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História Corações divididos - Sakura e Itachi (Itasaku) - Destino


Escrita por: Karimy

Notas do Autor


Oi pessoas!!! Tudo certo???


Enfim chegamos ao capitulo final da história! Sei que não coloquei ela como terminada ainda, isso porque pretendo fazer um epílogo ainda, e espero que vocês possam lê-lo.
Quando comecei a escrever essa história imaginei fazer algo bem curto, mas como vocês podem vê acabou rendendo aproximadamente 475 páginas, fora o prólogo. Ou seja, o tamanho de um livro.
Fico extremamente feliz pelo fato de vocês terem sido pacientes comigo, mesmo quando demorava pouco mais de uma semana para atualizar a história. Vocês foram a base que eu necessitava para seguir em frente, sem fraquejar.
Agradeço a todos que me acompanharam até agora, vocês são o motivo principal para que eu não tenha desistido.
Muitíssimo obrigada a todos!


Bjs

Capítulo 28 - Destino


 

Parte I - Sakura  

 

   Estava tudo destruído. Meu corpo doía por conta da batalha entre mim e Kin, minhas mãos tremiam por conta do esforço físico que fiz para chegar até ali... em um enorme galpão. Ainda do lado de fora, já podia ter uma ideia do quanto a luta entre Itachi e Sasuke fora fervorosa. Estava ofegante, e fui obrigada a diminuir o ritmo para poder passar pelas árvores destroçadas.

Meu equilíbrio estava comprometido por conta de meu nervosismo e dor. Até para passar por pequenas frestas tinha que tomar cuidado para não cair, mas eu precisava ser forte para chegar ao meu destino. 

Tudo em minha vida tinha me impulsionado até esse momento, um abismo gigantesco de confusão. Não me arrependia de nada, cada segundo com ele foi precioso e inesquecível. A minha esperança era que ele tivesse se agarrado a isso também e estivesse à minha espera. Algumas pessoas nascem para viver sozinhas, outras para amar, tinha medo de ter nascido para sofrer.

Saber que toda essa ruína era por culpa dos únicos homens que amei em toda a minha vida tinha um peso ainda maior. Era doloroso estar do lado de dentro daquele lugar, vendo marcas do que pareciam ser socos na parede, no chão, no teto destruído do lugar. Meu coração parecia que explodiria de meu peito a qualquer momento. Respirei fundo, fechando os olhos, tentando ignorar o rastro de fogo à minha frente.

  Tudo estava calmo e silencioso demais. O espaço parecia estar vazio. Levantei um pedaço grande de madeira e, ao passar para a outra metade da sala, vi um clarão de luz. Um buraco no teto deixava a claridade entrar, apesar de já estar no fim da tarde. Olhei ao meu redor, pensando em como chegaria até lá em cima, porém pelo lado de dentro não havia como.

 Corri para fora, sentindo meus joelhos fraquejarem. Comecei a dar uma volta pelo local, precisava encontrar uma escada ou qualquer outra coisa em que pudesse me apoiar para escalar. Na parte de trás do lugar, havia um suporte metálico, mas tinha uma árvore parcialmente queimada em cima dele. Espalmei minhas mãos na madeira, sentindo o calor do fogo recém apagado.

Levantei minha perna o mais alto que podia para subir no tronco. Senti uma pressão no meu abdômen por conta do peso do meu corpo. Quase deixei minha mão direita escorregar, mas cravei minhas unhas ali, deixando as lascas de madeira perfurarem as pontas de meus dedos. Levantei, me equilibrando da forma que podia. Comecei a andar, ouvindo o som da minha profunda e cansada respiração.

Ao encostar a mão no suporte de ferro, quase caí e tirei a mão dali o mais rápido que pude. Estava quente demais, e isso me deixou desesperada. Começaram a escorrer lágrimas de meus olhos, mas logo as limpei com as costas de minhas mãos. Não tinha tempo a perder com fragilidades inúteis, Itachi precisava de mim mais do que em qualquer outro momento.

