1. Spirit Fanfics >
  2. Corações divididos - Sakura e Itachi (Itasaku) >
  3. Veneno

História Corações divididos - Sakura e Itachi (Itasaku) - Veneno


Escrita por: Karimy

Notas do Autor


Oi pessoas!!! Tudo certo???

Quero agradecer, como sempre a todos que tem me apoiado, me enviando mensagens maravilhosas. Agradeço também a todos que participam da história, comentando e favoritando a fanfic, vocês são uns amores comigo.

Espero que gostem!

Capítulo 15 - Veneno


Levantei com uma preguiça enorme, meus olhos pareciam estar colados, mas eu precisava me arrumar e sair de casa logo ou Ino ia ficar me enchendo o saco. Estava chuviscando e isso tornaria a nossa ida até o esconderijo mais lento, teríamos que ter mais cuidado do que o normal para não nos machucarmos durante o trajeto sinuoso.

 Coloquei uma capa para me proteger, não queria ficar doente por causa de uns pingos d'água. Andei na ponta dos pés para que minha mãe, que estava na cozinha, não me chamasse para tomar café. Já estava atrasada e, se ela me visse, não ia deixar que eu saísse sem comer de jeito nenhum. Mas só andar de fininho não foi o suficiente.

 — Bom dia, Sakura — ela falou, quase que cantando da cozinha.

 — Bom dia, mãe. — Suspirei.

 — Onde que a senhorita pensa que vai sem tomar café, hein?

 Fui até a cozinha com os ombros caídos, já estava imaginando Ino entrando que nem uma doida aqui em casa, brigando comigo por eu estar atrasando-a. Me sentei na mesa e quando olhei para a mesma vi que minha mãe tinha feito meu chá preferido. E por mais que eu estivesse com pressa, realmente me sentia com fome.

 — Você não fala nada sobre essa tal missão que você e Ino estão envolvidas — minha mãe falou, se sentando à minha frente e olhando para o grande pedaço de pão que eu estava enfiando na boca.

 — Ah, mãe, você sabe... é uma missão. Não posso falar!

 — Sakura, come primeiro para depois falar — ela disse um pouco irritada, por eu ter falado mastigando, mas eu estava com pressa. 

 — Você viu que eu estava comendo, está de conversa porque quer — falei levantando e engolindo todo o chá que tinha em minha xícara. — Tenho que ir, senão a Ino... você sabe. — Dei um beijo no rosto dela.

 Ao abrir a porta e dei de cara com minha amiga, sua mão estava estendida, com certeza já ia entrar. Ela e minha mãe eram tão previsíveis, que deveriam ter sido parentes em uma outra vida. Dei um sorriso para ela, tentando me desfazer da preguiça que ainda insistia em me acompanhar, mas ela, com uma cara nada feliz, colocou as mãos na cintura.

 — Achei que não sairia mais de casa! — ela falou autoritária. 

Eu sabia, pensei arqueando uma sobrancelha.

  — Bom dia para você também — falei ironicamente, e começamos a andar.

— Como foi seu final de semana? — perguntou Ino quando chegamos ao portão de Konoha.

Dei de ombros.

— Aproveitei pra passar um tempo com meus pais e depois usei o resto do tempo para treinar. Estava precisando.

— Nem passou pela sua cabeça tentar relaxar?

— Que importa, Ino? Nem é como se a gente fizesse tantas coisas assim naquela instalação. Chega a ser um pouco chato, você não acha?

Ela soltou um suspiro consternado.

— Você tem razão... Eu sei que pra eles é importante ter alguém lá em caso de uma emergência, mas as coisas são bem mais paradas do que pensei.

— Eles são ninjas muito habilidosos — sussurrei, lembrando-me do histórico de habilidades de cada um deles. — Dificilmente se ferem em batalha. Ainda assim, isso pode acontecer, como aconteceu com Deidara quando fomos lá pela primeira vez.

