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História Corações divididos - Sakura e Itachi (Itasaku) - O mal da garganta


Escrita por: Karimy

Notas do Autor


Oi pessoas!!! Tudo certo???

Quero agradecer a vocês por estarem acompanhando, comentando, mandando mensagens e favoritando a história! É maravilhoso contar com todos. Gente... é tanto comentário incrível que eu me pego rindo sozinha, que nem uma boba!
Muito obrigada por alavancarem meus dias!

Eeeeee chega de moleza né povo, que eu sei que vocês estão doidos pra ler um pouquinho!!!

Bjnn

Capítulo 9 - O mal da garganta


Revirei os olhos, impaciente, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, me impressionei ao ver Deidara se pondo à minha frente. A princípio não entendi muito bem o porquê, estava assimilando as coisas de forma mais lenta que o normal por causa da ressaca.

— Eu não sei como foi que vocês se conheceram, mas deixa ela em paz e vai cuidar da sua vida, Kin — disse ele, e fiquei boquiaberta. Eu não precisava de ninguém para me defender, mas, naquelas circunstâncias, até preferia que ele intercedesse.

— Sai fora, Deidara, não se mete onde não é chamado.

 — Não se mete você, sua esquisita! — disse Ino, alimentando o alvoroço enquanto entrelaçou seu braço no meu. — Vamos embora, deixa essa tonta falando sozinha. — Ino começou a me puxar, e ao olhar para trás vi Deidara rindo com deboche para a mulher que me olhava com ódio e um biquinho na boca.

No fundo, me senti orgulhosa por ver os dois se posicionarem a meu favor: a verdade era que não queria me impor para não deixar a situação entre mim e Kin ainda pior, em principal porque me senti um pouco culpada depois de descobrir que tinha beijado o namorado dela.

Pensei comigo mesma sobre o renegado: Deidara nem precisava ter feito aquilo, já que nos conhecíamos havia tão pouco tempo, mas mesmo assim ele se pôs à minha frente, como um escudo protetor. Isso me deixou intrigada. Era muito fácil julgar o mal quando se via tudo do lado externo, no entanto, quando estávamos envolvidos com a situação, percebíamos que o bem e o mal não eram tão simples assim. Eles não habitavam separadamente nas pessoas. Em vez disso, havia um pouco dos dois em cada um de nós. Suspirei, chateada por meus pensamentos terem me levado na direção de Sasuke e Itachi: Sasuke havia se transformado em uma pessoa que muitos julgariam má agora, mas eu conhecia a natureza dele e sabia que havia muito mais na história do que apenas um garoto revoltado que renegara sua Aldeia. O mesmo se aplicaria a Itachi? Seria ele bom de alguma forma?

Não saberia responder, mas sabia que em algum momento ele devia ter sido bom.

 — Gente, o que vamos fazer hoje? — perguntei, tentando afastar tudo aquilo da minha mente.

Os dois se entreolharam, rindo.

— Se eu fosse você, daria um jeito de tomar um chá para ver se sua voz melhora.

 — Você está muito rouca! — completou Deidara.

 — O que você fez para ficar assim, testuda?

 — Eu não fiz nada!

 Eu até queria dizer para ela que passei mal, mas desisti ao ver, como em um filme em minha mente, a lembrança de Itachi afagando minhas costas e segurando meus cabelos enquanto eu vomitava. Queria abrir a boca até o canto e contar tudo o que já havia acontecido para minha amiga, mas não podia correr o risco de comprometer a missão, muito menos de ver uma Ino furiosa comigo.

 — Bom.. o Sasori, ontem, me mostrou uma prateleira cheia de livros medicinais naquele quarto ao lado da sala médica. Se você quiser, a gente pode ir estudar um pouco. — As bochechas da minha amiga ficaram vermelhas ao falar o nome do mestre de marionetes.

— Itachi trouxe esses livros para cá junto com Kisame, um dia antes de vocês virem trabalhar com a gente — disse Deidara, a sobrancelha direita arqueada. Havia uma pitada de deboche no rosto dele, misturada a outra expressão que não soube identificar.

