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História Coração de vidro - Entre o bem e o mal


Escrita por: btobyookie

Notas do Autor


Oioioi! Tudo bem com vocês?

Como havia dito no capítulo anterior, esse capítulo tem mais mudanças, mas pra quem já havia lido o capítulo 13 de antes, se não quiser ler tudo de novo, pode pular pra parte da última narrativa do Seungkwan, sob o ponto de vista dele, porque é no final (de novo) que eu realmente acrescentei um conteúdo novo. Pra quem não tinha lido ainda, leia tudo, obviamente.

Boa leitura ^^

Capítulo 13 - Entre o bem e o mal


Por que prender a vida em conceitos e normas?
O Belo e o Feio... O Bom e o Mau... Dor e Prazer...
Tudo, afinal, são formas
E não degraus do Ser!

- Mário Quintana

 

Por Hansol

 

Pela primeira vez em dias não desejava ir direto para casa depois de um dia entediante de trabalho. Eu vira Seungkwan na noite anterior, mas sabia que o apartamento vazio me faria sentir sua falta. Após caminhar por alguns minutos no ar frio da noite, adentrei minha biblioteca favorita. Desejava passar a noite naquele local, em meio aos livros, porém, infelizmente, a biblioteca não ficava aberta 24 horas. Eu só poderia me refugiar ali por três horas.

Cumprimentei o atendente, que já me considerava um companheiro de leitura, e me dirigi para a prateleira “F”. Esperançoso de que ninguém tivesse pegado “meu” exemplar do Livro do Desassossego, o procurei atentamente. Sorri ao achá-lo em meio às outras obras de Fernando Pessoa, então o peguei e caminhei até uma das poltronas, me sentando.    

Ansiando por uma distração, abri o livro e retomei a leitura de onde havia parado. Depois de ler o mesmo parágrafo três vezes, soltei um suspiro e fechei o exemplar. Eu não conseguia me concentrar, pois a todo o momento Seungkwan se fazia presente em meus pensamentos.

Peguei o celular em um dos bolsos da mochila, o desbloqueei e abri o aplicativo de bate-papo. Nenhuma mensagem dele. Não era como se não nos víssemos há uma semana. Estava prestes a fechar o aplicativo quando sua foto do perfil mudou. Cliquei na foto imediatamente, mas na pressa acabei ligando para ele sem querer.

— Idiota – sussurrei para mim mesmo, desligando a chamada antes que meu colega atendesse. Arrependi-me no segundo seguinte. Perdi a oportunidade de falar com Seungkwan.

Assim que coloquei o aparelho de volta no bolso da mochila, ele começou a tocar. Sorri ao ver quem era. Apressei-me em atender, já que havia um garoto imerso em sua leitura a metros de mim.

— Oi – Seungkwan me cumprimentou do outro lado da linha. Eu também já sentia falta da voz dele.

— Oi! – soei tão animado quanto me sentia.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não, por quê?

— Você acabou de me ligar. 

Eu precisava inventar uma boa desculpa logo, mas como nada me veio à mente só disse:

— Ah, sim. Só queria saber se está tudo bem.

— Sim, está tudo bem, se é isso o que você quer saber – senti que meu colega estava sorrindo, o que me fez sorrir também – E como você está?

— Bem também.

— Hm...

Eu não sabia o que dizer e ele parecia estar com o mesmo problema. O que eu gostaria mesmo era de conversar com Seungkwan sobre nosso beijo, mas era melhor fazer aquilo pessoalmente. Nós tínhamos que ter conversado sobre aquilo no dia anterior, porém a mãe dele ligou, depois ele chorou nos meus braços e acabei deixando para depois. Além disso, com tudo que havia acontecido com Min Hee, não seria sensato da minha parte trazer o ocorrido à tona tão abruptamente.

— Sua mãe ficou feliz por você ficar com ela até o ano novo?

— Sim, ficou feliz demais. Hansol, eu preciso desligar, minha mãe me chamou pra jantar.

— Ah, tudo bem, então. Até mais.

Seungkwan se despediu e desligou logo em seguida. Bloqueei o celular e encarei um ponto fixo no chão, me perguntando até quando eu aguentaria ficar sem vê-lo. Já admitira para mim mesmo como me sentia a respeito de Boo Seungkwan, não conseguia mais me satisfazer com apenas sua amizade, mas não sabia se ele se sentia da mesma forma que eu. Sabia que ele se sentia atraído por mim, já que havia permitido que eu o beijasse e inclusive me beijara de volta, porém temia que ele desejasse que continuássemos sendo só amigos. Além disso, apesar dele ter demonstrado várias vezes como se sentia confortável comigo, não sabia se ele confiaria seu coração de vidro a mim.

