Erick não entendeu nada, até Lua explicar no terraço – hora do intervalo - após se acalmar:
- Rebeca Benson, minha melhor amiga. Ela não estava vindo para a escola. Ouvi boatos de que tinha largado os estudos e fugido com um tatuador do beco. Mas fiquei tão feliz em vê-la hoje que acabei me emocionando. Esta tão bem quanto antigamente. Eu a visitei quando descobri que ninguém podia me ver, ela estava tão arrasada com o acidente que eu queria dar apoio á ela e não podia. – Estava confirmado que a garota sempre se vestia daquele jeito.
- Ah... E vocês eram tão próximas assim? – Erick deu uma mordida no pão recheado de chocolate.
- Desde crianças. – Respondeu sorrindo.
- E por que ela não te salvou no dia do acidente? – Lua ficou quieta. – Desculpa, não queria me intrometer.
- Não, não! Esta tudo bem. Beca sempre foi minha amiga. Ela não gosta muito de festas, e também... Naquele dia havíamos brigado.
- O que houve? – Ele quis saber
– Bom, lembra que eu disse que Nancy estava me provocando? – Ele acenou com a cabeça – Então... Eu não sou muito sociável então Nancy resolveu fazer uma brincadeirinha comigo. Enviou anonimamente uma carta para mim com um convite para a festa dos veteranos dizendo que era um garoto que gostava de mim, e tudo mais. Eu de boba acreditei e Beca querendo me ajudar a cair na real tentou me impedir de ir á festa. Daí você já sabe que a coisa foi feia, porque envolve confiança no meio.
- Que pena. Rebeca deve ter se sentido muito mal por ter brigado com você antes do acidente.
- Pois é, mas parece que isso é passado. Ela parece muito bem.
- Não é o que parece... – Eles foram interrompidos por alguém abrindo a porta para o terraço.
- Ah, já tem alguém aqui. Foi mal eu já vou embora.
- Falando no diabo... – Disse Lua.
- Não, não! Pode ficar. Eu já ia descer. – Disse Erick. A garota reparou com quem estava falando.
- Ah é você! Então pode descer mesmo! – Ela cruzou os braços e levantou uma sobrancelha.
- Jura? – Ele olhou para Lua que dava risinhos baixinhos da situação.
- O que fazia aqui em cima? – Rebeca descruzou os braços.
- Comendo... E você o que veio fazer aqui em cima? – Ele juntou os plásticos e papéis do lanche.
- Eu sempre vim comer aqui... Parece que você roubou todos os meus lugares garoto! Qual é o seu problema?
- Eu? Você quem não vem pra escola e eu quem sou o culpado? – Ela hesitou em responder um pouco.
- Não... Tem razão eu não deveria culpá-lo. Quer saber... Fique com o lugar! Aproveite a vista, eu desço!
Ela deu meia volta e abriu a porta para a escadaria. Lua se levantou assustada, e sem entender Erick se levantou e disse com convicção:
- Rebeca! – A garota parou imediatamente e virou-se para ele. – Fique.
- Cara... Você é muito esquisito. – Ela andou em sua direção.
- E você é a pessoa mais normal do mundo não é? – Ele pigarreou.
- O que esta comendo, senhor esquisitão? – Ela sentou-se ao seu lado.
- Já terminei mesmo. Era pão com recheio de chocolate.
- Eca! – Ela fez cara de nojo.
- “Eca” nada! É gostoso! – Ele riu.
- É nojento. Olha o meu: sanduíche de batata com cenoura.
- Muito saudável mocinha! – Ele levantou o dedo em riste.
Eles riram e Erick olhou para Lua, que estava em pé com os olhos fechados sorrindo. O brilho das lágrimas alegres dela refletia no rosto dele. Rebeca olhou para ele e depois para a direção onde ele olhava, viu que não tinha nada e disse:
- O que esta olhando? – Mordeu o sanduíche.
- Nada. – Disse instantaneamente. – Esta gostoso? – Ela com a boca cheia acenou com a cabeça. – Vou descer agora. Até depois, Rebeca. – Ele se levantou com o rosto vermelho de vergonha.
- Ei, esquisito! Me chame de Beca! “Rebeca” me lembra da minha mãe falando.
- Me chame de Erick, Beca! – Ele riu acenando a cabeça.
Desceu as escadas rapidamente e voltou para a sala de aula. O resto do dia foi normal. Erick quase dormiu na aula de sociologia, mas Lua o cutucou com a ponta do lápis fazendo-o acordar, Beca olhou pro lado e deu risada da baba do garoto. Lua agiu normalmente – tendo total concentração na aula – e Erick tentando fazer o mesmo. Na hora de ir embora, Lua rodopiou de felicidade pela volta da amiga e agradeceu por ele não contar nada á ela, se despediram com o aceno de “boa noite”, e Beca se despediu dele apesar de tudo. Muito diferente de como eles começaram o dia. Numa boa, a noite correu tudo bem, até ele receber um e-mail no computador dizendo assim:
“Pare de falar como se ela estivesse lá. Pare de agir como se nada tivesse acontecido. Nunca mais pronuncie o nome dela. Você não sabe de nada, e é melhor nem saber. A noite do acidente já aconteceu, não há nada para mudar nisso. E você não pode fazer nada.“
O remetente dizia anônimo, obviamente porque ele não tem adicionado à pessoa que enviou, mas mesmo assim é estranho mandar uma mensagem desta para um cara como ele no meio da noite. Quer dizer, quem poderia querer ameaçar ele? Ou melhor, quem saberia sobre ele e Lua? E isso se aquele “ela” estava se referindo a Lua, porque agora ele também era amigo de Beca. Outra garota envolvida naquele estranho acidente, que até agora ele não sabia exatamente dos detalhes. Pelo visto havia muitos mistérios a serem revelados sobre aquela noite.
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