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História Corações divididos - Sakura e Itachi (Itasaku) - Epílogo


Escrita por: Karimy

Notas do Autor


Oi pessoas!!! Tudo certo?


Vocês não podem se quer imaginar como me senti mal ao clicar na opção "História terminada"! Meus olhos chegaram a se encher de lágrimas por conta disso, mas sei que dei o meu melhor e isso já basta.
Muito obrigada por terem acompanhado essa história até o final, vocês são muito importantes para mim, inclusive aqules que nunca comentaram a história, ou a favoritaram, só de saber que vocês estavam lendo ela, e a colocaram em suas "Bibliotecas" já é o suficiente para mim.
Espero poder encontrar todos vocês em minhas outras histórias.
Mil beijos a todos!

Capítulo 29 - Epílogo


 O dia estava bastante agradável. Pássaros sobrevoavam ao redor de nossa casa, enquanto a observávamos de longe, do outro lado do lago. Estava com o corpo apoiado no tronco de uma árvore, aproveitando a sombra que ela fazia. Itachi se encontrava deitado em meu colo, e eu mexia em seus cabelos enquanto ele comia umas frutas do cesto.

Nossos piqueniques de fim de semana eram quase sagrados e, apesar de ser rotineiro, nós adorávamos. Principalmente quando estava tudo tão calmo e sereno, como nessa tarde. O vento batia em nossos corpos, fazendo um pequeno som cortante; antes me sentia incomodada com isso, agora era uma das coisas que mais gostava desse lugar.

A relva ao nosso redor exalava um doce cheiro de flores e ervas, e eu me deliciava com aquilo. Me mexi um pouco, levantando minhas pernas, e Itachi se ajeitou no meio delas e depositou um beijo em minha coxa. Já estava começando a sentir um pequeno formigamento, e precisava me mover um pouco, para que, como ele dizia, minhas pernas não dormissem. Eu sempre achava engraçado quando ele usava essa expressão, e sabendo disso ele sempre aproveitava momentos oportunos para dizê-la.

Tínhamos acabado de nos sentar, mas aquele lugar era tão... nosso, que nos sentíamos totalmente confortáveis. Abri um pequeno sorriso ao vê-lo estender a mão para me dar um pedaço de maçã em minha boca.

Era impossível não comer aquela fruta sem me lembrar da minha amiga Ino, que sempre falava ser a fruta favorita dela. Apesar de estarmos distantes e termos um pouco de dificuldade de nos comunicar, continuávamos a nos falar sempre que podíamos. Nunca iria me esquecer do dia em que Tsunade me enviou uma carta, pouco menos de uma semana depois de eu ter abandonado minha missão e ter ido atrás de Itachi.

Apesar de estar lendo letras em um papel, eu me sentia à frente da minha mestre. Minhas mãos estavam suando e meu coração disparou de medo ao ver o nome dela escrito na frente do papel branco que o pássaro trouxe até mim. Não saberia descrever qual sensação tive ao ver que ela parecia feliz em saber que eu estava bem, mesmo sabendo que Itachi estava comigo. 

Ela não tinha confirmação de que ele havia sobrevivido, já que todos falavam sobre sua morte. Mas acreditou em mim, em suas palavras li isso nitidamente, quando ela desejava que fôssemos felizes — o que deixava bem expresso que ela entendia sobre a possibilidade de ele ter sobrevivido, em principal por causa da minha ausência. Ela pediu que continuássemos a lutar por Konoha e disse que esperaria uma resposta nossa. Prometeu também que nos manteria em anonimato. 

Vi o sorriso de canto que Itachi deu ao ler essa parte e ele olhou para mim em seguida, provavelmente ao perceber que a Quinta queria que fossemos a linha de frente de Konoha, trabalhando nas sombras para manter a ordem, assim como havia muito ele fazia em segredo. Ela dissera aos meus pais que eu estava em uma missão ultrassecreta e que estava infiltrada em um País, mas que eles não precisariam se preocupar, pois eu não corria risco algum de morte.

