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História Coraline - Do Outro Lado da Porta - ANO 1 e ANO 2 - Tudo outra vez


Escrita por: EduVortex_x

Capítulo 6 - Tudo outra vez


- Esse lugar causa arrepios – Disse Chris, esfregando os braços, a sala estava fria.

- No começo não era assim.... – Disse Coraline olhando para os lados.

O gato, por sua vez, cheirou cada objeto sorrateiramente, tomado por uma sensação de perigo, sentindo em sua orelha uma respiração cálida, mas toda vez que se virava para ver, nada via e nada ouvia.

- Aqui não é mais seguro – Disse o gato, preocupado – Na verdade, nunca foi.... Temos que voltar agora – Seus olhos dilataram e seu pelo arrepiou-se por todo corpo.

- Coraline... – Disse uma voz soturna e fria – Quanto tempo... – Era uma voz feminina.

- É você! – Exclamou Coraline, franzindo a testa e olhando para o teto e para o alto das paredes – Apareça! – Gritou.

- Não! Fique por aí mesmo! – Disse Chris, escondendo-se atrás do sofá.

O gato achou isso uma ótima ideia, correu até ele, encolhendo-se nos pés do garoto.

A respiração daquela mulher começou a caminhar pelas paredes. Coraline imaginava uma cobra rastejando entre a parede e o papel de parede, que agora começava a se desmanchar, ficando escuro, queimando sem fogo.

- Eu fiquei tão triste quando você foi embora... – Disse a voz.

Coraline nada respondeu.

- Você me deixou aqui – A voz começou a mudar, ficou mais gutural, rouca e velha, Coraline já não sabia dizer se era um homem ou uma mulher que falava – Eu estava tão só... precisava de companhia, então seus pais fizeram companhia para mim...

- Meus pais! O que fez com eles?! – Indagou Coraline em um grito desesperado.

- Seus pais acreditaram em você, Coraline... E tentaram compreender, eles acabaram encontrando a chave e abrindo a porta... Eu então os suguei para dentro!

- Sua...! – Coraline não conseguiu terminar de falar, sua voz estremeceu, soluçava, tentava esconder as lágrimas para parecer forte.

Chris correu até Coraline, olhou para os lados, dizendo:

- Meus irmãos! Cadê eles?!

- Sabe, eu não sei onde eles estão... Crianças costumam se esconder muito bem... – Disse a voz.

A Outra Mãe começou a rir, sua risada estava cansada e velha, e foi ficando fraca até não se ouvir mais nada.

Então, no mesmo minuto, tudo ficou escuro, e quando as luzes acenderam-se novamente cada objeto, cada imóvel, tudo estava em seu lugar e sem poeira, sem rachaduras, sem rasgos, estavam com uma aparência agradável. A sala estava iluminada e colorida, do mesmo jeito quando Coraline entrou ali pela primeira vez.

- O que faremos? – Perguntou Chris.

- Iremos encontrar meus pais, seus irmãos e acabar com ela de uma vez! – Respondeu Coraline em um tom frio.

Chris sentiu uma curiosidade e uma dúvida, uma pergunta que não saía da sua cabeça.

- A porta está aberta e está maior, por que a Outra Mãe não sai daqui? Por que ela continua aqui? – Perguntou ele.

- Talvez ela não consiga sair daqui – Respondeu o Gato, pulando gentilmente no sofá, se confortando nas almofadas macias e quentes – Talvez esteja presa aqui – Acrescentou ele após deitar-se.

O gato bocejou lenta e cuidadosamente, revelando uma boca e uma língua de um rosa impressionante.

- Como tem coragem de deitar em uma coisa que ela fez? – Perguntou Coraline ao gato, franzindo a testa.

- É um sofá – Respondeu o gato em um tom sarcástico – E por mais que pertença a uma criatura horrenda, ainda sim é um sofá, um belo sofá, macio, quente e confortável. E estou com sono.

O gato espreguiçou-se, esticou os braços revelando uma unha muito bem afiada e brilhante, rasgando o tecido do sofá sem se dar conta.

- E vai ficar aí e não vai fazer nada? Não temos tempo! – Disse Chris andando até o gato.

O gato nada respondeu, parecia não ter notado a existência de Chris.

- Vamos, deixa ele aí, deve estar mesmo cansado – Disse Coraline – Até depois, gato! Fique bem atento, a Outra Mãe deve estar por aí.

O gato, ao ouvir aquilo, rapidamente abriu um dos olhos, sentiu um frio na barriga e se viu obrigado a pular do sofá e acompanhas os dois.

Inclinou a cabeça para o lado; os olhos verdes brilhavam. Andando com a cabeça e a cauda erguidas orgulhosamente.

- Que fique claro que eu escolhi ir com vocês – Acrescentou felinamente depois de disparar um olhar rápido para os dois, virando a cabeça para o lado em um movimento rápido e orgulhoso – Humanos...

Os dois riram logo em seguida.



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