 Mas por que o Uchiha se preocuparia em trazer livros medicinais para o esconderijo? Cada vez que alguém abria a boca para falar algo sobre ele, me sentia mais confusa e sobrecarregada. Me recordei do desejo que tive ao ver Itachi sem camisa e engoli em seco, sentindo a saliva arranhar minha garganta.

 — Primeiro eu queria dar uma olhada em você — disse para Deidara, que parecia querer ler minha mente, mas assentiu, fitando o chão em seguida.

 — Se você quiser, também posso ver como está sua garganta — disse Ino, orgulhosa.

 — Tudo bem. Espero ficar melhor logo, é horrível essa irritação, tomara que não inflame. — Minha amiga assentiu sorrindo, e fiquei um pouco pensativa antes de chegar onde eu realmente queria. — A Kin sempre fica aqui? — perguntei para Deidara enquanto caminhávamos para a sala médica.

 — Hum... — pensou por um momento, mas logo continuou. — Sim... Mesmo o Itachi mandando ela ir embora, a idiota insiste em ficar aqui. Ele já ficou com outras mulheres na frente dela, porém ela sempre finge que não vê.

 — Nossa... ele é mesmo um sem noção — falou Ino, os olhos arregalados.

 — É, e eles nem estão juntos há tanto tempo assim. — Ele deu de ombros.

Alcançamos a sala médica em silêncio. Eu tentei afastar todo e qualquer pensamento de minha mente. Me conhecia bem o bastante para dizer que eu acabaria pensando de novo no quanto me sentia mal por ter deixado Itachi me beijar agora que sabia que ele tinha um compromisso com outra pessoa. Sabia também que pensaria nas reações que ele causava em meu corpo.

 — Me deixe ver como anda sua recuperação — disse, ajeitando o travesseiro da maca para que Deidara pudesse se deitar.

 Ele ficou vermelho ao me ver levantando sua blusa. Era bem diferente de Itachi, que parecia ser um tarado nato. Saber que ele ficava com várias mulheres sempre era até estranho, ele aparentava ser bem sério. Mas as aparências enganam, e eu não poderia me deixar levar por ele e me tornar apenas mais uma em sua vida. Suspirei. Era quase inevitável trazê-lo à tona em meus pensamentos.

 Examinei Deidara com cautela e ele pareceu apreciar isso, Ino estava perto de nós e sempre me dava um daqueles seus olhares pervertidos. Ela definitivamente não fazia o tipo de garota santa e quieta, estava mais para ser comparada a um furacão, que onde passava levava tudo. Não era para menos, ela era uma garota bonita, extrovertida e inteligente que apreciava sua liberdade. Às vezes, queria ser tão impetuosa quanto ela no que dizia respeito aos relacionamentos.

 Não saberia dizer o que o Uchiha viu em mim que, diferente da minha amiga, era quieta, séria e gostava de ficar um pouco mais afastada de outras pessoas — em principal de desconhecidos. Talvez fosse exatamente por isso, refleti. Provavelmente ele pensava que iria conseguir me mudar de alguma forma. Deveria me enxergar como um desafio pessoal. Pelo que tudo indicava, ele era o tipo de cara que nunca recebeu um não como resposta e devia estar perturbado por eu tê-lo rejeitado.

 Só não sabia até quando conseguiria me manter firme nessa situação. Aliás, nem sabia bem se tinha conseguido demonstrar firmeza quanto à minha rejeição, já que ele parecia não se importar com nada que eu dizia ou fazia. Talvez se fosse a Ino no meu lugar, as coisas fossem  diferentes: a ousadia dos dois eram parecidas e bateriam de frente causando faíscas de ódio por onde estivessem.

 — Parabéns! Sua melhora foi significativa, mas ainda tem que pegar leve nos treinos — disse com um sorriso, entregando uma lanterninha nas mãos de Ino, para que ela desse uma olhadinha na minha boca.

 — Sério? Que bom. Então eu vou aproveitar que estou sem fazer nada para treinar um pouco. Mas com cuidado, pode deixar. — Ele estava radiante e elétrico, enquanto eu ainda me sentia um caco por causa da ressaca. — Se vocês se cansarem de ler, depois vão lá fora treinar um pouco comigo. — Ele corou me fazendo achar graça de sua vergonha.

 Imaginei se seria assim que as outras pessoas ficavam quando me viam vermelha. Itachi com certeza era um que adorava me ver desse jeito... ele era mesmo um canalha.

