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História Coração de vidro - Passado revelado


Escrita por: btobyookie

Notas do Autor


Finalmente o passado do Seungkwan será revelado neste capítulo, aposto que não aguentavam mais né. Se preparem porque é bomba.

Boa leitura, moras ^^

Capítulo 7 - Passado revelado


Fanfic / Fanfiction Coração de vidro - Passado revelado

Ó noite onde as estrelas mentem luz, ó noite, única coisa do tamanho do universo, torna-me, corpo e alma, parte do teu corpo, que eu me perca em ser mera treva e me torne noite também, sem sonhos que sejam estrelas em mim, nem sol esperado que ilumine do futuro.

-Fernando Pessoa

 

Após lavar o rosto e me acalmar minimamente, dirigi-me para a sala vagarosamente. Ainda não eram nem seis da manhã, mas eu sabia que não conseguiria voltar a dormir de novo, mesmo se quisesse. Sentei-me no canto do sofá enquanto as imagens do meu sonho assombravam minha mente.

Por que eu o levei à minha casa sem nossos pais saberem? Por que fui tão estúpido a ponto de acreditar que ele estava a salvo com meu primo? 

Estava fitando o vazio por alguns minutos quando Seungkwan adentrou o cômodo. Engoli em seco, sentindo minha garganta e meu peito se contraírem diante de sua presença.  

— O que você está fazendo acordado? - ele questionou, parecendo não notar meu estado de nervosismo.

Sem coragem de encará-lo, meu olhar voltou-se para os meus chinelos. Eu era um covarde.

— Seungkwan, eu me lembrei - minha voz soou vacilante aos meus ouvidos.

— Do quê? - meu colega perguntou, alheio ao que minhas palavras queriam dizer.

Reunindo toda a bravura que me restava, deixei que nossos olhares se encontrassem. Depois do que pareceu uma eternidade, sua expressão surpresa me revelou que ele finalmente entendera sobre o que eu estava falando.

— Eu sinto muito, Seungkwan. Eu sinto muito por ter me esquecido de algo assim e sinto muito por não ter te ajudado. Eu sei que não mereço seu perdão, mas mesmo assim quero dizer o quanto sinto muito.

Inspirei profundamente, lutando contra as lágrimas que estavam prestes a cair sobre meu rosto. Minha visão turva me impedia de ver seu rosto, eu queria saber o que ele estava pensando, desejava saber o quanto me odiava.    

— A culpa não é sua, Hansol - a voz do garoto de cabelos vermelhos soou instável e embargada.

— Eu não devia ter te convidado para ir a minha casa sem a permissão dos seus pais.

— Você só tinha 10 anos.

— Eu não devia ter te deixado sozinho com ele - sussurrei enquanto minha mente me martirizava mais uma vez com a imagem do meu primo tocando um Seungkwan aterrorizado. Meu sangue fervia ao pensar no mal que alguém do meu próprio sangue infligira a uma criança.  

Limpei violentamente as lágrimas que caíam no meu rosto. Eu não tinha direito de chorar, não fora eu que havia sofrido por todos aqueles anos.

— Você tentou me ajudar, Hansol - apesar de todo o sofrimento refletido em seus olhos, podia ver que ele ingenuamente acreditava em suas palavras, acreditava em minha inocência. Não merecia aquilo vindo dele, merecia ser xingado, amaldiçoado, no mínimo culpado.    

— Não, Seungkwan, não tive forças para te ajudar - afirmei, tentando desesperadamente fazer com que ele me culpasse por aquela tragédia. Encolhi-me enquanto me lembrava do meu primo me esmurrando a ponto de eu cair inconsciente no chão após eu tentar empurrá-lo para longe do meu colega.

— Cala a boca, Hansol! Eu já disse que a culpa não foi sua, porra. A culpa foi do filho da puta do seu primo - o garoto de madeixas vermelhas explodiu, me assustando. Pisquei aturdido enquanto observava em um silêncio atônito sua feição enfurecida.

— O que está acontecendo aqui? - Seokmin perguntou, adentrando o cômodo. Ele parecia calmo demais para alguém que havia acabado de ser acordado com os gritos do amigo.

— Cuida da sua vida - Seungkwan disse ao seu colega antes de sumir dentro do banheiro.

 

 

 

— Qual é o problema agora? - Jisoo questionou assim que colocou seus olhos em mim. Eu não estava me sentindo nem um pouco disposto a conversar com alguém, inclusive com ele, mas não queria que achasse que não o considerava meu amigo. Às vezes Joshua tendia a ser um tanto quanto dramático.  

— Problemas com um colega - respondi simplesmente, rezando para que ele não perguntasse mais nada.

Depois de gritar comigo, eu e Seungkwan não conversamos mais, e apesar de saber que eu merecia seu silêncio, uma parte egoísta do meu cérebro desejava que ele voltasse a falar comigo, mesmo que fosse para depositar sua raiva e tristeza em mim.

O que me deixava extremamente frustrado era não poder fazer nada pelo meu colega, pois o desgraçado do meu primo havia falecido no ano anterior em um acidente de carro. Se eu tivesse me lembrado mais cedo do que Chul-Moo fizera, acredito que teria ido para a prisão junto com ele ou ele teria morrido mais cedo.

