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História Coraline - O Pesadelo voltou - Quando socos criam vínculos


Escrita por: gwendoline

Notas do Autor


ATENÇÃO se alguém quiser dar uma olhada na playlist da fic que tem no spotify o link ta na bio also o nome é "Coraline - O Pesadelo Voltou" facinha de achar, certo?
Esse capítulo não está grande nem nada, mas espero que gostem.
Boa leitura!

Capítulo 12 - Quando socos criam vínculos


Coraline acordou com Jonathan cutucando seu ombro com os dedos indicadores e fazendo pop pop a cada cutucada.

- Eu já acordei.

- Eu sei, mas é divertido.

Ela deu um tapinha nas suas mãos e levantou.

- O.K - Jonathan disse e deitou - Você queria ficar acordada e aí está você. Seja feliz.

Coraline ficou mais ou menos dez minutos, pelo o que pareceu para ela, observando o nada. Ela estava segurando a lanterna, olhando em volta, ou então para as estrelas. Pensava sem parar em Wybie. Onde ele estava? Será que aquela casa ficava mesmo no meio do nada? E se nem fosse mais uma casa? Ela estava perdida.

Como se não bastasse isso para confundir a sua cabeça, ela começou a ouvir murmúrios.

Preso... mulher... mulher...

Coraline reconhecia aquela voz.

- Jimmy? - ela levantou rapidamente e ligou a lanterna, Jonathan ainda dormia.

Wybie... Lena... mulher...

Coraline não sabia de onde vinha a voz de Jimmy. Ecoava por todos os lados, mas ainda assim era baixa. Aparentemente Jonathan não estava acordando com ela andando para lá e para cá com a lanterna, então decidiu ir mais longe.

Ela sabia que era a voz dele, mas agora, sem ouvir mais nada, pensou se era coisa da sua cabeça. Não, não podia ser.

Depois de correr para longe de onde Jonathan estava, ela pensou se deveria voltar, então ela viu, não tão longe, uma árvore caída. Seu coração bateu mais rápido e ela disparou na direção da árvore. Não havia nada lá. Somente a árvore partida ao meio e caída. O que era aquilo?

Coraline.

Essa não era a voz de Jimmy, ela notou, mas ainda assim conhecia de algum lugar.

- Tarjei?

Vocês destruíram ela, obrigada. Mas ainda assim, estou morrendo.

- Eu não posso te ajudar, Tarjei. Me desculpe, eu...

Você sabe como seria se eu morresse Coraline? Belda controlando o tempo? Você deve imaginar os desastres.

- Mas ela não pode sair daqui. Pode? Quer dizer, nós abrimos a porta, mas ela não tem porquê sair.

Não. Mas vocês estão caindo na isca dela. Vocês estão levando tudo o quê ela quer.

- Almas.

Uma alma e ela estará satisfeita.

- Não - Coraline iluminou o nada, a procura de Tarjei - Se fosse assim, ela estaria satisfeita com Wybie.

Ela tem planos. E você sabe que está indo direto para onde ela quer que você vá, não sabe?

Coraline estava ficando impaciente.

- Eu não sei de nada, Tarjei! Eu estou perdida e não sei para onde estou indo! Então pare com esses joguinhos mentais e...

Coraline não conseguiu terminar, pois ela deu um salto para trás, quando viu que a árvore caída estava se regenerando. Foi como um flashback muito rápido, ela viu uma luz, e de repente a árvore estava inteira.

- Tarjei?

Observe.

Coraline olhou em volta. Não havia nada, até ela ver, de longe, uma luz. Não, não era uma luz, era uma pessoa.

Você sabe quem é esse.

- Jimmy.

O corpo desmaiado do garoto vinha como um cometa em direção a árvore, e Coraline decidiu sair de perto. Quando finalmente atingiu a árvore, a fazendo se partir, galhos e folhas caíram em cima dele.

Coraline correu em direção aos destroços, mas não conseguia tocar em nada.

- Tarjei. Tarjei, eu não...

Se acalme, criança. Ele está bem agora. Mas observe.

Coraline fez o que a voz pediu. Ela se afastou e iluminou com a lanterna. Jimmy, ainda desmaiado, começou a murmurar coisas, mas ela não conseguia entender nada.

- Eu não...