 Abri a boca para Ino enquanto o renegado deixava a sala. Ela fez uma pequena careta ao olhar minha garganta, mas eu ainda tinha esperanças de que não estivesse tão mau quanto parecia. Apesar de ser médica, não era do tipo que gostava de tomar medicamentos. Ela espirrou um dilatador para olhar melhor e colocou a lanterna direcionada para dentro.

 — Nossa, Sakura, isso está mal!

 — Sério? — falei com dificuldade, sentindo o dedo dela na minha boca.

 — Sério. É melhor a gente ver se tem algum remédio por aqui.

Eu encolhi meus ombros chateada por ouvir aquilo, e logo comecei a olhar os armários com ela em busca de algo que pudesse ajudar. Tinham muitos remédios lá dentro, uns bem caros inclusive. Konan falou que Kisame e Itachi iam cuidar de questões financeiras, mas nem poderia imaginar como eles fariam isso. Com certeza não iam dar uma de construtor por aí! Só esperava que não estivessem fazendo trabalho sujo.

 Talvez esse pensamento fosse ingenuidade minha. Afinal, eles eram criminosos. Todos eles.

 — É, não tem nenhum anti-inflamatório para sua garganta — disse Ino, segurando dois frascos nas mãos.

 — Deixa para lá então. Depois eu vou lá fora ver se encontro alguma erva e faço um remédio caseiro. — A verdade era que eu estava curiosa para ver a sala de livros que Ino e Deidara falaram.

 Sabia que era um pouco focada demais nos estudos e já deixei de aproveitar muita coisa por causa disso, mas não me arrependia nenhum pouco. Agora podia dizer, com orgulho de mim mesma, que me superava a cada dia que passava. Ir para festas e encontros era algo legal, mas não tão legal a ponto de te garantir um bom futuro.

 Entramos na sala ao lado enquanto eu dava uma tossida seca e pigarreava, tentando arrancar o incômodo. Fiquei encantada com a quantidade de livros que vi e, por incrível que pudesse parecer, a cada dez que olhava, nove eram sobre circulação sanguínea e osteologia. Justo os assuntos nos quais eu estava me aprofundando nesses últimos dois meses.

 Ino, parecendo desinteressada, pegou o primeiro livro que viu e se jogou na mesinha posicionada no centro da sala. Eu fiquei olhando livro por livro, eufórica, calculando mentalmente quanto tempo eu levaria para ler todos eles. Tirei da prateleira um livro velho que não dava para ler o que estava escrito em sua lateral.

 Para minha imensa alegria, tratava-se de uma obra escrita por um dos primeiros médicos ninjas da história de Konohagakure. Me pus, apressadamente, a devorar o livro página por página. A leitura era fascinante e mesmo sendo velha ainda se enquadrava nos parâmetros atuais de medicina. Me perguntei por um instante onde Kisame e Itachi deveriam ter encontrado aquela raridade, mas, honestamente, não me importava.

 O tempo passou rápido e não almocei, sabia que isso não era o correto a se fazer, mas minha garganta estava fechada. Era melhor que eu aprendesse a beber ou não bebesse nunca mais, porque não gostaria de ter que passar por aquilo de novo. Não ter ido para a cozinha também foi bom, pois não precisaria olhar para a cara de sonsa da Kin. Mas Ino me disse que eles não a viram, provavelmente deveria ter saído para algum lugar.

 Já passavam das três horas da tarde quando resolvi, enfim, me levantar da cadeira. Estiquei meu corpo, para afastar a tensão de ter ficado sentada por tanto tempo, e segui para a cozinha, rezando para encontrar alguma coisa fácil de engolir. Comecei a comer um mamão que estava na fruteira e fiquei com o olhar um pouco perdido, vendo a cadeira que Itachi costumava se sentar sempre.

 Bufei, me lembrando de ter visto Kin se sentar do lado dele. Não sabia por que, mas esse cara já estava me tirando do sério e só estávamos trabalhando juntos havia poucos dias. Esperava nunca ter que completar nenhuma missão ao lado dele. Fechei os meus olhos, sentindo a polpa da fruta quase rasgando, pedindo passagem para ser engolida.

