História My Little Secret - Natal na casa do vovô

Thalia

Era véspera de Natal, e como em todos os anos, eu e meu pequeno Tyler brincávamos no chão da sala, pra depois irmos pra casa do meu pai. Olhava meu pequeno que tinha três anos, parecia tanto com o pai. Acaricio seus cabelos negros e lisos como o dele. Nico. Esse era o homem pelo qual me apaixonei. Tivemos tantas noites juntos mas a última fora especial, onde nos amávamos como se fosse nossa última vez e, na qual foi mesmo, e dessa noite surgiu Tyler. Nunca contei a ele sobre sua existência, não queria atrapalhar seu casamento com Drew, cortei todo tipo de contato que tínhamos. Foi errado o que eu fiz, mas não me arrependo. Nos conhecemos no colégio e com o tempo nos tornamos amigos e depois foi um namoro que durou dois anos, até um pouco depois de nos formarmos e onde Drew inventou uma gravidez e o pai de Nico o forçou a casar com ela. E em nossa última noite juntos dissemos que nunca deixaríamos de amar um ao outro, e depois de um mês eu não aguentando essa situação, descobri sobre Tyler, me afastei de tudo que me ligava a ele e decidi ser quem sou hoje e criar meu filho sozinha.

-Daqui a pouco temos que tomar banho pra ir pra casa do vovô.

Vou à cozinha ver se tudo estava arrumado e volto pra sala e vejo que meu pequeno ainda brincava no chão. Beijo sua testa acariciando seu rostinho lhe ajudando a encaixar as peças na casinha de montar, que fora presente de Jason.

-Vovô meu... Mamãe, eu tem papai?

Ele me encara com seus olhinhos negros fazendo biquinho, segurando a franja que caia sobre seus olhos. Me congelo no mesmo momento e pisco várias vezes. Ele nunca me perguntou sobre o Nico antes e eu não tinha pensado nessa possibilidade e no que falaria se me perguntasse.

-Porque essa pergunta, meu amor?

Tento me manter calma, mas por dentro fervia de nervosismo, o que eu poderia falar sem magoar meu pequeno.

-Poquê meux amiguins tem, eu nom.

Ele abaixa a cabeça chateado, meuu coração se parte com suas palavras. Como eu tinha sido burra e não pensar que ele poderia estar sofrendo com isso na escola ao ver os pais dos amigos os levando e buscando, mesmo que não demonstrasse ele sentia falta de ter um pai.

-Ele está viajando meu amor, apenas isso... Volte a brincar, enquanto arrumo sua roupa, pra gente se arrumar e ir pra casa do vovô. Bagunço seus cabelos e me levanto indo pro quarto, vejo o mesmo voltar a brincar e se distrair com os legos. Entro em meu quarto e encosto a porta, me sento na cama e choro baixinho, pensando se Nico souber algum dia, nunca iria me perdoar e Tyler, meu filho, poderia me odiar por isso, se souber.

***

Levanto depois de uns quinze minutos, vou ao banheiro e lavo meu rosto, ajeito a maquiagem, saio e pego uma bolsa grande no guarda-roupa, coloco um par de roupas pra mim, um pijama e coisas essenciais, vou ao quarto do meu filho pego algumas roupas dele, alguns produtos que o mesmo usava seu pijama do Stitch que não ficava sem usar, ajeito na bolsa e pego uma roupa quentinha pra colocar depois do banho. Volto pra sala e me aproximo dele.

-Tyler, vem tomar banho pra gente ir meu bem.

Sorrio e fico esperando que se levante e guarde seus brinquedos dentro da caixa.

-Mamãe te ama muito meu amor. Nunca se esqueça disso tá bom?

O pego no colo e o encho de beijos, sorrio o vendo dar risadas sapecas e dou leves mordidas em sua bochecha.

-Amo mamãe tamêm. Muuuuito muito.

Fico emocionada e olho seu sorriso que aparece seus dentinhos ficando boba do quanto ele está crescendo, o abraço e sigo pro banheiro. Encosto a porta por causa do frio e tiro sua roupinha, o pego no colo, coloco ele na banheira.

