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História Corações divididos - Sakura e Itachi (Itasaku) - Meu mundo caiu


Escrita por: Karimy

Notas do Autor


Oi pessoas!!! Tudo certo????


Gente, fico louca para escrever logo os capítulos para vocês! Adoro ler os comentários e ver o quanto vocês se envolvem com a história, e esse casal! Muito obrigada pelo apoio de todos.
Espero que gostem!
Bjnn

Capítulo 23 - Meu mundo caiu


Itachi era um mistério para mim, tudo o que ele fazia ou deixava de fazer parecia ser calculado. Eu estava triste por ter descoberto que ele não poderia ter filhos e depois fiquei muito feliz em vê-lo, então, mais uma vez, ele fez com que eu me sentisse amargurada e desprezada. Como se tudo que tivéssemos vivido até aqui não se passasse de uma fantasia sem sentido. E talvez fosse isso mesmo.

 A verdade era que nada entre nós tinha algum tipo de explicação plausível. Ele chegou de uma maneira sorrateira, tomando conta de todos os meus pensamentos, como se tivesse se transformado no meu fôlego de vida enquanto permanecia inabalável e confiante como sempre, fazendo com que eu perdesse o equilíbrio da minha própria existência.

 E agora a preocupação que tinha era se ele ainda queria me ver depois dessa discussão. Estávamos indo bem, nos completando minutos atrás, e de uma hora para a outra sua bipolaridade tomou conta e seu lado sombrio se aflorou, fazendo com que tudo de bom que tínhamos passado nessas últimas semanas desaparecessem como num piscar de olhos.

Às vezes pensava estar sonhando, enquanto ele me beijava intensamente fazendo meu corpo arder em chamas. E seus olhares para mim pareciam cada vez mais apaixonados e tentadores. Mas como tudo na vida passa, isso também parecia estar passando agora, e a segunda-feira estava próxima e não sabia se ia conseguir encará-lo na frente de todos sem pedir uma satisfação, mesmo sabendo que não tinha um direito a uma.

Contudo, mesmo se eu esperneasse na frente de todo mundo, ele não falaria nada, disso eu sabia! Era assim que ele era: sempre misterioso com relação à Kin, sempre indiferente no que dizia respeito aos meus sentimentos. E isso, provavelmente, se devesse ao fato de ele estar se cansando de mim... Não podia acreditar nisso, ele também me amava, podia sentir. A maneira como ele me tomou em seus braços demonstrou isso claramente. Seus olhos, escorrendo lágrimas por ter me visto beijando outro quase gritavam de desespero pedindo por mim. Talvez ele só estivesse chateado por ter me contado que é incapaz de ter filhos, e se fosse isso, então a culpada pela briga fui eu, que não consegui dar espaço o suficiente para ele poder pensar em toda situação de uma forma geral.

  Os Uchihas cobravam um preço alto pelo amor, e eu paguei em dobro, com Sasuke e agora com Itachi. Era como se meu destino me empurrasse cada vez mais para um abismo escuro, vazio e sem fim. E mesmo sabendo que estava prestes a cair, a única coisa que conseguia fazer era me entregar cada dia mais.

 Abri meus olhos devagar, sentindo a luz do pôr do sol machucar minhas vistas sensíveis. Ainda estava cedo, mas a única coisa que eu queria era dormir, era sempre assim quando algo de ruim acontecia comigo. Torcia para que o tempo passasse rápido para que a dor também fosse embora logo.

Me levantei, sentindo meu corpo dolorido por conta do estresse. Arrastei meu corpo lentamente até o espelho do meu quarto, para ver como eu estava. Mas mesmo antes de ver meu reflexo, já sabia exatamente qual era minha aparência. Meu rosto estava vermelho, meus olhos e boca inchados e meus cabelos bagunçados.

 Estendi minha mão para frente, percebendo que ela tremia. Há algumas semanas, quando Itachi e eu reatamos, disse que confiava nele, e em meu coração continuava confiando e acreditando que ele tinha motivos para ter sido tão rude. Não só por ele não poder ter filhos, mas também por saber que o que tínhamos era um peso que aumentava a cada dia que passava por sabermos que não podíamos ficar juntos.