 Sem querer, veio em minha mente a lembrança de seus lábios quentes nos meus, sua língua se enroscando na minha, e seus olhos... que pareciam adentrar minha alma com intensidade significativa quando se encontrava com os meus. Meneei a cabeça e ao abrir os olhos me assustei ao ver Ino parada na minha frente.

 — Está viajando, testuda! — A garota soltou uma risada exagerada, e depois de um segundo eu a imitei sem graça.

 — Minha garganta está horrível, vou lá fora ver se acho algo que possa usar para aliviar essa rouquidão. — Tentei disfarçar, mas sabia que estava corada.

 — É melhor fazer isso mesmo. Eu vou lá fora ver o que Deidara está aprontando... É, amiga, ele está caidinho por você.

 — Para de ser boba, Ino porca! Nem todo mundo é pervertido como você.

Ela revirou os olhos.

 Fui para o lado de fora e adentrei a pequena mata, levantando minhas pernas bem alto para evitar o contato com as plantas que ali estavam. Procurei avidamente por qualquer erva que pudesse me ajudar, mas estava difícil, só conseguia ver mato e árvores. Fui para um canto mais rasteiro e, para minha satisfação, achei um pé de alcaçuz.

 Comecei a colher a raiz da planta, que possui um efeito anti-inflamatório e ajudaria a reduzir o inchaço e a irritação. Puxei-a da terra e a coloquei no chão para começar a retirar a parte que me interessava, mas antes que pudesse fazer isso, apareceram dois pés na minha frente. Minha respiração ficou mais pesada, eu sabia bem quem era o dono deles.

 Levantei-me devagar e, quando o encarei, meu corpo tremeu com seu olhar penetrante, o olhar no qual eu estava pensando minutos atrás... Limpei minhas mãos na saia que vestia, enquanto ele olhava para baixo, analisando a planta que eu havia desencravado do chão.

 — Para que isso? — perguntou ele, e eu suspirei fundo, não valia a pena falar com ele. Kin havia saído e não poderia arriscar ser vista ao lado dele e iniciar uma catástrofe. Quando ia me abaixar novamente, ignorando-o, senti sua mão me puxar com força, e acabei por pisar nas folhas do alcaçuz ao dar dois passos na direção dele. — Não ouviu minha pergunta? — Sua arrogância, misturada com a nossa proximidade, fez meu corpo tremular por inteiro.

 Meu rosto se encheu de confusão. Era muito difícil decifrá-lo quando ele sempre agia de formas diferentes. Tentei raciocinar para não ser tão rude quanto ele merecia. Queria que aquela missão desse certo e, mais do que isso, queria que ele deixasse o interesse de lado e se afastasse de mim. Esperava que a indiferença desse certo.

 — É para minha garganta.

— Está mesmo precisando — disse ele, o tom mais brando, o rosto sarcástico. — Mas tenho que dizer: você fica mais sexy ainda com a voz assim.

— Cala a boca. — Bufei. — Você tem namorada, devia dizer essas asneiras pra ela. — Abaixei-me, o coração martelando no peito tanto pela irritação quanto pela eletricidade que pareceu envolver meu corpo por causa da presença dele.

Antes que eu pudesse alcançar a planta que jazia no chão, Itachi me segurou pelo braço outra vez. Eu poderia tê-lo detido com facilidade, mas o tremor de seu toque me fez prender a respiração e me erguer.

— Seu desgraçado. — Minha voz falhou, mas tentei manter meu orgulho sustentando seu olhar.

Irritada, puxei meu braço com força, a testa vincada ao observar que havia uma expressão nítida de desejo nos olhos dele.

— Me deixe em paz, Itachi. Não sei o que você está fazendo e, sinceramente, não quero saber. Só não quero você por perto. É tão difícil entender.

— Você fala isso, mas seu corpo diz outra coisa.

Corei.

— Como pode saber o que meu corpo diz. Não seja mais babaca!

— Babaca? Tem certeza de que isso não se aplica a você também? Eu senti seus pelos se arrepiarem ao te tocar. Ouvi você prender a respiração e percebi a forma como mordeu os lábios ao me ver. Eu pelo menos tenho coragem de admitir o que sinto... Que adianta ficar reprimindo o desejo desse jeito? Ainda mais comigo tão disposto a dar o que você quer.