 Tirei a blusa vermelha que estava vestida e comecei a enrolá-la para que ficasse o mais parecido possível com uma corda. Com cuidado para não ser queimada novamente, passei o tecido pela parte de trás do cano. Uma ponta ficou do lado esquerdo e outra no direito, segurei o pano com minhas duas mãos, colocando o pé direito na parede em seguida.

  Primeiro fiz uma pressão no local para ter certeza que o ferro aguentaria o peso de meu corpo. Sem mais delongas, peguei impulso e comecei a escalar o muro. O vento batia em minha barriga descoberta, me trazendo uma agonia imensa. As ataduras que cobriam meus seios pareciam que cederiam a qualquer momento, me deixando nua. Mas não era nada disso que me preocupava, o que estava me deixando com mais medo era saber que a única coisa que escutava era o soprar do vento em meus ouvidos. O lugar era alto demais, e eu evitava pensar em coisas ruins. Independente do estado em que ele estivesse, iria salvá-lo. Mesmo que isso custasse minha própria vida.

  Enquanto eu vivia como uma garota mimada e sem princípios, Itachi estava sozinho. Tudo que sabia até agora sobre a vida dele era o quanto ele sofreu. De alguma forma, que ainda não entendia, sabia que podia mudar o destino dele, e o meu. Segurei na beirada da última formação de parede para chegar até o teto e respirei fundo.

Coloquei a blusa entre meus dentes e segurei com a outra mão na beirada também. Forcei meu corpo para cima, pegando impulso com as pontas dos meus dedos dos pés. Arregalei meus olhos, sentindo uma pontada em meu peito ao ver os cabelos de Itachi ao longe da superfície do local. Subi o mais rápido que pude, caindo ao dar o primeiro passo erroneamente. Me levantei o mais rápido possível e comecei a correr em direção a ele. A cada passo que dava, mais partes de seu corpo ficavam visíveis para mim. Sua manta da Akatsuki estava toda ensanguentada e não havia movimento algum de sua parte.

  Minhas sandálias faziam um barulho irritante ao baterem contra o chão. Meu peito estava sobrecarregado da dor emocional que me afligia e a necessidade de alcançá-lo logo. Ainda a meio metro de distância dele, já comecei a juntar chakra em minhas mãos: não sabia quais eram os ferimentos dele ainda, mas precisava me focar.

Joguei meu corpo ao chão, batendo fortemente meus joelhos ao lado da cabeça dele. Sua face estava serena, e eu poderia jurar que ele estava dormindo. Meneei minha cabeça, procurando afastar todos os pensamentos para que eu fizesse meu trabalho da maneira mais correta possível. Me abaixei a fim de ouvir o coração dele, mas não havia batimento algum.

  Dentro de mim, estava reprimindo meus instintos para não gritar e me desesperar com aquilo. Segurei o pulso dele, aferindo seus batimentos, mas também não havia nada ali. Fechei os dedos das mãos direita, deixando apenas o dedo indicador e médio esticados. Juntei chakra ali para formar um bisturi, e logo comecei a cortar a blusa que ele vestia.

 Ele estava todo machucado, e o sangue ainda estava quente. Queria me jogar em seus braços e morrer junto com ele, mas precisava ser forte, e sabia que conseguiria. Eram tantas fraturas pequenas, que não sabia exatamente por onde começar, então iniciei o processo de ressuscitação. Posicionei minha mão direita em sua cabeça, e a esquerda em seu peito.

 Meu estômago estava embrulhado por conta do sofrimento que estava abafando para me concentrar. E por mais que eu quisesse fechar meus olhos, sabia que não podia, precisava estar atenta a tudo agora. Meu chacra emanava fortemente de minhas mãos, mas eu sabia que estava chegando ao meu limite. Suor começou a escorrer de meu rosto, porém a única coisa que sentia era um frio terrível.

As lágrimas que haviam se formado em meus olhos agora ardiam por eu tê-las prendido por tanto tempo. Minhas mãos tremiam e meu corpo, cortado pela batalha que tive, estava fragilizado demais. Comecei a me sentir tonta e fui tomada por uma imensa ânsia de vômito, tudo por estar me esforçando além de minha capacidade.