 — Espero que tudo se resolva - meu amigo disse e eu agradeci mentalmente por sua discrição momentânea.

Estava imerso em pensamentos nebulosos quando Joshua praticamente arrancou meu braço ao puxá-lo com força.

— Ele veio - Jisoo sussurrou com um sorriso patético nos lábios.

— Larga meu braço, demônio - reclamei, o fuzilando com o olhar. Ele pareceu não notar minha raiva, mas pelo menos soltou meu braço. Voltei meu olhar para a direção em que olhava, entendendo a razão de toda aquela comoção. Jeonghan acabara de entrar no hostel.    

— Oi, meninos - o rapaz de madeixas longas nos cumprimentou com um sorriso simpático.

— Oi, Jeonghan. Como você está? Tudo bem? - meu amigo o cumprimentou com uma animação indisfarçada enquanto eu só disse um simples “oi”.

— Tudo bem e você?

— Melhor agora, quer dizer, estou bem também - o garoto deu uma risada, parecendo se divertir com meu amigo.

— Você veio visitar o Seokmin?

— Nã-sim, sim. Ele veio trabalhar?

— Veio sim. Ele está no banheiro no momento.

— Ah...você trabalha aqui também, Joshua? - a pergunta do Jeonghan deixou Jisoo ainda mais feliz, como se isso fosse possível.

— Não, mas eu venho aqui de vez em quando fazer companhia para o Hansol.

— Que ótimo amigo que você é.

— Ah, que isso, nós só estamos acostumados com a companhia um do outro.

— Vocês são amigos há quantos anos?

Meu amigo estava adorando toda a atenção que estava recebendo do Jeonghan. Sabia que mais tarde teria que ouvi-lo falar ininterruptamente sobre seu “anjo”.

 

 

 

— O que aconteceu entre vocês? - Seokmin me perguntou assim que adentrei o apartamento horas mais tarde.

— Se ele não te contou, também não posso falar nada - disse, indo direto ao ponto. Estava cansado de tantas perguntas. Sabia que ele estava preocupado com seu amigo tanto quanto o Joshua estava comigo, mas eles tinham que entender que às vezes nós queremos guardar as coisas para nós mesmos - Ele chegou?

Seokmin negou, então me dirigi ao quarto, joguei minha mochila em um dos cantos do cômodo e calcei um tênis mais confortável. Eu precisava de um pouco do ar frio da cidade para clarear meus pensamentos confusos e deprimentes. Enrolei um cachecol no pescoço e saí.  

Andei até uma das praças mais próximas, sentindo o vento outonal de Seul bater no meu rosto. Respirei profunda e lentamente, tentando me livrar do desejo de ver Seungkwan.  

— Eu sou um imbecil egoísta - murmurei para mim mesmo. Sabia que o garoto de cabelo vermelho devia se lembrar do meu primo toda vez que olhava para mim, mas mesmo assim havia uma parte de mim que ainda queria vê-lo e conversar com ele.  

Deitei-me em um dos bancos da praça, observando a vastidão negra do céu coberta apenas com poucas estrelas tímidas.

— Se as coisas são inatingíveis...ora! Não é motivo para não querê-las...Que triste os caminhos, se não fora a presença das estrelas! - declamei um dos poemas de Mário Quintana, Das utopias, sem me importar com quem pudesse ouvir.

 — Eu não acredito que você está declamando um poema olhando para as estrelas no meio de uma praça. Você é muito estranho, Hansol - uma voz demasiadamente familiar comentou, em tom zombeteiro.

Sentei-me em um rompante, confirmando as minhas suspeitas. Seungkwan.

— Eu...o que você está fazendo aqui? - questionei, ignorando propositalmente seu comentário. Meu peito se contraiu dolorosamente no peito assim que nossos olhares se encontraram.  

— A mesma coisa que você - afirmou, se sentando no outro extremo do banco em que estava. Será que ele tem medo de que eu toque nele novamente? Será que ele tem medo de mim ou de todos os homens? Mas ele não tem medo do Seokmin. Respirei fundo, contendo minha frustração.

— Declamando poemas? - perguntei, me esforçando para arrancar ao menos um sorriso dele. Sorri no mesmo instante em que ele abriu um sorriso.

— Claro que não, seu bobo. Pensando na vida.

— Ah...

Observei-o discretamente enquanto seu olhar estava desfocado, como se um milhão de pensamentos borbulhassem em sua mente. Eu queria que Seungkwan confiasse em mim...não, era melhor que nos afastássemos.

Como se ele pudesse ouvir meus pensamentos, o garoto de madeixas vermelhas voltou seu olhar para mim e disse com a voz carregada de emoção:

— Não parece, mas eu tenho um coração de vidro, Hansol. 


Notas Finais


E aí, moras, o que acharam da revelação bombástica? Aliviadas de saber que não foi o Hansol o verdadeiro culpado?

Gente, eu gostaria da opinião de vocês sobre Jihan. Eu estou pensando em fazer um capítulo extra narrado por um dos dois, ou Jeonghan ou Jisoo, o que acham? Aguardo a opinião de vocês.

Até o próximo capítulo! Feliz Natal, moras <33


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