Seguimos em silêncio por alguns segundos enquanto ultrapassávamos o caminho mais conhecido que levava à cidade e saíamos da trilha para usar o novo caminho que nos foi ensinado.

— E o que você fez de diferente? — perguntei.

— Bom, fiz umas compras com minha mãe. Nada demais, apenas umas maquiagens e umas roupas novas...

 Ino continuou seu relato durante alguns minutos enquanto eu assentia e sorria, tentando compartilhar de sua animação enquanto ela contava sobre as cores novas de sombras que ela havia comprado.

 Depois de a conversa cessar, aceleramos o quanto podíamos, estava tudo molhado e eu nem tinha percebido a chuva pesada que caiu de madrugada, se Ino não tivesse me dito não saberia. Dormi feito uma pedra, logo eu que costumava ter o sono tão leve, mas o provável motivo para isso era o que realmente me constrangia, eu não acreditava ainda que havia me tocado daquela forma.

 Claro, eu entendia bem que a masturbação era um método comum, mas nunca havia me imaginado fazendo isso. E eu gostei tanto..., mas ainda assim, ao me lembrar de tudo, ficava impressionada em saber como Itachi era perceptivo e... bom, habilidoso se enquadrava perfeitamente no que eu queria dizer.

Suspirei. Era inevitável que o sentimento de rejeição me aprisionasse às vezes. Ele estava ali, mas ele não era meu e sabia que jamais seria e o medo era uma arma poderosa e destrutiva. Talvez ele realmente visse algo em mim, mas esse talvez em minha mente era algo tão pequeno que não era capaz de me dar nenhum pouco de esperança. Então me sentia dividida sempre quando o assunto era ele. Ou me entregava e deixava acontecer apesar das possíveis consequências, ou ficava retraída com medo de ele simplesmente me descartar depois que se cansasse de mim.

 — Sakura? — Ino me chamou um pouco atrás de mim, e eu diminui um pouco mais o ritmo para poder olhar para ela, mas ela olhava para frente como se não quisesse me encarar. — Você acharia estranho se rolasse alguma coisa entre eu e Sasori? — ela perguntou hesitante.

 Pensei por um momento para não falar nenhuma besteira. Queria vê-la feliz, e se isso fosse deixá-la confortável, eu a apoiaria. Mas ficava apreensiva, pois apesar de estarmos convivendo com o grupo Akatsuki, não podíamos esquecer que eles eram nossos inimigos. Mas eu não podia limitar meu pensamento a isso, afinal, eu já estava envolvida com um deles...

 — Não tem nada de estranho nisso. Desde que ele não te magoe e que você saiba que ele não é, de verdade, nosso amigo, ao invés disso alvo de uma investigação... — Ela sorriu para mim, meiga e radiante, como sempre.

 A chuva, que antes era fina, agora começava a se intensificar e, mesmo com a capa, estávamos começando a ficar molhadas por causa do vento e da velocidade em que estávamos. Procurei não pensar muito sobre o que Ino havia me perguntado, não existia lógica em minha mente para tentar me opor a ela, ou aos seus sentimentos.

 Sabia que estávamos próximas à instalação, mas não conseguíamos vê-la ainda, a chuva não permitia. Me senti grata, já estava ensopada, e Ino também, sem contar que meus pés e minhas mãos ainda doíam. Eu me curei, mas foi algo superficial, então era normal que ainda doesse.

 Diminuímos o ritmo, mas Ino parecia bem eufórica para chegar logo, e até imaginava o motivo disso. Olhei um pouco para ela, pensando se em algum momento ela já desconfiou de Itachi e eu... Mas achava que não, pelo que entendi até agora, ela parecia pensar que eu estava interessada no Deidara.

 Respirei fundo antes de entrar na instalação. Deixamos nossas capas na parede, logo na entrada onde havia uns ganchos. Tinha alguém conversando e parecia vir na nossa direção. Eu não precisaria ser esperta para identificar a voz de um deles, e o outro parecia ser Kisame. Mas antes de dobrar o corredor, quase esbarrei em Deidara, que estava com duas toalhas nas mãos.