 Relutante, fechei meus olhos, canalizando meu pensamento até minha linha de chakra. A fina camada esverdeada escorria indo em direção a dois poços, um direto para meu Selo Yin e outro que fluía diretamente para mim. Havia muita pouca concentração de energia vital ali, mas eu estava determinada a concluir meu feito, mesmo que isso resultasse em minha morte.

 No entanto, ao abrir meus olhos, comecei a sentir ondas de vibrações por toda extensão de meus braços, a adrenalina me fez sorrir. Meu chacra estava voltando a fluir, apenas pela minha força de vontade. Soltei um pequeno e agudo gemido pela boca ao ver um espasmo muscular no ombro de Itachi. Aproximei ainda mais minhas mãos, quase as encostando nele. A força que estava fazendo para concluir a cura estava me esvaindo, mas agora a esperança de que tudo desse certo era ainda maior.

O céu estava começando a apresentar suas primeiras estrelas, e o cheiro de sangue coagulado começava a afetar meu raciocínio. A exaustão queria tomar conta de meu corpo, mas me mantive firme, mudando de posição. Ainda com as mãos estendidas, me sentei com cuidado para não interromper o processo de cura.

As lágrimas tomaram conta do meu rosto, rolando sem parar, esquentando minha face. Meu peito doía e um alto gemido choroso escapou de meus lábios quando Itachi arqueou a cabeça puxando fortemente o ar pela sua boca. Ele fez um barulho alto, como se o oxigênio queimasse seu corpo, porém permaneceu desfalecido.

Enlouquecida pelo acontecimento, toquei sua face, me deixando cair sobre seu corpo gélido. Só agora me lembrava que ainda estava sem minha blusa, mas isso era um mero detalhe sem importância agora que o coração do homem que amava voltara a bater. Comecei a desferir beijos pela face dele, molhando seu rosto com minhas lágrimas.

Porém sabia que ele ainda corria um grande risco, já que entre várias escoriações havia um enorme corte em sua barriga. Me recompus, soluçando de emoção e fui administrando meu chakra nos pontos mais críticos de seu corpo. Iniciei o processo pelo corte maior, mas estava muito fraca e sabia que não conseguiria curá-lo com perfeição. Contudo já estava feliz o bastante em saber que ele respirava novamente. Não podia sequer imaginar o quanto Sasuke era importante para ele, já que entregou sua vida em prol dele. Mas jamais permitiria que algo como isso acontecesse novamente, não seria capaz de viver em um mundo onde ele não exista.

Por mais que estivesse me esforçando, já não conseguia mais manter meus olhos abertos. Estava tudo embaçado demais e estava me empenhando para conseguir fechar aquele corte. Soltei um sôfrego suspiro, vendo que a ferida tinha se fechado por completo. Queria ter forças para curar os machucados menores, mas esse era o meu limite. Meu corpo começou a despencar em direção ao dele, e tudo se enegreceu.

 

Parte II - Itachi

  

   Meus olhos arderam com a claridade, meu corpo todo doía e me senti deslocado. Olhei à minha volta, percebendo que ainda me encontrava no campo de batalha. Abaixei meus olhos, me surpreendendo ao ver Sakura com o rosto inchado e vários cortes por toda extensão do corpo.

 — Eu deveria estar morto — sussurrei para mim mesmo, pois tinha certeza em meu coração de que não teria oportunidade de vê-la mais.

 Levantei meus braços com dificuldade, mirando minhas mãos. Uma lágrima brotou em meus olhos e toquei a face avermelhada da mulher excepcional que dormia em meu colo. Estava mais do que claro para mim que o motivo para que eu ainda estivesse respirando fosse ela apenas. Mas eu sabia que não podíamos ficar ali.

Comecei a erguer meu corpo, vendo a blusa de Sakura jogada no chão, toda embolada próximo ao meu quadril. Me mexi um pouco, sentindo fortes dores por toda extensão de meus músculos, porém ela não acordou. Ainda sentado, puxei-a para meu colo, sentindo a leveza de seu corpo em meus braços. Peguei a blusa dela em seguida e comecei a vesti-la.