-Patinho mamãe.

Olho seus olhinhos pedintes e seu bico fazendo cara de manhoso, rio e o pego o pato no armário.

-Duck esteve sumido e precisa de um banho, porque não lava ele?

Lhe entrego seu patinho e lhe dou banho enquanto brinca.

Entre banhos e risadas, termino de lavar seus cabelos, lhe enrolo em sua toalha e levo pro quarto, o visto com seu conjunto de moletom, presente do meu pai, passo perfume e penteio seus cabelos.

-Ta ficando grande meu amor, e pesado, ta ficando o homenzinho da casa.

Coloco uma touca , pego a bolsa com tudo que arrumei e levo pro carro, ajeito no porta-malas, pego meu filho e o coloco na cadeirinha, colocando seu cinto. Dou a volta e entro no carro.

Dirijo pelas ruas e passo no McDonald's pra comprar batatinhas pra nós, comemos dentro do carro e dou partida. Chegando à casa do meu pai, entro no luxuoso condomínio, dirijo pelas casas observando como estavam decoradas e no final da rua a casa de meu pai, por fora não parece tão perfeita, mas por dentro, era tão detalhada que toda vez que o visito, reparo algo que não tinha visto antes. Estaciono em sua porta, olho a casa ao lado com as luzes acesas.

-Parece que finalmente venderam essa casa.

Dou de ombros, olhando pelo retrovisor e tiro o cinto, desço e tiro Tyler da cadeirinha, o pego no colo e entro, vendo meu pai no sofá. Hera acabando de ajeitar a mesa, Jason com Sophia no colo e Piper ao seu lado, antes que pudesse me anunciar, apenas me assusto com a rapidez do meu pequeno em descer do meu colo e correr até meu pai.

-Vovô... senti sadade!

Antes mesmo que meu pai pudesse responder, Tyler já havia subido em seu colo.

-Eu senti a sua também, ta ficando grande, daqui a pouco ficará maior do que eu.

Os dois riem e meu pai beija a testa dele lhe dando um abraço, nem ligando pra minha presença, sorrio negando deixando os dois juntos.

-Olá a todos.

Sorrio me aproximando, tiro meus saltos e deixo no canto da sala, abraço todos e me sento ao lado de Jason.

-Como estão às coisas com Sophia e o bebê?

Encaro Jason e olho Piper com o barrigão sorrindo feito boba, talvez o bebê esteja chutando se comunicando com ela.

-Sophia está bem, Steve está ótimo, grande e quase nascendo. Soph deu crise de ciúmes, mas agora está maravilhada que o irmão brinca com ela.

Piper fala olhando a pequena no colo do meu pai conversando com os dois algo importante pra eles, me lembro da época em que era nós dois no colo do meu pai.

-Ela está terrível, sapeca demais, até pra dormir.

-Puxou você não é mesmo Jason? Mas e quando nasce o Steve?

Provoco meu irmão e bagunço seus cabelos enquanto rio dele junto com Piper, e o mesmo revira os olhos fingindo estar indignado mas vejo um sorriso aparecer em seus lábios.

-Na segunda semana de Janeiro, não aguento mais meus pés doendo e eu estou toda inchada.

A vejo suspirar e colocar os pés no colo de Jason que faz uma leve massagem, que pelos resmungos de prazer parecia que a mesma estava no céu.

-Soph não vai cumprimentar sua tia?

Jason à chama, ela vem toda sorridente, olha pra mim e fica toda alegre.

-Oi tia Lia.

A pego em meu colo e a encho de beijos e a abraço arrumando seu cabelo, colocando as mechas atrás de suas orelhas.

-Oi meu amor, fiquei sabendo que você gosta de conversar com seu irmão. Sabia que quando ele crescer vai ir na casa da árvore com você e o Tyler?

Vejo seus olhos brilharem como se fosse a melhor ideia do mundo.

