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História Coraline - O Pesadelo voltou - O horário da lua - Parte 2


Escrita por: gwendoline

Notas do Autor


E AI? ENTÃO aqui ta a parte dois do horário da lua e, de novo, não sei pq dividi em dois, eu só fiz.
Tenham uma boa leitura :)

Capítulo 10 - O horário da lua - Parte 2


Minha cabeça deu um rodopio por um instante. O poço, a lua. Era óbvio.

- Vai lá, Coraline - Jimmy me deu um empurrãozinho e notei que Tarjei havia me chamado também.

Andei até o mágico. Seus olhos estreitos me encaravam com curiosidade e a essa altura eu notei que havia algo errado. Essa sensação estava me acompanhando desde que pisamos na vila, mas agora estava aumentando. Fui ao lado de Tiago e olhei para meus amigos.

Jimmy pareceu captar o olhar de isso não está certo quando bati na minha adaga com o dedo.

Tarjei pegou um lenço no bolso e colocou um em minha mão e outro na de Tiago enquanto falava algumas baboseiras para o público. Senti meu rosto esquentar quando ele chegou perto de Tiago e retirou o lenço. Uma pomba branca voou para o ombro dele enquanto as pessoas aplaudiam.

Minha mão esquerda estava na adaga. Eu não era canhota, mas podia tentar algo.

Então Tarjei virou para mim e começou a fazer movimentos de mágico em cima do lenço. Sem me olhar, ele começou a falar algo que não entendi direito devido ao nervosismo.

Ele virou os olhos para mim.

- Entendeu?

Olhei para ele confusa e meio assustada. Seu rosto tornou uma expressão sorrateira numa expressão assustada.

- Droga. Ouça, vou lhe dar algo valioso e você tem que usar de forma sábia. Seus amigos confiam em você. Mas precisaram de fé cega nesse momento.

- Do quê você...

- Não! - ouvi Lilá gritar. Ela começou a correr e de repente parou. Tipo, parou. No ar.

Olhei em volta. Todos estavam parados. Não parados observando, mas parados como estátuas. Congelados no tempo.

- No tempo...

- Isso - Tarjei me olhou esperançoso e soltei minha mão da dele.

- Quem é você? - Puxei a adaga e apontei para ele.

O mágico desapareceu e apareceu atrás de mim. Agora eu também não conseguia me mover.

- Eu sou o tempo. E estou morrendo. Agora, me ajude. Ajude a todos.

Ele pôs um mão em meu ombro e a o dedo indicador da outra em minha testa. Comecei a ficar tonta e tudo começou a escurecer até virar um breu total...

Acordei num pulo.

- ...problematizadora! - ouvi Jonathan dizer irritado - Fica nos acusando de olhar estranho e de tratar mal o irmão dela, sendo que não fizemos nada. Aliás, achei ele ok.

Eu estava sentada numa poltrona. Meus amigos estavam sentados em volta de uma mesa de centro. Estávamos no hotel de Tiago e Lilá, mas demorou alguns segundos para eu processar que nenhum dos dois estava ali. Quanto tempo eu devo ter dormido...

Jimmy suspirou e abriu a boca para dizer alguma coisa, mas ao ver que eu havia acordado, mudou de ideia.

- Coraline acordou.

Jonathan levantou as sobrancelhas.

- Você acredita que aquela maldita...

- Eu ouvi - falei - Não ligo para ela.

- Foi só o irmão dela sair que ela começou a nos atacar.

- Não é pra tanto - Jimmy pegou um biscoito de um pote de vidro na mesa de centro - Ela só é idiota.

- Lilá está preocupada com o irmão dela - Thomas pegou um biscoito também.

Jimmy ergueu as sobrancelhas para ele.

- O quê?

- Nada.

O garoto mordeu o último pedaço do biscoito e veio sentar no chão ao lado da poltrona.

- Não gosto dela. - sussurrou para mim.

Fiquei quieta. Estava me sentindo estranha, como se estivesse perdida. Não lembrava de verdade de ter ficado com sono, nem de sentar na poltrona. Parecia que tudo era um sonho.

