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História Corações da Noite - Fuja e Salve-se


Escrita por: Ladymil

Capítulo 6 - Fuja e Salve-se


Fanfic / Fanfiction Corações da Noite - Fuja e Salve-se

-Nia está tudo bem? Está pálida.

            Vivian parou de rir junto com as meninas assim que viu que Elínia era a única que não ria das piadas de Thomaz. Estava preocupada com a amiga, estes dias ela parecia muito preocupada e séria, quase não a via sorrir e quando fazia era sempre forçado. Não entendia. Elínia desde que a conhecia era apaixonada pelo Thomaz e quando ele resolveu retribuir o seu interesse, ela age com frieza e temor, sempre arrumando desculpas para se afastar dele ou respondendo com grosseria quando ele propunha a conversar com ela.

            -Está tudo bem. - Disse em voz rouca.

            -Não parece. - Revidou Amanda com o tom mais tranquilo.

            -Talvez eu deva leva-la para casa. - Sugeriu o usurpador com a voz séria e no fundo ameaçadora.

            -Não! - Respondeu depressa. - Não é necessário, irei... irei ao banheiro e já ficarei melhor. - Levantou do banco ofegante caminhando para o banheiro.

            -Ela está esquisita. - Vivian franziu o cenho, preocupada. –Quando acordamos hoje encontramos ela tomando café, parecia que nem tinha dormido. E toda vez pergunta se estou bem.

            -Deveríamos perguntar a ela seriamente. - Propôs Paloma. –Está na cara que está acontecendo alguma coisa.

            O homem seguiu a mulher entrar no banheiro com um olhar irritadiço. Aquela mulher estava definitivamente atrapalhando seus planos, já bastava a luta que teve contra seu irmão, agora tinha a namorada dele para estragar ainda mais, pegá-la-ia em um lugar sem muita gente e a faria agir com mais convencimento nem que fosse  a força.

            -Verei como ela está. - Levantou com um sorriso falso, caminhando para o banheiro. -Cuidarei dela. - Finalizou com duplo sentido.

            Elas riram não entendendo o real significado de suas últimas palavras.

            O usurpador entrou no banheiro sem importar com as mulheres conversando a frente do espelho, nem os olhares assustados pela ousadia, seu olhar assassino disse tudo e espantaram-nas como um tigre espanta as gazelas. Furioso esmurrou as portas de cada boxe arreganhando as portas e provocando estalos altos, a penúltima porta pode encontra-la, ela se encontrava com as pernas para cima, tentando se esconder. Ele rosnou alto entre os dentes e a pegou pelos ombros com extrema força, obrigando-a a se levantar.

            Elínia soluçou chorosa enquanto era erguida e balançada com força como uma boneca de trapo.

            -Elínia! - Chamou a voz de Vivian se aproximando.

            Ela abriu a boca para responder ao chamado, mas fora espantosamente interrompida. Sua boca fora coberta por uma não desejada, tentou empurra-lo desesperada, mas fora pressionada contra o batente do boxe e forçada a aceita-lo. Esticou as mãos e puxou com força os cabelos dele com toda a determinação que tinha, jurava que o escutou rosnar como um animal. Ele introduziu a língua com agressividade por dentro da sua boca e movimentou lentamente.

            -Ops... - Vivian retrocedeu da mesma maneira que entrou, com um sorriso estampado na cara.

            Elínia afastou com força o rosto dele, sentia os lábios inchados e o sangue arder, sentia tanta vergonha quanto medo, virou o corpo encontrando a parede e retornou mais rápida que pode de volta a saída do banheiro.

 

            Breno atravessou a sala da pequena casa de campo, escondida muito bem entre a floresta da cidade. Quando chegou perto do Lucas que vasculhava um baú antigo, compreendeu a expressão do amigo, ele bufou negando com a cabeça e arrumando a postura:

            -Adrian não irá gostar nada disso.

            -O que ele esperava, é o Alfa, se recupera tão rápido quanto ele. Provável que apareça amanhã mesmo, mas acho que ele já conseguiu o que ele queria. - O grande homem de cabelos castanhos claros se jogou na poltrona a sua frente, bufando com cansaço. -Juro que se ele não fosse amigo de infância, eu acabaria com essa rixa há muito tempo.

            Lucas riu jogando a cabeça para trás mostrando os brancos dentes.