 Nunca tinha entendido a definição de um romance proibido, mas agora a vida fez questão de me mostrar o que era isso, trazendo junto dessa experiência dor e sofrimento. Sempre fui forte para várias coisas, mas como ser forte perante a algo que se enfinca no seu coração, adentrando seus desejos mais íntimos, como se fosse dilacerar seu peito a qualquer momento e ainda assim te traga prazer e alegrias? O amor pode ser assim. Ele te reveste com uma manta de proteção e depois te queima, fazendo seus ossos arderem de dor. E quando essa sensação ruim acaba, ele vem como um bálsamo, se derramando sobre você e acalmando todo seu sofrimento. E essas sensações doloridas e gostosas me impulsionavam cada vez mais a querer lutar por quem amava. Sem temer consequências ou opiniões dos outros. Metade de minha alma vivia nele agora, e não podia desistir por conta de uma briga. Sabia que nem tudo dependia de mim, mas o que estivesse ao meu alcance, iria fazer.

 Fui ao banheiro e tirei minha roupa, ainda me sentindo triste. Queria poder entrar na mente de Itachi para saber de seus pensamentos mais escondidos, mas tinha a impressão que nem mesmo assim conseguiria compreendê-lo. A água batia em meu corpo, parecendo machucar minha pele, e tudo ao meu redor parecia estranho e distorcido.

  Demorei bastante tempo embaixo do chuveiro, mas não por estar me esfregando ou coisa do tipo. Eu apenas queria continuar ali, onde existia apenas eu e meus pensamentos como companhia. Me enrolei na toalha ao terminar de me enxugar, e toquei meus lábios com a ponta dos dedos, me recordando de seus beijos e sua maneira alucinada de me agarrar. A urgência de sua boca na minha era algo peculiar e extravagante, e eu não perderia isso. Mesmo que tivesse que passar o resto da minha vida me encontrando às escondidas com ele.

Decidido isto, não tinha mais o que lamentar. Se ele dissesse que aceitaria lutar por mim e se separar de Kin, então estaria ao seu lado para sempre, independente do que acontecesse. Abri os olhos, sorrindo com meu pensamento. Sabia, melhor do que muitas pessoas, que ele não era fácil, e sabia também sobre as coisas que ele fez no passado, mas para mim a única coisa que importava era o futuro, de preferência o nosso futuro.

 Vesti minha roupa, mais animada com esse pensamento, meus olhos ainda ardiam, mas não me importava. Ia descer e comer com meus pais, parar de lamentar e começar a fazer minha vida funcionar... enfim. Já deveria ter feito isso há muito tempo, mas fui fraca demais para parar de pensar como uma garotinha e começar a pensar como uma mulher.

 Comecei a descer as escadas, sentindo um cheiro delicioso vindo da cozinha, com certeza era comida comprada, já que minha mãe não era boa cozinheira. Ao chegar na porta da cozinha vi meu pai e minha mãe se beijando. Fiquei quietinha, com um sorriso no rosto vendo aquela troca de carinho tão meiga.

Não havia nada além de amor ali, e meu corpo chegou a se arrepiar com a forma que ele acariciava os cabelos dela. Se isso fosse alguns meses atrás, eu teria entrado com tudo, achando a cena vergonhosa e nojenta. Mas agora, essa visão me inspirava, afirmando ainda mais minha decisão. Eles se separaram rapidamente, cada um indo para um canto diferente. Meu pai esbarrou na mesa de jantar, me olhando sem graça, enquanto minha mãe passava as mãos freneticamente pelas roupas, com suas bochechas coradas. 

 — Sakura? Que horas você chegou? — minha mãe perguntou assustada.

 — Você sabe que isso é uma coisa normal, né? — meu pai falou, com seus olhos arregalados, enquanto eu ria da reação deles. Mas sabia que eles estavam assim porque eu sempre repreendi esses atos na minha frente.

 — Calma, gente, está tudo bem! — falei, e fui em direção a uma dona Mebuki confusa e descansei meu braço direito em seu ombro num meio abraço.

 — Bom... ela está crescendo — meu pai falou, e veio em nossa direção e bagunçou um pouco meu cabelo.

— É, mas sempre vai ser meu nenê!

 — Para, gente, já chega! — disse, limpando minha bochecha do beijo melado que minha mãe tinha me dado, e já fui em direção a um aglomerado de sacolas, com o logotipo de um restaurante caseiro que tinha perto da minha casa.