Minha mãe deve ter surtado de início ao saber através da Hokage que eu não voltaria para casa tão cedo e que, quando fosse visitar seria apenas por algumas horas, ou dias, dependendo da situação. Minha mestre parecia triste, mas também ciente de que eu tinha escolhido o meu próprio caminho e não fez objeções. Acreditava que ela devia se sentir um pouco culpada por todo sofrimento que Itachi teve que passar durante sua vida.

Naquele dia, olhei para o lado, tentando fugir dos olhos dele, que estavam direcionados ao lado esquerdo do meu corpo, onde eu escondia minha mão atrás das costas. Respirei fundo, amassando um pouco mais o papel que eu segurava, tentando imaginar o que ele diria ao ler tudo o que estava escrito ali, tinha que pensar em algo para que ele desistisse de querer saber o que estava em minha mão.

— Sakura. — Olhei para seus olhos, e ele estava sério novamente, como se tivesse se esquecido das coisas que tinha acabado de ler. — Nós não escondemos nada um do outro. — Bufei, chateada por saber que ele estava certo no que dizia. Estendi minha mão para ele, mostrando o bilhete amassado em minha mão.

 Coloquei minhas mãos na cintura, impaciente, enquanto ele desembolava a carta. Enquanto ele lia eu ia ficando cada vez mais nervosa, sabendo que ele já estava se aproximando do grande porquê de eu não querer que ele visse o que Ino me enviou. Olhei em direção ao chão ao ver um sorriso vitorioso se formar em seus lábios.

— Eu te avisei! — Ele chegou mais perto de mim, e dei dois passos para trás, batendo minhas costas na parede recém-construída de nossa casa.

— Como eu poderia imaginar? — Olhei para o lado, tentando ignorar seu olhar penetrante, e ele colocou a mão na parede, como se quisesse me encurralar ali, mesmo sabendo que eu não iria a lugar algum.

— Ele sempre foi um cara esperto e só queria te levar para a cama.

 — Até onde eu sei, era o que você queria também! — Abri um largo sorriso, ironizando a situação, e ele fez o mesmo, segurando minha cintura e colocando nossos corpos em seguida.

— Queria mesmo. — Ele selou rapidamente sua boca na minha, me olhando novamente em seguida. — E olha no que deu — seu sussurro atraiu minha atenção, como sempre, causando pequenos arrepios em minha espinha. — Ainda bem que você não vai ver ele nunca mais.

Itachi passou seus dedos pelos meus cabelos, olhando-o como se viajasse em seus pensamentos. Abracei sua cintura, e ele, minhas costas, porém não ficamos assim por muito tempo. Ele tinha que terminar de serrar algumas madeiras, para concluir a casa, que mal havia começado a fazer.

Me entregou o papel e se colocou para fora do cômodo, que já estava quase terminado. Levantei minhas mãos e fiquei olhando para as letras miúdas de Ino que manchavam o papel com tinta azul. Fiquei por um longo tempo relendo o trecho de seu texto que dizia que Deidara que havia dito a ela tudo sobre Itachi e eu.

Apesar de todas as advertências dele, me senti surpresa e triste ao saber que Deidara fora capaz daquilo. Não conseguia entender como ele descobriu sobre meu namoro, mas isso não era algo inesperado, já que todos ali eram espiões. Era muito complicado tentar entender o que se passava na mente de uma pessoa, e não saberia dizer se algum dia Deidara realmente gostou de mim e, se sim, não imaginava o porquê de ele ter me feito sofrer.

 Mas isso era passado agora, e não deveria ficar me remoendo por coisas que já não me interessavam mais. Olhei em direção a Itachi, que habilidosamente pregava um pedaço de madeira, que na verdade não tinha entendido ainda para que serviria. Ele era a única pessoa em minha vida que realmente merecia minha atenção e sentia que sempre seria assim...

 Eu não estava errada com meus sentimentos naquela época, assim como sabia que não estava errada em pensar que lutar por ele foi a melhor coisa que fiz em toda minha vida. Tivemos altos e baixos, momentos bons e ruins, mas nunca dormimos uma noite sequer magoados um com o outro, sempre encontrávamos um jeito de resolvermos as coisas, mesmo que isso significasse que brigaríamos mais um pouco até chegar à uma conclusão.