Então, como se o desmaiado Jimmy tivesse lido seus pensamentos, sua voz ecoou dentro de sua mente.

Morrer. Tem que morrer, ele dizia. Sem sacrifício, a destruição. Sem tempo, a destruição. Sem Belda, livre. Livre... Sacrifício.

E, sem mais nem menos, o corpo desmaiado de Jimmy desapareceu como fumaça.

- O quê? Não. Você tem que me mostrar aonde ele está! Para onde ele foi? Tarjei!

Ela começou a enxergar uma névoa, uma névoa familiar. Era a mesma que eles haviam visto na cidade, que os levou até a pousada.

- Era você? O tempo todo? Quer dizer... O tempo... Han...

É tudo que tenho, Coraline.

Ela viu a névoa se estender e assumir cores diferentes. Uma parte dela se estendia à sua frente, verde musgo, enquanto a outra brilhava, prateada, na direção de Jonathan.

A prateada mostra o caminho certo, enquanto a outra mostra seus amigos.

- Jonathan é meu amigo.

Não é esse amigo. Mas lembre-se, você tem que ser rápida. Belda não se importaria em matar todos vocês que estão no caminho do que ela quer. Ela vai atrás do que ela precisa para destruir tudo e ter total poder. Você sabe.

- O que ela quer?

A alma, Coraline.

- E como eu posso dar um fim nela?

Sacrifício.

•••

Estava amanhecendo quando os dois garotos começaram a se preparar para vagar novamente pela floresta. Thomas havia passado o resto da noite acordado para caso algo acontecesse, como Coraline e Jonathan aparecerem, mas nada aconteceu além de Jimmy murmurar coisas indecifráveis e fazer expressões durante o sono. Thomas pensou se deveria se preocupar ou não, pois ele podia dizer, depois de passar algumas noites ao lado de Jimmy, que ele não fazia isso. Na verdade, o garoto parecia até morto enquanto dormia, pois raramente se mexia, não roncava, não falava, e agora começara a fazer expressões e falar? De qualquer forma, ele decidiu deixar aquilo de lado, deveriam ter sido somente pesadelos que lhe causaram aquele comportamento, certo? Ele iria perguntar depois.

Jimmy estava dobrando as calças jeans de Thomas e dando a ele.

- Você me cobriu com calça jeans?

Thomas deu de ombros e a pegou.

- Sim - respondeu ele, guardando-a na mochila - Pensei que você estava morrendo de hipotermia, então, qualquer coisa era válida.

- Eu estou vivo agora - Jimmy colocou o cinto com a espada.

- Agora?

O garoto o olhou, como se tivesse se arrependido de ter dito algo.

- É - ele começou a desdobrar o mapa - Quer dizer, eu não morri. Estou bem - ele cerrou os olhos, procurando algo no papel - Cadê a vila?

Thomas foi ao lado dele e analisou o mapa.

- Acho que não marquei.

Jimmy o encarou.

- Por quê? - perguntou inconformado - Foi tipo, o lugar mais importante em que estivemos. Eu te falei para marcar tudo, naquele dia do trenó.

Thomas pegou o mapa dele e bufou.

- Por que você não marcou então? Para de reclamar de mim, você também não fez nada.

Jimmy ergueu as sobrancelhas.

- É claro que eu não fiz, você estava com o mapa, isso devia ser sua responsabilidade.

- Ah, é claro - Thomas abaixou o mapa e o encarou  de volta - , mas quem estava obcecado em traçar o caminho para não nos perdermos? - ele apontou para a cara do garoto - Você!

- Eu estava tentando ser legal. Te dei o mapa para mostrar que eu confiava em você, mas não consegue nem marcar coisas num papel.

- Tentando - Thomas deu uma risada - Tentando ser legal comigo. Eu estou mesmo ouvindo que toda aquela sua grosseria e todas as vezes que você tentou de tudo para me tornar suspeito foi uma tentativa? Você praticamente via uma chance de me tornar um cara suspeito ou desnecessário que jogava na minha cara!

- Mas você era suspeito! Wybie desapareceu e quando entramos naquela maldita porta, você foi a primeira coisa que vimos. Depois, você vem com essa de cara legal que só queria ajudar. Isso é muito suspeito. Mas eu não tentei te tornar nada em caso nenhum.