 — Ei! Estava indo deixar as toalhas no hall para vocês — ele falou dando um largo sorriso, enquanto estendia as mãos com as toalhas para nós.

 — Obrigada — disse Ino, pegando uma das toalhas.

 — Não precisava, Deidara — falei sem graça.

 Peguei a toalha e naquele momento minha mão encostou na dele e senti o dedo indicador dele prender levemente minha mão. Olhei em seus olhos e aquilo foi quase como que tomar um choque, que me invadiu com algo bom. Ele estava completamente corado e da mesma forma repentina que me prendeu, me liberou logo em seguida.

 — Não custava nada — disse ele, mas minha atenção foi totalmente desviada dele por alguns segundos.

 Esses segundos pareceram se estender durante muito mais tempo do que realmente era. Kisame estava vindo em nossa direção, conversando com Itachi, que me olhava com o que parecia ser ira. Meu coração acelerou e eu me senti tão estranha por conta daquele momento. Me lembrei das palavras dele, dizendo que não me queria mais perto de Deidara, mas eu não poderia simplesmente me afastar do rapaz por causa dele. Eu não faria isso mesmo se namorássemos. Era ridículo.

 — Ei, gente — Kisame falou enquanto passava por nós, quebrando aquela troca de olhares, que na verdade quase não durou nada.

 — Ei — Ino e eu respondemos num uníssono quase perfeito. Enquanto Itachi passava por nós sem dizer uma palavra sequer.

 Ele estava com a face séria e parecia extremamente irritado. A vontade que eu tinha era de pará-lo ali mesmo para tentar explicar que estava tudo bem e que nunca aconteceu nada entre Deidara e eu. Mas eu não poderia fazer isso, assim como ele não tinha o direito de ficar chateado comigo por eu estar conversando com alguém.

 Ele tinha uma namorada, e ficou bem claro para mim que ele não iria largá-la para ficar comigo — e, sinceramente, eu não me rebaixaria a esse ponto. Eu também não era boba e sabia que era aparente que Deidara sentisse alguma coisa por mim, mas ele deveria pensar que, se eu quisesse algo com o rapaz, eu já estaria com ele. Afinal, eu não tinha nada que me prendesse. 

— O pessoal está lá na cozinha, vocês vêm? — Deidara perguntou para nós duas, mas seus olhos estavam focados em mim.

 — O Sasori está lá? — Ino perguntou sem graça, e eu não pude evitar de rir com aquilo, mas ela me deu uma cotovelada, e eu tentei me conter.

 — Sim — respondeu ele, rindo.

 — Então eu vou.

 — Daqui a pouco eu vou, quero tomar um banho primeiro — eu falei, começando a me afastar lentamente.

 — Tá, mas não demora. O Yahiko está fazendo o almoço hoje. Quero ver quem vai conseguir comer — ele falou morrendo de rir, e Ino me olhou, mostrando a língua e fazendo uma cara de nojo.

 Konan uma vez comentou com a gente que Yahiko amava dar uma de cozinheiro às vezes, mas que era péssimo e só fazia gororoba. Já estava vendo que iria passar fome. E o pior era que minha barriga já estava roncando e eu precisava comer alguma coisa, senão ia acabar passando mal.

 Entrei no quarto e coloquei minha bolsa no chão. Eu tinha levado minhas roupas que usei na semana passada para casa, para poder lavar, e trouxe umas outras limpas. Ainda bem que essa bolsa era forrada, senão teria molhado tudo. Comecei a abrir o zíper da mochila, para retirar minhas coisas e arrumar na cômoda, mas alguém bateu na porta. Imaginei ser Ino.