            -E você acha que eu não, estou ficando doido sem nada para fazer, estava procurando fotos antigas para passar o tempo, nem ao menos posso sair para caçar. Estou ficando pirado, acho bom ele resolver isso agora ou nunca.

            -Enfim o feriado chegou e se ele quer provocar um desafio, que faça agora.

 

            Elínia caminhou pela rua, deveria passar da meia-noite, mas como havia perdido o ônibus, tinha que se conformar com perambular sozinha nas ruas pouco movimentadas da cidade. Cantarolou uma musica para livrar de pensamentos ruins que assombrava-a, aquele beijo foi horrível, agressivo, violento, libidinoso, nada do que gostaria que fosse.

            Tinha que ir a polícia, não podia ficar se prendendo no que os outros pensaram dela. Se ela for taxada de cega maluca, então seria, mas pelo menos iria fazer sua parte e não iria deixar que o irmão psicótico de Thomaz fizesse o que bem entendesse com ela e suas amigas.

            Escutou ou pressentiu um movimento atrás dela. Virou depressa com um arrepio nas costas, baixou a cabeça tentando escutar o que acontecia, não parecia ser um movimento brusco, mas era como se aproximasse bem devagar, quase espreitAmente. Parou e virou os calcanhares.

            -Olá! - Chamou torcendo que alguém respondesse e dissesse que não era nada de mais.

            O movimento retornou e parecia mais exposto, como se não ligasse mais se ela percebesse. Estremeceu olhando para cima e depois para baixo franzindo o cenho, não parecia ser uma pessoa, parecia ser uma coisa, uma coisa enorme.

            Retrocedeu...

            -Q...quem está aí? - Gaguejou

            Emudeceu um grito quando um grunhido de urso respondeu, virou desesperada e correu o máximo que pode. Isso parecia familiar, como um filme de terror, não teria a mínima chance, o monstro a pegaria e a mataria em poucos minutos.

            Fora em um instante que uma buzina soou com fúria a sua frente, um carro estava a poucos centímetros dela.

            Sua cintura fora presa e suspensa em uma altura inimaginável, posou com suavidade, mas a sua pressão já estava baixa e não suportou o próprio peso no chão.

            -O que deu em você? - Rosnou a voz do perigoso impostor pegando-a pelos ombros. -Por acaso é...?!

            -Cega? - Sorriu destituído de qualquer humor, perdendo completamente os sentidos.

 

            -Cega? - Breno parou de andar ficando tenso, voltou-se para encarar seu amigo com os olhos azuis que tinha. -Ela é cega? Você quer usar uma cega como isca?

            -Schiii... Fale baixo! - Ordenou Adrian apressando em fechar a porta. -Ela está dormindo.

            Lucas ergueu a sobrancelha direita estranhando o tom de zelo do amigo.

            -Adrian, eu tenho limites. - Disse o sr. Certinho loiro de olhos azuis, Lucas revirou os olhos sentado na poltrona. -E esse é um limite! Sequestrar uma garota de no máximo vinte anos de idade, sem ideia do que acontece e cega, é o meu limite.

            -É ela a namorada de meu irmão, ela é a única isca, queria fazer uma isca sem isca? - Respondeu o homem jogando a cabeleira negra para longe dos olhos. -Eu não sabia que era cega até hoje.

            -Espere aí! - Lucas segurou o riso. -Não sabia que a mulher era cega depois de fingir ser o namorado dela por mais de uma semana? E afinal, por que demorou tanto?

            -Ela logo percebeu que eu não era o Thomaz, assim que me aproximei, tive que ameaça-la para não abrir a boca e depois disso ela se manteve bem longe de mim.

            -Ah, vá! Você não viu uma bengala, nem óculos escuros, nada? - Lucas não aguentou e riu. -Um ômega inocente, essa é demais!

            -Cala a boca, Lucas! - Exaltou-se sentindo o sangue ferver e o seu lobo despertar para luta. -Ela é extremamente sensível, usa óculos escuros algumas vezes e sabe andar sem auxilio de nada.

            -Como assim? - Breno franziu o cenho.

            Todos se calaram quando escutaram um impreciso movimento no andar de cima. Adrian deixou a pergunta solta e se apressou em seguir para as escadas e correr para o quarto, os dois amigos se entreolharam e seguiram o Ômega, com curiosidade.