- É? Pouco tempo atrás estávamos discutindo a mesma coisa, porquê você não confiava em mim para ficar no mesmo quarto que a Coraline ao invés de só tentar ajudar.

Jimmy levantou a voz.

- Eu não tentei ajudar? - ele gesticulou com as mãos para Thomas, bravo - Eu acabei com aquela dama estúpida, lembra? Eu explodi aquele lugar e quase morri! Você foi só um cara idiota disparando flechas para o nada que nem um idiota! - ele disse mesmo idiota duas vezes - Desde o começo você ficou por aí, dizendo que era alguém bom, que só queria ajudar a Coraline sem motivo nenhum! Ficou procurando motivos para dizer que não era um inútil! Você só queria preencher um vazio, não é? Porque você não tem amigos, ou família e...

Jimmy se calou. Por um segundo, seus olhos passaram de enfurecidos para tristes, e então, depois, ele não sentiu mais nada.

- Eu... - ele tentou dizer.

Thomas não quis ouvir o quê Jimmy estava dizendo. Por algum motivo, aquilo lhe deu vontade de chorar, mas ele não sabia exatamente o porquê. Aquilo, uma palavrinha, lhe desencadeou raiva, e sentimentos antigos que ele não queria sentir de novo. Ele queria socar a cara daquele garoto, e lembrar o quanto ele estava errado, mesmo que não tivesse. Então, sem nem pensar, foi isso que fez.

Os nós das mãos se fecharam, e numa fração de segundos, ouviu-se o som do seu punho batendo no rosto de Jimmy, que se desequilibrou e se apoiou numa árvore com as mãos para não cair. Quando Thomas viu seu nariz sangrando, e notou que ele tinha mesmo socado o rosto dele, seus olhos se arregalaram, mas as lágrimas já estavam caindo há segundos.

Jimmy estava apoiando as mãos na árvore, com a cabeça abaixada. Seus cabelos estavam caídos no rosto, de modo que o outro garoto presente só via o sangue pingando do nariz.

- Jimmy...

Ele não pareceu ter dado ouvidos, pois mesmo chocado com a atitude de Thomas, ele retirou as mãos do tronco da árvore e lhe atacou.

- Você me deu um soco! - disse enquanto caía em cima do garoto, e os dois desabavam na neve.

- Eu sei - Thomas disse para o garoto que estava sentado em cima dele e pronto para lhe dar um soco, como ele mesmo havia feito um minuto atrás.

E pow, a mão de Jimmy fez um pouso forçado no rosto de Thomas.

- Para com isso - disse ainda chorando. Seu nariz doía agora, mas não estava sangrando, ele sentia que não.

Ele segurou os braços do garoto e o derrubou na neve. Agora ele estava por cima, segurando os braços de Jimmy acima da sua cabeça.

- Me desculpa! Me desculpa, por favor - ele ainda chorava - Eu não quis...

- Ah, você quis sim - Jimmy forçou seus braços para cima, mas não conseguiu se mover.

Por um momento, ele não pensou em nada além de tentar socar a cara de Thomas novamente, mas quando viu seus olhos fechados com força, a expressão de dor que ele tinha no rosto, não quis se mover. Ele observou o garoto se esforçar para manter o choro entalado na garganta, e sentiu um aperto no peito que não quis sentir.

- Você... - ele começou - Eu... Eu sei que você quer chorar.

Antes mesmo de ele terminar, Thomas estava chorando, de verdade. Ele soluçou e deixou que todas as lágrimas caíssem, e por Jimmy ter estado quase colado com ele, elas caíam em seu rosto também.

Eles ficaram alguns segundos daquele jeito, e os braços de Jimmy doíam um pouco com Thomas os apertando, mas ele tentou não ligar para isso. Ele olhou para o garoto chorando e, mesmo que pudesse parecer idiota ou clichê, lembrou de si mesmo. Não porque ele chorava bastante, não, mas porque de todas as vezes que ele já chorou, muitas foram causadas pelos motivos que ele tinha feito Thomas chorar. Por perda, família, um simples comentário que o fazia pensar mil coisas. Então ele simplesmente olhou para aquele garoto na sua frente, na verdade, em cima dele, e viu que eles tinham algo em comum, algo que ninguém entendera nele. Jimmy não o odiava. Não conseguia. Ele confiava nele, e sabia que suas intenções eram puras. Ele mexeu seus braços, e Thomas soluçou, os soltando. O garoto caiu sentado ao lado de Jimmy, e encolheu-se, abraçando os joelhos dobrados, ainda chorando.