Caminhei, deixando a mochila semiaberta, e abri a porta. Mas não era Ino que estava lá, e não saberia dizer se estava mais surpresa por ele estar ali ou por ele ter batido na porta, já que sempre invadia mesmo meu quarto. Ia fechar na cara dele, mas ele parou a porta com a mão esquerda e entrou rapidamente, fechando-a atrás de si.

 Era impressionante como ele era rápido e tinha uma leveza que eu nunca havia visto em nenhum ninja que conheci. Quando dei por mim ele já estava dentro do quarto, e eu continuei parada olhando para a porta por alguns segundos, tentando compreender como ele havia feito aquilo. Respirei pesadamente e me virei para olhá-lo, fechei minha mão direita que já tremia com sua presença.

 Sem dizer nenhuma palavra, e sem dar tempo para que eu falasse algo, ele tomou a toalha que estava pendurada em meu antebraço e pousou-a em cima da minha cabeça. Encolhi os ombros, um pouco assustada, não estava entendendo o que ele ia fazer, mas pensei ser algo ruim, já que minutos atrás ele estava me olhando de cara feia.

Se aproximou com um sorrisinho estampando seu rosto e selou seus lábios nos meus. Eu continuei parada, sentindo minha respiração aumentar a cada passo que ele dava até ficar com o corpo colado no meu. Abri os olhos, já ofegante, sentindo o toque de sua língua em minha boca. Entreabri os lábios e ele começou a aprofundar o beijo de forma suave, passando a toalha em meus cabelos, secando-os.

 — Cuidado para não pegar um resfriado — ele falou, parando de me beijar. Eu tentava conter minha respiração, enquanto ele parecia sereno e relaxado como no dia em que nos beijamos debaixo da árvore.

 Ele olhava para minha cabeça, depois tirou o pano de meus cabelos e o jogou em cima da cama, onde estava o outro. Segurou meus pulsos, rodeando meus braços em seu corpo. E eu, inerte, o olhava sem saber o que dizer, era como se ele tivesse um poder absoluto sobre mim. Fechei os olhos ao sentir o toque de suas mãos em meu rosto.

 Ele estava tão leve e suave que parecia ser outra pessoa. Encostou sua testa na minha, depositando dois pequenos beijos em minha boca, me causando arrepios. Não queria que aquele momento acabasse nunca, ele estava sendo tão carinhoso que nem dava para acreditar que era verdade. Abri os olhos, e ele me olhava sério. Suspirei: eu realmente não o entendia, muito menos quando mudava tão rápido de expressão.

 — O que foi? — perguntei com a voz mais baixa do que eu gostaria. Mesmo não querendo, sempre parecia frágil e vulnerável perto dele, e com certeza ele sabia disso.

 — Nada — ele falou, seco.

 — Porque você faz isso, Itachi? — perguntei confusa, e por mais que eu quisesse olhar em seus olhos, não conseguia. Estava focada em seus lábios que tinham um suave sabor de licor. Como sempre, ele deveria ter bebido.

 — Só vim te ver um pouco — ele falou, passando a mão em meu braço direito até chegar em meu pulso, puxando-o para frente e observando-o. — Você machucou as mãos — ele disse ainda sério, e eu abaixei para olhar minha mão, mas não conseguia entender como ele sabia disso, já que ao menos os machucados que estavam expostos eu havia curado e não tinha ali nenhum resquício de ferimento.

 — Como você sabe? — perguntei, agora olhando para seu rosto. Mas ele abaixou levemente a cabeça, subindo mais minha mão e depositando um beijo nela. Senti meu corpo se arrepiar por inteiro com aquele gesto tão pequeno.

 — Eu sei — ele disse apenas, não explicando nada na verdade.

Mas isso não era novidade, ele nunca respondia minhas perguntas mesmo. Enfiou a mão no bolso e tirou de lá uma barra de proteínas, elas não eram só nutritivas, como também muito gostosas. Eram usadas para repor alguma refeição perdida, por vezes. Ele colocou a barra em minha mão direita que estava solta, e segurando meu braço esquerdo que ainda o abraçava.