- Não vamos ver aquele show hoje.

Todos me olharam confusos.

- Que show? - Jonathan perguntou.

- O do panfleto.

Olhares ainda confusos.

- O panfleto?

- É - me apoiei no braço da poltrona - Vocês não lembram? O cara do panfleto. O horário da lua.

- Coraline? - Thomas chegou mais perto da poltrona - Do que você está falando?

Abri a boca preparada para falar um parem de zoar com a minha cara, mas fui interrompida por Tiago, que entrou na sala animado.

- Quer dizer que vocês vão ficar para  a noite?

- Nós o quê? - perguntei.

- Oi Coraline. Que bom que acordou. Agora podem colocar as coisas o quarto.

Jimmy me cutucou e me deu minha mochila.

- Só acompanha. - sussurrou.

Levantei e pus a alça no braço. Involuntariamente, mexi no cinto para checar a adaga, mas ela não estava lá. Olhei para Jimmy confusa, e ele mexeu a cabeça, indicando que eu seguisse em frente.

Fomos até o balcão. Tiago pegou uma chave e entregou para Thomas e viramos para ir, mas Tiago nos chamou de volta.

- Faltou a outra - ele entregou uma para Jonathan - Infelizmente não temos quartos com quatro camas. Desculpa.

Thomas deu um sorrisinho, para que Tiago não se sentisse desconfortável.

- Não tem problema. Depois nós voltamos.

Os quartos ficavam lado a lado e paramos no corredor estreito de madeira antes de abrir as portas.

- É... - Jonathan olhou para todo mundo.

- Eu vou com o Thomas. Vocês vão juntos - falei para Jonathan e Jimmy.

- Certeza? - Jimmy olhou para mim e para Thomas.

- Sério? - Thomas ergueu as sobrancelhas - Você ainda não confia em mim?

Jimmy cruzou os braços.

- Eu não disse isso.

- Mas você pensa isso, não é? - Thomas lhe olhou com os olhos estreitos, parecia bravo.

Jimmy deu um passo a frente e lhe olhou da mesma forma.

- Eu posso muito bem duvidar de você, mas...

- Eu salvei a sua vida! - Thomas o cortou.

- Eu não disse que...

- Calados! - falei - Vocês dois.

Jonathan suspirou, aliviado.

- Nós vamos para os quartos, conversar e descansar. Mas calem a boca. Estamos juntos a poucos dias, mas eu confio em vocês.

- Você quer dizer nele - Jimmy retrucou.

- Sim. Eu quero. Sei que posso confiar no Thomas, e você deveria também. Estamos nisso juntos. Você sabe que estamos.

Jimmy olhou de mim para Thomas, que parecia ainda maior quando tinha um olhar raivoso, com uma cara culpada. Mas cerrou os olhos como antes e bufou.

- Eu não falei nada sobre confiança - disse pegando a espada com uma mão e a chave de Jonathan com a outra e abrindo a porta do quarto.

Os dois entraram e fecharam a porta atrás deles. Antes de fechar, Jonathan falou baixinho vou resolver isso.

O quarto parecia aconchegante. O chão e as paredes eram de madeira, mas ao contrário do corredor que parecia gasto demais, era limpo e polido. Havia duas camas na parede direita e na esquerda duas poltronas e uma mesa de centro em cima de um grande tapete vermelho. Também havia uma porta que deveria ser do banheiro.

Thomas largou sua mochila na cama e pegou algumas roupas e uma toalha.

- Não sei qual o problema dele - disse fechando a mochila.

Sentei na outra cama e o olhei.

- Ele é assim, sabe?

- Idiota?

- Não. Tudo bem que ele pode ter dito ah uau eu posso desconfiar de você se eu quiser, mas era pra sair por cima.

- Ele é teimoso e orgulhoso.

- Temperamental e fechado, eu diria. Talvez um pouco orgulhoso também.

Thomas deu um sorrisinho e sentou na cama.

- Quero tomar banho, mas também quero muito deitar dormir até o ano que vem.