Estava dia, mas não sabia exatamente por quanto tempo estávamos ali, nem mesmo como ela tinha me encontrado. Beijei sua testa, roçando minha bochecha na dela em seguida. Sempre desejei um lugar para mim, mas eu já tinha um há muito tempo, só não sabia onde ele estava até alguns meses atrás. Olhei para sua face, admirando sua beleza por um tempo, sendo tomado pelas lembranças de nosso convívio.

O tempo junto a ela parecia ser curto e tudo o que fazíamos juntos dava certo. Quando pensava em ter que enfrentar meu destino, sentia como se eu estivesse prestes a tomar o caminho errado para sempre, porém uma parte de mim sabia que ela estaria ao meu lado independente da escolha que eu fizesse.

Os pequenos gestos de carinho dados por Sakura me cativaram imensamente. Era como se tudo no mundo ficasse pequeno perto dela. Como quando eu adormecia ao seu lado e acordava coberto. Nunca me cobria, por isso sabia que estava daquela forma por um capricho dela, mas acabei me acostumando, não queria que ela pensasse que estava rejeitando seus cuidados.  

Às vezes ela faltava me deixar maluco, dizendo que eu deveria comer melhor, parar de beber, "deixar de ser teimoso e tomar mais água”. Não poderia ter me apaixonado por uma mulher mais impressionante. Fui aprendendo a admirá-la cada dia mais e hoje sabia que ela era, com certeza, a única coisa que me importava.

O maior problema nesse momento era não saber o que seria da nossa relação. Não sabia como ela tinha ido atrás de mim, ou se ela tinha conseguido convencer Ino de que nos amávamos de verdade, mas não podia deixá-la simplesmente ir embora de minha vida agora. Se ela fosse, então morrer teria sido a melhor coisa para mim.

 Deitei-a no chão com cuidado, tentando me manter de pé em seguida. Meu corpo balançou um pouco e apoiei minha mão no pequeno muro à minha esquerda. Entre todas as minhas dúvidas existia uma certeza: a de que alguém voltaria para procurar meu corpo. Sabia que, se não me encontrassem, tudo o que fiz teria sido em vão.

Ativei meu sharingan, sentindo uma forte pontada em minha cabeça. Comecei a rodear, com os olhos, o local à procura de alguém. Mas não poderia ser qualquer um, precisava ser um culpado. A dois metros de distância de onde estávamos, senti um fraco sinal de chakra, e por mais que ainda estivesse debilitado, sabia bem de quem se tratava.

 Fui até a beirada do terraço, pulando de lá de cima em seguida. Sabia que o impacto poderia ser demais para minhas feridas, mas eu tinha que fazer aquilo. Sem muitas condições de correr, comecei a andar um pouco cambaleante. Tudo parecia estar em câmera lenta, e eu podia jurar que estava flutuando, se não fosse pelas dores que sentia em meus pés ao pisar no chão por conta da minha aterrissagem mal feita. Nesse momento ficou claro para mim que deveríamos ter dormido por, ao menos, um dia, já que a posição do sol apontava o entardecer.

Caminhei em direção ao homem com meu braço por dentro da capa, estava cansado e isso me ajudava a relaxar. Exausto, olhei para o homem, que recolhia sua bolsa do chão, colocando-a nas costas em seguida. Ao se virar em minha direção ele arregalou os olhos. Nunca havíamos nos visto antes, mas sabia que ele me conhecia bem, já havia deixado claro que se o encontrasse algum dia o mataria.

 — Você! — O homem disse.

Um comerciante que faliu e começou a usar de sua força para roubar os bens de pessoas mais fracas. Sabia que ele se alojava por essas localidades, mas nunca tinha imaginado que daria tanta sorte de encontrá-lo em um momento como esse. Precisava agir mais do que rápido, antes que não me aguentasse mais em pé. 

  — Shouten no jutsu. — Fiz os sinais de mãos com dificuldade, e senti meus olhos queimarem ao liberar a técnica com meu sharingan tão fraco. Esse jutsu de translocação foi copiado por mim, em segredo, quando vi Yahiko usá-la. Sabia que o consumo de chakra para uma técnica como essa era grande demais, porém foi a única coisa que consegui pensar naquele momento.