 — Para que isso? — perguntei confusa.

 — É melhor do que a comida do Yahiko — ele falou, sorrindo. Eu segurei a barra, mas agora olhava totalmente confusa para ele.

 Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, senti novamente seus lábios nos meus, trêmulos pelo contato inesperado. Esse beijo, diferente do outro, era cheio de volúpia. Suas mãos me apertavam contra seu corpo e já podia me sentir toda molhada com apenas aquilo. Eu o desejava, e por mais que tentasse, não conseguia esconder, era impossível.

 Quando me dei conta, já estava agarrada à sua camisa. Ele me causava tantas sensações gostosas com um gesto tão simples que quase não podia acreditar que aquilo era realmente possível.

 Sim... eu o queria para mim, total e completamente entregue, como aparentava estar agora. Acarinhando meus cabelos molhados com uma mão, enquanto a outra me prendia como se não fosse me soltar nunca mais. Já estava ficando sem fôlego, e ele, também ofegante, parou aquele beijo de maneira gentil e gostosa, selando seus lábios mais uma vez antes que eu pudesse olhá-lo.

 — Por que você insiste em falar com ele? — ele perguntou com a voz grave e rouca... aquela voz que me enlouquecia toda vez que escutava. Mas agora já estava tocando em um assunto nada interessante. Achei que ele não tocaria nisso, que simplesmente tinha entendido que não ia deixar de falar com ninguém por causa dele. Estávamos tendo um momento especial, ao menos para mim, um em que eu pude sentir ao menos um pouco de carinho da parte dele, e agora isso novamente...

— Por que você tem que falar sobre isso? — rebati, mas seu olhar para mim era de decepção, e eu segurei sua camisa, com mais força, passando minhas unhas em suas costas.

 — Mais tarde a gente se fala — ele disse, seco novamente, retirando minhas mãos dele.

 Saiu pela porta e me deixou ali, como sempre fazia. Ele realmente me confundia. Fechei os olhos, respirei fundo e fui para o banheiro tomar um banho.

Queria tê-lo impedido de ir e me deixar ali daquele jeito, mas ele era uma pessoa difícil e eu não queria chegar a um impasse no qual eu sabia que me machucaria. Depois daqueles beijos e da forma como ele me olhava e sorria para mim, não valia a pena estragar tudo discutindo por um ciúme que eu não sabia de onde vinha.

 A cada toque em meu corpo, Itachi me fazia sentir uma sensação nova, tudo era diferente com ele, como doce e amargo ao mesmo tempo. E eu estava cada vez mais iludida e apaixonada, mesmo jurando para mim mesma que seria forte, jurando que não me entregaria. Mas eu simplesmente não sabia como.

 Desliguei o chuveiro e comecei a me enxugar, quase sentindo ódio de mim mesma por ter tomado banho e retirado todo o cheiro dele de mim. Seu aroma era tão másculo e ao mesmo tempo suave, justamente como ele mesmo era. Fechei os olhos, aspirando a maior quantidade de ar que podia, mas realmente não havia mais nada ali, não tinha mais o cheiro dele em mim.

 Vesti minha roupa apressadamente, deixando uma baguncinha na minha cama. Deveria ter arrumado a cômoda, assim isso não teria acontecido. Pendurei a toalha e, antes de sair, sorri, vendo a barra de proteínas em cima da cama. Voltei e comecei a comê-la. Era melhor prevenir do que remediar.

 Ouvi uma batida em minha porta e quase engasguei com o último pedaço. Ia responder, mas a voz da minha mãe, reclamando comigo por falar de boca cheia, me veio à cabeça. Mastiguei rapidamente, abrindo a porta em seguida e vi Ino com um sorriso de orelha a orelha, parecendo uma criança boba. E já havia tomado banho, o que me fez questionar quanto tempo eu já estava naquele quarto.

 — Anda, Sakura! Está todo mundo esperando a gente — ela disse com os olhos brilhando.