 — Sua mãe hoje estava com preguiça de cozinhar. — Meu pai começou a me ajudar a tirar as embalagens de isopor das sacolas, falando num tom brincalhão.

 — Não era preguiça. Eu enjoei do meu tempero. — Meu pai e eu soltamos gargalhadas ao ouvir aquilo. Minha mãe sequer sabia o significado de tempero!

Nos sentamos e, diferente dos outros dias, estávamos um ao lado do outro ao invés de ver meu pai e mãe sentados cada um numa ponta da mesa. A comida não só estava cheirosa, como gostosa, e nossa conversa descontraída estava deixando meu coração aliviado de toda tensão que carregava instantes atrás.

 As coisas podiam mudar tão de repente, que às vezes nem sabemos como tudo começou. Antes vivia correndo dos meus pais, achando-os bregas e sem noção, mas agora estar ao lado deles era um privilégio para mim. Estava muito feliz por tê-los ao meu lado e queria o melhor para ambos, sabendo que eles também desejavam minha felicidade.

Sabia que eles jamais entenderiam, ou admitiriam, minha relação com um renegado. Porém eu queria ser tão feliz quanto eles, e faria isso acontecer custe o que custasse. Depois que Sasuke deixou a Aldeia, pensei que jamais seria feliz outra vez, mas agora via que me enganei. Mesmo ainda não estando oficialmente com Itachi e sabendo que ele tinha um compromisso com outra pessoa, guardava esperanças, pois sentia que tínhamos nascido um para o outro.

Ainda ficamos assistindo televisão por um tempo, mas logo comecei a sentir sono. Meus olhos ainda estavam ardendo um pouco, e apesar de estar com o rosto inchado, meus pais não pareceram ter percebido nada. Me despedi deles, dando um beijo na bochecha de cada um e fui para meu quarto dormir, com o pensamento de que amanhã minha vida poderia mudar ainda mais.

 Acordei sentindo energias positivas emanando de meu corpo. Algo dentro de mim gritava que Itachi aceitaria ficar comigo e que enfim largaria Kin. Ia perseguir meu desejo, e se não desse certo, juntaria meus cacos e me reinventaria. Mas de hoje não passaria mais meu sofrimento.

Esperei Ino por quase cinco minutos na frente da minha casa, ela ficou surpresa ao me ver ali, pois sempre tinha que me chamar. Mas eu estava louca para chegar logo no esconderijo e dizer para Itachi que estava tudo bem, que podíamos conseguir. Por um lado, me sentia um pouco infantil pensando assim, mas o amor mais puro vem de um coração inocente.

Corremos arduamente, enquanto Ino reclamava que eu estava indo rápido demais. Porém para mim aquilo ainda não era o suficiente, queria poder fechar os olhos e já estar no meu destino. Chegamos exaustas e ofegantes e a primeira pessoa que vimos foi Konan, que andava em nossa direção com um sorriso nos lábios.

 — Oi, meninas. — Ela olhou para nosso rosto, intrigada.

 — Oi! — Ino colocou sua bolsa no chão e começou a agitar seus pulsos enquanto falava.

 — Ei, Konan. Cadê todo mundo? — perguntei, querendo saber o paradeiro de Itachi, na verdade.

 — Todos já estão aqui, menos Itachi, que parece que vai chegar mais tarde.

— Por quê? — questionei e Ino olhou para mim, estranhando minha pergunta, mas apenas dei de ombros para ela.

 — Não sei. Foi só isso que Kisame falou com Asami.

 — Onde está ela, falando nisso? — Ino perguntou, também me deixando um pouco curiosa.

 — Ela foi trocar de blusa, acabou derramando suco sem querer. — Konan falou, sem graça pela amiga. — Mas, Sakura... E o Deidara? — Meu corpo estremeceu ao ouvir aquilo, sequer tinha pensado no garoto até agora.

 — Não quero falar sobre isso. — Minha voz saiu ríspida demais, e as meninas se entreolharam, desconcertadas.

 — O que foi, gente? — Asami perguntou, chegando perto da gente, estranhando a situação.

 — Não é nada. — Ino tentou amenizar as coisas.