- Vai tomar seu banho logo, arqueiro.

Ele franziu a testa e me olhou.

- Arqueiro?

- Não foi boa?

- Não - ele pegou suas coisas e foi até o banheiro.

- Hamster então.

- Fico com o arqueiro - disse fechando a porta.

Enquanto Thomas tomava banho, aproveitei para procurar minha adaga na mochila. Felizmente estava lá, mas não sei como. Aquilo deu a mesma sensação de vazio e esquecimento que eu tive antes. Era tudo muito estranho, mas eu estava esquecendo alguma coisa.

Pus a mão nos bolsos a procura de alguma panfleto e meu coração quase saltou quando senti um papel dobrado no bolso de trás das calças.

- O panfleto! Ah, eu sabia.

Desdobrei o papel ansiosa a procura da mensagem sobre o show de mágica, mas o que eu li era muito diferente.

CORALINE! Eu sei que você não faz ideia do que está acontecendo, mas é o seguinte, você vai lembrar. Lembre-se do meu presente! Não tenho muito para falar sem embaralhar tudo então vamos tentar: sim, você recebeu um panfleto mas isso foi no passado, tente se lembrar dos acontecimentos, ou irá se perder no presente. Vocês tem tempo. Você tem. Mas não muito. E não, isso não foi uma frase para dar um tom poético, é a verdade.

- Caramba.

Corri para fora do quarto, apertando forte o papel para ter certeza que era real. Bati na porta do quarto ao lado e Jimmy a abriu.

- Ah, não - ele se apoiou na porta - Eu já falei que...

Shh! Olha!

Dei para ele o papel amassado e ele o olhou confuso, mas arregalou os olhos no final.

- Você precisa entrar.

- Eu preciso entrar.

Contei para eles tudo que eu lembrava, desde da loja e dos bonecos até o panfleto e... bem, acho que só. Parece que não é tão tudo assim.

- Fomos na loja - Jonathan confirmou - Mas eu não lembro de nenhum panfleto, de verdade. Nós só demos uma volta e viemos para cá.

- E agora a Coraline acorda com esse negócio no bolso - Jimmy apontou para o papel - Como?

- Eu preciso lembrar. Mas como diabos eu vou lembrar?

- Que droga - retrucou Jonathan - Custava o cara ter escrito como?

- Não sabemos se foi um cara - Jimmy disse - Mas enfim, será que isso não tem nada a ver com alguma coisa que fizemos?

Ficamos calados por um momento, pensando. O quê? O que foi que fizemos?

Não tivemos muito tempo para pensar, já que poucos segundos depois, a porta abriu num estrondo e Thomas entrou, ofegante, com uma toalha em volta da cintura.

- Mas o quê? - Jimmy olhou para ele surpreso.

- Cara, que inadequado - Jonathan comentou.

O garoto estava encharcado e apontava com a mão para trás, enquanto a outra segurava a toalha.

- Vocês... o banheiro... tem algo... no banheiro.

Olhei para Jonathan que levantou e para Jimmy, ainda sentado olhando com uma expressão bizarra para o garoto encharcado.

- Jimmy - chamei.

- O banheiro! - ele pulou da poltrona - Vamos lá.

Jimmy correu para fora do quarto sem nem olhar para trás, então corremos atrás dele.

Fiquei assustada ao ver o banheiro. Parecia uma cena de filme de suspense, quatro bonecos em cima da pia, nos encarando com seus olhos de botão. O espelho borrado pelo vapor deixava tudo, de alguma forma, mais assustador.

Meu coração acelerou um pouco quando notei que já havíamos deparado com eles antes, pouco tempo atrás. Eles eram os bonecos réplicas. O único problema, é que eles deveriam ser cinzas no momento.

Thomas balançou a cabeça, estava tão assustado quanto eu.

- Eu abri a cortina para pegar sabonete, que eu tinha esquecido, e... e... isso!

Jimmy pegou o boneco dele e o analisou.

- Está... ótimo. Quer dizer, feio, mas em bom estado.