— Tá! Estou indo — falei, fechei a porta e fui ao encalço dela, pois ela puxava meu braço eufórica. — Nossa... O que foi que aconteceu para você estar assim?

— É só que... o Sasori é tão fofo, que não consigo me conter— ela falou sorrindo, e realmente era legal saber disso.

 — Fico feliz por você, Ino porca.

 Chegamos na cozinha e a mesa estava uma bagunça, todo mundo rindo e conversando, inclusive Itachi. Apesar de que no lado onde os homens estavam sentados, ouvia-se mais palavrões do que frases inteligíveis. Kin não estava lá, para minha felicidade, mas Asami estava. Ela e Konan conversavam baixinho em contraste com os meninos.

 — Até que enfim — gritou Yahiko, nos deixando sem graça, e Konan também, já que ela nos olhou toda vermelha.

 — É mesmo, já estou doido para experimentar essa gororoba do Yahiko aqui — falou Kisame ironicamente, dando um sonoro tapa na nuca no rapaz. E os outros riam tanto que o mundo parecia que iria acabar.

 — Ei, Sakura, fiquei sabendo que tem um loirinho paquerando você — Asami falou baixinho, rindo.

— Ino, você não presta! — falei brava com ela, olhando os garotos colocando os pratos deles com algo que eu nem sabia descrever o que era.

 — Não fui eu, testuda, eu hein — ela devolveu brava.

 — Na verdade, foi ele que me disse que você é muito linda — Asami falou, mas não deu tempo de responder, porque Deidara estava tossindo muito. Provavelmente engasgando com algo.

Ergui-me pronta para ajudá-lo, os olhos estreitos de preocupação. No entanto, antes que eu me movesse, Sasori deu três fortes e ecoantes tapas nas costas de Deidara e de repente os dois começaram a rir; o engasgo havia passado. Eram dois bobos. Quando ia me sentando, vi Itachi me passando um olhar de reprovação, mas logo teve sua atenção desviada por Yahiko, que gritava alguma coisa.

 — Pelo jeito é recíproco, né, mocinha — Konan falou, me deixando um pouco vermelha.

 — Ele é só meu amigo, e eu fiquei preocupada porque ele estava engasgando, né! — Elas fizeram uma cara de desacreditadas, com risinhos bobos. E eu fiquei pensando em uma forma de rebater aquilo. — Mas, Asami, quando é que você e Kisame vão se entender? — perguntei baixo para ela. Ao ouvir minhas palavras ela cuspiu todo o suco que bebia. Já que as meninas nem se deram ao trabalho de chegar perto da comida, só estavam no suco de manga mesmo.

— Eu não gosto dele. Não estou nem aí para ele mais — ela falou orgulhosa, empinando o nariz, mas deu uma olhadela para ele e voltou o rosto novamente para nós, ficando completamente vermelha. As outras também perceberam e começamos a rir.    

 — Porra... eu é que não vou comer esse troço — Sasori gritou, e eu também não consegui me conter e comecei a rir ao ver Itachi jogando um pouco da comida, amassada com a mão, no ruivo.

Aquilo já estava virando uma zona, ainda bem que comi aquela barrinha que o Uchiha me deu. Ino revirou os olhos ao ver Itachi, mas ninguém além de mim pareceu notar.

 Conversamos um pouco enquanto os meninos continuaram com a palhaçada, porém logo tivemos que nos levantar, porque já estava virando uma guerra de comida e não ficaria no meio do fogo cruzado por nada. Ino resolveu que ia arrumar a sala médica, e eu fiquei feliz, era menos um trabalho para mim. Pensando bem, ela deveria estar tão ativa apenas para mostrar serviço para Sasori, pois costumava ser bastante preguiçosa.

 Fui olhar como as ervas medicinais estavam e, para a minha felicidade, a chuva forte que havia atingido a região há não muitos minutos não as haviam danificado. Apenas removi os matinhos que cresciam ali do lado e me direcionei até a sala hospitalar para fazer os preparativos para começar a injetar veneno no corpo de Deidara, assim como havia prometido.

