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História Corações da Noite - Força e Visão


Escrita por: Ladymil

Capítulo 2 - Força e Visão


Fanfic / Fanfiction Corações da Noite - Força e Visão

 A vida não é feita de desafios, a vida é um desafio. A partir do momento em que você é concebido até o final de seus dias, a vida é um intenso desafio, sem garantia alguma. Uma cegueira congênita pode ser chamado de um grande desafio, mas para mim é tão natural como respirar, o pior de ser o que sou é que todos não são assim, quer dizer: Eu nasci assim! A escuridão é tanto um sentido quanto o paladar, tato, audição e olfato, e enquanto todos ficam tão dependentes com apenas um dos cinco sentido, tenho os quatro ainda mais aguçados.

-Lucaaaas!!! – Gritou a mãe há uma certa distancia da calçada movimentada. Podia escutar a criança rindo e correndo, teimosamente, escutou o apito do sinaleiro, assim que sentiu uma passada rápida em seu quadril, agarrou o colarinho do garoto e puxou para trás, e como um aviso um carro passou em alta velocidade na avenida. -Obrigada. – A voz ofegante do que parecia ser a mãe soou, tocando seu ombro.

-De nada. – Respondeu dando um sorriso, seguindo na travessia junto com a multidão. Quando as pessoas se perdem em suas vidas iguais, o ideal é se encaixar em suas vidinhas costumeiras. Não é uma coisa fácil, mas com certos truques e costumes tudo pode parecer comum como eles estão acostumados, então quando as pessoas são mais propícias a recusar as pessoas do que em aceita-las, a melhor escolha é engana-las.

-Droga! – Escutou o que parecia ser a queda de uns livros e mais alguns xingamentos.

-Atrasada de novo? – Sussurrou inclinando-se para trás e sussurrando enquanto a professora falava.

-Cala a boca! – Enervou Vivian num sussurro entre os dentes. –Esqueci que a aula seria aqui.

-Claro. – Usou um tom irônico que fez com que a amiga puxasse seu cabelo de leve.

-“...Os princípios podem ser definidos como a base, o fundamento, a origem, a razão fundamental sobre a qual se discorre sobre qualquer matéria. Trata-se de proposições mais abstratas que dão razão ou servem de base e fundamento ao Direito.” – A professora falou em tom mais alto e elas se calaram.

O mundo jamais foi perfeito, em todos os seus detalhes, em sua poderosa natureza, sua perfeição é a mais destacada imperfeição. Acidentes, deformações, novidades, descobertas... Tudo isto é a transformação. Há delicadeza de estar onde no grotesco, calma no violento, satisfação no escasso, existência no invisível, poder no fraco; tudo isto é vida. Todas essas coisas não são lineares, seus traços existenciais não são perfeitos por que não podem ser perfeitos. Implícito ou oculto, não existe a forma correta, precisa, não existes formulas que solucione tudo e qualquer problema. Na vida o certo é o errado e o perfeito é o defeituoso, modificação de raças, evolução das espécies. A justiça faz a perfeição num mundo imperfeito, ela cria ordem na desordem, as leis sem erros, a beleza das palavras, a busca da paz social. Esse mundo dos homens, a natureza e instinto é a espada e o escudo, e alguém que possa maestra-lo com perfeição é rei.

-Deixou de me escutar há muito tempo, Elínia. - Uma voz interrompeu seus pensamentos. Provável que Vivian tenha erguido a sobrancelha com piercing, com aborrecimento por não tê-la respondido.

-Desculpe, Vivian. O que disse por último?

-Você sempre deixa de me escutar quando falo do Alessandro.

-Talvez você também devesse fazer o mesmo. - Sorriu com provocação, moveu o rosto quando o grupo de garotas passou conversando alto.

-Engraçadinha.

-Por que elas tem que falar tão alto? - Franziu o cenho não conseguindo entender nada que as pessoas há dois metros de distancia dali, falavam, mas era incômodo.