 Ficamos conversando um pouco, mas eu estava agoniada, queria ir para o quarto, tomar um banho e arrumar minhas coisas logo. Evitando assim a probabilidade de ver Deidara por aí. Não sabia o que era mais constrangedor, ele ter me beijado, ou eu ter me esquecido completamente disso. Depois de quase meia hora, consegui sair dali me apressando a tomar um banho.

 Olhava para o relógio da biblioteca improvisada do esconderijo, me perguntando o que estava acontecendo. Itachi não estava em missão, então eu não via o porquê de ele ainda não ter chegado até agora. E o pior era que ninguém parecia se importar, pois não ouvi um comentário sequer sobre ele, ou sobre o que poderia estar fazendo.

 Pensei, por diversas vezes, em perguntar para Kisame, mas não tinha coragem de fazer isso. Já estava começando a escurecer, e eu evitei Deidara o tempo inteiro, fugindo de uma conversa constrangedora. E minha empolgação de cedo já estava se transformando num misto de sentimentos ruins, mesmo que eu estivesse tentando me manter focada no meu objetivo.

O livro que peguei para ler já devia estar aberto na mesma página há quase uma hora, mas não conseguia ler mais do que dois parágrafos. Não estava conseguindo me concentrar e lia várias vezes a mesma coisa, tentando entender, porém quando percebia já estava viajando em meus pensamentos e tinha largado a leitura de lado novamente.

 Minhas mãos estavam geladas e batia meus pés no chão, como num tic nervoso. Muitas coisas ruins estavam se passando em minha mente, mas eu tentava mandá-las embora de todas as maneiras. Comecei a cantarolar baixinho, uma canção que ouvia quando era criança, com meus olhos fechados, desejando que tudo se resolvesse logo.

— Você vem jantar? — Meu corpo se arrepiou todo ao ouvir a voz de Deidara. Parei de cantar rapidamente e olhei para trás, vendo-o puxar uma cadeira para se sentar ao meu lado.

 — Não estou com fome — disse, reprimindo um gaguejo. Olhei para meu livro, mexendo sem graça nas pontinhas da página.

 — Sakura, me desculpa por sexta... eu...

— Não precisa se desculpar. — Minha voz estava baixa, por estar me sentindo mal por ele. Olhei sua face, e seus olhos estavam tristes e carentes.

 — Eu fui precipitado, deveria ter esperado mais.

— Não é isso, Deidara. — Nos olhamos nos olhos por alguns segundos, antes que eu desviasse novamente meu rosto em direção ao livro. — Eu gosto de você, mas apenas como meu amigo. — Ouvi um suspiro alto sair de sua boca, e fechei meus olhos, ressentida.

— Bom... — começou ele, parecendo animado e se levantando da cadeira, e eu olhei para ver o que tinha acontecido. Ele estava com um sorriso nos lábios, porém seus olhos estavam cheios de lágrimas. Imaginava com perfeição o que ele estava sentindo, pois passava por esse sofrimento todas as vezes que pensava que Itachi não me queria. Resolvi ficar calada, enquanto ele saía da sala desajeitado; o silêncio era algo bom. Principalmente nesse tipo de situação.

 Encostei minha testa na mesa, me achando uma idiota por não ter tido um diálogo melhor e mais transparente com Deidara, se tivesse feito isso, talvez ele não teria passado por essa dor. Era mesmo uma idiota por ter levado tudo na brincadeira por tanto tempo e magoado mais uma pessoa no processo.

 Me levantei, levando um susto ao ouvir ao fundo a voz de Yahiko, gritando alguma coisa que não consegui entender. Uma luz se acendeu dentro de mim, pensando que talvez Itachi tivesse chegado. Saí apressada da sala, quase carregando a cadeira junto comigo. Meu coração estava acelerado e um sorriso já tomava conta de meus lábios.

 Sabia que se ele me visse ia me procurar no meu quarto depois, como ele sempre fazia. Quanto mais me aproximava, mais alto ficava a eufórica conversa dos garotos, e meu coração quase parou, quando escutei a risada de Itachi. Porém, ao chegar na porta que dava para o hall, fiquei estática ao ouvir Sasori falar:

— O que você fez para ele te pedir em casamento?

Estavam todos em volta do casal, e pela fresta deixada entre os corpos eu pude ver Itachi abraçado a Kin, que exibia um anel em seu dedo. Ninguém pareceu notar minha presença, as garotas cochichavam em um canto, enquanto meus olhos já escorriam lágrimas por sentir meu coração sendo esfacelado por aquele momento.