Todos pegamos nossos bonecos.

- Vamos queimar de novo? - Jonathan perguntou.

- Não - Jimmy disse - Vamos ficar com eles. Não acho que se voltaram uma vez irão desaparecer da segunda - ele olhou para nós com a testa franzida, seu rosto estava vermelho - Vamos sair daqui, está muito quente e apertado. E vai se vestir logo, Thomas. Precisamos conversar sobre essas coisas.

Jonathan o olhou sair rápido, meio confuso, e depois para mim.

- Eu não sei.

- Ele está assustado, não é? - Thomas perguntou.

- Ah, claro - Jonathan respondeu com ironia - Essa é a palavra.

E saiu.

Com todos sentados no chão do quarto, e devidamente vestidos, tentamos chegar a uma conclusão sobre o quê fazer. E contamos para Thomas acabara de ouvir sobre o bilhete, que coloquei no bolso de novo.

- Espera aí, você acha que essas coisas podem ajudar? - perguntei a Jimmy.

- Sim.

- Eles são as únicas coisas que te ligam ao passado que só você viu - Thomas disse - Não é?

- É - Jimmy concordou - Eles podem ajudar, não acham?

- Eu tenho é medo dessas coisas - Jonathan largou o seu boneco no chão - Lembra que eles observavam a Coraline?

- Era um boneco só - comentei.

- Que seja. Vocês acham que isso tem as memórias dela ou o quê?

Thomas arregalou os olhos para Jonathan.

- Sim! Óbvio. Obrigada Jonathan.

- Não sei se você esta sendo sarcástico ou...

- Não. Mas você pode estar certo. Isso liga a Coraline ao passado, e pode...

- Espera aí - Jimmy o cortou - Tem outra coisa. Você falou do horário de alguma coisa, não falou?

- O horário da lua! - falei - Isso! Deve ter algo a ver com isso.

- E o que é isso? - Jonathan perguntou.

- Não lembro. Mas acho que Tiago sabe. Eu lembro dele falando comigo sobre o horário ser uma lenda. Mas não sei que lenda é.

- Então vamos lá falar com ele - Jimmy disse.

Tiago estava no saguão, atrás do balcão, apoiando a cabeça na mão e entediado.

- Tiago - chamei.

Ele nos viu.

- Eu.

- Você sabe algo sobre o horário da lua?

Ele fez uma expressão confusa.

- O o quê?

- Horário. Da. Lua. - Jonathan disse.

- Ah... eu não. O que é isso?

- Não sabemos! Incrível!

Tiago encarou Jonathan.

- Você está bem?

- Ah, estou ótimo.

- Beleza... É... Eu não faço ideia do que vocês estão falando.

- O.K. Não tem problema. Obrigada, cara - Thomas virou para sair.

- A gente se vê depois - Jonathan disse.

- No jantar - Tiago disse - Lilá mandou avisar que hoje é às oito horas.

- Ela mandou nos avisar?

- É.

- O.K então. Até às oito.

Ficamos variando entre meu quarto e de Thomas e o quarto de Jonathan e Jimmy. Ninguém queria tomar banho sem alguém esperando do lado de fora. E depois, ficamos os quatro no quarto de Jimmy e Jonathan.

- Nós estamos perdidos - Thomas comentou e caiu de costas numa das camas.

- É. - Jonathan respondeu deitado na outra, abraçando uma almofada.

Jimmy parecia concentrado no seu boneco. Estava sentado na poltrona, apoiando os cotovelos nos joelhos. Já havia tirado e colocado a roupa do Jimmy-boneco umas quatro vezes. Estava impaciente.

- Me deem seus bonecos.

Estendi a mão e entreguei o meu. Não havia o que fazer com eles mesmo.

Jonathan já havia deixado o seu na mesinha de centro. Não queria ele por perto. Thomas, ainda deitado, jogou o seu acertando cheio a cara de Jimmy, que o olhou com o olhos cerrados.

- Boa mira, arqueiro - comentei.

- Boa nada - Jimmy retrucou - Pura coincidência.