 Balbuciei como uma tonta, chocada com a agressividade de suas palavras. O que mais me deixou aturdida, no entanto, foi perceber que ele era observador a ponto de compreender tudo aquilo que eu tentava esconder. Estava decepcionada comigo mesma por ser tão inocente e me sentindo ultrajada pelo jeito escroto dele.

Meu coração, acelerado por causa da confusão que me inundava, batia forte em meus tímpanos.  Sabe a sensação de ter sido pega em uma mentira, de ter sido desmascarada? Era isso que sentia. E o pior de tudo era que eu não queria ceder, não queria admitir nada do que ele havia dito, meu orgulho não permitiria.

Enraivecida, senti meus olhos arderem enquanto encarava sua face e estava prestes a protestar quando percebi que mudou de expressão: parecia culpado e agoniado. Lançou os olhos para o lado e franziu a testa. O que havia de errado com aquele cara?

Estava prestes a voltar ao que eu fazia para sair logo dali quando ele me puxou de novo, de uma forma diferente agora, e talvez tenha sido por isso que a reação desapareceu e eu me deixei ser levada de encontro ao seu peito enquanto seus braços se apertavam ao meu redor.

Não soube o que fazer, só sabia que, em meu peito, meu coração arrancava com ainda mais ímpeto. Sua pele quente e seu perfume amadeirado me mantiveram ali por algum tempo ao passo que minha respiração saía de controle. Eu o odiava e o queria ao mesmo tempo. Queria a sensação de seus braços fortes me envolvendo, queria o calor de sua respiração em meu pescoço, mas também queria que tudo aquilo acabasse.

Mantive minhas mãos paralisadas ao lado de meu corpo e comecei a sentir meus batimentos cardíacos diminuírem aos poucos. Afinal, o que tinha de errado comigo também? Ele era uma inconstância, já sabia muito bem disso, e agora me sentia tão volátil quanto ele: permitindo que o desejo me dominasse quando tudo o que eu queria era fazê-lo desaparecer.

 Ele afrouxou suas mãos e a levou para meu rosto. Não havia aquela expressão presunçosa em sua face mais, porém eu sabia que ele podia ver com bastante nitidez todo caos que se instaurava em mim. Naquele momento, olhando em seus olhos tão de perto, quis dizer para que ele se afastasse, quis ser realmente firme, mas a única coisa que consegui fazer foi engolir em seco enquanto tentava reprimir as ondas de calor que subiam pelo meu corpo.

Me sentia ainda mais idiota por saber que estava em seus braços e que, ao invés de me mostrar forte na presença dele, eu estava sendo ainda mais fraca. Então a lembrança de Kin agarrando-o pelo pescoço veio à minha mente e arquejei com isso. Dei um passo para trás, mas ele me apertou em seus braços de novo, os lábios agora colados nos meus com uma delicadeza que não pareciam fazer parte dele e, sentindo-me culpada e ao mesmo tempo desesperada por aquele toque, meu corpo amoleceu e retribuí seu aperto de forma hesitante.

 Éramos insanos. Cada um à sua maneira.

Ele respirou fundo, aproximando ainda mais nossos corpos, era como se ele necessitasse daquele abraço, daquela proximidade. Como se estivesse desvairado pelo contato silencioso que tínhamos, pela sensação arrepiante do leve roçar de nossos lábios.

Não saberia dizer ao certo há quanto tempo já estávamos daquele jeito, mas eu não queria sair dali, mesmo sabendo da pessoa terrível que Itachi era. De uma forma estranha, percebi que talvez eu precisasse daquele contato tanto quanto ele.

 Depois de um longo momento com os lábios colados nos meus, ele se afastou com suavidade e descansou o queixo em meu ombro. Com a respiração ainda mais acelerada, fechei meus olhos sentindo uma das mãos dele passear em minhas costas em um lento vai e vem de cima para baixo, enquanto a outra segurava firme minha cintura. Diferente do que eu esperaria dele, não havia concupiscência ou ganância naquele carinho, era como se fosse algo solidário e nobre. Um ato de pura carência.

Incerta, passei minha mão por seus cabelos longos, sentindo a maciez e o perfume que vinham dele... não que ele merecesse aquele afago, mas me sentia atraída a fazer aquilo. Me sentia impelida a ele e isso me corroía. 