 Meu corpo gelou por completo quando os olhos de Itachi se chocaram aos meus, e o sorriso que estava em seu rosto se desfez drasticamente, talvez surpreso por me ver. Virei as costas, desfazendo nosso contato visual antes que alguém me notasse, e saí correndo em direção ao meu quarto, quase não enxergando o que tinha a minha frente.

 Já havia sentido muita dor na minha vida, mas nada se equiparava ao que estava sentindo nesse momento. Parei na frente da minha porta, agachada, colocando a mão sobre meu peito e apertando minha blusa. Meu coração parecia que explodiria a qualquer momento, e eu gemia baixinho, sentindo o terror tomar conta de mim.

 — Sakura? — As mãos dele tocaram em mim, mas impulsionada pela raiva o empurrei, me levantando.

 — Sai daqui — falei rouca por causa do choro, abrindo a porta do meu quarto, desesperada, e quando ia fechá-la, ele a empurrou com força, segurando meus braços, me fazendo dar três passos para trás, só não caí no chão por conta de seu aperto.

— Me ouve, por favor? — A voz dele estava trêmula, mas eu não podia ver sua face por conta da escuridão e de meus olhos carregados de lágrimas, que escorriam sem parar.

 — Não quero ver você nunca mais! — vociferei em meio a soluços, sentindo meu coração doer com pontadas em meu peito.

— Por favor. — Ele me colocou sentada na cama, enquanto sussurrava para mim. Mas antes que eu pudesse reagir, ele me soltou e eu coloquei minhas mãos sobre meu o rosto, intensificando o choro.

Meu mundo caiu ao saber que agora não poderia tê-lo nunca para mim. E com certeza esse foi seu plano desde sempre. Me possuir, brincar com meus sentimentos e depois me abandonar. E talvez Kin nunca tenha se importado com o fato de ele sair com outras mulheres, porque sabia que ele sempre retornaria para ela.

 Senti a claridade invadir meu quarto e ouvi o ranger da porta se fechando. Queria xingar e gritar, mas isso só me faria parecer ainda mais idiota do que já estava me sentindo. Havia decidido que faria o que fosse preciso para ficar com ele, abriria mão de tudo o que amava só para estar ao seu lado, porém ele amava outra e isso era mais do que visível agora. Eu devia ter sido um pouco menos ingênua.

— Sakura, me escuta. — Meus olhos doeram com a claridade, quando ele segurou meus pulsos, puxando minhas mãos de meu rosto com força.

 — Vai embora, Itachi, desaparece da minha vida. Você foi a pior coisa que já me aconteceu. — Observei seu rosto desfalecido me encarando. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas eu sabia agora que isso não se passava de um teatro. Mas ele permaneceu agachado em minha frente, me segurando.

— Eu não vou sair enquanto você não ouvir o que eu tenho para te dizer. — Sua voz baixa me machucava de maneira intensa. Tudo o que vivemos parecia correr pela minha mente, como num filme acelerado.

— O que você quer agora? — disse, tentando parecer firme, mas era difícil demonstrar força quando sentia meu coração em pedaços. — Itachi, você acabou com minha vida. Eu confiei em você, me entreguei de corpo e alma, e é dessa forma que você me retribui? — Meu corpo todo tremia e minha mente agora via de novo o anel, na mão de Kin.

— Eu fui obrigado a fazer isso, você não entende. — Ele me sacudiu um pouco ao falar, e parecia ofegante, como se estivesse em seu limite.

 — Não venha inventando histórias. — Empurrei-o com força. Ele ficou de pé na minha frente, e eu tinha que olhar para cima para encarar sua face, que agora parecia irritada.

 — Eu juro que só vou te falar a verdade. Só me dá uma chance de explicar tudo. — Eu não tinha o porquê de ouvi-lo, mas nada parecia fazer diferença agora. — Se você disser que não acredita em mim depois de escutar o que tenho para falar, prometo que nunca mais apareço na sua frente. — Sua voz estava baixa, em contraste com as vozes que vinham do corredor. Olhei para a porta, tentando entender o que estava acontecendo, e quando ia abrir a boca para falar, senti sua mão esquerda segurar minha cabeça, enquanto a direita dele tampava meus lábios. — Eles vão ouvir se você falar alto. — Ele estava ofegante e seus olhos estavam fixados nos meus, com a mesma intensidade de quando disse que o amava pela primeira vez. Fechei meus olhos com força, com esse pensamento. Sentindo tudo à minha volta girar, mas tentei permanecer firme, não poderia desmaiar justo agora. Tinha que encarar e resolver os fatos o mais rápido possível.