Ver o homem se transformando em minha frente foi estranho. Olhar para meu rosto, sabendo que aquele não era o meu eu verdadeiro foi perturbador. Sequer sabia o olhar amargurado que carregava comigo mesmo, era como se o espelho não fosse capaz de mostrar minha realidade. Mas sabia que isso tudo era apenas coisa do passado... me sentia diferente.

Comecei a andar, voltando para o lugar onde estava, porém sendo seguido por minha cópia agora. Sakura estava esperando por mim, e por mais que eu nunca tivesse concordado com a possibilidade de ela abandonar sua vida para estar comigo, naquele momento me sentia um egoísta por querer tanto que ela fizesse exatamente isso. Mas não ia deixar minha intenção clara, pois não sabia se seria capaz de fazê-la feliz depois de tudo o que tínhamos passado.

Ao subir com dificuldade de volta para a laje, peguei Sakura no colo. Ela estava com o corpo mole, respirando profundamente, provavelmente cansada demais por ter me trazido de volta à vida. Olhei para o homem que agora se parecia comigo e pensei com desejo intenso no que queria que ele fizesse, e logo aconteceu.

O homem se deitou no local que eu estava e ficou ali, de olhos fechados. Seria questão de pouco tempo até que ele morresse, e ainda que eu pensasse que isso era algo cruel de minha parte, mesmo sabendo da pessoa terrível que ele era, não tinha outra saída. Agora quando viessem recolher meu corpo, pensariam que morri, verdadeiramente.

 Comecei a caminhar em direção ao buraco que foi aberto durante a batalha, meu corpo estava doendo muito e a fraqueza que eu sentia antes se tornou ainda maior por conta do jutsu que utilizei, já que metade do meu chacra ficou inferido em minha cópia. Parei em frente ao buraco, calculando uma maneira de pular e amortecer a queda.

Meu calcanhar esquerdo ainda latejava pelo último salto que tinha dado e agora teria que fazer isso com Sakura em meu colo. Porém, dentro de meu coração, isso ainda era pouco, considerando tudo o que ela tinha feito por mim. Fui trazido de volta à vida por ela duas vezes, pois quando nos conhecemos eu não passava de um morto vivo.

 Pulei, mirando um enorme pedaço de madeira, que parecia ter sido removido do seu local original. Fiquei apoiando a cabeça e o corpo dela da melhor maneira possível, para que não se machucasse com o impacto. Ao chegar ao chão, ela resmungou baixinho, reclamando em seu sono profundo a movimentação corpórea que fizemos.

Ela costumava ter um sono bem leve, então isso me faz pensar no quanto devia ter se esforçado para me ajudar, provavelmente arriscando sua própria vida. Comecei a andar para fora do galpão, pensando se Sasuke agora estaria bem e se sua sede de vingança fora saciada com minha suposta morte. Sempre me culpei por tudo, mas agora tinha que me preocupar com coisas mais importantes do que meu passado.

A mulher em meu colo transformara minha vida de várias maneiras, sentia que além de todo meu amor por ela agora tinha também um laço de gratidão. Mas ainda era difícil para mim imaginar que ela ainda pudesse querer desistir de tudo para continuar comigo, mesmo eu tendo escolhido me sacrificar. Por um lado, me sentiria péssimo se ela escolhesse esse caminho, ficar longe de sua família e amigos, mas por outro lado isso era tudo o que queria.

Vivi mais da metade da minha vida excluído e isso me custou muitas coisas, me causou muitas dores e não queria que fosse dessa mesma forma com ela. Quando a Sakura acordasse, tentaria convencê-la do certo, e fazer com que ela fosse para casa. Já do lado de fora do local, parei para pensar para onde deveria ir. Olhei com pesar para ela, imaginando sua reação quando eu a pedisse que fosse de volta para a Aldeia.

Dei um beijo em sua boca macia, deixando a lágrima que segurei por vários minutos escorrer de meus olhos. Ela sempre seria tudo em minha vida, mas por esse mesmo motivo precisava pensar no bem dela. Voltei a caminhar, pensando que nesse momento não podia ir até a casa que usava nos finais de semana, Kisame conhecia a localidade da cabana e ele poderia tentar ir até lá.