 Estava tudo limpinho, dava até gosto de ver. Ino realmente parecia se esforçar para ser reconhecida por Sasori e isso era até que legal da parte dela — esperava apenas que ela não se esquecesse que um romance com ele não poderia ser algo além de passageiro e que os dois se dessem o devido valor enquanto aquilo pudesse durar. Muitas das vezes temos que abrir mão de algo pelas pessoas que gostamos, abri mão de muita coisa por Sasuke e ele não me deu o devido valor. Agora, não abriria mão da minha amizade com Deidara por conta de Itachi, ele nem mesmo merecia isso.

 Eu sabia que o processo que faria em Deidara seria difícil para ele, mas eu estaria por perto para ajudá-lo em qualquer coisa que acontecesse. Porém Deidara era muito mais forte do que aparentava, e tinha certeza de que seria fácil para ele se acostumar com os venenos. Resolvi que começaria usando venenos de anfíbios, depois passaria para répteis.

 Sentei em uma cadeira e comecei a catalogar o procedimento que faria nele, já organizando e separando as ampolas de veneno e as seringas que tinha pegado. Montei um cronograma leve, mas eficiente do meu ponto de vista, e depois preparei os antídotos. Por mais que ele aguentasse os efeitos dos venenos e a dor, eu tinha que estar preparada para quando ele chegasse ao seu limite.

 Quando olhei para a janela, vi que a noite já estava caindo e eu tinha perdido minha tarde toda, tão concentrada ali que não havia percebido. De certa forma foi bom, já que não tive tempo para ficar pensando besteiras. Levantei para ir chamar Deidara, mas ele entrou na sala antes de eu alcançar a porta, o seu sorriso habitual nos lábios.

 — Já estava indo te chamar — falei.

 — É, a Ino disse que passou aqui e falou com você, mas você nem ouviu. — Sorri sem graça, virando de costas para ele, e passei a mão no lençol do leito.

Odiava quando as pessoas falavam comigo e eu não percebia, mas essa já era quase minha marca registrada. E ele me olhava de um jeito tão meigo enquanto falava, que era vergonhoso tentar encará-lo por muito tempo.

 — Então, está pronto para começar o procedimento? — perguntei me virando para ele novamente, mas como resposta ele apenas se deitou na maca, se mostrando predisposto.

  Comecei primeiro analisando seus batimentos, pressão arterial e glicose. Precisava ter certeza de que estava tudo bem com ele antes de fazer qualquer coisa, mas a saúde dele estava em perfeita ordem. Parei ao seu lado, olhando séria para ele, querendo dizer para ele desistir, que seria doloroso e demorado. Mas não falei nada. Apenas senti sua mão na minha, fazendo um carinho circular com o dedo polegar. Meu primeiro instinto foi tirar a mão dali, mas resolvi deixar.

Ouvi um barulho que parecia um soco na parede, ou no chão, não deu para ter certeza do que era, mas devia ser alguma brincadeira dos garotos pelo corredor. E me virei rapidamente com o susto, soltando nossas mãos. Me aproximei da porta para olhar, mas não vi ninguém, o corredor pequeno estava vazio, o barulho devia ter vindo de lá de fora. Voltei e já peguei uma seringa e uma ampola pequena que continha veneno do sapo-boi-azul.

 — Quem era? — perguntou ele, me olhando.

 — Não sei. Acho que era lá fora.

 Minha mão tremeu um pouco; esse veneno era muito forte e podia matar um homem com facilidade. Respirei fundo e retirei todo o ar que tinha na seringa, até vazar um pouco da peçonha dentro do recipiente de metal. Olhei para ele, que já me estendia um braço, e o segurei, analisando sua extensão à procura de veias boas. Mas não tinha nenhuma: talvez o nervosismo que ele tentava camuflar as tivessem feito se retrair. Então fui até o pescoço dele e delicadamente apliquei o veneno, observei atenta ao seu rosto, mas estava estável. Eu sabia que ele estava aguentando firme, pois esse líquido era bem ardido.