— Não quero saber! — falei raivosamente, desfazendo a técnica de transformação, que estava usando para conseguir algumas informações para Konoha.

— Sakura, para de ficar imaginando coisas. — Ele estendeu suas mãos para mim, também voltando à sua aparência original. Comecei a andar em direção ao banheiro, tentando encerrar o assunto, mas ele me seguiu até lá. — Eu amo você, para de besteira! — Me virei em direção à porta, vendo-o parado com o rosto confuso para mim.

— Não sei por que você tem que ficar se jogando para cima daquela mulher. — Coloquei a mão na porta, mas ao tentar fechá-la, ele a segurou.

— Eu não estava me jogando para ninguém, só estava fazendo meu trabalho.

 — Ótimo! Se ficar se insinuando para qualquer uma é o seu trabalho agora, vou começar a fazer isso também. — Forcei a porta, sentindo minhas veias queimarem de raiva.

Entendia que precisávamos de informações sobre essa família que estávamos investigando para Konoha, mas isso não queria dizer que ele tinha que se oferecer para levar a filha enjoada do casal para fazer um passeio durante a noite. Arranquei minha roupa do corpo com raiva, tentando suprimir os barulhos de batidas na porta que ele dava. A única coisa que pensava era que, se ele fizesse isso comigo, não o perdoaria nunca. 

 Entrei embaixo do chuveiro, tentando esfriar minha cabeça, já imaginando como seria o jantar que teríamos nessa noite. Ao sair do banheiro, ele estava sentado na cama, cabisbaixo, mas não dei importância para isso e comecei a me trocar, sem tirar a toalha, para que ele não visse meu corpo nu — era irônico o fato de isso fazer tamanha diferença mesmo sabendo que ele conhecia cada detalhe de meu corpo. Cansado do silêncio, ele acabou se levantando e indo tomar banho também.

 A garota mimada tinha a minha idade, era bonita e ficava o tempo inteiro passando olhadinhas para ele. Sabia que quando saíamos do quarto de hotel nos disfarçávamos, mas ainda assim ele era o meu homem, e não gostava da ideia de outra mulher ficar olhando para ele o tempo inteiro, muito menos da hipótese de ele a levar para passear.

Fomos caminhando para o restaurante calados, ele me olhava de canto às vezes, mas eu apenas ignorava suas investidas. Quando chegamos, ele ignorou completamente os cumprimentos de todos que estavam à mesa e logo se sentou. Ficou o tempo todo com a cara emburrada, enquanto eu tentava segurar a onda de tudo aquilo.

Por fim, ele acabou dizendo que não estava se sentindo bem e que não poderia levar a garota para fazer a tal caminhada. E apesar de ele ter feito isso, ainda estava me sentindo muito chateada com ele. Fomos embora para o hotel no mesmo silêncio de quando saímos e isso já estava começando a me incomodar, pois a vontade que eu tinha era de gritar com ele.

Depois de tomar banho, escovar os dentes e vestir minha roupa de dormir, deitei ao lado de Itachi, que insistira em deixar a luz do quarto acesa só para chamar minha atenção. Tentando não dar motivos para que ele pensasse que eu tinha o perdoado, virei de lado e comecei a tentar dormir. Senti sua mão escorregando sorrateiramente por debaixo do lençol, para me abraçar e logo falei:

— Sai Itachi! Não quero você perto de mim. Por que não vai atrás daquela garota? Abraça ela! — Os olhos dele se arregalaram, mas logo sua face tomou uma expressão séria, e antes que eu virasse meu rosto de volta para o lado oposto do dele, Itachi segurou meu braço com um pouco de força.

— Estou com você, porque é você que eu quero. Se eu quisesse uma vadia qualquer, nem tinha ficado com você. — Engoli em seco suas palavras, mas elas ainda não eram o suficiente para me fazer sentir segura, estava com a mente atordoada por ver aquela garota tentando agarrá-lo por mais de três semanas, já não via a hora daquela missão acabar.