Senti seus braços me envolverem em um abraço, e respirei fundo para reclamar, mas ele me apertou ainda mais, se sentando ao meu lado. Ele me prendia em seus braços com força, enquanto mais lágrimas desciam de meus olhos. Comecei a respirar pela boca, tentando conter o choro, para ao menos ser levada a sério.

 — Eu vou contar tudo para você, vou te dizer porque estou com ela. — Ele se separou de mim, fazendo um gélido ar passar entre nós e eu mordi meu lábio inferior com força, contendo as lágrimas que começavam a cessar.

— Eu não vou acreditar em nada — falei baixo, ouvindo a porta de Ino bater.

 — Não importa, só me ouve. Já falei que se você não confiar na minha história, eu saio para sempre da sua vida. — Meu coração estava tão apertado, mas eu me sentia irredutível, me afastei um pouco dele, e ele consertou sua postura, com seus olhos amargurados.

 — Não me enrola, Itachi — disse, consentindo em ouvir o que ele tinha a dizer, mas estava me achando uma idiota por isso. Ele permaneceu quieto por um tempo, apenas me olhando, e eu já não estava aguentando mais esse silêncio, tudo parecia ampliado para mim, principalmente minha angústia.

 — Quando Sasuke ainda era bebê, a Kyuubi atacou Konoha....

 — O que isso tem haver? — Interrompi, nervosa.

— Deixa eu falar. — Sua voz séria fez meu corpo trepidar, e eu endureci o olhar, ficando quieta. — O terceiro Hokage e os conselheiros acreditavam que o responsável pelo ataque do Nove Caudas fosse um Uchiha. — Arqueei uma de minhas sobrancelhas, achando esse fato desconhecido muito estranho. — Por causa disso, o clã foi tirado do lugar que habitava e enviado para viver nos limites da aldeia. — Estava bastante confusa agora: eu sabia que eles se concentravam em outro bairro antes, mas nunca ouvi dizer que era por conta disso. Mas resolvi não interromper. — O clã passou a ser vigiado, só que logo começou a perceber a forma diferente e discriminada que estava sendo tratado. Um ódio pelo governo começou a crescer dentro do clã e todos começaram a se reunir secretamente... a fim de se rebelar. 

— Você não tem vergonha de falar uma mentira como essa? — perguntei já histérica ao ouvir aquilo, mas ele permaneceu firme.

   — Eu já disse. Estou dizendo a verdade. — Seus olhos continuavam fixos nos meus, e eu me segurava como podia para não chorar, ainda sentindo uma dor enorme no meu peito. — Eu fui chamado para entrar na ANBU nessa época. E meu clã me incumbiu de espionar Konoha para eles. Mas eu não podia fazer isso, Sakura. — Ele abaixou a cabeça, me deixando sem saber o que fazer, a impressão que eu tinha era que ele estava ficando louco.

   — Fazer o quê? — perguntei, me odiando por colocar mais lenha na fogueira. E me espantei ao vê-lo chorar.

  — Eu não podia deixar uma guerra civil acontecer. Isso poderia ter resultado em uma guerra de escala mundial. — Ele parou de falar, me olhando novamente, suas lágrimas eram sôfregas e havia sinceridade em seu olhar, por mais que eu não quisesse acreditar nele. — Então eu agi como um espião duplo e contei os planos dos Uchiha para o Terceiro, Hiruzen.

  Meus olhos tremeram ao ouvir ele falar do terceiro Hokage de forma tão desrespeitosa, assim como estava fazendo ao falar do nome de seu próprio clã. Me arrependia amargamente por ter me envolvido com ele. Queria apagar de minha mente tudo o que vivemos juntos e obliterá-lo de vez, jogando essa vergonha no mais profundo abismo do esquecimento.