Olhei seu rosto, mas ele apenas permitiu que nossos corpos se afastassem minimamente, como se desejasse que aquele momento não terminasse. Ele estava com seus olhos fechados e não havia arrogância nem orgulho em sua face. Soltei uma lufada de ar pela boca ao senti-lo descansando sua testa na minha e abrindo os olhos para me encarar com uma intensidade sem precedentes. Um fogo tenso e confuso pairava em suas íris.

 Estremeci novamente em seus braços, sentindo o contato de sua boca macia na minha, e minha mão esquerda começou a escorregar pela moleza que senti no meu corpo, mas ele segurou meu braço, o apoiando-o em seu ombro.

 O silêncio era tanto que consegui ouvir as batidas do meu coração, como se usasse um estetoscópio, quando a língua dele tocou meus lábios, pedindo passagem para entrar. Minha respiração voltou a ganhar ritmo, e por mais que eu soubesse que aquilo não estava certo, não queria interromper aquele momento.

 Apenas abri minha boca e me entreguei ao desejo que me consumia. E tudo nele era perfeito, a textura da sua língua parecia combinar exatamente com a minha, seu hálito quente causava arrepios por todo meu corpo, e o movimento que fazia era calmo e regular, como se ele estivesse seguindo um padrão.

 Meu corpo reclamou quando ele parou quando ele desfez o contato. Permaneci com meus olhos fechados por alguns segundos, ainda sentindo seu sabor na minha boca. Lambi o lábio inferior enquanto começava a descerrar minha vista vagarosamente, com um pouco de medo do que veria estampado no rosto dele.

Por algum motivo, eu já me preparava para ver aquela expressão sarcástica de novo. A vitória por ter provado que seu ponto estava certo quando disse que eu o desejava.

 Mas, para minha surpresa, ele me analisava com serenidade, quase sorrindo para mim. Isso fez com que eu me desse conta de que nunca trocamos sorrisos sinceros. Mas resolvi que não daria esse passo: ele já tinha material suficiente para me humilhar pelo resto da minha vida. Não poderia deixá-lo arrancar mais nada de mim.

 Quando tentei me recompor e me afastar, Itachi me abraçou de novo, com mais força agora, e eu dei um pulinho, prendendo minha respiração ao sentir ele apertando a minha bunda. Eu sabia que aquele momento tenro não duraria muito, mas ele conseguia passar dos limites e criar uma grande fúria dentro de mim, do tipo que eu nunca tinha experimentado antes.

 — Amanhã quero sentir você bem perto assim de novo. — Ele me soltou, e lá estava novamente aquele sorriso sarcástico.

 — Você... — murmurei, virando a cara com um bico de insatisfação e cruzando os braços. Mas ele, como sempre fazia, se virou e foi embora.

 Toquei meus lábios com a ponta dos dedos e devagar contornei meu rosto, tentando entender tudo o que tinha acabado de acontecer, tentando compreender a carência de seus atos e o meu comportamento tendencioso, mas então respirei fundo e decidi enterrar tudo aquilo para ser pensado em outro momento, talvez. Comecei a dar os primeiros passos, mas tive que voltar ao perceber que já estava me esquecendo a alcaçuz.

 Amanhã quero sentir você bem perto assim de novo. Ele precisava de um tratamento urgentemente, agindo de formas tão estranhas. Mas, a bem da verdade, não podia discordar que eu estava agindo da mesma forma: dando asas ao desejo que ele despertava em mim quando eu sabia tão profundamente que o mais certo seria nos mantermos o mais afastados possível.

 Minha mente vagou até Sasuke, até o sentimento que mantive por ele por tanto tempo. Sentia que a chama que havia ali continuava acesa, porém instável e fraca — mas que diferença faria se os meus sentimentos por ele ainda estivessem ardentes como antes? Se um dia ele descobrisse que eu havia beijado o irmão dele daquela forma, certamente jamais me perdoaria.


Notas Finais


Geeennnnnteeeee! Até eu me espantei com tanta safadeza, na hora re revisar kkkkkkkkkkk

É isso aí!!! Espero que tenham gostado!!!

Bjnn


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