Deixando aqueles pensamentos de lado por um tempo, desbloqueei o aparelho e mandei um “eu já estou sentindo sua falta” para meu colega de madeixas vermelhas. Segundos depois sorri abertamente ao ler um “eu também”. Era muito bom saber que eu fazia falta. Guardei o celular e voltei para minha leitura.

 

Por Seungkwan

 

Estava ocupado relendo a mensagem do Hansol quando recebi uma ligação do meu amigo. Seokmin nunca gostou de falar ao telefone, por isso estranhei que ele estivesse me ligando novamente. Mas talvez ele esteja se sentindo sozinho, já que não vai à faculdade faz uma semana e a mãe dele trabalha demais, pensei enquanto atendia a chamada.

— Oi, friend! Como você está? – perguntei.

— Melhor e você?

— Tem momentos em que fico bem, mas em outros eu começo a pensar nela e você já sabe...

— Sei sim.

— Mas e aí, você me ligou por algum motivo específico?

— Ah, quero te pedir uma coisa. Eu deixei 100 reais na segunda gaveta do criado mudo, tem como você trazer pra mim?

— Hoje?

— É, preciso comprar umas coisas. Eu posso me encontrar com você em outro lugar.

— Não vai dar pra eu ir, eu vim pra casa da minha mãe ficar com ela alguns dias. Mas liga pro Hansol, pergunta pra ele se ele pode se encontrar com você depois do trabalho.  

— Ah, sim. Vou ligar sim. Já vou desligar, Kwan. Diz pra sua mãe que eu mandei um abraço. Tchau.

Abri o aplicativo de bate-papo e sorri mais uma vez ao reler a mensagem que Vernon havia me mandado na noite anterior. “Eu já estou sentindo sua falta”.

Meu celular tocou mais uma vez. Olhei no visor e senti meu peito se contrair ao ver quem era. O detetive Kim Young-Nam, responsável por investigar a morte de Min Hee e o acidente do Minghao. Temia que ele tivesse alguma notícia ruim para dar, mas atendi mesmo assim.

— Oi, senhor Kim.

— Olá. É o Seungkwan que está falando?

— Sim, sou eu. Aconteceu alguma coisa? – perguntei, temeroso.

— Eu tenho duas notícias para te dar, uma boa e outra nem um pouco, qual gostaria de ouvir primeiro? Sugiro a boa.

— Pode ser a boa – falei, sentindo-me cada vez mais apreensivo.  

— A memória do Minghao voltou.

— Que ótima notícia, fico feliz por ele. O Seokmin já sabe? Ele vai ficar feliz pelo amigo.

— É justamente sobre o Seokmin que eu gostaria de falar também.

— O que tem ele? – questionei, sentindo meu estômago se contorcer diante da possibilidade de ter acontecido algo com meu amigo também. Não, não é possível, eu acabei de falar com ele.

— Ele está aí com você?

— Não, por quê?

— Você sabe onde ele está?

Aquele interrogatório estava me deixando cada vez mais nervoso. Só não exigia que o detetive me dissesse logo o que estava acontecendo, porque ele era uma autoridade. 

— Acho que na casa da mãe dele, por quê? Aconteceu alguma coisa com ele?

— Não, não aconteceu nada com ele. Seungkwan, eu preciso te contar algo, mas tenho medo da sua reação. Precisa me prometer que não vai entrar em pânico.

— Pelo amor de Deus, me diz logo o que está acontecendo.

— Tudo bem. Nós descobrimos quem é o culpado da morte da sua amiga e da queda do Minghao. É o Seokmin.

— O quê? O que foi que o senhor disse? Por acaso disse “Seokmin”? – perguntei, pois provavelmente ouvira alguma coisa errada.

Ele não disse que meu melhor amigo é responsável pela morte da Min Hee, ele não disse isso.  

— É isso mesmo que você ouviu. Eu sinto muito, Seungkwan.

Senti todas minhas forças se esvaírem, como se fosse um balão se esvaziando rapidamente. Se eu estivesse em pé, provavelmente desmaiaria devido à gravidade daquelas palavras. Levei uma mão trêmula ao peito, a apertando com força contra ele. Em uma tentativa de não entrar em desespero, inspirei profundamente e soltei o oxigênio devagar.

Não, não, não, não é verdade. Eu o conheço, Seokmin não seria capaz de fazer mal a ninguém, muito menos a garota que era apaixonada por ele. Não foi ele, o detetive está errado.