-Eu vou leva ele, vou cuida e vou encher de beijos.

Piore fica emocionada com a pequena falando e segura o choro.

-Vai dormir com ele também? Pode ensinar algumas brincadeiras e contar histórias.-beijo sua testa e a coloco no chão. -Pode ir brincar meu amor. Depois a gente conversa.

Sorrio a vendo ir e suspiro pensando em quando Tyler chegar nessa idade e fazer bagunça.

-Nem quero ver quando Tyler fizer cinco anos. -rio.

-Vai te deixar careca, ele é pestinha como você.-Jason fala rindo e eu o fuzilo com o olhar mas depois rio.

-Sinto falta de quando era apenas um bebê. -suspiro o olhando com Sophia.

-Jason, eu vou me deitar um pouco, não me sinto bem.-Piper se levanta devagar.

-Quer ajudar, querida? -ele fica todo fofo preocupado com ela e ajuda a mesma.

-Não, é só o cansaço mesmo, nada demais, pode ficar aí, daqui a pouco eu desço.-Ela sorri e sobre as escadas indo pro quarto.

-A gravidez deixa ela assim, fico tão preocupado, mas o médico disse que era normal. -ele diz frustrado.

-Calma... Lembra de como foi com a Soph? Você desmaiou na sala de parto, e quando foi comigo, ficou tão branco que pensei que ia ter um treco. Ela vai ficar bem, tenho certeza.-o abraço tentando arrancar um sorriso.

-Se fossem assim quando eram pequenos, seria mais fácil meu trabalho. -diz meu pai rindo e rimos juntos.

-Éramos grudados também, mas adorávamos brigar, porque sempre tínhamos sua atenção. -Jason fala e ri.

-Verdade. -concordo.

-Vou à cozinha ajudar Hera com o jantar. Ela fez sua sobremesa favorita minha filha. -ele me dá um leve sorriso e se retira.

-Ela adivinhou que eu estava querendo comer. -sorrio fraco agradecida.

Como ficou apenas eu e Jason na sala e as crianças foram pro quarto onde tinha seus brinquedos, fico olhando a decoração da casa que tinha ficado perfeita pro Natal desse ano, mesmo que fôssemos apenas nós, a decoração estava bem caprichada.

-Não que seja importante, mas... Quem comprou a casa ao lado? Faz meses que ninguém conseguia vender, pensei até que tinham desistido.

Me aconchego no sofá não querendo perder o papo que estava agradável e confortável, me viro pra encarar Jason e o vejo ficar parado e tenso, como se eu tivesse feito a pergunta errada.

-Tem certeza de que não sabe? -me arrepiei com sua pergunta.

-Jay, se eu soubesse, não perguntaria né. -te dou um peteleco rindo tentando não ficar frustrada e coloco meus pés em seu colo pra que faça uma massagem.

-Os Di Ângelo. Papai e ele se tornaram sócios e eles decidiram comprar a casa ao lado pra manter o contato. Pelo que estou vendo, acho até que tio Poseidon irá se mudar pro condomínio e vão fechar ele pros milionários.

Ao escutar me congelo ficando sem reação, parecia que tudo tinha que acontecer de uma vez, primeiro Tyler perguntando sobre o pai e agora eles se mudando pra perto do meu pai. Jason sabia que eu fiquei mal e ainda estava machucada com tudo que aconteceu, mas nunca lhe contei que Nico era o pai de Tyler.

-Isso sim é uma novidade pros negócios.

Disfarço meu semblante com um sorriso mas ele havia percebido pela sua cara, fiquei mais tranquila por não dizer nada e começar a massagear meus pés, mudando o assunto e me contando sobre como Sophia conversa com Steve, ficamos rindo sobre como ela adorava ver ele mexer na barriga de Piper e lembramos que quando brigávamos todo dia por alguma coisa e depois nosso pai nos obrigava a ficar no mesmo cômodo até estarmos de bem, o que resultava em horas e horas até que um abaixasse a guarda e abraçava o outro.