a olhou e sorriu com alegria.
- Ainda bem que acabou. Aquela tensão estava me matando. – Beca disse ainda com os olhos fechados.
- Pois é. Agora acho melhor irmos pra casa. Tenho certeza que não vão nos deixar vê-la hoje. – Beca abriu os olhos ao terminar de ouvir Erick.
- Aahh... Amanhã tem aula. Não vamos poder vê-la também! – Reclamou ela.
- Podemos vir depois da aula. – O rosto dela se alegrou.
- Então tchau Nerd. – Ela levantou de deu um aceno.
Erick riu da mudança repentina de humor da garota. Ela saiu andando com o nariz em pé, como se tivesse ganhado um jogo muito importante. Erick pôs as mãos no bolso e saiu logo depois. Seu sorriso era notado de longe, ele não conseguia esconder a felicidade. Lua estaria de volta, e melhor ainda, ela estaria bem e ele poderia tocar seu lindo rosto. Como sempre desejou desde o dia em que a conheceu. Naquela noite, Erick ao invés de receber um e-mail anônimo, enviou como resposta para “a pessoa anônima” que mandou para ele. Escreveu assim:
“Olá querida pessoa ignorante. Bem que você tentou me ameaçar e tirar de mim a coisa mais importante. Mas quer saber de uma coisa... Lua é uma garota muito linda, divertida, simpática e fofa. Não vou abandonar ela ou parar de falar com ela só porque você quer, eu gosto dela, ou melhor, eu amo Lua Moor com todas as minhas forças. Desculpe se seu plano não deu certo, mas eu estou muito feliz.“
Ele sentiu que tirou um peso das costas, mesmo sendo uma coisa tão recente. Talvez Louis ter ajudado ele tenha feito com que se sentisse assim. Mas ele estava mais feliz por saber que veria Lua de novo. Mais feliz por ter a certeza de que ela estava bem. A felicidade era tanta que sonhou com ela. Em seu sonho, Erick vislumbrou os belos cabelos ondulados chocolate de Lua, sua pele rosada, seus maravilhosos olhos azuis e seu incrível sorriso. Ele a viu dançando, e viu-se aproximando dela e abraçando-a fortemente com toda ternura ele olhou nos olhos dela e se aproximou... E acordou.