- Coincidência das boas - Thomas disse e levantou a cabeça para ver a expressão de Jimmy, depois deu um sorrisinho satisfeito.

Depois de alguns minutos, Jimmy estendeu o braço, gesticulando para mim. Levantei e parei ao seu lado.

- Hm?

- Você tem a adaga.

- Bem observado. Parabéns.

- Muito engraçada. Mas eu to falando por causa dessa coisinha aqui.

Ele apontou para as costas da boneca. Abaixei um pouco para ver melhor. Havia uma pequena costura fora do lugar.

- Tenta abrir - ele me deu a boneca.

Cortei a costura e entreguei para ele.

- Só tem areia aí dentro.

Jimmy sentou no chão e colocou a boneca furada na mesa de centro.

- A adaga, por favor.

Sentei ao seu lado e dei a adaga.

Jimmy começou a rasgar a boneca e um montinho de areia estava se formando na mesa.

- Voce está segurando a lâmina.

- É mais fácil de... Ah!

Thomas levantou a cabeça.

- O que foi isso?

- Nada. - Jimmy respondeu, mas Thomas já estava vindo em nossa direção.

- Você se cortou.

Jimmy não respondeu e continuou retirando areia da boneca. Thomas me olhou e ergueu a sobrancelhas. Dei de ombros.

- Legal - ele sentou e se apoiou na mesa - E que loucura é essa?

- Tinha um rasgo fora de ordem - respondi.

- E então ele decidiu rasgar tudo?

- Ele está aqui - Jimmy retrucou - e eu acho que lode ter alguma... Ha!

Depois de toda a areia, um pedaço de pano amarrado com linha caiu no topo do amontoado.

Jimmy e Thomas tentaram pega-lo, mas Jimmy foi mais rápido.

- Ew, seu sangue está em mim - Thomas mostrou seu dedão.

Jimmy olhou o dedão sem dar atenção e se voltou para o pano amarrado. Ele rasgou a linha e desenrolou o pano.

Era outro boneco. Ele usava um terno azul com estrelas e uma calça com a mesma estampa.

Sabe quando você tem aquele nome na ponta da língua? Era assim que eu me sentia.

- Tem uma corda - Thomas apontou - Será que ele fala?

- Vamos colocar a areia - falei - Eu conheço ele. Vamos!

- O quê ta rolando? - Jonathan disse sonolento, caminhando até nós.

- Tinha um boneco dentro da boneca da Coraline e agora vamos colocar areia nele para ver o que acontece - Thomas explicou.

Jimmy tirou o terno e a camisa do boneco, fez um rasgo nas costas e começamos a por areia dentro.

- E quando a areia acabar? - Thomas perguntou

- A gente põe fita crepe - Jonathan foi até sua mochila e retirou um rolo de fita de dentro.

- Isso.

Depois de cheio e lacrado, puxamos a cordinha do boneco. Nada aconteceu.

- Droga - exclamou Jonathan - Somos idiotas? Isso é um boneco com areia. Como...

-Coraline - o boneco disse e demos um pulo para trás - Você precisa se lembrar Coraline - disse uma voz que eu já havia ouvido antes - O horário da lua não é o que vocês pensam. Não é uma lenda. É real. E vocês estão vivenciando. Confiem em mim. Eu sou o tempo e estou morrendo. Tudo que ela quer é tempo. Por isso está tudo diferente. Da última vez, ela não tinha poder, mas algo aqui tem lhe dado cada vez mais. Você sabem de quem estou falando. Vocês precisam sair antes da meia noite e as oito horas os destruam, destruam os bonecos, assim como a dama da lua. Precisam sair daí. Fé cega nesse momento.

Fé cega nesse momento

- Fé cega nesse momento...

Então eu vi. Eu vi Tarjei. Ele congelando o tempo e me avisando, vi um homem entregando panfletos, que agora tomava a mesma forma de Tarjei. E a vi. Vi a dama da lua.

- Que horas são? - perguntei.

Jimmy pegou seu celular na poltrona.