Tentei me virar, mas ele me puxou, fazendo com que eu ficasse de barriga para cima na cama. Ele passou suas pernas entre as minhas, prendendo na cama meu outro braço também, e ficou em cima de mim, com o rosto praticamente colado no meu. Olhei para o lado, tentando escapar de suas investidas, mas ele não se importou muito e começou a dar pequenos beijos em meu queixo, bochecha e pescoço.

— Que ciumentinha! — Fiquei furiosa com seu sussurro, e ao olhá-lo vi que ele tinha um sorriso sapeca nos lábios. Queria muito me conter, mas gostava tanto de vê-lo daquele jeito que tive que virar novamente meu rosto para que ele não visse o quanto eu estava me esforçando para não rir. Itachi acompanhou o movimento da minha cabeça, soltando uma gargalhada gostosa em seguida.

 — Para com isso! — Minha voz dengosa só dava ainda mais ênfase ao fato de eu estar gostando daquela situação.

Ele soltou minha mão direita, segurando minha bochecha com os dedos, fazendo com que se formasse um biquinho em meus lábios por conta disso. Virou meu rosto de volta para cima, para encará-lo, e começou a depositar beijos em minha boca.

Com ele agindo dessa maneira era difícil ficar chateada por muito tempo então, depois de alguns segundos me provocando, acabei por abraçá-lo. Ele me olhou nos olhos com intensidade, antes de passar a mão pela extensão de minha coxa, enquanto me dava um beijo mais profundo.

Por mais que poucos minutos atrás eu estivesse nervosa com ele, não conseguia me imaginar longe de seus braços mais. Acabei por me entregar mais uma vez, sentindo seu corpo desnudo colado ao meu, até estarmos envoltos em um orgasmo profundo. Viver ao lado dele era tão fácil quanto comer brigadeiros...

Itachi se mexeu um pouco em meu colo, cortando minha linha de raciocínio. Ele colocou mais um pedaço de fruta em minha boca e me reclinei em sua direção, o beijando. Olhei-o com um pequeno sorriso em seguida, enquanto ele puxava para seu colo um livro medicinal que eu insisti que ele lesse. Era sobre pequenos jutsus de sobrevivência; às vezes saíamos em missões separados um do outro, assim poderia me certificar que ele ficaria bem.

Me recostei novamente no tronco da árvore, olhando agora para o reflexo luminoso do lago, que estava a alguns metros à nossa frente. Isso me fez lembrar que alguns meses após irmos naquela missão, em que brigamos por ciúmes meu, fomos convocados a ir para a guerra. Sequer acreditamos no que lemos na carta de Tsunade e logo bolamos um plano para nos infiltrar sem provocar alardes.

A primeira ação, antes de nos infiltramos de fato, pedida por Tsunade foi para que localizassem os membros da Akatsuki. Durante esse processo, inevitavelmente Itachi e eu tivemos que nos separar pra trabalharmos mais rápido. Enquanto fazia minhas buscas, fui parar em Suna, onde Sasori viveu por muito tempo, e acabei ajudando com a recuperação de Kankuro. Depois de saber que eu estava em busca de Sasori, Chiyo, a vó dele, resolveu entrar nessa busca comigo.

Não demorou para que encontrássemos Sasori, porém não tivemos um encontro amigável: de alguma forma, ele soube que Ino e eu estivemos aquele tempo tod infiltradas na instalação e guardou bastante rancor de nós. Com ajuda da avó dele, ele foi derrotado.

A vontade que tive depois disso foi de me juntar aos meus amigos, em principal por saber sobre o perigo que Gaara corria, no entanto eu precisava cumprir minhas ordens. Também encontrei Asami durante minhas buscas e, ao conversar com ela, percebi a conformidade em sua fala, como se já soubesse o fim que Kisame teria e como se já tivesse se planejado para isso havia muito. Foi difícil deixá-la depois de nossa conversa, mas não tinha muito mais que eu pudesse fazer por ela. Depois de confirmar a morte de vários membros da Akatsuki, Itachi e eu nos encontramos para passar o relatório do que vimos e fizemos para Tsunade e esperar uma resposta dela, nos explicando como nos infiltraríamos na Guerra.