            Elínia suspirou ainda com o corpo zonzo, sentiu a manta pesar em seu corpo, não lembrava de ir para cama. O cheiro do lugar a fez perceber que não estava mais em seu quarto, tão pouco perto de casa, era um cheiro forte de pinheiro e terra molhada, como estivesse em uma floresta, sentou depressa e ofegou amedrontada, assim que a porta abriu com nenhuma delicadeza.

            -Onde estou? - Perguntou assim que percebeu que se aproximava da cama onde estava.

            -Em uma casa no campo.

            -Isso eu sei, perguntei onde estou que não estou em casa?

            -Você... - Ele pareceu procurar as palavras certas. -Irá ficar por aqui por algum tempo.

            Ela ofegou mais forte e engoliu em seco.

            -Estão me sequestrando? Sabe que isso refere-se ao artigo 148 do código penal, numa pena de dois a cinco anos? Se isso se juntar com extorsão são de 8 a 15 anos. Você e seus amigos querem mesmo isso?

            Os dois homens se espantaram quando foram descobertos, a mulher virou o rosto como se os encarassem.

            -Quem são vocês?

            Lucas deixou o queixo cair e depois sorriu para Adrian e Breno expressou aborrecimento.

            -Pensei que fosse cega. - Enervou Breno

            -Está bem, me enganou direitinho. Ela não é cega nada! - Concluiu Lucas.

            -Eu sou cega. - Respondeu a mulata de olhos parados em seus rostos.

            -Como nos percebeu? - Breno agora estava muito curioso, apenas um bom licantropo podia percebe-los antes de ver. -Não fizemos barulho.

            -Mas tem cheiros, cheiros distintos, quebrando o cheiro natural das coisas e as vezes respiram descompassadamente, e outras, quase não respira, isso é estranho!

            Eles exclamaram como se tivesse presenciado o mais raro eclipse.

            -O que querem de mim?

            -Não muito. - Respondeu o usurpador e pode senti-lo sentar o seu lado. -Fique aqui, quietinha e antes que perceba estará livre.

            -Onde está o Thomaz? - Exigiu saber.

            -Não espera que ele estivesse aqui, não é? - Ele soou com sarcasmo.

            -Você o sequestrou, acho que esperava sim.

            Ele riu junto com os outros dois.

            -Qual é a graça?

            -Não o sequestramos, só tratamos de afastá-lo o suficiente para que pudesse por presença.

            Elínia franziu o cenho irritada.

            -Que tipo de jogo sádico é esse?

            -Um jogo que você não entenderia, deveria ter pensado nisso antes de se envolver com meu irmãozinho. - A voz soou mais obscura.

            -Me envolver? - Repetiu preocupada. -Qual é o verdadeiro motivo disso tudo, quem é você? Thomaz nunca me disse que tinha um irmão tão doido.

            -É um segredo negro que ele tenta de todas as maneiras esconder. - Mesmo ele soando com humor, Elínia pode perceber rancor em sua voz.

            -Pode se redimir. - Arriscou em convence-lo. -Pode libertar-me e redimir-se.

            Ele riu mais alto, apertando mais seu pescoço a pondo contra o encosto duro da cama.

            -Quem disse que quero me redimir? A última coisa que quero é redenção.

            Pressentindo que ele apertaria seu pescoço em um esforço final, ela virou o rosto depressa para mais perto dele: -Não faça isso! Por favor, não me mate...

            Ele, pela primeira vez, pareceu afetado, retrocedeu os dedos alguns centímetros de sua pele.

            -Quer mesmo saber a causa de sua morte? - Ele parecia ter recuperado a maldade de antes.

            -Sim... - Conteve o choro.

            -Relacionou-se com a pessoa que não devia.

            -E... eu? Eu não...

            -Você, humana imbecil.

            -Por que me chama de humana, é  humano também. Eu não me relaciono com alguém há anos, Thomaz não é meu namorado.

            -Não! E não sou tão humano quanto imagina... Mentirosa. - Ele começou a rir segurando o pescoço dela com muito mais força que antes. -Querendo sair viva? Não sou tão piedoso...

            -Deveria ser. - Disse depressa fechando os olhos temendo a morte. -Juro que não tenho mais ninguém.

            Ele começou a rir.