 — Acredita em mim — ele falou segurando meus braços, mas eu me mexi bruscamente, me soltando. — O Terceiro queria resolver essa situação de forma pacífica, mas eu conhecia bem meu clã e sabia que ele era orgulhoso e não aceitaria as coisas de forma simples, e Danzou pensava como eu. Mas meu clã acabou desconfiando da minha lealdade, e mandou meu melhor amigo, Uchiha Shisui, me vigiar, porém meu amigo via as coisas da mesma forma que eu e tentou acabar com toda aquela bagunça indo numa reunião do clã, usando seu Mangekyou Sharingan para manipulá-los. Eu fiquei de encontrar com ele depois da reunião, para que ele me dissesse como foi tudo, mas quando cheguei no local de encontro ele já estava lá... e um de seus olhos havia sido arrancado. — Senti um choque percorrer por minha espinha ao ouvi-lo falar isso. E ele parecia desesperado ao me contar esse detalhe insano, pois suas lágrimas aumentaram.

— Por que está falando essas coisas, Itachi? — perguntei decepcionada.

 — Porque não quero esconder mais nada de você. — Sua voz, mansa e serena, fazia meu corpo ansiar por seu toque. Meneei minha cabeça, reprimindo meu pensamento fraco, e ele enxugou suas lágrimas com as costas das mãos e continuou: — Ele me disse que Danzou roubou seu olho direito e me confiou seu esquerdo, antes de se jogar de um penhasco.

Fechei minhas mãos com força, abominada, pois estava tentando encontrar alguma falha em sua voz ou em seu olhar que provasse que ele estava mentindo, mas só conseguia enxergar sinceridade nele, mas como isso era possível?

 — Isso tudo é verdade, Itachi? — Ele levantou sua mão com intuito de me tocar, mas respondi com meu reflexo, afastando um pouco meu corpo, e ele recuou.

— É verdade, já falei. — Passei minhas mãos pelo meu rosto, tentando acordar para o que estava ouvindo. — Depois disso eu fui acusado pela morte dele e não fiz nada para que eles pensassem o contrário. — Ele olhou em direção ao banheiro, como se estivesse perdido em memórias, e se tudo o que ele estivesse me falando fosse verdade... nem saberia o que dizer. — Eu estava perseguindo um cara, o nome dele é Tobi. O homem de máscara que te derrubou no chão no dia da festa aqui na instalação. Ele estava planejando algo contra Konoha, mas pedi para que ele me ajudasse a aniquilar meu clã e deixasse Konoha em paz. Ele concordou. — Essas palavras saíram com dificuldade da boca dele, e agora ele me encarava novamente, quase como se suplicasse para que eu acreditasse nele.

 — Fiz um trato com os líderes da Aldeia. Acabaria com a revolta Uchiha, antes mesmo que ela realmente começasse, e eles protegeriam meu irmão caçula — ele disse.

 — M-mas, e seus pais? — questionei chorosa, novamente. E ele levantou sua cabeça, com os olhos fechados.

 — Foi eu mesmo que os matei. — Lágrimas escorreram por meus olhos, e pelos dele, se essa história fosse verídica, não poderia imaginar pelo que ele teve que passar. — E o pior de tudo foi perceber que meus pais entendiam minha decisão, e o desejo final deles foi que eu cuidasse de Sasuke.

Um impulso tomou meu corpo, e me atirei em seus braços, chorando. Ainda não tinha certeza se tudo isso que ele estava me contando era verdade, mas eu não conseguia acreditar que ele brincaria comigo dessa forma. Senti sua boca depositando um beijo demorado em meu ombro e depois ele me puxou, me sentando em seu colo, tirando os fios de cabelo que tapavam meu rosto para poder olhá-lo.

— Depois de tudo isso, eu entrei na Akatsuki para vigiar a organização e ia sempre que podia na Aldeia da Folha para ver como meu irmão estava. Ou você nunca parou para pensar no fato de eu não ter sido detectado pela barreira de proteção de Konoha todas as vezes que me viu lá?

Hesitei por um instante. Ele tinha razão, eu nunca tinha pensado sobre isso, fiquei paralisada, analisando tudo o que ele me falava, percebendo que sua ordem cronológica era perfeita.

— Mas... e Kin? E por que você não falou a verdade ao menos para o Sasuke? — Minha voz estava trêmula e não consegui demonstrar nem um milésimo da minha curiosidade.

Seus lábios formavam um sorriso amargo.