Já sabendo dos planos inimigos, ficou decidido que Itachi se infiltraria como um reencarnado, ao menos de primeira instância — o que de fato o abalou depois de um tempo, por ter precisado lutar lado a lado com membros reencarnados da Akatsuki que, por muitos anos, foram seus companheiros. No entanto, Itachi levou sua missão até o limite obscurecendo seu coração para as emoções momentâneas.

Como todos pensavam que eu estava em uma missão, pude ir à guerra como eu mesma. Já havia bastante tempo que não atuava assim, de cara limpa para todos. Foi complicado para mim rever meus amigos naquela situação caótica, mas estava feliz só por poder estar ao lado deles e poder contribuir de forma efetiva.

A princípio Itachi ficou receoso quanto a termos que ficar separados um do outro naquela confusão. Eu tinha certeza de que ele ficaria bem, não só pela sua experiência em batalhas, mas também por conhecer sua força física, que em minha opinião, não era superada por ninguém. No fim das contas ele acabou ficando extremamente orgulhoso por ter tido oportunidade de influenciar Sasuke, durante sua luta com Kabuto. 

E eu fiquei desconcertada ao receber a carta de um dos combatentes das Forças Aliadas Shinobi. Ela continha uma declaração de amor, mas achei melhor ser sincera com o pobre moribundo e dizer que meu coração já pertencia a alguém. Claro que isso acabou chegando aos ouvidos de Itachi, não sabia como, e ele veio atrás de mim, antes de assumir uma posição em combate com um jutsu de transformação, para que ninguém o reconhecesse.

No fim das contas, seus ciúmes para comigo sempre fora grande e não me surpreendi muito ao vê-lo em minha barraca, no acampamento hospitalar. Mas para meu total desgosto, não tivemos muito tempo para ficarmos juntos, apenas o suficiente para esclarecer tudo a ele, e dar-lhe alguns beijinhos; tinham muitos feridos no hospital e eu precisava dar o meu melhor. Nunca havia visto em minha vida tanta crueldade em um só lugar, vivenciar uma guerra foi aterrorizante.

Depois de me ver, brevemente, ele foi para o campo de batalha principal, e eu fui semanas após ele. Ver Sasuke foi um choque para mim e fiquei extremamente feliz por saber que ele lutaria ao nosso lado. Ele estava bastante diferente, mas no fundo não pareceu ter mudado muito. Foi difícil ver meus amigos sofrendo, enquanto o que eu podia fazer nunca parecia ser o suficiente.

 A exaustão era uma das coisas que tinha que tentar ignorar a todo custo, todos estavam dando tudo de si e eu não ficaria para trás. Sabia que Itachi gostaria de estar lutando na linha de frente, juntamente com seu irmão, sabia também que, se ele tivesse feito isso, as coisas poderiam ter sido mais fáceis, mas Tsunade insistira que não deveríamos sair do disfarce por hipótese alguma.

 Em vários momentos tive vontade de gritar para todos a verdade, trazendo assim à tona o fato de Itachi estar vivo, principalmente quando as coisas ficavam mais complicadas. Mas me mantive firme, e depois de muita luta, conseguimos. Voltar para a minha realidade depois daquilo tudo foi um pouco difícil para mim.

Amava meu marido mais do que tudo em minha vida, mas estar ao lado de meus amigos outra vez foi muito importante para mim. As pessoas que sempre me apoiaram e cuidaram de mim quando precisava, pessoas que tinham um carinho especial por mim... Mas sabia que não conseguiria ficar longe de Itachi por muito tempo, e tornei a seguir meu caminho...

Olhei para o livro que ele lia, sentindo um imenso alívio por ter feito todas as escolhas que fiz no passado, pois todas elas me levaram para junto dele. Saber que nada foi em vão era ainda melhor, pois hoje estava feliz como sabia que nunca poderia ser ao lado de outra pessoa. Ele se tornou meu amigo, meu companheiro, meu amante.

— Sakura?

  — Humm? — respondi assustada ao vê-lo quebrar o silêncio com seu timbre tão sério. Ele inclinou um pouco a cabeça para que conseguisse me olhar, soltando um enorme sorriso em seguida.

