- Alô, é o Sr.Bobinsky?
- Sim! O incrível... – Deu uma pausa, Emily conseguia ouvir uma tosse rouca do outro lado do telefone – ...Bobinsky! – Concluiu, sua voz parecia mais cansada e lenta.
- Ah, ótimo. Precisamos conversar!
2 horas depois...
- Crianças astutas... – Disse o Sr.Bobinsky, alisando seus longos bigodes. – Então, podem me dizer por quê viajei duas horas até aqui? – Indagou. Inclinou-se para frente, ficando na altura das cinco crianças, revelando um olhar tão assustador quanto a sua altura.
- B-bem n-nós q-queremos – Gaguejou Charlie.
- Aff... Queremos saber sobre aquela casa! – Disse Amanda, apontando para o velho Palácio Cor-de-Rosa que estava atrás de um arvoredo.
- Mmm – Murmurou o Sr.Bobinsky. Sentou-se sobre um toco de arvore, certamente sem perceber que o toco estava coberto por musgo – Essa história outra vez – Disse ele, abaixando a cabeça, seu olhar assustador agora havia mudado para um olhar vazio e sem vida.
- Por favor... eu preciso saber – Disse Emily, ajeitando os óculos.
- Ahh, tudo bem. Eu morava no sótão daquela casa alguns anos atrás. O Palácio Cor-de-Rosa era um apartamento onde morava eu, a senhorita Spink e a senhorita Forcible, duas velhinhas que eram atrizes e que moravam abaixo do apartamento de Caroline, no andar térreo. Caroline era...
- Coraline. – Corrigiu Hyan.
- Pois bem... Caroline era uma menina muito esperta – Continuou Bobinsky, ignorando o garoto –, mas um dia foi internada por estar ouvindo vozes e por dizer que sua outra mãe estaria planejando voltar para lhe roubar a chave da pequena porta. Seus pais ficaram tão tristes, eu realmente não lembro de vê-los na noite em que uma velhinha dona da casa foi assassinada.... Eu acho que eles desapareceram naquela noite.
- Desapareceram? – Disse as crianças espantadas.
- Sim. Uns 5 anos depois, Coraline fugiu do hospital onde estava internada. Entrou na casa e desapareceu. Policiais começaram a cercar o lugar depois disso.
- E o que você acha que aconteceu lá? – Indagou Emily, apertando os olhos.
- O que eu acho? Eu não acho nada, eu tenho certeza! Meus camundongos saltadores me disseram coisas...
- Camundongos saltadores? – Perguntou Charlie, interrompendo.
- Sim, a atração principal do meu circo! – Respondeu Bobinsky com orgulho.
- Um circo de ratos? – Perguntou Amanda, cruzando os braços.
- Bom...era um circo.
- O que aconteceu? – Perguntou Hyan.
- Parem! Sr.Bobinsky! Me responda! O que os camundongos disseram? – Indagou Emily, abrindo seu caderno de anotações.
- Ah fala sério! Vocês acreditam mesmo que ratos podem falar?! – Resmungou Amanda.
- E por que não falariam? – Perguntou o gato preto, saltando da arvore gentilmente.
Todas as crianças naquele momento calaram-se, Amanda gaguejou sem pronunciar palavra alguma. Todos observaram o gato.
- Meu velho amigo! – Saudou Sr.Bobinsky.
- Olá. – Cumprimentou o gato com uma resposta fria como era o esperado. Parou por um segundo e lambeu a pata.
- O.... gato... fala...
- Acreditem, Coraline ficou do mesmo jeito quando me ouviu falar do outro lado da porta. Embora eu sempre quisesse ver a sua reação ao me ver falando aqui, eu nunca o fizera – Contou o gato – Agora, eu ouvi vocês falando sobre a casa e o que tem nela... eu posso contar para vocês se quiserem.
- Por favor, Sr.Gato – Disse Emily.
- Tudo bem. Naquela casa existe uma porta que te leva para um outro mundo que foi construído e pensado pela Bela Dama para ficar igual a esse mundo que vocês conhecem...
- Bela Dama? – Perguntou Hyan.
- A mulher que sequestrou Coraline e seus pais. A mulher que matou a pobrezinha da avó de Wybie, e que costurou a boca do garoto para que ele não contasse absolutamente nada... coitado...
- Como é que você sabe de tudo isso? – Perguntou Emily.
- Bom, porque eu sou o gato da Bela Dama. Melhor dizendo... eu sou o dono dela. Eu estive do lado dela quando ela fez a pequena boneca que vigiaria Coraline e que a levaria para a armadilha da megera.
- Foi você! – Acusou Amanda.
O gato nada fez, na verdade, estava esperando por essa mesma reação.
- E por que não fez nada?! – Indagou Hyan, irritado.
- Eu fiz, eu tentei impedir Coraline e foi por esse motivo que a Bela Dama começou a me odiar. Depois fiquei do lado da garota para vencer aquela mulher...e bem... conseguimos. Acontece que nada estava 100% resolvido. Então eu peguei a chave e abri a porta.
- Por que você fez isso? – Perguntou Amanda.
- Porque se eu não fizesse aquilo tudo seria muito pior. Vejam bem, a porta esconde um mundo perigoso demais para continuar aberto. Mesmo com a porta fechada, a entrada para aquele mundo continua ali, intacto! Se a Bela Dama continuasse viva do outro lado da porta, ela iria se fortalecer algum dia e daria um jeito de abrir a porta. Então, eu abri e fiz com que Coraline pudesse voltar até lá para terminar o que um menino começou 50 anos atrás. Mike! Um dos três fantasmas.
- Espera, mas se o plano era acabar com a Bela Dama de uma vez, então.... Por quê a Coraline ainda não voltou? – Perguntou Charlie.
- Ela acabou levando crianças junto com ela, eles se perderam, e na tentativa de encontra-los ela também se perdeu. Eu consegui escapar, mas já era tarde demais...
- Como assim? – Perguntou Hyan.
- Bela Dama é uma bruxa, e do jeito que ela estava precisaria de um corpo melhor para continuar viva. A doutora Grayson, uma psiquiatra do hospital deixou que a Bela Dama se hospedasse em seu corpo.
- O que isso quer dizer? – Perguntou Emily.
- Quer dizer que a Bela Dama está andando por aí abrindo mais portas para o seu mundo, criando armadilhas para fazer um grande banquete... e.... no final, vai saber o que ela pretende com tantos olhos, pelas minhas contas, ela não tem botões suficientes.
- O que isso significa? – Perguntou Amanda.
- Isso significa que ela está se fortalecendo, e quando sua força estiver restaurada - Deu uma pausa – bem... aí será o fim! – Respondeu o gato.
- Então temos que dar um jeito de evitar isso...
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