- Sete e trinta e cinco.

- Arrumem suas coisas - avisei e peguei minha adaga - Explico depois.

- E lá vamos nós de novo - Jonathan levantou e correu para sua mochila, assim como Jimmy

Eu e Thomas corremos para nosso quarto e arrumamos nossas mochilas. Vestimos nossos casacos e ele já estava com o arco na mão. Enquanto minha adaga estava no cinto.

Jimmy e Thomas vieram ao nosso quarto, também de casacos e armados.

- Estamos prontos - anunciou Jimmy - agora explique.

Sete e quarenta estávamos prontos para ir. Todos informados, vestidos e armados.

- O plano é simples - começou Thomas - Vamos pela janela. Coraline vai primeiro. Vamos descer pelo cano.

- Que pessimismo - Jonathan disse.

- Não, não. Nós vamos literalmente descer pelo cano. Tem um na parece ao lado da janela.

- E você acha que ninguém vai notar?

- Não vão - respondi - estão enfeitiçados. A dama da lua, ela os prende aqui para sempre. Por isso a lenda. Ela não vai te matar por não acreditar, mas sim por estar acordado.

- Muita informação.

- É.

- Vamos - Jimmy abriu a janela.

Ele me deu a mão para que eu pudesse me apoiar no cano.

- Peça para eles usarem luvas.

- Pode deixar, mãe.

- Wow, isso foi uma piada. Você fez uma piada?

- Vai para o cano, por favor.

Dei uma risadinha e apoiei um dos pés na parte que ligava dois canos e depois o outro.

- O.K. - disse para mim mesma e soltei a mão de Jimmy para colocá-las no cano. E então, desci.

Foi tudo bem rápido. O gelo deixou o cano escorregadio, e arranhei as pernas poucas vezes.

Depois de todos descerem, fomos para a praça o mais rápido e discretamente possível. A parte de ser discreto foi simples, demos a volta, indo por trás das casas, as isso talvez tenha atrasado um pouco.

Ao chegar na praça, tivemos uma surpresa. Ninguém estava lá, nenhum morador. Não, tinha somente um.

- Eu não imaginei que ficariam para o jantar - disse Tiago, encostado no poço - Mas precisamos de ajuda.

- Tiago? - perguntei - Você...

- Não. Eu não.

- O quê? - perguntou Jimmy.

- Você é a dama da lua! - Jonathan apontou o facão para ele.

- Não! - ele levantou as mãos em rendimento - Não, não. Guarda isso. Por favor.

- Sete e cinquenta! - Jimmy anunciou.

- Vocês precisam ajudar. Nós somos vítimas. Nós...

- Tiago, calado - ouvi uma voz dizer atrás de nós.

Agarrei a adaga e meus amigos apontaram suas armas para Lilá. A garota carrancuda vestia agora um longo vestido branco colado no corpo, e parecia mais velha que todos nós. Seus cabelos estavam soltos e ela usava uma tiara brilhante.

- É ela - falei.

- Ah, obrigada inútil. Não acho que eles tenham notado - disse Lilá se aproximando de mim.

Jimmy apontou a espada para ela, que o olhou como se fosse fuzila-lo.

- Você é um garoto determinado, não é?

- Não vai machucar minha amiga.

- Não... Eu vou machucar você.

Com um movimento rápido, Jimmy arranhou o rosto da dama com a espada. O ferimento curou rápido.

- Ah não - comentou Jonathan.

A dama da lua começou a se tornar cada vez maior até que ela virou uma... gigante. Uma gigante chique e bonita.

- Vocês contra uma rainha.

- Ah, por favor - disse Jonathan debochando - rainha do quê?

A dama o olhou, raivosa e com um tapa, jogou o garoto contra uma árvore.

- Jonathan! - gritamos

Tiago correu até ele.

- Pare com isso! Você nos tem, pare.

- Calado! Você já encheu minha paciência. Pode ter me enganado, mas eu vou vai afundar tanto quanto os outros.

 - Espera! Você está com Wybie? - perguntei - E a Bela Dama? Você está do lado dela não está?