 — O que esse moleque está fazendo sem roupa? — Olhei para esquerda, vendo o garotinho de um ano e meio que pulava, tentando alcançar um besouro azul. Soltei uma gargalhada ao ver sua bermuda e cueca jogadas no chão, emboladas em meio às folhas secas. Por conta do calor, não havíamos colocado blusa nele para que ele brincasse com maior liberdade.

— O que eu posso fazer? Puxou o pai! — Ele largou o livro, segurou meus braços e em um só movimento me puxou. Senti um arrepio em meu corpo, com medo do que ele tinha feito, mas logo abri um outro sorriso ao parar deitada em cima dele.

— Então quer dizer que a culpa é minha? — Ele estava com os olhos apertadinhos, como se estivesse tentando provocar uma reação tão sapeca quanto a sua em mim, e estava conseguindo. Balancei a cabeça, afirmando positivamente seu questionamento, e ele me beijou. 

 — O que foi? — perguntei para Satoru, que assim como seu nome, era realmente uma criança iluminada.

Ele se deitou ao nosso lado, abraçando a nós dois, quando nos viu deitados, provavelmente pensando ser uma brincadeira, já que estava morrendo de rir. Inclinei meu corpo em direção a ele, depositando vários beijinhos em sua bochecha. Itachi observava tudo com os olhos brilhando, sabia que ele amava quando estávamos reunidos. De repente Satoru fez uma carinha feia, e parei de dar os beijinhos nele, tentando entender o que tinha acontecido.

— O que foi? — questionei novamente.

— Xixi. — Joguei meu rosto de encontro ao peito de Itachi, respirando fundo. De tantos nomes que ele poderia ter aprendido, essa tinha sido sua primeira palavra e desde então quase entrava em choque ao ouvi-la.

 — Eu levo. — Itachi deu um beijo no alto da minha cabeça, e escorreguei para o chão, me sentindo aliviada por poder continuar a aproveitar meu descanso mais um pouquinho.

 Satoru levantou os bracinhos, e revirei meus olhos ao ver seu suvaquinho cheio de tirinhas pretas; estava mesmo era precisando de um banho. Mal tínhamos ficado meia hora do lado de fora de casa e ele já estava pelado, todo sujo e sequer tinha comido alguma coisa. Mas não poderia me queixar, ele era um garoto esperto e muito meigo, assim como o pai.

Logo depois de terminarmos a construção da nossa casa, que não demorou muito para ficar pronta, fiz um exame completo em Itachi. Era o correto a se fazer, por conta de tudo o que ele havia passado e pelo fato de ele ter passado anos a fio sem realizar um check up. Não tive coragem de falar para ele, mas naquele dia confirmei que nunca poderíamos ter um filho. Ele ficou estéril, provavelmente por conta de uma forte pancada que recebeu, que acabou prejudicando a passagem do sêmen para fora.

Costumava dizer que Satoru era o nosso milagre, e Itachi sempre me respondia dizendo: — Vocês são os meus milagres.

Pouco menos de um ano após a guerra, comecei a estranhar o fato de minha menstruação estar atrasada, mas acabei não me preocupando muito com isso; estávamos em uma missão importante para Konoha, investigando todos os documentos deixados para trás pela Akatsuki e pensei que a situação poderia ser devido ao estresse. 

Depois vieram os enjoos e não tive como ignorar isso. Fiz um pequeno teste e fiquei extremamente emocionada ao ver o resultado. Não sabia como contaria isso para Itachi e fiquei pensando sobre isso durante quase que um dia inteiro, mas não conseguia fazer nada melhor além de que simplesmente dizer: — Você vai ser pai. Estou esperando um filho seu. 

Ele ficou tão feliz, que ainda hoje conseguia ver essa felicidade refletida em seus olhares. Sabia que existiam raros casos em que uma pessoa estéril conseguia ter um filho, mas nunca imaginava que nos enquadraríamos em tal estatística. Quando estava perto de ganhar, mandamos uma mensagem para Tsunade e Ino, mas elas acabaram chegando tarde demais e, quando entraram no quarto, Itachi já estava com Satoru em seus braços.