            -Poderia imaginar que não tivesse ninguém se eu não o visse com você. Ele tende a sentir compaixão de todas as coisas feias e ridículas desse mundo.

            -Eu não me deitei com ele. - Respondeu ofendida movendo o rosto com brusquidão para afasta-lo.

            Ele riu de maneira rouca, vibrando o peito contra seu corpo.

            -Era de se esperar que seu pau fosse tão mole quando sua personalidade. - Ele passou a língua em sua face, do queixo para o olho. -Mas duvido muito que ele não tenha te possuído, puta.

            -Por que duvida? - Soluço entristecida. -Sou uma feia e ridícula.

            -Isso não deixa de te fazer mulher. Ele deitaria com você em determinado tempo.

            -Mentira! Thomaz nunca deitaria com qualquer uma e se você for me matar, antes saiba que nunca será nada além de uma sombra dele. Pode matar milhões de pessoas e nunca será ele... - Gritou por final quando ele jogou-a para longe dele, ela desequilibrou da cama e caiu, encolheu-se no chão chorando, esperando que o fim chegasse.

            -Não sabe a metade de seu querido Thomaz, puta humana. - Rosnou ele por final.

            Elinia ficou naquela posição por um longo tempo até perceber que o assassino já não estava mais lá, nem se quer tinha escutado a porta se fechar. Gritou socorro até que sua garganta falhar, chorou pedindo aos céus que lhe ajudasse a sair.

 

            Lucas e Breno ficaram lado a lado encarando o amigo com seriedade enquanto ele trocava de roupa, sérios eles observavam-o com os braços cruzados.

            Adrian pressentiu a observação dos amigos e virou para encara-los segurando a camisa nas mãos, deu de ombros enervando-se com os olhares de reprovação.

            -O que foi?

            -O que foi aquilo? - Breno tinha a voz de um adulto interrogando uma criança.

            -Aquilo o que?

            -Aquilo de puta humana, coisa feia e ridícula? A garota está assustada o suficiente sozinha com três estranhos, Adrian, não precisava ser o Jack o estripador e tortura-la ainda mais.

            -Eu odeio dizer isso, mas Breno tem razão. Senti o cheiro de medo dela de longe, a coitada parecia uma criança a frente de um bicho papão. Agora viramos monstros?

            -Ela merece por... por...? - Ele parecia procurar uma desculpa.

            -Por o quê? - Breno deu um passo para enfrentá-lo.

            -Por ter se envolvido com o meu irmão!

            -Ah, claro! - Ironizou. -Ela também deveria ser fuzilada por estudar e queimada viva por votar. A garota é apenas a namorada, Adrian, uma isca, lembra-se? Não é o ponto de sua vingança, não é ela que deve sofrer, ela nem se quer sabe o que somos, nem o que o namorado dela é.

            -Ela é o quê? Idiota? Não sabe que aquele mauricinho frutinha é um imbecil? Um covarde fingido que tira vantagem das pessoas?

            Lucas travou uma risada quando seu amigo voltou-se para ele irado.

            -Falando e agindo assim eu poderia jurar que está com ciúmes.

            -Não diga besteira e saiam! Tenho que pensar.

            Breno bufou saindo marchando ainda contrariado, Lucas encarou o amigo pela última vez.

            -Tem sorte de ser o Ômega. - Fechou a porta a suas costas.

            Rosnou, andando de um lado para o outro como um furioso tigre enjaulado. Derrubou o velho abajur da casa com apenas um tapa, estraçalhando-o contra a parede, rugiu com fúria derrubando o armário e jogando a cama para o outro lado.

            Olhou para a janela com o peito subindo e descendo de nervosismo, os dentes raspando um nos outros de fúria.

            -Ela vai me pagar. - Rosnou para si.

 

            Elinia escutou a porta sendo destrancada com rapidez, assustada encolheu-se na cama, juntando os joelhos no peito. A presença era robusta demais para não ser sentida, escutou-o aproximar com velocidade e em segundos ele estava bem perto dela.

            -Você está bem? - Sentiu a face ser tocada com carinho a fazendo erguer para fita-la.

            Ela piscou sem acreditar, abriu a boca e fechou perdendo a pouca voz que tinha. Enquanto estava em estado de choque, seu salvador deslizou as mãos em seu cabelo, a fazendo estremecer quando ele esticou os braços para pegá-la no colo.