-Porque todos também tem que escutar. - Vivian riu e deu um tapa em seu ombro. –Agora preste atenção, a fofoca é importante: Tudo indica que o seu querido Thomaz terminou com a namorada. Elínia piscou, o silêncio se prolongou até que Vivian não resistiu à pergunta: -O que vai fazer?

-O que poderia fazer? - Apertou a pasta entre os dedos.

-Não tenho nada haver com isto

-Como não? Agir, ora! Ele está livre, sem nenhuma Blanca interrompendo e debochando... E eu ainda acho que você deveria ter me deixado dar um belo soco na cara dela, seria meu presente de aniversário... Hummm... Um soco bem dado, e o focinho dela iria ficar amassado por um bom tempo. Elínia detestava lembrar de tal episódio, quando Blanca, a namorada “ou ex neste momento” fez com que ela parecesse pior do que um buraco de rato da parede de uma casa recém construída. Tudo que tentava falar era respondido ou interrompido por deboches e ironias, Blanca também ia direto na jugular e elas por diversas vezes enfrentaram-se em juris simulados. Mas daquela vez a rixa delas era para mais do que uma defesa de causa, era uma disputa de mulheres para ter atenção de um homem.

-Se fosse para dar um soco em todas as pessoas que não me aceitam, você pegaria prisão perpetua.

-Claro que não! Esqueceu que também sou uma ótima advogada? Logo serei uma juíza ainda melhor.

Elínia sorriu negando com a cabeça, as pessoas estavam se dispersando, logo teria que voltar a aula. Vivian sempre ficava mais do que devia no intervalo, suas habilidades no direito eram admiráveis, enquanto ela tinha que pegar a matéria e repassa-la pelo menos duas vezes por dia. Levantou para ir a sala.

-Fique, Vivian. - Disse quando escutou ela se levantar ao seu lado. -Sei onde vou, afinal já têm dois anos e meio. -Eu não levantei por você, só não quero ficar sozinha. Elínia bufou aborrecida, detestava esse tratamento exagerado das pessoas. Elas não compreendia que ela vive longe de suas vistas, que não era a primeira vez que andava, que entrava em um lugar estranho, que pegava um ônibus ou atravessava a rua. Toda e qualquer pessoa sabe se encaixar no ambiente, de qualquer forma ela se adequava para sobreviver como todo e qualquer ser vivo.

-Hoje vai ter uma festa do pessoal de Medicina... - Começou a voz de Paloma.

-Nãoooo! - Respondeu antes das argumentações da amiga.

-Nia! Você nem escutou.

-Não gosto de festa, te disse isso e te digo sempre. - Finalizou desviando do carrinho de limpeza que vinha a sua frente, as rodinhas tinham que ser lubrificadas. -E da última vez que fui pela sua cabeça, houve aquela história com a Blanca

-Blanca, para mim é uma cachorra mesmo. - Resmungou as suas costas. -E deveria ter dado um banho de vodka nela. Bem nos olhos. Passaram um tempo caladas.

-Thomaz vai estar lá...aaaaaa... - Cantarolou Vivian perto de seu ouvido esquerdo, no meio da aula de metodologia científica.

-E daí? - Tentou não fazer seu coração acelerar tanto.

-Arreee... Por favor, Elínia, não acredito nessa frieza com o novo estado civil de Thomaz, aquele que namora e trata de qualquer jeito todas as garotas, menos você. Que toda vez que ele se afasta, você suspira como uma menininha apaixonada, ele está... li – vre... e é hora de você agir.

-Acredita mesmo em contos de fadas? Esquece que ninguém tomaria um estorvo.

-Não diga isso, Nia!

-Não estou dizendo para que fique com pena de mim, só que não faz sentido ele querer ficar comigo e não com Blanca. Está entendendo? Seria trocar doze por meia dúzia.

-Blanca é uma cachorra. – Interrompeu a voz de Franciele, estava ao seu lado. –Ela pulou em cima do meu agora ex namorado, os desgraçados sabiam da minha religião e se aproveitaram disso. Peguei-os dentro do vestiário, filhos da p...