Elas apenas cortaram o umbigo umbilical e quase brigaram com Itachi para pegarem Satoru para poder lavá-lo. Depois de cerca de três meses, voltei a trabalhar, mas agora as coisas eram um pouco mais complicadas. Ou eu levava meu pequeno comigo, ou deixava com Itachi, caso ele estivesse em casa. Por sorte éramos a frente de investigação, e nem sempre éramos convocados para algo.

 Quando ele estava com seis meses conheceu os avós, claro que tive que mentir para eles, dizendo que havia o adotado após sua mãe verdadeira ter morrido durante o parto. Mas ainda acreditava fortemente na possibilidade de dona Mebuki não ter acreditado muito na história, já que sempre insistia, inclusive em suas cartas, afirmar o quanto o garoto parecia comigo quando eu era pequena.

Ao meu ver, ele se parecia muito mais com Itachi, em todos os aspectos físicos; cabelo, olhos, nariz, boca, orelhas... Só me restava esperar que ele puxasse ao menos algo de mim ao crescer. Meu pai, pra frente como sempre, já começou a ensinar Satoru a chamá-lo de vovô, mas minha mãe não queria ser chamada de vovó, dizendo que titia já estava de bom tamanho. Se dizia nova demais para ser chamada desse jeito.

Itachi continuou a vigiar seu irmão bem de perto, o carinho que ele sentia pelo Sasuke era algo indescritível. E ao fazer isso sempre acabava olhando meus pais também, ele falava que sentia conhecê-los, mesmo que isso não fosse verdade. Numa dessas, ele chegou em casa eufórico e desconcertado, ao mesmo tempo que estava feliz, parecia muito confuso também. 

— O que foi, Itachi? — perguntei baixinho, para não acordar Satoru, que tinha acabado de dormir.

— Sasuke tem uma namorada. — Franzi a testa, achando que ele estava aflito demais por conta dessa notícia, aliás, o irmão dele já era um adulto.

— Eeee?

 — Eeee... que é a Ino! — Arregalei meus olhos, entendo o porquê de seu receio.

Itachi vivia dizendo que gostava muito da Ino, mas que ela ficava com todos os caras que achasse bonitinho, eu tentava abrandar seus pensamentos sempre, dando como desculpa o fato de ela ser jovem, bonita e solteira. E como em todas as vezes, durante nosso convívio, consegui acalmá-lo novamente. Ninguém sabia como eu o quanto Ino sempre amou o irmão dele e tinha certeza de que ela ia fazê-lo feliz, e estava torcendo para que ele também a fizesse completa, assim como eu era... 

Meneei minha cabeça, afastando esse mundo de memórias de mim ao ver Itachi acenando com a mão para mim. Ele estava em frente à porta de nossa casa e Satoru estava agarrado em suas pernas, já com uma outra roupa. Havia ficado tanto tempo ali, sentada, que sequer percebi o quanto eles estavam demorando para voltar.

Me levantei, pegando o livro que Itachi estava lendo do chão, arrumei o cesto de frutas e recolhi a roupa do arteiro, que estava jogada ao vento. Ao cruzar o lago já podia ver vagalumes começando a tomar seus postos, como faziam todas as noites. Entrei dentro de casa, indo em direção ao quarto do nosso bebê, de onde vinham pequenos gritinhos.

Ele e Itachi estavam deitados na cama e me ajeitei nela também, apertando-os um pouco mais para o canto. Satoru estava explicando para nós um pouco sobre seu desenho, que, na verdade, era um monte de rabiscos circulares feitos com giz de cera em um pequeno caderno. Era um pouco difícil ainda entender o que ele falava, mas não precisava de muito para saber que ele estava tentando retratar nossa família. 

Olhei para Itachi, que passou a mão por cima do corpinho magro de nosso filho e a estendeu até minhas costas. Ele fazia um movimento calmo de vai e vem enquanto prestava total atenção no que ouvia. Abri um pequeno sorriso em meus lábios, satisfeita por ter uma vida tão incrível como essa. Apesar de tudo o que passamos, sentia que nosso amor crescia a cada dia mais e nada nunca poderia nos separar, porque o amor vence tudo.


Notas Finais


É isso aí genteeee!!!

Espero que tenham gostado!
Bjs!

Siga-me no Insta: @karimyrevisa


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