Jimmy pensou como ele sentiria se alguém lhe visse chorando dessa forma, e se lhe entendesse. Ele ia se sentir melhor. Então ele não podia deixar Thomas se sentir sozinho, podia? Não.

Ele se levantou e tentou tomar coragem, lembrando que não tinha aquela intimidade com Thomas, e então se ajoelhou atrás dele e o abraçou.

De primeira, Thomas soltou um soluço, assustado, mas não se moveu. Aquele era Jimmy, o envolvendo num abraço? Sim, aquilo era verdade, e ele não fazia ideia do que pensar.

- Thomas - disse Jimmy baixinho - Eu entendo. Eu sei que você... - ele o apertou, e depois soltou, com medo de parecer profundo demais - Você não está sozinho, está bem?

Jimmy o soltou, levantando apressado e envergonhado. Não era necessário pensar, Thomas percebeu. Jimmy não tentou fazer pensar em nada, queria que ele sentisse que os dois se entendiam e pode ver isso tudo no olhar de Jimmy. Ele lembrou de quando ele havia apagado depois de ser quase estrangulado pela árvore, de quando Jonathan o contou sobre como ele se sentia abandonado, como ele se sentia inútil, e lembrou de quando a Dama da Lua jogou na sua cara tudo isso com um simples comentário. Ele podia ter feito isso com Thomas, mas infelizmente, eles se entendiam. Podiam ter histórias diferentes, mas tinham um sentimento mútuo. Então Thomas o abraçou novamente, tentando não estrangular seu pescoço, de novo.

-  Obrigada - ele sussurrou.

Jimmy ficou surpreso. Ele pensou que, quando Thomas o tivesse olhado daquele jeito triste, depois do primeiro abraço, fosse encher sua cabeça com palavras tristes dizendo como ele havia sido insensível em dizer o que disse e como estava sendo infantil ou coisas assim, não esperou um abraço. Isso era estranho, mas Jimmy gostou. O fez sentir mais seguro em relação a Thomas, e parecia estar durando muito tempo mesmo qua não tivesse. Era estranho, mas era legal.

- Você está... - ele pigarreou - machucando meu pescoço.

Thomas o largou rapidamente.

- Me desculpe.

Jimmy passou a mão pelo nariz e pela boca para limpar o sangue.

- Está doendo? - Thomas esticou o braço para tocar nele e Jimmy se esquivou.

- N-não - mentiu - Estou bem.

Thomas o observou limpar o sangue com a manga do casaco e o ignorando.

- Você me abraçou - disse confuso.

Jimmy revirou os olhos.

- Eu sei. E você me deu um soco.

- Eu sei. E você falou várias coisas insensíveis na minha cara.

- Eu sei. E... - ele olhou para Thomas lá parado, parecendo atordoado com os últimos minutos - Eu entendo você.

- É... - Thomas deu um sorrisinho - Eu sei.

Ele pegou a mochila e o mapa.

- Vamos marcar tudo dessa vez - Jimmy levantou a cabeça para olhar Thomas. Suas bochechas estavam quentes, ele podia sentir.

- Vamos? - Thomas ainda sorria, mas cerrou os olhos, desafiador - Pensei que era minha responsabilidade.

Jimmy quis sorrir, mas não o fez.

- Eu não posso deixar, você ia bagunçar tudo.

- Nossa, eu pensei que a gente tinha se entendido. Você me abraçou e tudo mais.

Jimmy deu de ombros.

- É, você não vai admitir que eu não sou odiado, vai? - Thomas lhe estendeu o mapa, cada um segurando uma ponta agora.

- Eu não odeio você - Jimmy o olhou de canto - Satisfeito?

Thomas pegou a caneta vermelha no bolso. Ele ainda estava sorrindo.

- Muito satisfeito.

Jimmy o observou riscar o papel, sem dizer nada, e se perguntou se iriam haver mais desses momentos, onde Thomas se revelava ser uma pessoa na qual ele poderia conviver com, na qual ele queria.


Notas Finais


oq achou?? se você chegou até aqui, espero que tenha lido e ficado "eba foi legal" e coisas assim
obrigada por acompanhar e até a próxima :)


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