            -Thomaz...? - Emocionou-se abraçando-o pelo pescoço. -Você me achou.

            -Suas amigas sentiram sua falta. - Ele respondeu com a voz rouca entre seu pescoço pondo-a no chão assim que saíram da casa, pode sentir o ar frio de um dia gélido. -Resolvi te procurar, vi a casa toda escura então seu vizinho falou que viu alguém levando uma mulher desacordada para o lado leste, o resto foi uma questão de sorte. - Tinha certeza que era a voz dele, sorriu aliviada enquanto escutava sua explicação. Seu Príncipe a salvou!

            Abraçou-o novamente sentindo que ele usava uma jaqueta que parecia de couro.

             -Fizeram alguma coisa com você? - Ele perguntou em seu ouvido

            -Não, estou bem, ele não me feriu.

            -Não? - Ele parecia estranhado.

            Ela negou com a cabeça, lembrou amedrontada, não queria que ele se ferisse, o assassino estava perto e queria se vingar de Thomaz.

            -Vamos. - Pegou-o pela mão puxando em qualquer direção. -Temos que ir embora.

            Ele não se moveu, Elinia segurou-o com as duas mãos puxando-o com mais força.

            -Vamos Thomaz, ele quer te matar. - Implorou apontando para a rua. -Ele é perigoso.

            -Ele é? Mas você disse que ele não te machucou. - Thomaz não fazia questão alguma de se mover.

            -Ele não tem ódio de mim, ele tem ódio de você. É você que ele quer machucar e eu não quero que se machuque, ele fez alguma coisa com você antes, não foi?

            Apertou com sentimento os dedos nos dele, arrumou a postura suspirando com preocupação pela teimosia dele, o que deu no Thomaz? Parecia aqueles tolos personagens de filme.

            Ele pareceu sorrir antes de responder:

            -Não se preocupe, ele não está aqui. - Ele fechou os dedos em seu pulso com uma brusquidão que a surpreendeu.

            -Thomaz? - Não compreendeu a ação dele.

            -Por que não me agradece direito? Seria mais justo, não acha? Afinal arrisquei minha vida por você. - Trouxe para ele sem cerimônia, ela meio que relutou e aceitou, permitindo-se ser guiada de encontro a ele.

            Thomaz estava esquisito, não parecia mais o cara doce com quem conversava, ele tinha uma estranha malicia. Sim, queria aquilo, mas alguma coisa nisso tudo não parecia estar certa. Perdeu o ar quando sentiu que vestia apenas a blusa regata que costumava a usar com uma jaqueta e saia, ele tocou a borda de sua roupa como se estivesse tentando a tira-la, estralou a língua no céu da boca se aproximou mais.

            -Thomaz... O que você está fazendo?

            -Querendo que me agradeça como se deve. - Respondeu ele debochado, mas, para ela, podia imaginar sua face linda como sempre foi, lábios cheios, pele branca, mas bronzeada, queixo quadrado, ele parecia um soldado, tinha ar e postura de um. Sabia disso porque Vivian o descreveu, e ela sempre pedia para descreve-lo quando tinha tempo, suspirando com o desejo de toca-lo.

            Sentia-se tão fora de eixo quanto um patinho feio sendo cortejada por um cisne.

            Ela piscou balbuciando, antes que pudesse dizer algo ele subiu sua saia, surpresa ela retrocedeu fazendo menção de puxar para baixo.

            -O que está fazendo?

            -Não seja tão tímida, docinho. - Ele gracejou não deixando-a se cobrir. -Nada mais justo de agradecer o seu herói, estava tão preocupado.

            Elínia piscou. Não entendia a si mesma; Agora que ele a quer, ela o rechaça? Não podia ser tão ridiculamente puritana, não parecia mesmo haver alguém ali e se ele não visse seu corpo ninguém mais o veria.

            -Thomaz... Obrigada...

            -Tsc, tsc, tsc... - Ele estralou a boca várias vezes. -Agradeça-me de um melhor jeito, docinho, vim aqui só por você. - Ele esticou a mão tocando do seu ventre.