Resolvi, por fim, ir até um pequeno lago, um que tinha levado Sakura no começo da semana. Sempre pensei em construir uma casa naquele lugar, mas nunca me vi tendo um futuro, então acabei por desistir. Mas depois de termos ido juntos, pensei no quão bobo fui. Se tivesse construído ali, poderia ter aproveitado momentos ainda melhores com ela.

Mas a verdade era que nada disso me importava, o meu lar estava em meus braços, dormindo como um anjo. Estava começando a sentir fisgadas em meus músculos, a caminhada ainda seria longa e tinha que tentar canalizar minha força para isso. Abri um pequeno sorriso irônico, pensando no quanto ela brigaria comigo quando descobrisse quanto esforço eu fiz sem estar totalmente recuperado.

A noite estava fria e estava preocupado, pois sabia que poderíamos encontrar qualquer tipo de pessoa enquanto seguíamos viagem. Em minha cabeça passavam-se diversas coisas, a maioria delas ruins. Tentava a todo custo me manter são de meus pensamentos, mas era complicado fazer isso depois de tudo que tive que passar.

O que me dava forças era a esperança de que meu irmão estivesse mais leve do fardo de ser o encarregado a vingar nosso clã e, claro, o fato de Sakura não ter simplesmente permitido que eu saísse de sua vida. Eram tantas questões, tantos arrependimentos e alívios que sentia, mas nada se comparava com o fato de eu me sentir amado por alguém.

 Ao chegarmos no lago coloquei Sakura deitada na margem e fui dar uma volta. Montei algumas armadilhas em toda extensão do local. Nunca estivera tão exausto e machucado em toda minha vida, e sabia que se não me deitasse ao menos um pouco iria acabar fazendo com que os esforços de Sakura para me trazer de volta à vida fossem em vão.

No entanto, antes de qualquer coisa, tirei minhas roupas e entrei na água. Além de ainda estar coberto de sangue, tinha caminhado por um dia inteiro. A água ardia cada canto de meu corpo, sabia que estava com várias escoriações e precisava manter os machucados limpos. Ao terminar meu banho, peguei um pedaço de pano e o embebi no lago.

Fui até Sakura e comecei a limpar seus ferimentos também, não sabia quem ou o que havia causado aquilo, mas o importante era que ela estava bem. Os cortes em seus braços e pernas eram finos, como se ela tivesse sido cortada por espinhos. Depois de limpá-la com cuidado, me deitei ao seu lado, puxando o corpo dela para cima do meu. 

Comecei a acariciar seus cabelos macios, com um sorriso bobo no rosto. Ainda sentia muita dor e fraqueza, mas a felicidade de estar ao lado dela era algo indescritível. E essa sensação fez com que todas as coisas ruins desaparecessem da minha mente. Apesar de ter vivido o inferno por muito tempo, ainda assim conseguia ser grato pela minha vida só pelo fato de tê-la conhecido.

 

Parte III 

 

 Me mexi um pouco, sentindo meu braço formigar. Virei para a direita, porém isso não amenizou a situação. Chateada, acabei por abrir meus olhos, ficando espantada ao ver onde estava. Os vagalumes começavam a se dispersar, pois a noite estava em seu fim. Itachi estava ao meu lado, dormindo tranquilamente.

Por mais que eu estivesse preocupada por saber que ele tinha vindo até ali me carregando, meu coração permaneceu calmo. Ele estava bem, nós estávamos bem, nada tinha mais significado que isso para mim. Comecei a me sentar, sentindo as feridas sobre minha pele repuxarem, porém por mais que quisesse me curar logo, minha prioridade era ele.

 Estendi minhas mãos em direção ao seu corpo, enquanto analisava sua linda face serena. Comecei a juntar chakra em minhas mãos, a fim de curar o restante de seus machucados. Sabia que assim como ele, não estava totalmente recuperada, mas só conseguiria me sentir bem quando ele estivesse livre de toda dor.

 Arregalei meus olhos, levando um enorme susto quando ele segurou minhas mãos. Ele parecia chateado com alguma coisa, então permaneci parada, tentando desvendar seu olhar. Ainda sem me soltar, ele se sentou ao meu lado, olhando para o lago à nossa frente. Meu coração ficou apertado, estava com medo de que ele reclamasse por conta de eu ter alterado seu destino.