- Não, seu precioso Wybie não está aqui. Mas sim, estou do lado de Belda. Agora, você já deve ter descoberto porquê parece que tudo aqui é tão... perfeito. Eu devo minhas devoções a Belda por esse poder.

- Porque estão todos dormindo.

- Dormindo? - a dama gigante riu - Essa não é bem a palavra certa, mas não importa. Quando Belda os pegar, eu vou voltar para cá e ficar tranquila novamente.

- Mas e Tarjei?

- O Tempo? Ah, ele vai ficar mal. Sabe, o tempo é muito importante para Belda, você deve saber que a cada uma fração de tempo, ela precisa se alimentar de almas novamente. Agora, imagine como seria se ela não tivesse que se alimentar novamente simplesmente para viver? Seria poderosa e invencível!

- Você fala como se ela fosse uma deusa - Jimmy comentou.

- Para mim, ela é. Mas não importa, tenho uma entrega de adolescentes estúpidos. Lena já foi, só faltam quatro.

Thomas atirou uma flecha no olho da gigante, que gritou de dor e arrancou a flecha. Foi como se ele tivesse lançado fogos de artifício. Ela não sangrava, e sim brilhava.

- Cinco minutos e você já era - disse Jimmy e olhou para mim e Thomas.

Tínhamos cinco minutos para acabar com ela. Depois do horário da lua, quem viraria pó seríamos nós.

- Você acha mesmo? - ela riu, mas pude notar um certo nervosismo em sua voz. O que era aquilo?

- Ter machucado meu melhor amigo já foi o bastante. Mas além disso, você aprisiona pessoas, aprisiona famílias e almas. Eu vou acabar com você.

- Meu querido, eu garanto que as famílias aqui são mais felizes do que você jamais seria. Afinal, a sua não quis você - ela sorriu.

Jimmy gritou com raiva e atacou a dama gigante no calcanhar. Ela podia ser enorme, mas Jimmy era veloz. Ela tentava chuta-lo e agarra-lo, mas não conseguia. Uma coisa era certa, ele tinha reflexos anormais.

E por que ela queria tanto Jimmy?

Tiago pegou o facão de Jonathan e começou a atacar as pernas da dama gigante. Ela tentou pisotear o menino, sem sucesso. Seu pé atravessava o corpo dele como se fosse um holograma. Então lembrei, ele era uma vítima, uma alma perdida. Estava morto.

Corri até Jonathan, que estava desmaiado. Fiz ele vestir sua touca e o deitei de costas na árvore.

O celular de Jimmy havia caído e o peguei para ver o horário. Meu coração bateu forte. Tínhamos muito pouco tempo.

- Corra! - gritou Thomas.

Virei e o vi largando o arco. Sua aljava estava vazia e as flechas espalhadas pela neve. Jimmy estava desarmado, frente a frente com a dama gigante, que estava intacta. Ele tentou correr para a espada, mas quase foi pisoteado. Estava exausto e sangrando.

Assim como Tiago, tentei acertar as pernas. A dama estava se cansando e suas pernas com certeza doíam.

- A adaga! - gritou Thomas - Dê a adaga!

- Quinze segundos! - gritei.

Jimmy deu um salto fora da altura de saltos normais para meros adolescentes, o que foi impressionante e surreal dado ao seu estado, e agarrou a coxa da gigante.

- Jimmy! - gritei e ele me olhou enquanto se mantinha pendurado no vestido.

Joguei a adaga numa última tentativa desesperada. Ele levou uma joelhada da dama, batendo contra o poço, e a adaga se perdera. A dama corria na direção dele, determinada, assim como e Thomas.

E então, vi algo que nunca aconteceu antes.

Os olhos de Jimmy foram substituídos por um brilho branco, ofuscante como faróis. Ele saltou, indo ao encontro da dama gigante e lhe deu um soco no rosto. Um soco que a fez se desintegrar como fogos de artifício.

Eram oito horas.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, e podem comentar sobre oq acharam quando quiserem. Até a próxima!


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