— Agora você tem que ficar bem quietinho e tentar usar seu chakra para combater o veneno. Mas se por algum motivo eu sentir que você está mal, de alguma forma, eu vou aplicar o antídoto na hora — eu falei autoritariamente, mas ele apenas acenou com a cabeça. Já podia ver gotículas de suor se formando em seu rosto. Ele já estava sentindo dores, com certeza.

 Me sentei ao lado dele, torcendo para que não houvesse nenhuma complicação. Estava me sentindo tão preocupada, e ele não dava o braço a torcer. Estava ofegante e suando frio, mas não pedia nem mesmo por água. Mas como eu sabia que ele precisaria de hidratação e era notória sua teimosia, peguei um copo com água e estendi para ele, mas ele não se moveu.

 Entendi que ele não fez nada porque estava a todo custo tentando conter a dor. Então peguei uma seringa, sem a agulha, e coletei água com ela para dar de beber a ele e, com dificuldade, fiz com que ele engolisse ao menos 200ml de água. Ele estava perdendo muito líquido suando e podia correr o risco de ficar desidratado.

 Me sentei novamente, agoniada demais em vê-lo daquela forma. De repente ele começou a emitir pequenos espasmos pelo corpo, seu limite havia chegado e ele estava começando a convulsionar. Imediatamente peguei o antídoto, e mesmo vendo seu olhar de reprovação para mim, apliquei-o em sua veia.

 Ele aguentou bastante até, pois já eram quase meia noite e começamos às seis e meia. Ele realmente era muito forte. Ajeitei seu corpo na maca como pude e peguei um soro. Ele não ia conseguir se mover muito bem por hora, mas logo ia estar melhor, ainda assim, resolvi que passaria a noite ali para ver como seu corpo reagiria.

 Com todo esse trabalho, quase não tive tempo para pensar em nada, nem mesmo em Itachi. Arregalei meus olhos, sentindo meu coração disparar um pouco ao me lembrar dele ter dito que gostaria de me ver mais tarde, mas como eu fiquei o tempo todo ocupada depois do almoço, não teve como. Dei uma olhadinha rápida em Deidara, mas ele parecia estar dormindo.

 Fui para meu quarto na esperança de vê-lo por ali, ao menos por alguns segundos, mas não havia ninguém lá. Senti meu coração se apertar amargurado em meu peito. Mas era compreensível, talvez ele tivesse deduzido que eu demoraria e foi dormir. Saí do meu quarto com intuito de voltar para a sala médica, mas quase caí para trás ao ver Kin entrando no quarto de Itachi. E ele estava lá, sentado na poltrona que dava de frente para porta.

 Não o vi por inteiro, apenas suas pernas, pois o corpo dela o cobria. Me apressei a ir cuidar de Deidara, pois não queria que os dois pombinhos me vissem, então me esgueirei como pude. A noite seria longa e, como se não bastasse todo meu cansaço e preocupação com Deidara, agora também estava aborrecida por saber que Itachi passaria a noite com outra mulher. Tudo bem que ela era a namorada dele, mas depois da forma que ele tinha me tratado, achava que as coisas mudariam, mas eu só fui idiota como sempre em pensar isso.

 Olhei para as anotações que fiz sobre o comportamento corporal e depois para o cronograma que fiz para Deidara pensando por quanta dor ele ainda teria que passar. Mas de todas as dores, com certeza a maior era a que eu estava experimentando — podia parecer egoísmo, mas era como me sentia. O veneno daquela paixão pingava em mim como um castigo interminável e essa com certeza era a pior peçonha de todas. 


Notas Finais


Que situação em!


É isso aí genteee!!! Espero que tenham gostado!

Bjs!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...