— Não é verdade, ele não é o culpado. Eu conheço meu amigo – minha voz soou instável, apesar da forte crença que eu tinha no que estava dizendo.

Bati com força no peito, tentando não sucumbir, tentando me manter forte.

— Eu sei o quanto é difícil acreditar que Seokmin seja o culpado, mas eu preciso que você me ajude a encontrá-lo o quanto antes. Você sabe o endereço da mãe dele?

Permaneci calado. Young-Nam era muito iludido se achava que eu contribuiria para que meu amigo fosse preso injustamente.     

— Seungkwan, por favor, me diga o endereço. Eu vou descobrir de qualquer jeito, só que será mais fácil e rápido se você me disser.

— Eu não posso fazer isso, nós nos conhecemos desde sempre, eu sei que ele não é um assassino. Por favor, descubra o verdadeiro culpado, Seokmin quer isso tanto quanto eu.

Desliguei antes que o detetive pudesse dizer mais alguma coisa. Com as mãos ainda trêmulas, liguei para Seokmin, mas seu celular estava desligado. Merda! Resolvi mandar uma mensagem lhe contando o que sabia e rezei para que ele a visse logo.

Será que eles vão prendê-lo?

Uma enorme apreensão tomou conta de mim ao imaginar meu amigo sendo levado pelos policiais para a delegacia.

Por Hansol

— Obrigado, Hansol. Nosso chefe não reclamou de você sair mais cedo? – Seokmin perguntou após eu lhe entregar seu dinheiro. Havíamos combinado de nos encontrar à noite em um café, mas como meu chefe me liberou mais cedo, liguei para meu colega e disse que podíamos nos encontrar antes.

— Não se preocupe, ele me liberou mais cedo hoje.

— Ah, que bom.

Senti meu celular apitar com uma nova mensagem e sorri ao ver quem era. Desbloqueei o aparelho para ler o que Seungkwan havia mandado.

Seungkwan: Hansol, o Seokmin te ligou hoje?

Hansol: Ligou sim, por quê?

Seungkwan: Eu preciso falar com ele urgente! O celular dele está desligado. 

Hansol: Ele está aqui do meu lado.  

Seungkwan: Sério!???? Eu vou ligar pra você agora, passa o celular pra ele, por favor.

Não fazia ideia do que estava acontecendo, mas parecia ser sério.

Hansol: Ok.

— Seungkwan quer falar com você, disse que é urgente. Ele vai ligar – informei ao meu colega que me observava com um olhar curioso.

Antes que ele pudesse dizer algo, meu celular tocou com uma chamada. Entreguei o aparelho ao Seokmin que atendeu imediatamente. Percebi que a coisa era grave quando sua expressão antes casual se tornou obscura.

— Eu preciso desligar, Seungkwan – ele desligou sem ao menos dizer um “tchau”, o que não era do feitio dele.

O que quer que Lee tenha ouvido, não é nada bom.

— O que foi, o que ele disse? – perguntei, apreensivo.

— Eu preciso ir, Hansol – meu colega disse, já se levantando.

— O que está acontecendo, Seokmin!? - questionei, segurando-o pelo braço.

— Não é da sua conta – o olhar feroz que lançou na minha direção me pegou de surpresa. Antes que eu pudesse dizer algo, ele arrancou minha mão do seu braço e se dirigiu a passadas largas até a saída do estabelecimento. Por sorte já havíamos pagado nossas bebidas, por isso corri atrás dele. Logo o alcancei, o impedindo de continuar andando.

— Seokmin, me diz o que foi que Seungkwan te disse.

— Me larga, Hansol, me larga agora – sua voz estava injetada de ódio, porém não fiz o que ele mandou. Estava cada vez mais preocupado com aquela situação, precisava saber o que estava acontecendo e a razão dele estar agindo daquela forma.

— Seokmin...

— Seu filho da puta! – meu colega esbravejou, seu xingamento se misturando ao som próximo de um carro de polícia. Assustado com seu comportamento inexplicavelmente violento, soltei seu braço, mas então ele me surpreendeu ainda mais ao me empurrar com força para trás. Tentei me manter em pé, porém acabei tropeçando em algo no chão e me vi caindo para trás. A última coisa que registrei foi da minha cabeça batendo com força na calçada.