 — Você tem que se curar primeiro — ele falou, sério, ainda sem me olhar nos olhos. Me senti inteiramente perdida, sua mão abandonando as minhas agora. Era como se ele estivesse voltando a ser o Itachi ignorante, como quando nos conhecemos.

 — Mas... — comecei, com intuito de contestá-lo, porém parei de falar ao vê-lo olhando para mim.

— Sakura, por que você fez isso? — Não havia arrogância alguma em seu tom de voz, mas ainda assim me senti ofendida ao ouvir isso dele.

 — Eu não posso ficar sem você — sussurrei chateada, abaixando minha cabeça. Pensei que ele se sentiria tão feliz quanto eu me sentia por saber que poderíamos recomeçar. Tremi um pouco ao sentir seus dedos encostarem em meu queixo, levantando minha cabeça levemente. 

 — Mas e a Ino?

 — Ela descobriu tudo. Tudo sobre você. — Ele soltou um suspiro, fechando os olhos pesadamente e me olhando novamente em seguida.

   — Como?

— Ela entrou na minha mente, tentando me fazer desistir de ir te procurar e...

 — Entendi — ele interrompeu. — Mas ainda assim, não posso permitir que você saia da Aldeia para viver na escuridão comigo.

— A escuridão só existe quando estou longe de você.

 — Não posso te oferecer nada, Sakura. — Toquei em sua face, aproximando ainda mais nossos rostos. — E seus pais? — seu sussurro causou uma pontada em meu coração. Porém abri um trêmulo sorriso, me lembrando de minha mãe dormindo no colo do meu pai no sofá, e de quando eles brigavam e logo depois se reconciliavam e até mesmo do dia em que os vi se beijando apaixonadamente na cozinha.

 — Se meus pais soubessem o porquê do meu afastamento, eles com certeza me apoiariam. — Ele abriu um pequeno e singelo sorriso, quase como se estivesse tímido ao me ouvir, coisa que jamais imaginei presenciar. — Itachi, quanto ao que você pode me oferecer... não se preocupe, ter você ao meu lado é a única coisa que quero. — Ele me puxou com força para seus braços, e apesar de ainda estar sentindo dores no meu corpo não reclamei, apenas me entreguei ao seu beijo.

 Sequer podia acreditar que estava sentindo suas carícias novamente, suas mãos apertando minha cintura contra seu corpo. Afundei minhas mãos em seus cabelos, sentindo o elástico que o prendia se soltar. Ele findou o beijo me olhando, e sorri com a situação. Me aconcheguei em seus braços, olhando em direção ao lago, enquanto o silêncio tomava conta daquele lugar, que começava a brilhar com os primeiros raios do dia.

 — Casa comigo? 

— Claro que sim! — Senti minhas bochechas corarem, e ele selou seus lábios nos meus, voltando a olhar para o lago em seguida.

— Vou ter que construir uma casa para você. — Ele me apertou ainda mais em seus braços, como se estivesse brincando. E por mais que eu soubesse que isso era algo óbvio, me senti envergonhada com o que ele disse, e extremamente feliz.

O abracei, encostei minha cabeça novamente no peito dele, já imaginando nosso futuro juntos. Sabia que seria difícil e que teríamos que enfrentar muitas coisas, principalmente por não termos como saber qual seria a reação da Hokage ao descobrir, através de Ino, o que aconteceu. Provavelmente a Quinta iria atrás de mim, mas estava confiante de que o meu destino me trouxe até esse momento, porque era a ele que eu pertencia. E assim, independente de qualquer circunstância, viveríamos e nos amaríamos.


Notas Finais


E para a alegria geral de todos eu tenho outras histórias! Inclusive acabei de lançar uma Gaasaku, sei que não é um casal convencional, mas espero que vocês possam dar uma chance para eles. Espero vocês por lá!
https://spiritfanfics.com/historia/graos-de-areia--sakura-e-gaara-gaasaku-7611998


Até o epílogo!


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