            O grande braço forçou-a a virar de costas para ele e encaixar sua parte traseira junto a imensa massa de músculos que era o seu corpo. Elinia soluçou de susto, mas logo se mostrou acessível tirando seus longos cabelos do lado esquerdo do pescoço. Ela se sentiu mais feminina e sensual como nunca se sentiu antes, o sexo pairava ao redor deles, estava excitada como nunca ficou antes, nem com o primeiro com que resolveu se deitar. Sentiu a grossa e calosa mão, descer com saborosa lentidão, podia escutar a respiração pesada dele, nunca imaginou que a respiração masculina era tão excitante. Travou um grito quando os grossos e longos dedos desceram e abriram passagem por seus lábios íntimos entre a calcinha.

            Alcançou os cabelos dele apertando entre os dedos, puxando para junto de si com lasciva necessidade.

            -Mais amplo. - Ordenou ele em seu ouvido, mais rouco que antes, mordendo sua pequena carne e passando a língua por dentro.

            Obedeceu abrindo um mais pouco as pernas. Ele penetrou o dedo mais longo por entre de seu canal vermelho e inchado, não conteve um grito de felicidade e êxtase.

            Ela separou mais as pernas inclinando o traseiro para trás, ele gemeu apoiando a mão livre em sua vasta carne por debaixo do tecido negro. Elínia apoiou-se no ombro dele suspirando próximo ao seu rosto, a respiração era diferente, havia algo estranho em tudo, sabia e não se importava. Seu herói apertou-a mais em si com lascívia e rosnou com querer, abocanhando o seu pescoço. Moveu-se com um tipo de luta interna e ele rosnou de maneira assustadoramente sobrenatural.

            Elinia desviou saindo do seu toque com dolorosa rapidez, retrocedeu para longe dele sabendo ele não era Thomaz.

            -V-Vo-cê...

            Ele riu com a boca fechada, endireitando o corpo fazendo os músculos estalarem. Escutou um barulho de sucção e estremeceu, o homem levou os dedos na boca provando sua umidade?

            -Hummm... No meio da rua? - Ele chegou mais perto e ela retrocedeu mais. -Tão fácil e tão delicioso. Pena que para sua tristeza, docinho, ele jamais faria isso, ele é bicha demais para agradar uma mulher.

            -Fique longe de mim. - Exigiu tentando chegar mais perto de alguma coisa que indicasse uma saída ali perto.

            -Não quer terminar a brincadeira? Nem se quer chegou.

            -Você não é o Thomaz. - Sentiu a face arder de tristeza e humilhação, no fundo sabia que essa não foi uma boa desculpa e nem uma coisa que já não soubesse.

            -Ahmm... Não chore, querida. Sou melhor que o idiota do Thomaz, posso eliminar essa sua decepção rapidinho. - Ele riu ameaçadoramente, a forma que ele caminhava para ela era semelhante ao um tigre a sua presa. -Apenas abra as pernas.

            Elinia correu o máximo que podia de encontro à floresta, não escutava nenhum carro passando na rodovia, se é que tinha uma rodovia, procuraria dispersar do psicopata e procurar ajuda em algum tipo de fazenda próxima. Tem uma fazenda perto, não? Tinha que ter! Pelo menos alguém.

            Parou ofegante tentando escutar ao redor, as árvores provocavam assobios no vento, de copas largas, as folhas cantavam dando estado obscuro e tenebroso, sabia que era nessa hora que a maioria dos personagens eram mortos pelo monstro. Voltou para cima aspirando o ar, estava anoitecendo, tinha cheiro de água, frio e outras plantas. estava cansada, com fome, dolorida, humilhada, triste, desejava estar num lugar confortável e seguro, não em meio a floresta com um assassino em seu encalço, sem ver nada.

            -Corre, corre, coelhinha... Vá até onde o lobo não possa te ver, fuja de seus medos e desejos, antes que o animal possa te comer.

            Elínia tentou fugir da voz, mas parecia sempre muito perto, as folhagens, terra, elevações e troncos caídos para atrapalhar sua audição e fuga. Estremeceu rondando em torno de si mesma tentando encontrar um lugar para se esconder, sem esperar seu pé direito cedeu, ela gritou quando vários dentes perfuraram sua pele do tornozelo, desabando no chão fechou os olhos.

            Em um instante ao outro sentiu tudo girar. Umedeceu os lábios sentindo a boca seca, seu corpo estava mole e alguém a ergueu para cima com lentidão.

            -Foi presa em uma armadilha, coelhinha? - Disse uma voz distante de som grave e rouco.



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