   

Por Seungkwan

 

Acreditava que não tinha como aquele dia ficar pior, mas é claro que tinha. Estava tentando ligar novamente para Hansol quando recebi uma ligação do detetive. Despejei toda minha raiva e frustração em cima dele ao ouvi-lo dizer que Seokmin havia sido capturado e preso. Como se ele não se importasse com minhas ofensas, Young-Nam terminou de destruir o restante de autocontrole que eu ainda possuía ao me informar que Hansol estava no hospital passando por uma cirurgia. Segundo ele, meu amigo o empurrara na calçada, fazendo com que Hansol batesse a cabeça no chão.

Pensei que não seria capaz de ficar de pé, pensei que não conseguiria pegar um taxi e ir até o hospital, mas apesar de todo o medo e desespero, consegui chegar ao hospital. Chorei até não poder mais, chorei até que não houvesse mais lágrimas para chorar enquanto aguardava o término da cirurgia.

As horas se arrastavam enquanto eu tentava em vão não pensar no Seokmin preso e no que Young-Nam dissera sobre ele. Sentia-me uma pessoa horrível, porém não conseguia nem ao menos contar a minha mãe o que tinha acontecido com meu amigo, precisava que Hansol saísse da cirurgia antes de ir visitá-lo. Não acreditava nem por um segundo sequer que Seokmin era culpado, eu o conhecia bem demais para saber que ele não seria capaz de tamanha atrocidade.

Estava prestes a enlouquecer de preocupação, quando o médico, seus ajudantes e um Hansol desacordado e deitado em uma maca saíram de uma das salas de cirurgia. Juntando toda força que ainda me restava, andei até eles. Senti-me extremamente angustiado ao ver meu colega inconsciente, com uma faixa enrolada na cabeça.  

— Como ele está, doutor? A cirurgia correu bem? – perguntei ao médico, minha voz soando tão fraca quanto me sentia.

Felizmente o médico não era mais um daqueles profissionais esnobes e tentou me tranquilizar dizendo que Hansol ficaria bem. Ele também nos explicou que um vaso se rompeu quando meu colega bateu a cabeça no chão, mas como ele tinha sido trazido logo ao hospital, ficaria bem logo. Suas palavras me trouxeram grande alívio, porém sabia que só quando Vernon acordasse e me dissesse que estava se sentindo bem que eu conseguiria ficar tranquilo de verdade. Rezava para que aquilo não demorasse muito a acontecer. 

— Seungkwan, você sabe como ele se acidentou, não sabe!? – minha mãe perguntou pela primeira vez desde que soube da notícia.

Sentindo-me finalmente pronto para contar tudo a ela, a puxei para um dos bancos do hospital e praticamente despejei uma torrente de palavras em sua direção.

— Nós precisamos ir visitá-lo, meu filho – ela disse, se referindo ao Seokmin.

Assenti e acrescentei:

— Eu sei, só estava esperando o Hansol sair da cirurgia.

O caminho até a delegacia foi preenchido por um silêncio pesado e apreensivo, como se estivéssemos nos preparando para o que encontraríamos. Meu coração martelava dolorido no peito só de imaginar meu amigo atrás das grades.

Assim que chegamos ao nosso destino, inspirei e expirei fundo, em uma tentativa de me acalmar minimamente. Ao ver que eu estava nervoso, minha mãe segurou minha mão e a apertou de leve. Era reconfortante tê-la ao meu lado naquele momento.

— Seungkwan, eu acabei de te ligar, mas caiu na caixa postal – Young-Nam disse assim que me viu na porta da delegacia.

— A bateria do meu celular acabou. Aconteceu alguma coisa com o Seokmin? Cadê ele, eu posso vê-lo? A senhora Lee já chegou?

— Calma, uma pergunta por vez. Eu acho melhor vocês se sentarem primeiro.

— Por quê? Aconteceu alguma coisa com o Seokmin? – perguntei, cada vez mais aflito, porém fiz como ele pediu, me sentando. Minha mãe se sentou ao meu lado.  

— Como você tinha dito, o Seokmin não foi o responsável por nenhum dos infortúnios. Você estava certo, Seungkwan.

Eu sabia! Eu sabia que ele nunca seria capaz de machucar ninguém.

— Então quem foi? Quem fez aquilo com meus amigos?

— Meu filho, o irmão gêmeo do Seokmin, Dokyeom – a senhora Lee respondeu pelo delegado ao se aproximar de nós e eu a encarei, atônito.  


Notas Finais


Mistério finalmente resolvido! Irmão gêmeo do mal!

Só mais 3 capítulos pro final da fic...vou sentir falta de escrevê-la. O último capítulo será o epílogo.

Até mais, florzinhas!


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