— Antes de conhecer você, eu achava que não existia mais nada de bom para mim nessa vida. O único pensamento que tinha era o de ser punido... e morrer pelo que eu fiz. — Segurei seu rosto com minha mão esquerda, enquanto a direita estava agarrada à sua camisa, estava sendo terrível demais ouvir tudo aquilo. — Então o Sasuke saiu da Aldeia e foi viver e ser treinado pelo Orochimaru. Depois que ele fez isso, não conseguia mais informações sobre ele e fiquei extremamente frustrado: Orochimaru sempre foi muito cuidadoso. Foi nessa época que comecei a beber — sussurrou, quase como se falasse consigo mesmo —, para tentar amenizar a dor que sentia em meu peito, por ser um fracassado total. A única pessoa que tinha que cuidar, o único pedido dos meus pais, em troca de suas vidas... agora estava num ponto cego. Eu não tinha como saber se ele estava bem, se estava se alimentando, eu não sabia de nada. — Ele parou um pouco encostando sua testa na minha, fechando os olhos, e eu fiz o mesmo em seguida. Ficamos em silêncio por um tempo, enquanto eu tentava digerir tudo aquilo que ouvia; e eu queria muito acreditar nele, mas tinha uma parte de mim que ainda lutava contra isso.

— Por causa da bebida, comecei a me envolver com algumas mulheres, e foi aí que descobri que era estéril. — Ele soltou um soluço choroso ao completar a frase, fazendo meu peito se apertar. Com todas essas coisas e toda essa confusão, havia até me esquecido disso por um momento.

 — Eu sinto muito — sussurrei, sem saber exatamente o que falar. Ele balançou a cabeça negativamente, desencostando nossas testas e me olhando de novo.

 — Uma noite conheci Kin. A princípio não me interessei por ela, então a desprezei. Mas ela foi insistente e acabou descobrindo meu ponto fraco. — Seus olhos estavam aflitos, e eu também. Ele apertou minha cintura e continuou: — A Kin faz parte da aldeia do som. A aldeia que Orochimaru criou.

Meu corpo gelou ao perceber onde ele queria chegar com isso, e ficamos em silêncio por um tempo, enquanto ele me olhava, parecendo tentar saber o que se passava em minha mente, enquanto as lágrimas cessavam em meus olhos.

— Ela prometeu me passar informações sobre Sasuke se eu aceitasse ficar com ela. — Nesse momento já não sabia mais se era ele, ou eu quem chorava mais, foi impossível me manter calma ao ouvir isso, assim como foi para ele também. — Eu te amo mais do que a mim mesmo, Sakura, mas não posso abandonar meu irmão. A Kin já está impaciente pelas vezes que fiz hora com a cara dela e a traí. E agora ela me obrigou a dizer que me casaria com ela, ou pararia de espionar o Sasuke para mim. Eu só tenho meu irmão na minha vida... e agora você... Só por esse motivo ainda estou com ela, para saber se meu irmão está bem. E desde o dia que voltamos a nos encontrar, depois daquela briga, eu te juro que nunca mais dormi com ela.

 Apertei-o em um abraço, sentindo seu coração palpitar contra o meu. Eu não podia acreditar em tudo que tinha ouvido, ainda assim eu sentia que ele não estava mentindo.

 O esconderijo estava calmo e silencioso, mas nada disso me importava. A única coisa que realmente me interessava era estar em seus braços agora. E depois de saber que ele já sofreu tanto, jamais permitiria que ele se machucasse novamente. Enquanto eu ficava choramingando pelos cantos, pensando que ele não me amava e não me entendia, ele estava guardando esses segredos dentro de si, tão fiel à sua crença quanto jamais acredito que serei um dia.

— Eu nunca vou sair de perto de você, Itachi — falei, sentindo sua mão esquerda agarrar meus cabelos com força.

 — Não é tão simples assim — ele disse triste em meu ouvido.

— Eu não me importo. — A verdade era que ele era tudo para mim e eu já o amava, mesmo quando pensava nele como um assassino a sangue frio. Mas agora eu o amava ainda mais, e tinha muito orgulho dele, sabendo que na verdade ele se sacrificou pelo bem maior. Vivendo na escuridão para defender seus ideais.


Notas Finais


É isso ai genteee!!!

Tentei fazer um resumão da história do Itachi, espero que tenha ficado bom! rsrsrs

Bjnn :*


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