-Eu pensei que sua religião também contava sem palavrões. – Podia escutar a voz contida de Vivian, esperava que ela não caísse na gargalhada, não na frente da colega de classe.

-Não é palavrão quando se fala a verdade. – Ela bufou, dizendo bem rápido. –Ainda estava elogiando.

-Sinto muito, Franciele, mas você conseguirá coisa melhor. – Confortou como sabia.

-Claro, que conseguirá! Ele era o maior viajado que já vi, não entendia dez das onze palavras que ele falava, você deveria estudar línguas já que conseguiu namorar com ele um ano sem fazer nada.

-Vivian! – Pelejou Elínia entre os dentes.

-Ele falava gírias demais, não é? – Ela riu meio que em soluços. Conseguiu mover a mão rapidamente para bater no ombro da amiga.

-Desculpe, Franciele... Olha, tenho uma ideia, que tal sairmos dessa fossa você, Nia e eu na festa de medicina, vai ter bebidas e comidas a vontade.

-Que droga, Vivian! Você não desiste? Eu não vou.

-Tudo bem, se vocês querem se mostrar coitadinhas, enquanto que todos estarão lá rindo e se divertindo. Perdendo a maior chances de sua vida para encontrar o cara certo...

-Está dizendo idiotice.

-Vá... Será que você não se enxerga?

-Não. – Elínia respondeu sorrindo e virando na direção da voz, Franciele não teve como não rir, ao contrario das demais, ela a tratava como uma igual e gostava disso.

-Você me entendeu! – Vivian pareceu sem graça e irritada. –Você tem um rosto doce, além de um peitão e um bundão, os caras ficariam loucos por você, aos seus pés se não fosse tão “Não me toque se não te processo”... Eles botariam a língua para fora e abanariam o rabo se você usasse o corpo para mais do que essas roupas de promotora que usa, você tem que transar! Com todo respeito, Franciele... - Apressou em se desculpar pelas palavras a colega politicamente correta.

-Se eu for, você cala a boca? – Enervou Elínia sentindo a face arder, sabia bem se não fosse ela continuaria falando e falando o que havia perdido.

-Claro! – Escutou o bater de palmas alegre.

-Vivian. – Chamou o professor, com um tom nervoso. –Já que está tão alegre, pode nos responder qual o pensamento que a metodologia científica tem origem?

-Ahm... – Gaguejou Vivian enquanto a sala estava num completo silêncio.

-Essa é uma pergunta do primeiro período, Vivian. – O professor continuou a instiga-la.

-Descartes. – Sussurrou Elínia para ajuda-la.

-Descartes. – Repetiu apressadamente. Ele não pode mais provocar já que a resposta estava certa.

-Vê se da próxima vez não precise da ajuda da sua amiga, Vivian.

-Cretino, pedinte, egocêntrico, tarado dos infernos. – Vivian estava xingando sem para as suas costas. –Se ele ficar mais um semestre pegando no meu pé, direi a todos que ele deu em cima de mim.

-Deveria ter feito isso antes. – Elínia mais de uma vez falou que deveria ter denunciado os avanços do professor Dante, mas ao invés disso ela disse que lidaria com isso como sempre lidou com os homens. –Agora que estamos no último semestre pensaram que fez isso apenas por rixa.

-Tudo bem, tudo bem... Vamos discutir com que roupa nós vamos. Elínia meio que suspirou, meio que gemeu.

 

Nas extremidades da cidade... O animal terminou de comer sua presa, a grande besta selvagem bufou afastando o sangue de seu focinho negro, com a boca aberta ele voltou-se para o rio, saindo da floresta fechada. A lua grande e branca estava ali, fitando-o de uma maneira única, ele ergueu a cabeça uivando alto e longamente, logo foi correspondido por vários outros, ele parou de uivar, revigorado, caminhando junto ao rio, em direção a grande cidade.  



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